O plano de Xi, presidente do conselho de administração do capitalismo

Xi Jinping, presidente da China e do conselho de administração do capitalismo, apresentou há dias o seu plano para a paz na Ucrânia, em 12 pontos.

Um plano bonito, repleto paz, diálogo, desanuviamento, diplomacia, trocas comerciais, reconstrução e mais uns quantos amanhãs que cantam.

O capítulo sobre a soberania, contudo esconde uma ambiguidade gritante, que pode ser encarada a partir de duas perspectivas: a óbvia, que é a cedência aos interesses russos, e a da realpolitik, que assenta na constatação de que será muito difícil, para não dizer impossível, a Federação Russa abandonar as zonas ocupadas. Como de resto não abandonou a Crimeia, desde 2014, situação com a qual o Ocidente sempre viveu bem.

Quando a China defende “O respeito pela soberania dos países”, não é clara sobre o que entende por “países”. É que, no presente momento, as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia estão ocupadas e anexadas por Moscovo. E a soberania ucraniana não é bem isto. Mas a Federação, tão certo como me chamar João, só delas sairá à força. Algo que, em princípio, significará ogivas nucleares na Europa.

Zelenskyy percebe isto e quer encontrar-se com Xi Jinping. Porque sabe que a situação não é a que pintam os líricos e que, caso o poder em Washington mude daqui por dois anos, a mesada pode acabar, e com ela a capacidade de causar dano significativo às tropas invasoras. E isto, parece-me, poderá ser o início da mudança da narrativa, algo que se torna ainda mais claro quando começamos a ler, aqui em Portugal, opinion makers à direita a dizer mais ou menos as mesmas coisas que o PCP.

Disse-o há dias, repito-o hoje: isto é parecido com o futebol, em que são 11 contra 11, só que no final, em vez da Alemanha, ganha a China.

Comments

  1. João Paz says:

    Finalmente desmascara UM DOS chefes do capitalismo mundial. Mas, claro, não toca no outro, os USA que faz precisamente o mesmo por outros meios. Natural!

  2. Paulo Marques says:

    Diz o ministro israelita que o Zé percebia isso em Março, mas os dois Bs disseram-lhe para não pensar nisso que lhe fechavam todas as portas (e as transferências).
    Dizem que é um sistema de regras. Certo é que a auto-determinação não é tida nem achada, até porque vai haver eleições aqui ao lado.

  3. Anonimo says:

    Respeitinho. Até o John Cena, que batia em todos, aprendeu a dizer i’m sorry em mandarim.

  4. Paulo Marques says:

    Mas também quanto à soberania, não há soberania agarrado ao sistema dólar onde só se acede ao sistema de pagamentos se não se procurar ser auto-suficiente, garantindo a interferência externa, idem para o acesso a armas.
    A Europa aprendeu-o com a factura da segunda guerra, e entretanto esqueceu-se, talvez pelos Gládios nas traseiras da nuca, e escolhe estar cada vez mais dependente de um império em declínio, seja no idiótico rearmamento sem cadeia de comando, seja uma estratégia de coisa nenhuma de investimento externo para os “conquistar para o nosso lado”. Só resto do mundo nunca o esqueceu, foi a sua história de colónia, a China só o percebeu mais depressa.
    A Europa podia ter ganho muito com a instabilidade se os valores que afirma defender fossem mais que retórica do passado mítico, mas continua o objectivo para que foi desenhada de ser um cãozinho fiel enquanto o sul global diz que não. Azarito.

  5. Olá says:

    geoestratégi(c)asocialpoliticaideológicamilitar……

  6. Figueiredo says:

    A Ucrânia nunca existiu como país, é território Russo por direito, onde nasceu a Rússia.

    Não existe – nem nunca existiu – identidade ou cultura ucraniana.

    A invenção/criação do «país» Ucrânia, foi feita por Lenine, através de decreto.

    «Uma nação que traiu ou abandonou a sua própria história e cultura não só dificilmente se desenvolverá, mas também provavelmente será palco de uma longa série de tragédias históricas. É preciso ter uma posição clara contra o niilismo histórico.» – Presidente Xi Jinping

    • POIS! says:

      Ora pois!

      E Portugal, a bem dizer, por direito, também nunca existiu. É território Espanhol, por direito, onde nasceu a Espanha.

      A invenção/criação do «país» Portugal, foi feita por D. Afonso Henriques, através de decreto, escrito à mão e tudo!

      E, depois, alargada à base de cabeças partidas de mouros e castelhanos.

      «Uma malta que traiu ou abandonou a sua própria galga e lábia não só dificilmente arrebita pêvea, mas também, concertezamente será palco de uma longa série de trolhas históricas. É preciso ter uma posição clara contra estas merdas.» – Presidente Al Capone

      • Figueiredo says:

        Não escreva palermices, você confunde tudo.

        • POIS! says:

          Pois, ó Figueiredo, mas recomendo-lhe que…

          Não escreva palermices, você confunde tudo.

    • Paulo Marques says:

      Tá bem, mas querem ter. Também não havia identidade Checa e hoje ninguém a nega.. O problema é que a identidade não pode ser a negação de outra, e muito menos a negação de parte de si própria a ser apagada à força para criar o mito nacional (termo técnico sem valor pejorativo).

      • Douriense says:

        A rep Checa e a Eslovaquia tinham e têm línguas diferentes
        A ucrania foi a raiz da Russia

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