A histeria da direita sobre a habitação

Mas, mas… afinal não é a direita que condena, desdenha e tem asco ao que chama histeria? Não eram os betinhos que eram os das boas maneiras, da souplesse, do estilo, da nonchalance, da superioridade???

Afinal não. São aos montes os artigos e opiniões com reacções histéricas à proposta do governo “Mais Habitação”. Afinal também gritam, quando lhes dói, o que, como é óbvio, só mesmo muito raramente acontece. Foi desta e logo se ouve a chinfrineira: ai o PREC! ai o socialismo! ai os direitos individuais!

É como diz Leonor Caldeira, basta um toque e saltam das tocas os “activistas das casas vazias”. Só não sairão à rua, como fazem os activistas contra os fósseis, porque têm instrumentos de lobby bem mais poderosos e subtis. E ao contrário dos primeiros, é certo e sabido que vão alcançar os seus objectivos, de conluio com os media que têm no bolso.

O artigo de Carmo Afonso é absolutamente certeiro quanto ao que está em jogo:
Costumava caracterizar-se um homem bom como aquele que é capaz de dar a própria camisa. Para um liberal um homem bom é aquele que defende a sua própria camisa e mesmo que não esteja a usá-la.

Nem mais, trata-se de princípios, trata-se de valores (de ética e não da bolsa).

Porém esta cambada dominante de neoliberais a única coisa que respeita e idolatra é o homo economicus, darwinista, predador, egoísta e insaciável. Ao verem um faminto ainda defendem o seu próprio direito individual a não lhe darem de comer. O maior gozo obtêm em fazer finca pé de que venceram a competição.

Vão destruir o mundo, é mais que certo.

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Discordo em absoluto. Como assim, “vão”?

  2. Ana Moreno says:

    Concordo, já começaram.

  3. João L Maio says:

    Excelente, Ana Moreno.

    Os meus cumprimentos.

  4. Anonimo says:

    Concordo. Histeria completa.
    So falta andarem à cata de edifícios devolutos.
    Isso e um pacote de medidas feitas à pressa para resolver um problema de décadas descoberto a semana passada

  5. Luís Lavoura says:

    Eu duvido que haja muita propriedade imobiliária “vazia no longo prazo” que esteja em condições de habitabilidade.

    Há, sem dúvida, propriedade vazia a médio prazo (um, dois, três anos). Mas no longo prazo (dez anos, digamos) a propriedade dificilmente estará vazia. Mais provavelmente, trata-se de uma casa de férias, ocupada ocasionalmente.

    Há em Lisboa (e noutras grandes cidades) muitas casas habitáveis que estão a maior parte do tempo vazias. Mas elas não estão vazias a longo prazo – elas são habitadas ocasionalmente, quando os seus donos estão de férias. Temos que ver que Lisboa e os arredores – onde se incluem sítios tão atraentes como o Estoril ou a Costa da Caparica – são ótimos sítios para passar férias, do ponto de vista da maior parte dos europeus.

    • Paulo Marques says:

      Acho extraordinário que alguém ache isso aceitável; só falta dizer que se devia construir mais em cima do Tejo.
      Mas quanto ao achar, vamos ver, o estado tem acesso a quem tem contracto de luz e água para perceber, já que ainda não são pagos à jorna.

  6. João Mendes says:

    Fabuloso, Ana! Um abraço

  7. Pimba! says:

    “da Dinamarca à Irlanda, há vários modelos na Europa” “Dinamarca, Espanha e Países Baixos são alguns dos países que já têm em vigor medidas semelhantes à que foi apresentada pelo Governo”

    Näo säo estes os “paraísos liberais” dos quais a Direita tanto gosta? Então qual é o problema?

  8. Anonimo says:

    “Afinal não. São aos montes os artigos e opiniões com reacções histéricas à proposta do governo “Mais Habitação”. Afinal também gritam, quando lhes dói, o que, como é óbvio, só mesmo muito raramente acontece. Foi desta e logo se ouve a chinfrineira: ai o PREC! ai o socialismo! ai os direitos individuais!”

    Mas isto é exactamente o que o Governo (de esquerda/direita/centro conforme se quiser) pretende. Perante um conjunto de medidas avulsas feitas em cima do joelho, algumas das quais reciclagem de legislação existente, e que quando (se) forem postas em prática (ou práctica, para os friends) já o Costa está em Bruxelas, o pior que podia acontecer era haver uma análise racional de tudo isto. Com um bocado de azar algum mentiroso ainda vinha praí dizer que já há 20 anos era impossível arrendar uma casa em Lisboa a preços “acessíveis”, daí a malta nova ir para a margem sul (e não para as zonas “atraentes) ou Venda do Pinheiro.
    Os comunas berram que isto são benesses aos senhorios, os liberais que vem o prec, os senhorios que é um modo dos inquilinos viverem à borla, os inquilinos que os senhorios os exploram, vai daí mete-se o Verão, os políticos vão a banhos, com sorte há uns incêndios a sério e descobre-se que os helicópteros foram adjudicados à empresa do primo da sobrinha do Ministro, e a vida continua…

    • Paulo Marques says:

      É pá, os comunas notam que é um claro benefício a quem nada faz não é o mesmo que dizer que, chegando aqui, há alternativa realista de curto prazo. Que, no fundo, são todas as medidas.

  9. Luís Lavoura says:

    A questão que se põe com as casas vazias “a longo prazo” é uma questão que já se colocou a seguir ao 25 de Abril, nos tempos do PREC. E a questão é, têm as pessoas direito a ter uma casa de férias (ou uma segunda habitação), ou não?
    E, na altura, depois de algum debate público, concluiu-se que sim, que as pessoas têm direito a ter uma segunda habitação, a qual utilizam para passar férias.
    A questão que se coloca agora é, vamos forçar todas as pessoas – incluindo muitos estrangeiros e muitos emigrantes portugueses – a abrir mão das suas casas de férias que se situem em certas zonas do país, ou não?
    Se se forçar, isso será uma verdadeira revolução social!

    • Paulo Marques says:

      Não. Tão simples como isso, essas não contam, e mais ainda.

  10. JgMenos says:

    Ouvir uma cambada de cretinos, relaxados servidores públicos, incompetentes administradores do património público, acirrar a cambada esquerdalha acenando com acções obre a propriedade privada que são incapazes de executar, tem uma única interpretação:
    – Disfarce para manterem a efectiva parasitagem da propriedade por hostes de inquilinos miseráveis, oportunistas ou incumpridores, sugerindo que bem pior poderia ser feito.
    A reação da oposição foi só idiota!
    O esquerdalho nacional não é nem vai ser comunista: limita-se a ser chulo; do comunismo só quer a cartilha para se dar ares de ter fundamento ideológico.

    • Paulo Marques says:

      Ah, porra, tava com saudades que lambesse as botas aos proprietários mais abastados!

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