O passado bolivariano de Aníbal Cavaco Silva

O ano é 1980.

Aníbal Cavaco Silva é o jovem Ministro das Finanças de Sá Carneiro.

Entre outras medidas, de um pacote destinado a combater a inflação, conta-se esta:

Fixação dos preços dos bens essenciais

O nosso Aníbal já era bolivariano ainda o Chávez era uma criança.

Já a direita chalupa está onde sempre esteve: a alucinar com comunismos que não existem. Fazia-lhes bem, ficar sem os meios de produção durante uma semana ou duas.

Comments

  1. Luís Lavoura says:

    Isso era no tempo em que a carcaça e a gasolina tinham preços fixados por lei. Eram produtos únicos e regulamentados por lei (a carcaça tinha um peso fixado por lei, 50 gramas salvo erro), que todas as empresas tinham que produzir de forma idêntica. Atualmente, felizmente, há liberdade e concorrência, cada empresa vende o produto que quer ao preço que quer.
    Estou mesmo a imaginar o Estado a fixar o peso, total e escorrido, que uma lata de feijão vermelho cozido deve ter… ou a fixar o preço de cada tipo de bacalhau, de cada proveniência…

    • tuga says:

      Na realidade o paraíso dos Liberocas, que ao mesmo tempo que combatem o governo por deixar subir os preços, ficam todos satisfeitos pelos seus “amigos” das grandes superfícies poderem aumentar os preços sem qualquer controle
      E roubar galinhas e vende-las ao dono

      • Luís Lavoura says:

        os seus “amigos” das grandes superfícies poderem aumentar os preços

        Se “tuga” acha que as grandes superfícies estão a aumentar os preços em demasia, passe a comprar em pequenas superfícies. Felizmente em Portugal há liberdade de cada um comprar onde quiser. Compre, por exemplo, nas lojas dos nepaleses ou dos chineses. Encontrará lá excelentes produtos. Eventualmente, a preços mais reduzidos que nas grandes superfícies.
        Só compra nas grandes superfícies quem quer. Se “tuga” não quer, não compre. Mas deixe os outros, os que querem, comprar.

        • Douriense says:

          “Felizmente em Portugal há liberdade de cada um comprar onde quiser”

          Onde ? Ele há cada totó

        • tuga says:

          “Felizmente em Portugal há liberdade de cada um comprar onde quiser. Compre, por exemplo, nas lojas dos nepaleses ou dos chineses.”

          Refinadissimo e alternadissimo liberoca

        • Douriense says:

          Nós os amigos dos Holandeses do Pingo Doce somos assim.

    • Paulo Marques says:

      Estou muito feliz por pagar o dobro do que pagava à um ano, por practicamente razão nenhuma, só porque podem.

  2. Isto só mostra o quanto o “centro de massa” da política em Portugal se moveu para a direita desde então.

    • Luís Lavoura says:

      Não foi só o centro de massa da política que se moveu. Foi o próprio país que se moveu.
      É possível tabelar os preços de “bens essenciais” quando esses bens estão bem definidos e delimitados: um punhado de produtos com caraterísticas bem definidas e vendidos em quantidades tabeladas por lei. Não é possível tabelar preços quando os chamados “bem essenciais” incluem, por exemplo, umas dúzias de variedades diferentes de cereais de pequeno-almoço, outras dúzias de produtos diferentes para barrar o pão, etc etc etc.

      • Paulo Marques says:

        Isso não são productos essenciais, nem sequer insubstituíveis.
        Já o pão é o pão, desde os jacobinos que se percebe a diferença; é preciso tirar a madame do armazém.

        • Luís Lavoura says:

          Também o pão tem dúzias de variedades. Vende-se em dúzias de formatos, com dúzias de farinhas diferentes, com ou sem sementes adicionadas, com ou sem produtos como alfarroba, beterraba, curcuma, etc adicionados.

          Antes de tabelar o preço do pão seria necessário definir muito bem a composição e o peso dos pães, e obrigar (isso mesmo!) todas as lojas a vender esse pão específico.

          Coisa que não cabe na cabeça de ninguém, atualmente.

          • Paulo Marques says:

            Pois não. Nem cabe na cabeça o direito ao pão, saúde, trabalho, educação, até à greve que chateie.

  3. Luís Lavoura says:

    Eu repito: para garantir o “direito ao pão” (o qual julgo que não exista, mas admitamos que sim) desta forma seria preciso obrigar todos os estabelecimentos que atualmente vendem pão a venderem algum tipo de pão normalizado, o qual teria um preço fixado por lei. A maioria desses estabelecimentos seria obrigada a passar a confecionar e comercializar um pão “standard” que atualmente não produzem nem comercializam.

    Não sei se se apercebem da quantidade de perturbação que isso introduziria nas cadeias de produção e abastecimento. Naturalmente, montes de comércios que atualmente vendem pão prefeririam deixar de vendê-lo a terem que se abastecerem com um pão estandardizado.

    Não conseguem arranjar uma solução mais moderna, menos tipo anos 80, de garantir o tal “direito ao pão”?

    • Paulo Marques says:

      O pão é uma simplificação que por qualquer motivo insondável um país como a França continua a manter; mas não, se ser moderno é nem haver trabalho por automação que nem corta os custos, nem o básico ser produzido por não dar lucro suficiente, prefiro que se atirem sapatos às máquinas.

  4. Luís Lavoura says:

    Fixar os preços dos bens essenciais é uma medida que tento beneficia os ricos como os pobres.
    Na prática, o Estado estaria a subsidiar os bens essenciais que os ricos consomem.
    Como muitos bens essenciais tendem a ser mais consumidos por ricos do que por pobres, essa medida poderia acabar por ser mais favorável aos ricos do que aos pobres.
    Era o que acontecia dantes, quando o Estado fixava o preço do gasóleo. Na prática, o Estado acabava por vezes (nem sempre) por subsidiar o gasóleo. Como os ricos consomem mais gasóleo do que os pobres, o Estado subsidiava os ricos.

    • Paulo Marques says:

      Não sei o que o leva a crer que deixou de o fazer, as estradas e as guerras não se fazem sozinhas, nem a poluição resultante é posta na conta. Mas a energia é um caso à parte, enquanto só há tanto pão que podem comer, mas mesmo assim é um valor irrisório nas suas despesas.
      Abranger os ricos com as esmolas não é o problema, continuariam a distribuir mais do que agora.

    • Carlos Almeida says:

      Para acaso é uma conta fácil de fazer.
      O aumento de 95 € no cabaz faz tanta diferença a alguém que ganhe o ordenado mínimo como a quem ganhe 3500 €
      Haja decoro

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