O sacro-santo Cavaco Silva falou. Mais uma vez. Sempre que Cavaco fala, especialmente depois de findado o seu tempo enquanto figura activa e parte integrante da política portuguesa, tem um condão: o condão de unir a esquerda.
Cavaco Silva falou e disse. Deixando de parte a baixeza de certas partes do seu discurso, apontou a este governo os traços da incompetência, da desfaçatez, dos números de circo. Não está errado, isso é certo. Teria toda a razão de ser, se tais críticas não fossem feitas por… Cavaco.
Cavaco Silva, o mesmo que agora aponta tantos epítetos negativos ao governo, é o mesmo Cavaco Silva que, no seu segundo mandato enquanto primeiro-ministro (PM), acumulava “casos e casinhos” semana sim, semana não. O mesmo Cavaco que agora enumera os truques deste governo e descreve a bandalheira em que se encontra o Estado de Direito Democrático da República, era o mesmo que, nos seus dias enquanto chefe de governo, via passar-lhe por debaixo do nariz os Dias Loureiro, os Duarte Lima, os Oliveira e Costa, à boleia dos BPNs da vida. Este Cavaco é o mesmo que, enquanto Presidente da República, usava e abusava da comunicação institucional da Presidência para se defender e desmentir acusações de que era alvo. É certo que vivemos hoje na época dos cliques, das vinte e quatro horas ininterruptas de serviço informativo; nos anos 90, tínhamos de esperar pelo fim‑de‑semana, todas as semanas, para sabermos qual era o novo caso em que estava mergulhado o governo de Cavaco. Agora, aparentemente, é o Cavaco dos ataques e das acusações tendo como alvo o Partido Socialista. A memória afecta toda a gente, é um facto, mas não devia afectar Cavaco Silva que, para todos os efeitos, apresenta lucidez quando fala, dentro de casa, da casa dos outros.
Cavaco Silva, tal como já o tinha feito Pinto Balsemão, decide continuar na senda da manipulação da História, afirmando que o PPD/PSD é um partido da social-democracia, um partido de centro-esquerda, colocando, portanto, o PSD no espectro político do PS. A mentira é óbvia e o objectivo é simples. De facto, o PSD, apesar da sua denominação, não é um partido social-democrata (que, simplificando, é uma ideologia que reúne o “conjunto das organizações e dos homens políticos que aderem ao socialismo parlamentar e reformista”), uma vez que é ideologicamente impossível ser adepto do reformismo socialista e, ao mesmo tempo, “combater o socialismo [do PS]” como pretende o PSD (e, diga-se, os seus mal-paridos rebentos Iniciativa Liberal e Chega). Se a mentira e o engano têm perna curta, neste âmbito basta-nos um argumento básico: é surreal (e apalhaça quem o afirma) que adoradores confessos de Margaret Thatcher e Ronald Reagan, os expoentes máximos do neo-liberalismo, se digam “de centro-esquerda” e “social-democratas” (isto, sem sequer introduzirmos aqui o balanço das políticas públicas impostas pelo partido de Cavaco nos anos em que formou governo). Mas percebe-se que a estratégia seja recuperar os votos dos “centristas radicais” que deram a vitória ao PS nas últimas legislativas.
Prossigamos.
Cavaco Silva decidiu afirmar que “Luís Montenegro está melhor preparado” do que o próprio quando foi primeiro-ministro para assumir o poder. É um elogio envenenado, porque se sabe que nem Cavaco nisso acredita, nem o eleitorado nisso cairá. Luís Montenegro não convence ninguém, nem mesmo no âmago dos laranjas. É amorfo, não sabe aproveitar as oportunidades para brilhar que este (des)governo lhe dá, tem um passado que lhe mancha o currículo e aparece-nos sempre meio atarantado. A estratégia é óbvia, porque o mito sebastianista continua bem vivo dentro do PSD: trazer, de volta, Pedro Passos Coelho à ribalta. Mais não faz Cavaco Silva do que imitar Mário Soares quando Passos Coelho era PM e António José Seguro líder da oposição. Soares puxava dos galões, colava epítetos ao governo de Passos, o tal que era mais papista do que o Papa, e tentava arregimentar as suas tropas para que Seguro fosse afastado e surgisse alguém capaz de fazer frente a Passos Coelho. Querendo bater em Costa para agigantar Montenegro, Cavaco mais não faz do que clamar pelo regresso de Passos. E o PSD sabe-o.
Pode parecer que Cavaco Silva ainda tem relevância, quando sempre que fala acicata tantas reacções, quer sejam de adoração por parte da direita ou de repúdio por parte da esquerda. Cavaco Silva é o Passos Coelho antes do Passos Coelho, é o herói, o salvador da pátria desaparecido em combate que, à direita, todos querem ver brilhar. Mas não tem a relevância que a Comunicação Social e a opinião pública acham que tem. E, mesmo falando para o seio partidário do qual faz parte, deveria seguir a postura usada por Jorge Sampaio no pós-vida activa na política, ao invés de tentar ser o Mário Soares da direita neo-liberal e calar-se de vez. Não o fará tão cedo, enquanto continuar a ver o seu partido transformado em Titanic, vendo Montenegro tocar violino enquanto o barco afunda. Continuará, portanto, a combater os fantasmas que o assolam, de costa a costa, dando passos firmes para fazer regressar o rei perdido em combate.
O Cavaco tem um efeito único:
A cambada de néscios que se dizem governantes e os seus acólitos que se dizem progressistas, ficam em polvorosa sempre que lhes aparece este tipo que, por muitos defeitos que tenha, sempre simboliza trabalho e profissionalismo!
O profissionalismo revelado como professor…….na Universidade Nova??????
“sempre simboliza trabalho e profissionalismo!”
O chaparro de Boliqueime, andou sempre à vontade, porque os totos dos Xuxas, nunca quiseram acabar com ele, mesmo quando havia provas da sua implicação nas vigarices do banco do PPS/ PSD e outras
Pois é!
Um salazaresco que se preze, como é o caso de Vosselência fica sempre maravilhado com o regresso de uma múmia.
Pelo Menos, a esperança renasce!
Uma múmia das que trazem maldição!
Não seja injusto! Por vezes, há múmias boas, que só trazem felicidade!
Mas essas estão todas contratadas para os filmes de animação.
A grande diferença entre o Cavaco e o Costa é que o Cavaco foi chefe de uma futura quadrilha de bandidos e o Costa é o chefe de uma actual quadrilha de malfeitores.
Troll Pois … lê pausadamente este meu escrito, (como és um bocado tapado é natural que não o apreendas à primeira leitura), cheio de elegância e espírito de finura, sem insultar nenhum aventar e dando uma assertiva opinião sobre o tema em causa!
Autorizo-te a que o juntes ao teu arquivo dos meus ensaios, ao lado daquele onde dizes que tiraste o mestrado sem estudar.
Bjs
Pois vamos lá por partes, ó marrante Abstencioneiro!
Primeiro: estou à espera do “link” para a minha afirmação de que “tirei o mestrado sem estudar”.
Eu nunca inventei nem “educações superiores” nem graus académicos para me armar aos cucos. Não tirei nenhum mestrado, por isso, nunca o afirmei. A imputação é produto exclusivo da patranheira mente de Vosselência. E depois o “troll” sou eu!
Segundo: Se “Costa é o chefe de uma actual quadrilha de malfeitores” a minha contribuição para isso é nula. Eu não votei no PS nesta última eleição.
Quanto a todas as anteriores, de todo o tipo, e desde sempre, as vezes em que votei PS foram: ZERO!
Já o mesmo não se pode dizer da Abstencioneirice militante de Vosselência e do proselitismo Abstencioneiro com que tenta convencer os outros.
É, entre outros, a gentalha abstencioneira da laia de Vosselência que lá no Largo do Rato podem agradecer o “presente” da maioria absoluta. Não a mim, de certeza! Se eles pagam, corra já Vosselência a receber a recompensa!
Terceiro: apesar de tudo o resto, estou muito preocupado com a saúde de Vosselência. Um “escrito” de três linhas pode pôr em sério risco a debilitada saúde dos três neurónios que ainda lhe restam. Veja lá! Pode apanhar um esgotamento!
Mas reconheço a “elegância” e “espírito de finura” do texto, aliás exatamente o mesmo espírito de finura que me levou já a considerar Vosselência como um verdadeiro asno.
PS. (Post Scriptum, nada de confusões…) Com que então “Cavaco foi chefe de uma futura quadrilha de bandidos”?
“Futura”? “Futura”??? Ah! Ah! Ahhhh! Ai que o Abstencioneiro é tão cómico! Ai que não posso mais!
Sim, como é que um homem tão competente deixou arrastar assim no tempo uma tão importante empreitada…enquanto as ações da SLN, compradas a um eurito, valorizavam, e valorizavam, e valorizavam…
Parabens sr Abstémico
Consegue ver diferenças.
Já agora consegue ver a diferença entre o branco e o tinto ?
Abstémicos…..
Se trabalhar e ser profissional é usar um fato para repetir o que as rapinas nacionais e internacionais lhe suspiram ao ouvido em troca de recompensa, é sem dúvida um trabalhador profissionalíssimo.
Os escândalos do governo de Cavaco Silva foram bem piores do que os “casos e casinhos” de António Costa. Querem comprarar a indemnização da Alexandra Reis ou a intervenção do SIS no caso Galamba com o escândalo do sangue contaminado que matou pessoas com HIV e Hepatite C?
Já agora, recordo-me de um cartoon do Cavaco reunido com o seu governo a dizer algo como “Estamos aqui para decidir qual é o próximo escândalo que vamos airar à populaça para esconder a ineficácia do nosso Governo.” Alguém sabe se ainda se encontra uma cópia?
A direita já nesse tempo controlava a Comunicação Social. Os xuxas, liberocas não assumidos, nunca tiveram vontade de rebentar definitivamente com eles, denunciando e fazendo castigar os seus crimes. Esqueceram-se só de uma coisa.: quem o inimigo poupa as suas mão morre.
Agora a direita para alem do Laranja Canal, orgão privativo do PPD, têm um canal de TV Americano a ajudar à missa e a fazer o jogo deles.
Heh, tão preocupados com um telefonema à noite (e bem) para depois enaltecer quem ordenou cargas sobre manifestantes. Liberalismo, dizem.
Já não sei é se foi o rei escorpião a falar ou se foi a múmia. Os carroceiros não mudam de tasca, a boçalidade mantém-se. Lá nisso são coerentes, honra lhes seja feita!