MEntiroso: A mentira consciente e a pocilga a que isto chegou

Não é preciso escrever muito sobre o tema.

O governo montou um spin e a comunicação social regurgitou sem digerir.

Público: PGR põe em causa legalidade da greve dos professores convocada pelo Stop

DN: PGR diz que greve convocada pelo S.T.O.P viola a lei

Expresso: Greve “self-service” dos professores convocada pelo STOP é ilegal, diz a PGR

Etc: Ver no Google os resultados da pesquisa “pgr greve professores ilegal” com a data de hoje.

E porque é que é mentira? O Parecer Da PGR Não É O Que O ME Quer Fazer Parecer. É só ler (e saber ler).

Imagem: O meu quintal, de Paulo Guinote

Rua da Saudade – Retalhos – Luanda Cozetti

Luanda Cozetti cantando o tema de Carlos do Carmo da série da RTP “Retalhos da Vida de Um Médico“.  “(..) um documento social da primeira metade do século XX, desenvolvendo-se em volta da vida de um médico de aldeia, por pequenas terras provincianas do Sul de Portugal.” Cem anos passados, estamos onde?

Dois meses de greves dos professores

Parte do editorial de hoje do PÚBLICO, pela mão de Andreia Sanches.

O que ministério também não diz é quantos alunos estão sem aulas por falta de professores.

Mas houve quem fizesse esse trabalho, o qual foi apresentado no programa da RTP chamado “É ou não é? – O grande debate“.

Há alunos que ficam sem aulas a pelo menos uma disciplina todo o ano. Quantos são agora? É sincera esta onda de preocupação por os alunos não terem aulas? Ou é por não terem um depósito para ficarem durante o dia? Algo que os que botam faladura na comunicação social poderiam e deviam questionar. Afinal, quer-se a escola para aprender ou para centro de dia?
[Read more…]

Carvalho da Silva em entrevista à TSF e JN: um exercício de clarividência

Manuel Carvalho da Silva, antigo dirigente da CGTP. Foto: Leonardo Negrão

Perto do fim de uma entrevista conduzida por Domingos de Andrade (TSF) e Rafael Barbosa (JN), Carvalho da Silva elenca os problemas que deveriam ser as prioridades de qualquer governo.

“A preocupação primeira do Governo, do presidente da República e de quem quiser intervir na política deve ser a de olhar para os bloqueios com que o país se debate. Há quatro ou cinco grandes questões que têm que passar para o centro da observação de forma clara, ou vamos andar na reprodução contínua de casos e casinhos, ou de intervenções do presidente, umas vezes a meter a mão por baixo do Governo, outras vezes a dar-lhe uma martelada. Isto não tem interesse nenhum. A questão em que nos devemos centrar quando discutimos hipóteses de futuro, é, em primeiro lugar, como se resolve o baixo perfil da economia e do tipo de emprego. E aí há três coisas a considerar. A desvalorização salarial e das profissões como estratégia da economia não pode continuar. Não é possível termos um futuro melhor se as empresas portuguesas não se posicionarem melhor nas cadeias de valor. Não é possível persistir-se nesta ideia de que o modelo de turismo que temos é a grande salvação e secundarizar-se a industrialização. O segundo grande problema é o demográfico. Não podemos estar a exportar jovens que formámos, quando necessitamos deles, e, por outro lado, não podemos utilizar a imigração como fator de manutenção de baixos salários e de exploração. São os défices na habitação, na mobilidade e na coesão territorial. É o problema da pobreza estrutural, tema a que nem o Presidente da República, nem outras instituições dão grande atenção. É chocante a condescendência com a pobreza que temos.”

Uma entrevista muito interessante, da qual deixo mais algumas partes.

[Read more…]

Balada de Despedida do 5º Ano Jurídico 88/89 – Toada Coimbrã

Ah!, saudade. Até uma ou outra nota semitonada tem outro encanto.

Canção do Outono Japonês

Orquestra Portuguesa de Guitarras e Bandolins | Yasuo Kuwahara (1946-2003)

Greve é guerra

Alguém que avise os fofinhos plantados na comunicação social que uma greve é um braço de ferro. É forçar, desequilibrar, usar uma fisga para derrubar Golias.

Os fofinhos são jogadores – não são árbitros. Estão na equipa do poder estabelecido e fazem parte dos obstáculos a derrubar.

Foto via O Meu Quintal

Tenho a certeza que sim

Pode-se dar o caso é do fim ser antecipado.

Ainda o palco das vaidades

Anacoreta Correia diz que não há tempo para mudar o projecto, que há um contrato assinado e mais um rol de motivos para recusar alterações de última hora.

E eu não posso concordar mais.

Porém, o diabo está nos detalhes e, neste evento, parece também estar no altar-palco.

E os detalhes dizem que este evento era conhecido há anos (não houve tempo para planear?), que os contratos foram feitos por ajustes directos (com valores partidos, para contornar a lei) e que todo este colossal investimento foi mantido fora da discussão pública (antecipam-se as habituais investigações do MP e respectivas fugas de informação daqui a cinco anos).

Anacoreta diz ainda que o retorno é enorme, umas três vezes o investimento.

Se há assim tanta certeza sobre o retorno, pode-se acabar com toda a polémica sobre os custos.

Entra zero dinheiro público e todos valores deverão vir do próprio evento. Simples, não é? Com tanta segurança de retorno, ainda fazem lucro.

[Read more…]

Sobre as intenções

Uma consequência de se envelhecer (uma vantagem?) é ter-se visto no que dão as boas intenções.

Spoiler alert: o inferno está cheio delas.

Olho, por isso, com um ar de a-ver-vamos para o entusiasmo à volta da Iniciativa Liberal e, em particular, para a crença sobre ser preferível ter certos sectores no domínio privado em vez de serem públicos.

Mas, lá está, se nada mudar, tudo fica na mesma, como se dizer poderia dizer numa Lapalissada. Por isso, logo se vê.

Vem isto a propósito da onda de despedimentos que as big tech têm levado a cabo na América, especialmente na forma como foram feitos.

[Read more…]

Fátima em Lisboa

Brincadeira vai custar 35 milhões, diz CML

Quando o excelso ministro das finanças resolve fazer o obséquio de aparecer nas televisões a dizer para tirarem o cavalinho da chuva quanto a dinheiro para salários e funcionamento dos serviços, porque não se pode aumentar a despesa, a seguir devemos perguntar se os (estimados…) 35 milhões para a summit dos católicos não são dinheiro que aumenta a despesa.

Pouco importa se o dinheiro vem da conta geral do Estado ou do orçamento da câmara. Só há uma origem para dinheiro público, os impostos.

O segundo ponto é porque é que isto tem que ser feito em Lisboa. Há já, em Fátima, a estrutura completa para o evento. Isto é como nos casamentos, em que o vestido ou fato só se podem usar uma vez?!

O spin actual é que o mono pode ser reutilizado. Certo. Mas se é para reutilizar, voltamos ao mesmo, têm lá aquele sítio da azinheira.

Ah e tal, a estrutura faz falta a Lisboa e o camandro. Também faz falta acabar com a precariedade e resolver muitas outras coisas. É uma questão de prioridades e já se vê que estas são alimentar vícios de ricos em país sem meios. Mais terceiro-mundista é difícil.

Melancia Azul

O terror da Iniciativa Liberal, de Nuno Simões de Melo, pelo menos, é tornar-se numa “melancia azul, liberal por fora mas bloquista por dentro”. Bem, para já, o novo líder, Rui Rocha, promete uma manifestação – imagino que seja uma manifestação com KPIs bem definidos e suportada por um business case. Nada dessas coisas grotescas de incomodar pessoas.

Viva o país do liberalismo

Quando dá jeito, claro.

O Expresso enganou-se no mês

E no número. Há alunos sem aulas desde Setembro.

[Read more…]

Mais saudável?

Confiança ao máximo no governo de António Costa

O Aventar fez uma sondagem num extenso universo composto por mim, eu mesmo e a minha pessoa e foi possível perceber que a confiança no governo está no seu máximo.

Não se percebem, portanto, as palavras do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, ao falar de uma  “selva de suspeição sobre tudo e sobre todos”. Onde é que já se viu, uma dúzia e picos de demissões devidas a coisas de justiça e de oportunistas criarem um clima, perdão, uma selva de suspeição?

Aquela altura em foste despedido e só descobriste quando o acesso deixou de funcionar

 

Alguém que avise o Governo de Portugal. É possível que Marcelo o tenha demitido.

Dados técnicos: por vezes funciona no primeiro acesso e deixa de funcionar ao refrescar a página.

À atenção do Governo: falem lá com a empresa amiga que ganhou o concurso de manutenção.

Dica: é melhor fazerem testes e meter um software de monitorização do estado do serviço. Não precisam de pagar pela recomendação.

Funcionários Judiciais, um desespero com décadas

Sem a dimensão da classe docente, sem a mediatização dos profissionais de saúde e sem a influência dos juízes, os funcionários judiciais encontram-se há décadas numa situação de congelamento salarial, redução de compensações devidas aos requisitos da profissão, como incompatibilidades e prontidão, e com cada vez menos pessoal para trabalho crescente.

Fala-se comummente no motor da justiça sem se falar no combustível que o faz mover. Sem funcionários judiciais não há justiça, independentemente de haver juízes e advogados ou não.

Isto não é novidade para o Ministério da Justiça. Mas como quem manda é o Ministério dos Buracos Financeiros, fica para trás quem não aparece na ribalta.

Resta parar. É o que estão a fazer os funcionários judiciais.

Nogueira seca

Podia ter-se juntado à floresta, fazendo-a crescer, mas optou por ficar em isolamento no descampado.

Acordou agora, depois de um longo Inverno de quatro anos. No entanto, depois da eflorescência do passado sábado, quem vai mesmo prestar atenção a 18 brotos de greve aqui e ali?

Vergonha de ser português

Vender a nacionalidade, assim lhe podemos chamar, por um apartamento no valor de meio milhão de euros! Ou 300 mil euros, no caso de imóveis mais antigos.

Agora, com uma espécie de condições postas na lei de 2022 para inglês ver, como por exemplo, a sorte grande dos vistos obrigar à compra fora de Lisboa e Porto, excepto se se tratar de imóveis comerciais.

Condições essas justificadas pelo Ministro da Habitação de então, o inefável Pedro Nuno Santos, dizendo que os preços praticados no mercado imobiliário em Lisboa e no Porto são “um crime lesa-pátria”, considerando ser “altura de retirar” os vistos gold nas grandes cidades.

Vejam só, um crime criado em 2012 pelo governo de Passos Coelho e mantido pelos governos de António Costa e que Pedro Nuno Santos resolveu transferir de Lisboa e Porto para outras localizações. É de artista!

Por cinco tostões, qualquer badameco fica com livre acesso ao espaço Schengen. Os vistos gold dão-me vergonha de ser português. Pelos vistos, não envergonham a trupe do governo nem a a clique que o apoia.

6,8 mil milhões para alterações climáticas que não existem

Exército Americano estima que o plano climático custar-lhes-á mais de 6,8 mil milhões USD em 5 anos.  Só podem estar doidos, a gastarem dinheiro em algo que não existe.

 

Habituem-se à miséria

Li por aí, na imprensa “de referência”, que a greve dos professores é desproporcional, entre outros argumentos diminuidores, alguns até paternalistas.

Desproporcional, para mim, é ver o Estado ser um agente de trabalho precário no país, a vestir a pele de hipócrita ao exigir aos outros o que não pratica.

O Estado tem costas largas mas há nomes concretos a apontar. Costa e os seus ministros da educação são apenas os últimos. A actuação dos ministros da educação nos últimos 18 anos tem sido clara e consequente. Desacreditação da classe docente, estabelecimento de práticas que promovem o “sucesso” educativo e desorçamentação continuada.

Por isso, fazem muito bem os professores em não se habituarem. Fosse eu professor e faria o mesmo.

O Gabinete do Ódio

Sente-se com imaginação? Ou vai ser ultrapassado pela realidade? Ora, vamos lá.

Imagine-se que se monta uma operação que utiliza as redes sociais e ferramentas de partilha em massa, tal como o WhatsApp, para produzir conteúdos e/ou promover publicações nas redes sociais, como forma de atacar pessoas previamente escolhidas.

Imagine-se que o conteúdo divulgado inclui a propagação de notícias falsas, o uso de automatismos e de forte investimento para a promoção do conteúdo gerado.

Imagine-se que se formava um grupo a operar no seio de um governo, com elementos desse mesmo governo, alguns da própria família, e financiando-se com dinheiro público.

Imaginou isso tudo? Então, pode tirar a imaginação da cabeça, pois foi uma realidade na Presidência de Bolsonaro e chama-se Gabinete do Ódio.

[Read more…]

A extrema-direita e as palas que usam

Burro com palas de WhatsApp (autor desconhecido)

A título de diversão, na sequência de um comentário a obviamente tentar fazer passar mentiras, fui ver o que é dito pelo Brasil. Parei no site da Globo, onde está a lista com os nomes e data de nascimento dos presos por invasão da Praça dos Três Poderes.

O governo do Distrito Federal divulgou uma lista com 277 nomes de pessoas presas nos ataques terroristas ocorridos na Praça dos Três Poderes, no domingo (8), em Brasília […]. Os golpistas foram levados para o Centro de Detenção Provisória 2, na Papuda. Globo, 10/01/2023

Diz o “comentador” que «há cerca de 1500 pessoas, a maioria de homens e mulheres com mais de 50 anos, presas num ginásio de esporte da Polícia, sem nenhuma estrutura de higiene ou conforto. Dois idosos morreram no local. Há também crianças detidas junto aos seus pais.»

Acho muito mal que não tenham higiene nem conforto. É inadmissível que não seja disponibilizado um SPA com sauna e massagem shiatsu a quem tenha acabado de passar horas de trabalho duro a partir vidros, mobiliário e a pilhar bens.

Sobre o número de presos, idades e mortos, constata-se, sem surpresa, que se trata de uma mentira. É esta a génese da turba da extrema-direita, uns grunhos mentirosos, sem a menor preocupação em parecerem credíveis. Ao que parece, têm seguidores qb. Não tirem as palas, não.

Dediquei 5 minutos para fazer este boneco, com uma expressão regular, uma pivot table e o Excel. É mais atenção do que a que merecem estes alucinados.

I Love Bloco Central

«Poder local foi “a maior conquista” do 25 de Abril»

«O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Fernando Ruas, considera que “o poder local foi a maior conquista” do 25 de Abril de 1974, permitindo democratizar o investimento público.», JN, 25 Abril 2011

Bolsonaro, o cobarde

Obviamente que Bolsonaro incentivou a turba fascista. Ao não aceitar a derrota, não colaborando na transição, não estando na tomada de posse. Com os seus discursos de meias palavras. Ou por vezes de palavras inteiras.

Bolsonaro é apenas um cobarde que não assume o que faz.

Qual é a pressa?

Versão António Seguro em tons laranja. O primeiro foi de carrinho.

«Montenegro concorda com Marcelo: “não há nenhuma razão” para que o Governo caia agora»

Se calhar tem razão. É melhor esperar que o governo cometa alguma asneira das grandes. Como por exemplo entrar em colapso a partir de dentro, com demissões após demissões.

 

Brasil no seu pior

O Brasil a imitar o pior da América trumpista.

Não é só no Brasil e na América. A humanidade vive tempos de loucura colectiva, penso que será a melhor forma de descrever este delírio que vive de teorias da conspiração, potenciadas pelos algoritmos das redes sociais.

Breve história da economia moderna

Já todos vimos este filme. Um colosso entra no mercado, trazendo uma dinâmica forte e preços altamente competitivos.

É proibido vender com prejuízo, se bem que demonstrar que a lei foi violada é uma tarefa hercúlea. E como se sabe, o Estado é magro e não tem ninguém para acompanhar o tema.

Porém, nada impede que se venda sem lucro e que se negoceiem condições com os fornecedores por forma a que existam produtos com custo residual (as famosas promoções com preço de arrasar). Afinal, se o fornecedor disponibiliza produtos a custo zero, ou perto disso, dificilmente a venda ao público será feita com prejuízo, mesmo praticando preços finais impossíveis. Está cumprida a lei.

Para aqueles que não têm capacidade financeira e negocial para competir, paciência. Que fechem as portas. O que importa é que o consumidor ganha melhor preços e mais oferta, certo?

Se a concorrência desaparece, paciência. Os empregos desaparecem ou dão lugar a condições precárias mas isso pouco importa. Porque no final do dia, consumidor fica a ganhar. Até que não seja esse o caso.

Portugal está “no pelotão da frente” (*)

 

Infografias: Visual Capitalist

(*) António Costa