Este velho caceteiro, dedicado companheiro

Talvez não fosse má ideia criar uma escola de estadistas, porque, na política portuguesa, há um excesso de palavrosos e de caceteiros. Uma pessoa olha em volta, vê sócrates, passos, portas, costas, marcelos e não encontra um estadista, um bocadinho de gravitas que seja.

Santos Silva, que, actualmente, é, pasme-se!, a segunda figura do Estado e putativo candidato a Belém, não destoa.

O actual Presidente da Assembleia da República é um antigo guterrista e socratista reciclado, tal como António Costa, aliás. Se a uns lhes foge o pé para a chinela, a mão de Santos Silva foge-lhe para o cacete, por muito que se disfarce de fato e de gravata. Como mau democrata, se é contrariado o poder que defende ou que exerce, só pensa em bater.

Há uns anos, quando era ministro de Sócrates, ao ser confrontado com protestos de professores, declarou que estes não distinguiam «entre Salazar e os democratas», o que, curiosamente, o afastou do lado dos democratas. Recentemente, criticou, a propósito da greve dos professores, o «modelo anarco-sindical» de «sindicatos recentes» (é claro que, antes disso, disse que as pessoas têm direito a protestar, sim, mas), recorrendo a uma estratégia suja que pretende apenas desacreditar as críticas, não contribuindo, por puro desinteresse, para a resolução dos problemas dos professores, que são, também os problemas da Educação. Tudo isto é triste, tudo isto é fado, tudo isto é costume.

Comments

  1. Ana Moreno says:

    Parabéns, Nabais. Inspiradíssimo e 100%.

  2. Paulo Marques says:

    Se tiver que escolher entre este e o outro fasço em 2026, fico a dormir, que ao menos serve para alguma coisa.

  3. POIS! says:

    Há uns anos, dediquei uma canção ao personagem.

    Foi quando ele disse que gramava “malhar numa certa esquerda”. P’ra começar ficou logo o “Malhão do Norte”.

    E a cantiga era assim:

    Ó malhão, malhão!
    Ó malhão do Norte!
    Quando o mar está bravo,
    Quando o mar está bravo,
    Vamos pró Freeporte!

    (lembram-se?)

  4. JgMenos says:

    Gravitas?
    Isso tem ares de coisa aburguesada.
    A ralé arvorada ainda não atingiu esse patamar mínimo.

    • António Fernando Nabais says:

      Ralé, menos? Sempre essa tendência autobiográfica! Deves gostar de Santos Silva – tens um fetiche por caceteiros, não é, filho?

    • Anonimo says:

      Todos gravitamos, de uma maneira ou outra.

  5. Anonimo says:

    Todas as equipas ganhadoras têm os artistas, mas ha sempre um caceteiro. Para combater os neiberais e a direita trauliteira, só com porrete. Não é com falinhas mansas. AAS é de esquerda, e um patriota.

    • Paulo Marques says:

      E vai combater o neoliberalismo algum dia, ou ficasse por bater em quem trabalha, o tal de esquerdista?

  6. Luís Lavoura says:

    Mas trata-se, de facto, de um modelo anarcossindicalista. É um facto. No modelo comunista, os sindicatos são ordenados, civilizados, fazem greves ordeiras, regulares. No modelo anarcossindicalista as greves são radicalizadas. É assim mesmo.

    • António Fernando Nabais says:

      Ui, que horror, greves imprevisíveis em vez de combinadas com o patrão, para não o incomodar muito e, no fim, fazer acordos que prejudicam os trabalhadores, porque, na realidade, o patrão, esse ser civilizado, só quer explorar em paz! A radicalização é uma resposta à radicalização – os professores andam a ser repetidamente pisados desde 2005 por gente que não é séria. O Luís, como bom colaboracionista, não fala do patrão: Maria de Lurdes Rodrigues, Isabel Alçada, Nuno Crato, Tiago Brandão Rodrigues e João Costa são assessores do ministro das Finanças, contratados para roubar – são esbirros ao serviço de radicais.

  7. Manuel Matos says:

    A seguir ao Sócrates vem, como é natural, toda uma bicha de socráticos menores (vide livritos facilmente disponíveis), A. Costa, S. Silva e o caracitas…

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