Condecorem os estrategas geopolíticos de Vladimir Putin, já!

De forma inteligente e educada, e com o Kremlin enquanto alvo das suas declarações, o presidente finlandês explicou, há dias, o porquê do seu país estar à beira do fim de uma longa tradição de neutralidade, estando já em processo de adesão à NATO:

– Foram vocês que causaram isto.

Compreende-se. Se eu vivesse num país que partilha 1300km de fronteira com a Federação Russa, já teria metido os papéis mais cedo.

Sim, já sei que vou levar com malta a falar dos crimes da NATO. Não os ignoro. Nem vou perder tempo a argumentar porque a complexidade dessa discussão daria para um outro post, ou vários, mas não será este.

Vou, so invés disso, focar-me no aspecto que me parece dizer tudo. Finlândia e Suécia não são propriamente nações de degustadores de gelados com a testa. Se estão onde estão, não será, seguramente, por serem estúpidos. E se, em tão curto espaço de tempo, o apoio popular à entrada na NATO sobe de forma tão acentuada, é legítimo concluir que o apego à neutralidade foi suplantado pelo medo da barbárie. E a Finlândia sabe bem o que isso é.

E se duvidas restassem, ver estes dados sobre a Suíça, meca da neutralidade e dos porquinhos mealheiros da pior escumalha mundial, sejam traficantes de seres humanos, criminosos de guerra, barões da droga ou oligarcas russos, diz tudo sobre o sentimento reinante na Europa. Os estrategas geopolíticos de Vladimir Putin deviam ser condecorados. Em Washington.

Comments

  1. João Paz says:

    “Os estrategas geopolíticos de Vladimir Putin deviam ser condecorados. Em Washington.” E será que o não vão ser?

  2. Paulo Marques says:

    Se não comessem gelados com a testa não andavam alegremente a destruir o estado social, com resultados previsíveis, ou a correr para agradar o nosso construtor de muros favorito. Para depois dizerem que não querem bases, como se fosse assim que isto funciona.
    Mas cada um sabe de si, e do que quer ceder contra o inimigo simultaneamente forte e fraco. Depois não digam que não esperavam a conta.

  3. Rosa Lourenço says:

    Triste verdade! Afinal a Hipocrisia reina na Política bem como nas Finanças!!!

  4. estevesayres says:

    Só para lembrar aos mais distraídos, e não me vou alongar mais; O véu democrático com que agora é pretendido esconder a ocupação militar de mais dois países está roto. As cadeias de comando das forças armadas finlandesas e suecas há muito que estão em mãos ianques. A integração da forças armadas da Finlândia e da Suécia na cadeia de comando americana iniciou-se em 2001 com a formação da International Security Assistance Force (ISAF) no Afeganistão e foi-se adensando progressivamente com a realização, praticamente todos o anos a partir de 2006, de manobras militares conjuntas NATO/Finlândia/Suécia (e até Suíça), como as Cold Response, onde o inimigo apontado, primeiro vagamente mas por último claramente, é a Rússia. A franquia da porta à ocupação militar ianque da Finlândia e da Suécia já foi feita à socapa. Do que se trata agora é fazer parecê-la democrática!!!

    • “A integração da forças armadas da Finlândia e da Suécia na cadeia de comando americana iniciou-se em 2001 com a formação da International Security Assistance Force (ISAF) no Afeganistão”
      Por essa ordem de ideias temos uma ocupação ianque do Azerbaijão, Mongólia, Jordânia e o Togo que fará com que sejam os próximos membros da NATO.

  5. A Rússia nunca vai permitir, nem pode permitir, que forças militares da NATO ameacem São Petersburgo e a Península de Kola. A entrada da Finlândia na NATO, se vier mesmo a concretizar-se, vai com elevadíssima probabilidade resultar na adopção de medidas técnico-militares contra a Finlândia, que terão como objectivo a possível anexação de território por motivos de segurança e principalmente, a destruição de toda a infraestrutura industrial com fins militares e também as próprias Forças Armadas da Finlândia, que ao passarem a ser integradas numa organização terrorista e agressora como a NATO, serão consideradas como um inimigo a destruir pela Federação Russa.

    A entrada da Finlândia na NATO, será uma violação flagrante dos acordos e compromissos em prol da neutralidade, que a Finlândia há décadas mantém com a Rússia. Isto vai resultar com toda a probabilidade na destruição da Finlândia como um Estado-Nação moderno. Depois não digam que não foram avisados…

    • A distancia entre S. Petersburgo e a fronteira da Finlândia não é Muito diferente da distancia entre essa cidade e a fronteira da Estónia.
      A Estónia, tal como a Ucrânia, tem um numero muito elevado de cidadãos de origem russa em algumas das suas regiões fronteiriças..
      A Estónia não foi até agora alvo de “medidas técnico-militares” (caramba, que eufemismo tão comprido).
      Uma conclusão possível é que ser membro da NATO tem ajudado a Estónia a suportar más vizinhanças.

      • Joana Quelhas says:

        A Finlandia e a Suecia vão juntar-se a NATO por duas razões. 1. Não gostam dos russos , é gente esquisita e perigosa 2. Porque podem. Depois deste humilhante falhanco do “segundo mais poderoso e exercito do mundo”, (risos) que não conseguiu invadir a Ucrania , ficou por demais evidente o que é é este o momento adequado O exercito russo é uma anedota , apenas é poderoso contra civis como se viu na Siria e a cometer crimes de guerra contra civis inocentes. O Putin a esta hora se tivesse um buraco suficientenente grande onde coubesse a sua vergonha metia-se dentro dele.
        Fico satisfeita de ver a superioridade a todos os niveis da NATO.

        Joana Quelas

        • Paulo Marques says:

          São fracos e uma anedota, por isso são perigosos? Uh huh.

    • Paulo Marques says:

      A Rússia e que exército, homem? E a França, ficava a olhar?

  6. JgMenos says:

    O conforto dos sempre serventuários de Moscovo é sempre ignorarem qualquer outra alternativa do que ser serventuário de Washington.

    Quem nasce para servir sempre se vê servindo…

  7. estevesayres says:

    E como é dito por muitos de nós; Só a unidade dos povos e seus trabalhadores poderá impedir a continuação da guerra inter-imperialista. Jamais aceitar continuar a servir como carne para canhão. Ou matamos o capitalismo, ou ele nos continuará a matar

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