Se fosse na bola era vermelho directo!

Como expliquei aqui, o que se está a passar é muito grave. 

E lembrei-me logo da altura do governo Passos Coelho/Paulo Portas, e da posição, assertiva e muito importante, do BE, através da sua eterna  Coordenadora  a  atriz  e deputada Catarina Martins, contra a extinção do Ministério da Cultura levado a cabo pelo governo da PAF.

A situação é igual. Só não é igual para Catarina Martins, que para uns tem uma posição e para outros tem outra. Transcrevo partes de  uma entrevista de 2012:

P: Num momento como este o governo prescindiu do Ministério da Cultura. É uma questão simbólica ou profunda? Significa que a cultura está a perder o seu lugar, a sua importância?

R: Acaba por se revelar uma questão mais profunda. O que foi dito é que não haveria ministério e que isso não era grave porque o Secretário de Estado estava na dependência direta do Primeiro Ministro e portanto a cultura ficaria mais perto do centro de decisão. Isto é logo uma ideia de subserviência da cultura. A cultura tem que estar mais perto do príncipe para ter algumas migalhas. Esta é uma ideia reacionária. 

É sintomático que nesta comissão interministerial estratégica do QREN, que é um conselho de ministros presidido pelo ministro das finanças, que não haja ninguém que represente a cultura. Está representada a educação, a defesa nacional, a administração interna, a solidariedade social, o ambiente e a agricultura, a economia e as finanças. Está lá tudo menos a cultura. Logo isto não é apenas um problema simbólico.

Julgo que há um outro sinal que é muito flagrante. A ideia que a cultura iria ser transversal. Há um parágrafo no programa do governo que é provavelmente o único parágrafo que eu concordo do princípio ao fim que diz que a área de intervenção prioritária da cultura tem de ser a presença da educação para a arte e a cultura na escola. Eu concordo, a nossa escola está distante da cultura, da arte. Mas fez-se agora uma revisão curricular que não tem nada a ver com isso. Isso foi aprovado no programa do governo, foi aprovado nas grandes opções do plano do orçamento e passados quinze dias a revisão curricular não tem uma linha sobre isso.

Na resposta a outra pergunta:

Em Portugal temos projetos que embora tendo tido financiamento estão a fechar as portas porque as CCDR – Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional não estão preparadas para lidar com o setor cultural. Nunca ninguém pensou que a cultura tinha uma palavra a dizer e lidam com as estruturas como se fossem obras públicas. 

O ensurdecedor silêncio de Catarina Martins e do BE sobre esta matéria continua.

Se quiserem saber a sério o que se passa estou disponível, e para o BE não preciso de ajuste directo nem de avença.

Este post é dedicado ao Aventador Fernando Moreira de Sá, que em boa hora me convidou para este antro de pecado que é o Aventar.

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Primeiro festejam, depois, bom, mais um que nunca esperou que os leopardos também lhe comessem a cara.

  2. Anonimo says:

    Mas essa não era uma linha vermelha.

    A Catarina é actriz, vá lá que se dedicou à política para suprir a falta de papéis…

    Há uns anos o Governo colocou portagens na CREL. A então oposição reclamou, com eles jamé. Entretanto os lugares inverteram-se e os portageiros por lá se mantêm.

    • Tuga says:

      Analise “inteligente” de um Jane.

      Parabéns

      Estamos “cozidos” com estes analistas

  3. Luís Lavoura says:

    Coordenadora a atriz e deputada Catarina Martins

    Catarina Martins é deputada e coordenadora do Bloco. Agora, atriz ela não é, há muito tempo.

  4. tuga says:

    Pensei que eras revisa, mas já percebi que és liberoca. Está mais na moda !

  5. JgMenos says:

    E se em vez de falares de poder ‘cultural’ nos falasses de políticas culturais?
    E se nos falasses de cultura e não da matilha de incultos que entendem ser subsidiados porque se dizem agentes culturais?

  6. João Paz says:

    Isto só é um «antro de pecado» desde que FMS lhe roubou a democracia que vinha desde o tempo de João José Cardoso Orlando Cardoso.

    • João Paz says:

      Não me surpreende que FMS não tenha permitido o meu comentário. Na sua cabeça a CENSURA é muito mais importante que a discussão de ideias e argumentos.

      • Carlos Almeida says:

        Claro J Paz

        Para os liberocas a liberdade de comentar é só para eles.

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