Grato aos russos, aos ucranianos e a todos os soviéticos

Neste Dia da Europa, 9 de Maio, lembro sempre, gratamente, quem deu a vida para nos livrar do nazismo de Hitler, em particular os mais 22 milhões de soviéticos que pereceram, entre os quais os ucranianos. Se hoje vivemos sem o terror nacional-socialista em toda a Europa, não é aos europeus que o devemos, mas sim a quem nos veio resgatar: os soviéticos, em primeiro lugar, e os norte-americanos que, após Pearl Harbor, em boa hora decidiram tomar como deles as nossas dores.

Desde então a Europa tem sido o reflexo do poder dos vitoriosos, divididos entre pró-americanos e pró-russos, sem rumo certo, aos tropeções dos ventos políticos que foram soprando de ambos os lados, embora do lado do regime por nós fundado e erguido – a Democracia.
A Europa feneceu após a era colonial “gloriosa”, de seiscentos até ao dealbar do sec. XX, enquanto os novos imperialismos medraram, mas continuamos a considerarmo-nos como o farol do mundo, moral e eticamente mais civilizados, culturalmente superiores, sem querermos ver que somos, tão-só, joguetes nas mãos dos novos impérios.
Esses dois impérios estão hoje em guerra, uns a invadir a Ucrânia e a chacinar ucranianos e outros a lutar por intermédio da dizimação do povo ucraniano e tudo isto, não por nobres razões, como a Democracia, a autodeterminação dos povos, a liberdade individual, mas tão mesquinhamente pelo domínio naval do Mar Negro: enquanto so russos tudo fazem por mantê-lo, os norte-americanos tudo fazem para alcançá-lo.
Entre estes dois impérios bélicos ora em guerra, uma outra potência emerge, mansamente, diga-se, muito discretamente, mas que economicamente já domina a produção da riqueza mundial – a China. Ganhe quem ganhar esta guerra, é hoje mais do que certo que a Europa já saiu perdedora e a China vitoriosa, independentemente do desenlace bélico.
E é isto que dói, a incapacidade da Europa se governar per si, sem depender de falácias bélicas de ambos os impérios belicistas, subjugada por uma ideia neoliberal de globalização que retirou do nosso espaço toda a capacidade industrial de que fomos pioneiros, a qual, hoje, já ninguém ousa duvidar, é o único sector da economia que produz riqueza, enquanto dispuser de mão-de-obra barata.

Fica o lamento final de, neste dia, o Dia da Vitória, o Dia da Europa, os russos e os ucranianos não terem comemorado a uma só voz a vitória sobre o nazismo, pois foi, talvez, o momento de maior glória dos seus povos, aos quais estarei sempre grato.

Comments

  1. Luís Lavoura says:

    Bom post.

  2. AntiNAZI says:

    Mas olhe que ha aqui muitos salazaristas neste blog que estão triste. E não me estou a referir ao JgMenos

    Alguns apagam os posts que não gostam
    E chamam-se liberais

    • estevesayres says:

      Liberais, neoliberais e neonazistas… e já agora, é só para completar a sua frase..

  3. Fernando José Monteiro da Costa says:

    Mais um revisionista da história…

  4. AntiNazi says:

    “Mais um revisionista da história…”

    A historia conta é que se os osvieticos, não tivesse dado a volta ao marcador, os 2democrata” yankies que mataram milhões de indios na terra que ocuparam, nunca tinham entrado na 2ª Grarde Guerra

  5. Paulo Marques says:

    Isto já vai muito além da Europa não se governar a si, vai de fazer tudo para que não se governe a si (o que não é por acaso, mas isso é outra história), não se vá ficar com a batata quente de uma linha política que afinal não é consensual.

  6. JgMenos says:

    Podias começar por dizer que viabilizaram a expansão nazi e o início da guerra com a partilha da Polónia…

    • POIS! says:

      Pois, e não só!

      Há que reconhecer que falta o importante papel do Oliveira da Cerejeira na derrota dos nazis.

      Sabe-se agora que, nos laboratórios da PIDE, situados nos subterrâneos da PIDE, mesmo por baixo dos calabouços da PIDE, e das salas de interrogatório da PIDE, e da sala de convívio dos torturadores da PIDE, foi desenvolvido, a pedido de Salazar, um produto que, adicionado ao volfrâmio que vendíamos aos alemães, o tornava com a consistência de um Pudim Abade de Priscos ao sol.

      Haviam de ver a cara dos alemães quando viam os tanques e as metralhadoras a derreter, mesmo com temperaturas de 20 graus negativos, enquanto os soldados ficavam tesos como carapaus de escabeche!

      Foi assim que a guerra virou.

      Essa formula, que ficou injustamente esquecida até aos nossos dias, foi recentemente descoberta nos subterrâneos dos arquivos da Torre do Tombo, depois de ter por lá andado aos tombos.

      Chamava-se Permanganantónio Oliveiróxido Salazarácido.

      • JgMenos says:

        O palhaço, nem rico nem pobre, só ridículo.

        • POIS! says:

          Eis que JgMenos nos confessa a sua condição social salazaresca de “remediado”.

          Não há dúvida que coerência é coisa que não lhe falta.

        • Joana Quelhas says:

          A comuna Rita Rato nunca ouviu falar em Gulags.
          Aqui os comunas nunca ouviram falar do pacto Pacto Molotov–Ribbentrop.
          Os comunas sabem que a URSS libertou os judeus dos campos de concentração mas não sabem que voltou a usa-los com seu próprio povo. Mas foi para fins de reeducação…
          Foi como em Portugal em 1974. No dia 25 de Abril haviam 60 presos por serem comunistas pela PIDE. Passados 3 meses haviam 3000 presos políticos por delito de opinião ou seja por não serem comunas… enfim comuna é comuna e nunca muda.

          Joana Quelhas

          • POIS! says:

            Pois vosselência, ó Quewelhasse

            É uma verdadeira bisca em matéria de história.

            Só havia 60 presos? Bem, já descontou mais 28 aos do outro.

            Mais dois ou três comentários e isto era a URPDDMSSS.

            Sim, a União das Repúblicas Portuguesas Daqui e D’álem Mar Socialistas Soviéticas Salazarescas, lideradas por um tal Marcelónidas Caetanev.

            3000 presos? Por “delito de opinião”? Onde estava esse campo de concentração?

            Mas também lhe digo: se os tais “delitores de opinião” foram mesmo presos por isso, até que não se deviam queixar.

            Sim porque, afinal, os revolucionários de Abril limitaram-se a aplicar-lhes a lei que eles próprios fizeram e impunham aos outros.

            A começar por esse monomento jurídico que era a Constituição de 1933, aplicada num plebiscito tão democrático que até os mortos votaram. E todos a favor!

            Nunca houve no mundo tamanho sinal de respeito pelos Direitos Fundamentais dos defuntos!

            Algum dia existiu um sufrágio mais universal que esse? Ora essa! Onde?

          • António Fernando Nabais says:

            Haviam 60 presos, mas já não hão, pois não, Quelhas?
            Quando puderes, publica aqui as tuas fontes, ó Mithá Ribeiro dos pobres.
            Entretanto, responde-me a uma dúvida: é aceitável prender comunistas porque são comunistas? Se não for aceitável, o que deveremos dizer de um regime que os prende? Ou 60 é o mínimo de comunistas que um país decente deve mandar prender? São muitas dúvidas, eu sei.

          • POIS! says:

            Segundo a Quwvellhass,

            Os 60 presos, haviam de estarem a descançar.

          • JgMenos says:

            Presos «comunistas porque são comunistas»?
            Comunistas eram bem mais de 60, ou vem-nos agora dizer que a PIDE era tão incompetente?
            Os comunistas que agiam como agentes de um partido ilegal, serventuário de um poder estrangeiro e inimigo – URSS – ou disfarçavam muito bem, ou eram irrelevantes, ou viviam na clandestinidade, ou eram presos uma e outra vez.

    • Paulo Marques says:

      Podias dizer que já em 1936, quando os comunistas alemães matavam nazis, a remilitarização era boa para lidar com eles sem se mexerem.

      • Paulo Marques says:

        Ah, menti! 1933

        “We have expressely announced our readiness to take part in collective action to revuff the aggressor jointly with other great states, and small states too. But there is no collective for the rebuff yet.” Litvinov

  7. Joana Quelhas says:

    Não se deve prender ninguém por delito de opinião.
    Não podemos prender comunistas como não podemos prender racistas ou misóginos etc.
    O que devemos proibir é o Comunismo o Nazismo o Racismo etc… Capice ?
    Claro que para a tua cabecinha o comunismo não devia ser proibido devia ser implantado , como nos desgraçados dos países onde isso aconteceu …
    Joana Quelhas

    • POIS! says:

      Pois o que eu gostei mais, neste comentário…

      Foi o “capice”.

      Haviam de haverem expressões destas em Português. Seria um descanço.

    • Paulo Marques says:

      E quais países são esses, e qual era a alternativa? Só para nos rirmos um bocadinho, não só dos Batistas e Alexandres, mas do comunismo com classes.

      • luis barreiro says:

        Paulinho “orelhas” os países comunistas são os que tinham de construir muros para que o próprio povo não pudesse fugir do paraíso socialista.

        • Paulo Marques says:

          Ah, bom, países comunistas são os países que não se gosta! Ao menos o luis admite que inventa o significado que quer.

    • António Fernando Nabais says:

      Ó Quelhada da cabeça, ninguém aqui defendeu a implantação do comunismo, mas tu, coitadita, tens uma cabecita piteca, estás ainda a começar a descer a árvore, de mão dada com o coisinho do Basta. O comunismo tem muito de tenebroso e muito de nobre, faz lembrar a Igreja Católica, que nos deu a cultura que nos enforma, incluindo a Inquisição e o obscurantismo. Do lado dos comunistas, há monstros como o Estaline e milhares que lutaram e lutam pelos direitos dos mais fracos. Do lado dos nazis como tu, só existem monstros. Eu sei que isto é muito complexo, mas tu, um dia, chegas lá.

    • Carlos Araújo Alves says:

      Eu, comunista quelhiano me confesso: não sou comunista.
      Mas o texto nada tem a ver com isso. Tem a ver com os paradoxos da vida, plasmados em paradoxos na História: se a Europa tem regimes democráticos liberais desde o final da 2ª Guerra, muito deve a um facínora como Estaline e a todos os soviéticos, incluindo milhões de ucranianos, que a deram a vida para que isso fosse possível.

      Até as conversações que levaram ao Pacto Molotov–Ribbentrop foram muito engraçadas. Estaline estava a negociar com a Alemanha e com os Aliados para ver qual deles lhe daria mais liberdade para dominar países da Europa oriental. Curiosamente, não havia diferença alguma relativamente ao domínio do Leste da Polónia. O que a Alemanha deu a mais a Estaline foi a Roménia.
      Uma chatice, uma chatice a porra da História!

  8. Fugitivo says:

    A PIDE pagava bem aos bufos e eram quase 3 milhões, tudo a receber dinheiro para denunciarem os comunistas, os vizinhos, os colegas de trabalho, tudo o que calhava. Era um perigo ir ao café, o pessoal controlava a clientela toda e abruptamente
    e inesperadamente acabavam as conversas porque até falar do Benfica já era perigoso por causa dos atletas que eram do MPLA e da Frelimo…que fugiam…que desertavam… Que perigo.

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