IL – Indigência Liberal

As Alices no país dos neo-liberais.

Quando ainda não era politicamente relevante, o partido neo-liberal Iniciativa Liberal escrevia no seu programa político (ver “Racional”, ponto 14) que “os activos virtuais têm vindo a assumir uma importância crescente (…), com destaque para as criptomoedas”.

Face a esta importância crescente, qual a abordagem que a IL recomendava, então, no seu programa eleitoral?

A seguinte, pasmem-se: “Dada a elevada volatilidade [das criptomoedas] (…), importa ter um quadro regulatório claro, assim como de tributação adequada (…). Para além dos activos em si, importa também regular o funcionamento de bolsas (…)”. Acrescentava o partido que as criptomoedas poderiam ser uma forma de branquear capitais e financiar práticas terroristas.

A IL quando queria “regular” e “taxar” de maneira “adequada” as criptomoedas.

Mas isto foi quando a IL não era politicamente relevante e tinha, como tal, de mostrar responsabilidade para conquistar o primeiro eleitorado. Hoje, a estória é outra. Agora, com uma base eleitoral conquistada, a IL pode (e acha que deve) dar o dito por não dito, ser radicalmente irresponsável e quer, assim, tornar Portugal no El Salvador da Europa. Vai daí, mais vale o populismo liberal:

Publicação da IL nas redes sociais, com recurso ao paint, onde se mostra chateado por ter tido uma ideia parecida com a do Bloco de Esquerda.

É uma pena que a IL se sinta na necessidade de gozar consigo mesma para crescer mais um pouco. Esperava-se, ainda assim, um pouco mais de conhecimento sobre o próprio partido e, sobretudo, noção.

O neo-liberalismo que nos disse que o melhor era liberalizar o sector dos combustíveis, falhou. O neo-liberalismo que nos disse que a subida do salário mínimo afundaria a economia, falhou. O neo-liberalismo que nos disse que o melhor era descer o ISP e o preço dos combustíveis, como que por milagre, desceria, falhou. O neo-liberalismo que nos disse que “liberdade de escolha” é pôr os ricos a pagar os mesmos impostos que os pobres, porque isso sim, é progresso económico, falhou. O neo-liberalismo que, em El Salvador, disse que as criptomoedas é que eram “frescas e boas”, falhou redondamente, levando o país a um beco do qual não sabe, agora, como sair.

O neo-liberalismo está sempre a falhar, mas ninguém lhe tira a postura de quem acerta sempre. Isto não é Iniciativa. É Indigência.

 

Ah, já agora, lembram-se disto?:

Pois é, diz que a Lituânia não está de boa saúde.

Comments

  1. luis barreiro says:

    No meu tempo que contruíam muros para impedir o povo de fugir para os países governados por essas fotos, os chulos queriam esconder essa informação.

    • João L Maio says:

      Seria? Talvez. Mas se chegassem aos EUA de Reagan, ou caíam na pobreza ou caíam no crack. Se chegassem ao RU da senhora Thatcher, se fossem pobres, negros e… imagine-se, por azar, gays… estavam tramados. E o regime do mister Pinochet era um mar de rosas, um verdadeiro democrata dos ares.

      Era tudo muito lindo, nos países desses senhores, nessa altura… mas tu és gigolô do neo-liberalismo e eles são os teus chulos.

      • Rui Naldinho says:

        O que eu “aprecio” mais no comentário destes idiotas acéfalos, há por aqui alguns, é o facto deles não saírem daquele registo paranóico do: “se não fores liberal só podes ser comuna”. Não há meio termo.
        Embriagados pelo sucesso do capitalismo nos números da economia, nem sempre, ainda que ela hoje se tenha deslocalizado em boa parte para regimes ditatoriais, não imaginam naquelas cabeças ocas uma redistribuição da riqueza mais equitativa, promotora da paz, em vez de aumentarem as desigualdades e promoverem a conflitualidade, a par de uma defesa do clima e dos ecossistemas, de forma a minimizar os danos causados pelo consumismo que o próprio sistema capitalista gera nas sociedades.
        Ainda não perceberam que o capitalismo se deslocalizou para Oriente, não por mero filantropismo, mas só e apenas por questões de custos e desregulação.
        Aquilo que o processo de globalização deveria promover era uma melhoria substancial do nível de vida no terceiro mundo, ainda que com alguns custos sociais iniciais a Ocidente. O que estamos a assistir, até porque estamos perante ditaduras, é sim um empobrecimento geral de toda a humanidade.
        Nem o terceiro mundo, em especial o Oriente, se democratiza no modelo liberal que eles tanto gostam de apregoar, como se percebe a olho nu, nem o Ocidente sai deste marasmo, caminhando rapidamente para a ascensão da extrema direita com aquele discurso xenófobo e nacionalista, ao ficar cada vez mais pobre, sem meios para fazer crescer as suas economias, e acima de tudo mais refém da dívida soberana, emitindo moeda sem riqueza material que a sustente.

    • Paulo Marques says:

      Felizmente hoje podem morrer no mar, ou ficar em campos de concentração à espera que alguém perca 5 minutos para os mandar de volta; e, caso fujam, têm que lidar com vários muros na mesma.
      Podia ser melhor, podiam ficar em jaulas se sobrevivessem ao tiro ao alvo, separados da família. Ainda não chegamos a esse iluminismo.

  2. João Mendes says:

    Excelente, Jony!

  3. Joana Quelhas says:

    Gosto mesmo de ver comunas a opinarem sobre economia. É mesmo hilariante (será de chorar se estiverem no poder).
    Também é interessante ver comunas como explicava Tomas David Schuman , que não sabem que o são.

    https://exame.com/future-of-money/44-paises-se-reunem-em-el-salvador-para-discutir-adocao-do-bitcoin/

    • João L Maio says:

      Queilhas, eu sei que és bastante insciente, mas os “comunas” não podem opinar sobre economia? Não há professores de economia de esquerda, é?

      44 países desenvolvidos, não haja dúvida! 😂

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