A brincar, a brincar, o macaco…

O meu passado chama-se Passos, o passado de Costa chama-se Sócrates. 

Disse Luís Montenegro, candidato à liderança do PPD sem SD.

De facto, fica provado: o legado de Sócrates não serve ninguém. O legado de Passos só serve mesmo aos boys do PPD. Mas, se o passado é Passos e isso é assim tão bom… por que razão o PPD sem SD se encontra “mais para lá do que para cá”? Se Passos foi assim tão bom, não seria suposto que o PSD se apresentasse pujante, feroz e a fazer a melhor oposição de sempre?!

Noutra afirmação, o agora candidato à liderança dos Laranjas disse que com o socialismo as desigualdades aumentaram. Primeiro, a real confusão ideológica: eu sei que o PPD não sabe o que é a social-democracia, por isso é normal que ache que o PS é socialista. Segundo, é falso: as desigualdades não só não aumentaram como diminuíram com a social-democracia. Perdoo esta… mas só porque sei que o PSD só conhece o significado de neo-liberalismo e de conservadorismo social.

Esta gente não se enxerga e chega ao ponto de achar que Sócrates e Passos não são farinha do mesmo saco. E, com isto, diz ao que vem: reconstruir e reerguer o legado de Passos… que o país não quis… porque foi enganado. Dito isto… que o povo nunca se volte a enganar.

Boa Páscoa de ilusões.

O mestre e o seu delfim. Fotografia retirada do Jornal de Notícias.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Alguém que avise o senhor que Costa ganhou com maioria absoluta, e que eles já levam um jejum de seis anos, com tendência para a dezena.

  2. O passado dele chama-se Salazar com Coelho à Cavaco.

  3. JgMenos says:

    Enquanto a não-austeridade, a igualdade, o horror ao lucro e toda a demais tralha esquerdalha tiver palco, e o dinheiro fluir de Bruxelas, pode a cretinagem embandeirar em arco.
    Até que… a realidade lhes caia em cima, com juros acrescidos, fim da mama europeia e a certeza que só o que se produzir estará disponível, deduzido do serviço da dívida, dos serviços europeus, dos compromissos militares…

    • POIS! says:

      Pois estamos perante…

      Uma análise de uma lucidez extraordinária e uma profecia que, vinda de onde vem, só pode tomar-se como destino indesviável.

      Pode não ser para já mas, vá lá, dentro de uns…48, 49, talvez 51 anos, mais coisa Menos coisa a realidade vai cair em cima dos lhes.

      Mas não de JgMenos que, a essa hora, já terá abraçado definitivamente a vida monástica ou, pelo Menos, já se ter obrigado a um definitivo voto de silêncio.

  4. Manuel Savedra says:

    É impressionante como até pessoas que parecem não ser de direita assumiram a narrativa desta área de que Portugal entrou em bancarrota em 2011 por culpa de José Sócrates e não por uma crise financeira mundial que levou no mesmo sentido a Irlanda, Espanha, Grécia, Chipre e deixou outros muito mal.
    E, já agora, quanto às outras 2 bancarrotas em democracia, deixo aqui o link para quem as provocou postado por um v/companheiro de Aventar:
    https://aventar.eu/2015/08/11/deixem-se-de-merdas-e-contem-a-verdade-aos-portugueses-a-direita-esteve-em-todas-as-intervencoes-do-fmi/

    • Rui Naldinho says:

      Pessoas que não são de direita, nas quais me incluo, sabem muito bem que as bancarrotas não são uma exclusividade do PS. Eu diria até que elas também estão entranhadas no PSD como principais beneficiários desses desvarios.
      O problema meu caro, é quando o PS pretende competir com o PSD nesses meandros, ficando quase sempre com ónus da ruína.
      O problema meu, caro é nesses desvarios “gastronómicos da alta finança”, o PSD comer a carne e o PS comer as aparas.
      Quando o PS interiorizar isso, e se deixar de tentações fúteis, praticando a social democracia que diz defender, e não a disputa pelo poder do dinheiro como se também eles quisessem entrar no negócio, talvez aí as bancarrotas desapareçam.
      Em democracia os eleitores são tendencialmente de esquerda. Até porque o voto é muito mais de classe do que ideológico. A direita só ganha quando o eleitor se farta de ser enganado por essa mesma esquerda. É o caso de França.

    • Paulo Marques says:

      Mais grave é acharem que foram bancarrotas.

  5. balio says:

    por que razão o PPD sem SD se encontra “mais para lá do que para cá”?

    O João L. Maio deveria fazer esta questão em relação ao seu próprio partido, o BE.

    É que o PSD ainda tem muitos deputados. Já o BE, tem uma fração muito, muito pequena daqueles que já teve.

    • João L Maio says:

      O BE nunca foi poder e nunca teve mais do que 19 deputados. Se quer comparar o BE com o PSD… reconheço-lhe mais seriedade do que isso, balio. Whataboutismo é que não, por favor… muito menos comparando o incomparável.

      • Rui Naldinho says:

        Já o PSD teve 135 deputados em 1991, contra os actuais 69.
        Uma coisa é o BE, um partido que não tem aspirações a ser poder, quando muito tem aspirações a influenciá-lo, outra coisa é um partido que quer ser poder, de preferência com maioria absoluta.
        Uma coisa é o PSD que há 30 anos esvaziou toda a direita e uma boa parte da esquerda, em seu redor, deixando o CDS com 4 deputados, outra coisa é o PS que conseguiu ainda assim deixar em 2002, o PCP com 6, o BE com 5, o Livre com 1, e o PAN com 1. Ou seja 13 deputados.
        Uma coisa é o PSD que domina os meios de comunicação social na generalidade e o poder económico quase na totalidade, até o clero lhes dá uma mãozinha, vejam a Universidade Católica, essa escola mais parecida com a de Chicago do que com a Pontifícia de Roma, outra coisa são os “radicais de esquerda do BE, ateus ou agnósticos, defensores dos pretos e dos ciganos, dos homossexuais, ainda por cima são contra os ricos deste país, que tanto fizeram pelos pobres”.
        É claro que o BE perdeu nestas eleições. Acima de tudo perdeu algum poder influenciar a governação. Já o PSD perdeu completamente o poder de decidir o que quer que seja.

        • Rui Naldinho says:

          2022 e não 2002, como erradamente foi escrito.
          72 deputados para o PSD e não 69.

      • balio says:

        O PSD tem, de facto, pouco mais de metade dos deputados que em tempos teve. Mas, comparado com a anterior legislatura, tem somente menos dois. E ainda tem 70.

        Já o BE tem pouco mais de um quinto dos deputados que teve na anterior legislatura. E já só tem 4.

        Nestas condições, parece-me a mim que é o BE, não o PSD, quem está mais para lá do que para cá. E que é o BE, não o PSD, quem tem que refletir afincadamente as suas hipóteses de sobrevivência a curto prazo, e o que deve fazer para as melhorar.

        O João L. Maio não deve atirar pedras aos telhados do PSD, quando os telhados do seu próprio partido são de vidro.

        • João L Maio says:

          balio,

          O que apresenta são factos. No entanto, está a comparar um partido que nunca foi poder nem tem projecto de poder (a intenção sempre foi ser oposição a PS e PSD, sendo que a Legislatura 15-19 trouxe outra vertente, por força das circunstâncias), com um partido que, juntamente com o PS, sempre foi poder, tem projecto de poder e, por eles, teriam sempre maioria absoluta.

          Parece-me que é uma comparação absurda, até por via da História: o BE começou com 2 deputados, tendo chegado aos 8 logo a seguir; já aí se dizia que seria o tecto, que não cresceria mais e que, sendo um partido de protesto, teria “os dias contados”. Contudo, atinge, depois, os 16 deputados. Depois de fazer cair o governo de Sócrates, nova narrativa: “o Bloco não sobrevive a estas legislativas” – uma derrota estrondosa nas legislativas de 2011 deixa o partido com 8 deputados. Era o fim, a partir daí seria sempre a descer. “Nunca o Bloco voltará a atingir os 16 deputados”. Em 2015 elege 19. E a História repete-se.

          Quanto ao PSD… é outra estória. Estamos a falar de um dos dois maiores partidos portugueses, aquele que, a seguir ao PS, mais vezes esteve no poder. Estamos a falar de um partido que passa a vida a culpar o PS “por isto e por aquilo”, mas que depois não vê a sua “razão” ser validada em eleições. Estamos a falar de um partido que, se não se puser “fino”, acabará “comido” pela IL e pelo CH. Estamos a falar do partido dos descendentes de Sá Carneiro. O partido do Cavaco. O partido do Marcelo. O partido do Passos. Sejamos sérios: o PSD está numa situação muito mais delicada do que o BE (porque o segundo, derivado das conjunturas, sobe ou desce; o primeiro já não sobe… vai de derrota em derrota… até onde?!).

          Por isso, não, não estou preocupado; há problemas? Obviamente. Mas não são tão profundos quanto os do PPD sem SD. Estou é com vontade de trabalhar para reerguer o partido, nos lugares apropriados. Enquanto houver crise capitalista… que o Bloco subsista!

          • Rui Naldinho says:

            É claro que as expectativas políticas do PSD não são comparáveis às do BE.
            Um apenas quer influenciar o poder. O outro quer decidir.
            Já agora, corrijo o balio. O BE tem 5 deputados e não 4.

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