É de pequenino que se corrompe o menino

Na capa do Expresso da semana passada, nada de novo: há colégios privados que continuam a corromper o sistema e a vender médias elevadas para quem as pode e quer pagar.

Seja génio ou mandrião, qualquer filho ou filha de pais ricos pode corromper o sistema educativo e comprar as notas que pretende para o curso que quiser. É um modelo de negócio de décadas, e eu ainda sou do tempo em que alunos do meu liceu, na Trofa, iam para colégios no Porto “subir a média”.

Igualmente grave é a afirmação na primeira página do Expresso:

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Romance do ranking

“Estou muito satisfeito com as vossas notas, todos têm positiva na classificação final do ano”, dizia, aos seus alunos, o professor de Filosofia. Estes sorriam, satisfeitos.
“Então vamos todos a exame e fazer um figurão”, garantiam, felizes.
“Ah, isso é que não pode ser; o Colégio só leva a exame o Bernardo. Ele tem, de longe, a melhor nota de todos vós.”
” E- e então e nós, o que fazemos? Não é justo!”, espantavam-se os 24 alunos restantes, indignados com a situação que se desenhava.
“Vocês anulam a matrícula e vão ali à Escola Pública inscrever- se como autopropostos.”
Apesar da revolta dos alunos e, depois, dos seus pais, foi isso que aconteceu.
E foi assim que o Colégio de Sta. Miquelina obteve, mais uma vez, um dos primeiros lugares do ranking promovido pelo ME e patrocinado pela imprensa “de referência”. Há quem ache o método cruel – “canalha”, chamava-lhe um pai – mas a verdade é que o colégio não estava só. Todos os primeiros 15 classificados daquela disciplina tinham levado a exame apenas um aluno…

(Qualquer semelhança com factos reais não é pura coincidência…)

Os exames e as desigualdades sociais

Numa notícia com o título “Exames agravam desigualdades entre alunos e alimentam mercado das explicações”, divulga-se uma tese de doutoramento em Educação, dando, também, a palavra à autora. O título do estudo é Exames nacionais, apoios pedagógicos e explicações: a complexa construção dos resultados escolares em Portugal. Só é permitido o acesso a um resumo.

Embora a ideia de que os exames são causa das desigualdades entre os alunos não esteja presente no resumo, a autora afirma-o: «Andreia Gouveia afirma que é “inegável” que os exames são uma causa para o “agravamento das desigualdades sociais no acesso ao reconhecimento escolar”.»

O Paulo Guinote pergunta, e bem: “A Ver Se Percebo… Se Acabarem os Exames Acabam as Desigualdades e os Pobrezinhos Passam Todos a Entrar em Medicina e Arquitectura e na Carreira Diplomática e Etc?”

Pois. A verdade é que os exames não são causa de desigualdade social, são, isso sim, um reflexo. De uma maneira geral, aliás, as desigualdades sociais são uma das causas das desigualdades nos resultados educativos, mesmo que muita gente teime em confundir os rankings com a Ovibeja. [Read more…]

No rescaldo de uma greve

[Santana Castilho*]

Era previsível o esvaziamento do impacto da greve dos professores, uma greve que poucos queriam. Os sindicatos não obtiveram nada do que desejavam, a saber: regime especial de aposentação, retoma da progressão na carreira a partir de Janeiro de 2018, clarificação dos horários de trabalho, novas vias de vinculação e alteração do modelo de gestão das escolas. Mas ficaram a perceber o que nunca terão. E talvez tenham percebido que petições, desfiles, cordões humanos, concentrações, postais e autocolantes na lapela não resolvem problemas.

Com a tarimba que levam de sindicalismo militante, Mário Nogueira e João Dias da Silva não sabiam que a recuperação de algumas migalhas, do muito que os professores perderam numa década de congelamento, é decisão do ministro Centeno, que não do ajudante Tiago? Ou perceberam agora, finalmente, que tomar um imberbe, que nunca escreveu uma linha sobre Educação, para ministro, por mais inteligente que fosse, significou, desde o início, que António Costa queria para o sector irrelevância e domesticação política? [Read more…]

Os exames

Eu sei que tem havido fogos, mas que se saiba, o Ministério da Educação não andou a fazer de bombeiro. 

Quando é que é anulado o exame de português, no qual alguns alunos ficaram em vantagem devido a uma fuga de informação? 

E que tal o IAVE, sempre o IAVE, deixar de fazer de sonso quanto ao erro na correcção proposta para o exame de matemática?

Num governo de reversões, era bom deixar de repetir tiques de anteriores governos. 

Provas de aferição 2017

Alguns alunos do ensino básico fizeram hoje as provas de aferição que, em boa hora, o Ministério da Educação colocou no lugar dos exames salazarentos da 4ª classe.

Os alunos do 5º ano fizeram a prova de História e Geografia de Portugal (prova + critérios de correcção).

Os do 8º fizeram uma prova com matéria de Ciências Naturais e Físico-Química (prova + critérios de correcção).

Na próxima segunda-feira, dia 12, os mesmos alunos irão realizar a prova de matemática e ciências naturais (5ºano) e de português (8ºano).

O fim dos exames trouxe mais tranquilidade às escolas que assim deixaram de ser apenas um centro de treino para esses dias e as provas de aferição serão instrumentos interessantes para recolher informação sobre as aprendizagens dos alunos. Poderiam ser feitas por amostragem o que tornaria tudo mais simples e será muito importante que a máquina do Ministério deixe de colocar areias (pedregulhos) aos políticos. Uma parte importante dos problemas que estão a acontecer são de natureza técnica e passam, por exemplo, pela forma absurda como está a ser calendarizada a recolha de provas para classificação.

Programas de Português nos Cursos Profissionais: o que é um ano lectivo?

Para se ser Ministro da Educação, em Portugal, é fundamental não se saber o que é exactamente um ano lectivo. Não faz sentido, mas é normal.

O final do desastroso mandato de Nuno Crato ficou marcado por uma boa notícia: a reposição da Literatura e da História da Literatura nos programas de Português do Ensino Secundário. Talvez estranhamente, alguns não rejubilaram, em nome de um estranho conceito do interesse dos alunos.

Esta alteração curricular deveria ter tido efeitos imediatos nos programas do Ensino Profissional, cujos alunos poderão vir a ser sujeitos ao mesmo exame de Português no 12º ano. Nada disso foi acautelado, o que, mais uma vez, não faz sentido, embora seja normal.

Os novos programas entraram em vigor no ano lectivo de 2015-2016, no Ensino Secundário. No que respeita aos cursos profissionais, os professores continuaram a leccionar o programa que continuava em vigor, devidamente desfasado do do ensino regular.

Este ano, depois de os professores terem começado a planear o ano lectivo, chegaram instruções, no dia 9 de Setembro (exactamente: 9 de Setembro), para que os alunos do primeiro ano dos cursos profissionais (10º ano, portanto) passassem a aprender, finalmente, os mesmos conteúdos do programa de Secundário. [Read more…]

A escola ioiô

IoioUm dia, num futuro muito distante, haverá um ministro da Educação que, entre outras coisas, saberá, finalmente, o que é um ano lectivo. Trata-se de um conceito aparentemente de fácil apreensão, excepto se se for ministro da Educação.

Esse ministro ainda ideal, se tivesse tomado posse, por exemplo, em Novembro de 2015, iria ter o cuidado de não alterar o calendário de provas já estabelecido, dando início à preparação do ano lectivo seguinte, procurando demonstrar as razões que poderiam levar à manutenção ou à supressão de provas finais.

Um ministro prudente, desses que o futuro nos há-de trazer, não iria, para cúmulo, impor a realização de provas de aferição depois de o ano lectivo (ó expressão irritante!) já estar a decorrer. É claro que esse mesmo ministro, necessariamente sensato, depois de impor provas de aferição, não poderia, passados alguns meses, anunciar que, afinal, as provas anteriormente impostas passariam a ser facultativas durante o ano lectivo em curso. Por outro lado, esse ministro por vir não obrigaria as escolas a explicar por que razões optariam por não realizar provas cuja realização era exactamente facultativa, ao mesmo tempo que não lhe passaria pela cabeça declarar que, apesar de serem facultativas, preferiria que se realizassem. [Read more…]

Ministério da Educação: mais uma volta, mais uma viagem!

09911Maria de Lurdes Rodrigues (MLR) deu início à estafeta da prova de Dez anos para destruir a Escola. Isabel Alçada ainda ajudou um bocadinho. Nuno Crato (NC) recebeu o testemunho e conseguiu piorar o péssimo. É caso para dizer que, desde 2005, na Educação, os ministros fazem como os santos: ajudam nas descidas.

Quando Tiago Brandão Rodrigues chegou ao Ministério, houve críticas, porque não se lhe conhecia opiniões sobre Educação. Nada que impedisse MLR de ter completado uma legislatura desastrosa, sendo hoje uma senadora com obra publicada, como muitos ignorantes atrevidos. Por outro lado, o facto de NC ter perorado tanto sobre Educação não o impediu de ser um dos maiores desastres da área. [Read more…]

O mérito de saber ouvir

aferecalendario

Há uns tempos escrevi que

Há de facto um tempo diferente, há alguém que é verdadeiramente Ministro da EDUCAÇÃO e não apenas um secretário do Ministro das Finanças e com uma visão salazarenta da escola. A Avaliação serve para melhorar as aprendizagens e não para encostar a um canto (cursos vocacionais) alguns alunos. Feliz por este sinal.

E também não deixo de afirmar, sempre, que prefiro aferição a exames.

Hoje, o Ministério da Educação publicou uma nota informativa (pdf) que vem esclarecer algumas dúvidas que se tinham instalado: [Read more…]

Provas de aferição 2016

A 6 e 8 de junho de 2016.

Exames ou provas de aferição?

publico3O debate está aí e, pela primeira vez em muitos anos, fala-se de Educação e não dos custos da Educação. Fala-se dos alunos e do que eles devem ou não fazer e não dos Professores. E, esse mérito é do contexto social que hoje se vive, onde todos podem respirar melhor.

Depois de terem passado algumas horas da divulgação da proposta do Ministério da Educação, parece-me que a crítica mais consensual é sobre o modo e não tanto pelo conteúdo.

O Paulo, num texto que subscrevo, refere que “Não me parece aceitável sem forte crítica a alteração de regras no início do 2º período de um ano lectivo que foi planificado (tal como o próprio ciclo) há meses para ter provas finais no 6º ano“. Argumento também apresentado no editorial do Público: “Medidas avulsas não resolvem crise alguma. Tinha que ser assim? Não, não tinha.”

Há no entanto, um argumento que me parece válido – agora, só temos que dar aulas, fazer o nosso trabalho e ignorar a preparação para um alien pedagógico. Portanto, não muda assim tanto. Segunda-feira, lá estarei para continuar a matematicar com os putos do 6º, agora sem exame. [Read more…]

Exames para chumbar

Vais-me desculpar, mas a pergunta não é essa – os exames já eram bons se houvesse muita gente a reprovar?

Provas de aferição e ou Exames?

O novo governo está a criar uma enorme expectativa junto da população, farta que estava de levar pancada da direita radical que nos governou nos últimos anos. Nas escolas e na educação há também um novo olhar sobre as politicas educativas, que se esperam, poderem ajudar a melhorar o sistema educativo, no seu sentido mais amplo.

Será, por isso, natural que comecem a ser conhecidas algumas novidades, como é o caso do fim dos exames do quarto ano e a sua substituição, segundo o Jornal de Notícias, pelas provas de aferição.

Ainda sem informação oficial, a notícia do JN parece responder à crítica da direita que projecta no fim dos exames uma ideia de escola facilitista.

E, sobre esta questão, importa deixar algumas notas: [Read more…]

Dia de São Ranking

Graças à abundância de dados estatísticos, vivemos no paradigma da rankinguização, porque tudo é rankinguizável. Ele é as três melhores cidades com as mais belas repartições de Finanças, ele é as dez livrarias com mais ácaros no mundo, ele é os cinco cus mais espectaculares dos países nórdicos, ele é o diabo a quatro!

No fundo, esta moda está associada a uma certa pimbalhização (o neologismo está a render, hoje), patente em revistas e livros de auto-ajuda com títulos como “As dez maneiras de a/o deixar louca na cama” ou “As quinze perguntas que deve fazer a si próprio dois minutos antes de se levantar”.

Ontem, voltaram a ser publicados os rankings das escolas e reapareceram os mesmos erros de análise e as mesmas frases bombásticas. Por isso, não há muito mais a dizer, porque o mundo está transformado num campeonato perpétuo.

Os defensores cegos do Ensino Privado continuam a esconder que as escolas mais bem classificadas, de uma maneira geral, escolhem os alunos, desvalorizam as disciplinas que não estejam sujeitas a exames nacionais, inflacionam as classificações internas e desrespeitam abundantemente os direitos laborais dos professores.

Entretanto, pessoas ligadas às escolas públicas deixam-se arrastar para este festim de marketing, comemorando subidas nos rankings e ajudando, desse modo, a perpetuar publicamente a ideia de que estas listas servem para avaliar o seu trabalho. Ora, a verdade é que, em muitos estabelecimentos de ensino, uma média negativa pode corresponder a um enorme sucesso, se se tiver em conta muitos outros condicionalismos.

Leia-se a recomendação do Paulo Guinote para que haja uma melhor publicação dos rankings. Um dia, talvez seja possível, mesmo sabendo que os desonestos e os distraídos não ficarão calados.

Os exames e a cassete da Direita: Michael Seufert

mw-250Michael Seufert, como qualquer político, é, na maior parte do tempo, um papagaio ou um leitor de cassetes, ou seja, alguém que se limita a reproduzir aquilo que o partido defende ou manda defender. Recentemente, escreveu sobre a questão da revogação das provas finais de quarto ano e da prova de avaliação de e capacidades dos professores (PACC).

Sobre Educação, a esquerda não produz menos disparates. Produz disparates diferentes. Leiamos Seufert e aprendamos os disparates de direita.

Começando por abordar a questão da PACC, Seufert enreda-se numa longa citação do acórdão do Tribunal Constitucional, concluindo que a prova em causa não é inconstitucional e que é do interesse público. A primeira conclusão é inútil e a segunda é, no mínimo, discutível.

Há dois anos, Nuno Crato aparecia na televisão a defender a PACC, o que o levou a zurrar dois disparates de todo o tamanho: explicou que esta prova, imposta a todos os que davam aulas há menos de cinco anos, servia para resolver os problemas de acesso ao ensino superior (ora, quem já terminou um curso superior não só já entrou na Universidade como já saiu dela); por outro lado, Crato declarou ao entrevistador que os professores deveriam ser sujeitos a uma prova, tal como uma televisão deveria pedir a um licenciado em Comunicação Social que simulasse a apresentação de um telejornal (curiosamente, um licenciado que opte pelo Ensino é obrigado, durante um ano lectivo, a dar aulas sob a supervisão de um professor mais experiente: chama-se estágio pedagógico e obriga os candidatos a dar aulas, o que é diferente de simular).

Quer isto dizer que não há problemas com os professores? Claro que sim, mas fazer uma prova depois da licenciatura e do estágio faz tanto sentido como querer limpar a foz de um rio poluído na nascente. [Read more…]

Tiques e decisões: a propósito da prova final de quarto ano

critériosComecemos por algumas declarações de interesses: estou contente por ver Passos e Portas despedidos, estou muito contente por ver Cavaco com cara de quem teve uma paragem de digestão, estou satisfeitíssimo por ver Nuno Crato apeado e não estou contente por ver regressar ao governo gente sinistra como Santos Silva, membro da clique socrática que se dedicou a demolir a Educação. O meu coração de esquerda deseja, ainda assim, que se possa compensar o mais possível os desmandos de quatro anos de pressão sobre os mais fracos e sobre a administração pública, quatro anos da mais absoluta cobardia política, quatro anos em que uma maioria absoluta pisou demasiado e demasiados cidadãos, em nome de valores desumanos.

No que respeita à Educação, o meu coração de esquerda, no entanto, acaba, muitas vezes, por  sangrar. Na verdade, e graças a eventuais boas intenções (que, como se sabe, enchem o Inferno), há tiques de esquerda que levam a que se tomem decisões com base em reacções ideológicas e não numa reflexão aprofundada e abrangente. Foi o que aconteceu com a revogação das provas finais de quarto ano, medida que parece basear-se mais numa reacção alérgica às parecenças entre esta prova e os exames do tempo da outra senhora. [Read more…]

Exames: a falsa independência do IAVE e a deriva intelectual de Crato

Santana Castilho *

Limpo de ruídos, o presidente do Conselho Científico do IAVE disse em Coimbra, no passado dia 16, que o Ministério da Educação e Ciência condiciona o IAVE, preordenando o resultado dos exames. E da teoria passou à prática, dando exemplos, bem claros, de como se faz. Não retomo esses exemplos porque podem ser lidos na edição do Público de 17 de Maio.

O que se passou é particularmente grave e a suspeita está aí a enlamear os exames que acabaram de começar. Não conheço os termos da “encomenda” senão por discurso indirecto. Mas conheço o que é público sobre a lastimável actuação do IAVE.

O IAVE, na proclamação falha de sentido de Nuno Crato, seria uma instituição independente da tutela do próprio ministério, a quem incumbe a avaliação externa do sistema de ensino. Ou seja, o ministro pensou que agarrando exactamente na mesma tralha que constituía o GAVE (o art.º 27º do diploma constitutivo fixa como critério de selecção do pessoal do IAVE o desempenho de funções no anterior GAVE), bastava rebaptizá-la para que nós a engolíssemos como independente. Com membros do conselho directivo designados por resolução do Conselho de Ministros, sob proposta dele próprio (art.º 9º do DL nº 102/2013). Com um Conselho Geral outra vez designado sob proposta dele (art.º 13º). Pago pelo orçamento de Estado. Sendo isto um embuste, é intolerável a desfaçatez que o refina, à vista de todos. [Read more…]

Não há cor-de-rosa sem espinhos

Rosa_chinensisNos últimos tempos, tenho-me dedicado a passear pela página que a Porto Editora dedica às dúvidas frequentes sobre o chamado acordo ortográfico (AO90). Confesso que tem sido instrutivo e não no melhor sentido da palavra. Dar-vos-ei conta deste meu périplo.

Certo dia, entrei pela pergunta O vocábulo cor-de-rosa tem hífenes?

Ainda antes de abrir, não pude deixar de estranhar que o vocábulo sobre o qual se pergunta se tem hífenes tivesse efectivamente hífenes e cheguei a imaginar que esta ligação conduzisse a um texto bem-humorado em que o leitor fosse levemente invectivado com uma frase como “Então não se viu que a resposta estava na pergunta? É claro que cor-de-rosa tem hífenes.”

Mas não. A resposta é muito mais engraçada. Ei-la:

O vocábulo cor-de-rosa é considerado uma exceção consagrada pelo uso à eliminação geral dos hífenes em locuções de uso geral no texto do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), Base XV, 6.º. Embora este vocábulo seja escrito com hífenes, segundo o vocabulário oficializado em Portugal – o Vocabulário Ortográfico do Português (VOP), a grafia sem hífen já é aceite como uma outra grafia possível, tal como acontece noutras combinações idênticas iniciadas por “cor de”, como cor de laranja e cor de vinho. Os critérios de aplicação das novas regras estão, portanto, conformes ao vocabulário oficializado.

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Exames daqui a uns dias – sim ou não?

Na terceira semana de maio vamos ter, mais uma vez, os exames nacionais dos 4º e 6º anos (poderá consultar todo o calendário em formato pdf).

Tal como tem acontecido nos últimos anos, esta atividade avaliativa, implica a paragem de todo o trabalho das escolas e, nesse sentido, uma vez que os professores estão envolvidos nas vigilâncias, boa parte dos alunos dos anos sem exames, tem uma semana de férias. Ao preparar o último trimestre de aulas, dei por mim a pensar nas vantagens e nas desvantagens dos exames. [Read more…]

Submersos em metas grotescas e exames inadequados

Santana Castilho *

Dar-se-ão os cidadãos conta de que o sistema nacional de ensino está praticamente por conta de exames até final do ano-lectivo?

O curso normal das aulas e do trabalho lectivo do 3º período tem sido consideravelmente perturbado pelas acções de formação previstas para os 2200 professores envolvidos no Preliminary English Test for Schools. Conforme já escrevi nesta coluna, o direito às aulas por parte dos alunos cedeu ao “direito” de uma instituição estrangeira utilizar professores pagos pelo Estado português, para os industriar na aplicação de instrumentos com os quais impõe a supremacia de uma língua de negócios, num quadro comunitário multicultural e plurilinguístico. E não são apenas as aulas sacrificadas. É também o restante trabalho não lectivo desses professores, de que serão dispensados durante o resto do ano. Alguém o fará, em injusta sobrecarga, ou ficará por fazer. Volto ao tema, porque ele toca o inadmissível. [Read more…]

Escola: conteúdos e memória

A Educação mudou muito nos últimos anos e não foi para melhor – poderia citar os 30 mil professores que NUNO CRATO despediu nos últimos três anos, mas desta vez vou falar de Educação pelo lado dos alunos e das suas aprendizagens.

O que é um bom aluno?

A resposta mais comum andará em torno destas respostas: um aluno que tira boas notas, um aluno que aprende bem, um aluno que tem sucesso, que

Ora, tenho vindo a pensar nisto porque enquanto profissional me sinto cada vez mais condicionado a dirigir a minha prática pedagógica para um caminho que está errado – os exames (ou os testes).

Na Escola de hoje tudo parece ser mensurável e para medir nada mais fácil do que quantificar tudo o que mexe como se a escola fosse uma linha de montagem. Não é e não pode ser.

Com a febre do accountability às Escolas são pedidos resultados que se medem pelas notas que os alunos têm nos testes, isto é, nos exames. Ora, qualquer pessoa que tenha passado pela Escola sabe que há uma diferença MUITO significativa entre ser um bom aluno e ter boas notas nos testes (exames).  E trago apenas dois argumentos para abrir uma discussão a que quero voltar mais vezes: [Read more…]

Um governo de truques

A história mais recente e que me fez escrever este artigo foi a desfaçatez do truque que o Ministério da Educação usou para marcar os exames aos professores com três dias úteis de pré-aviso, caindo do céu da surpresa no fim de Julho, com grande estrondo. Na verdade, são teoricamente cinco dias, o mínimo exigido por lei, mas só teoricamente. O truque foi pré-assinar um despacho em segredo, no quinto dia divulgá-lo no Diário da República a contar do dia da sua assinatura, para que na prática faltassem, após o anúncio ser conhecido, apenas três dias úteis até ao exame, 17, 18, e 21 de Julho. Professores que já estavam a receber o subsídio de desemprego, que já estavam de férias, e que não sabiam que iam ter um exame para que é suposto prepararem-se, cai-lhes em cima uma data que é já praticamente amanhã. Nem o gado é suposto ser tratado assim, mesmo quando vai para o abate.

Porquê esta rapidez? A resposta é muito simples: para evitar que os sindicatos pudessem apresentar um pré-aviso de greve no prazo exigido pela lei – ou seja, o Governo faz um truque descarado e sem vergonha para contornar uma lei da República, que permite o exercício de um direito. [Pacheco Pereira, no Público]

A mediocridade técnica e política

Santana Castilho *

Quando antecipei, no meu último artigo, que teríamos polémicas longas sobre os exames, não fui profeta. A previsão não tinha mérito. Era, tão-só, corolário primário para quem assiste, atento, à actuação reiterada do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), antes com outra designação mas todos os anos responsável por erros inaceitáveis. Não se equivalessem em mediocridade a qualidade técnica do IAVE e a qualidade política do ministro e não estaríamos, pais, professores e alunos, sujeitos a tanta irresponsabilidade. [Read more…]

Exames de matemática (4º e 6º)

A análise mais detalhada fica para depois.

Matemática, 4º ano: Caderno 1 Caderno 2Matemática, 6º ano: Caderno 1 /Caderno 2.

Exames de Português

Hoje vi, ali no centro do terreno, o que este jogo faz aos putos. Mais uma vez, detestei.

Mas, aqui ficam as provas de português (formato pdf) que os meninos do ensino básico fizeram:

– 4º ano: caderno 1 | caderno 2 | critérios de classificação .

– 6º ano: prova | critérios de classificação.

Quarta-feira há mais.

O cúmulo da demagogia

É ler Maria de Lurdes Rodrigues sobre os resultados dos exames.  É tanta a mentira como a ignorância.

Notas de Matemática

Não há nada como ter um Ministro que alguns pensavam ser um especialista em Educação Matemática.

Exames de Matemática e de Português

Podem ser consultados no site do GAVE (6º e 9º).

 

Nunca fiz greve e dizem que sou da direita

Quando aconteceu o 25 de Abril, eu era quase um puto. Ou melhor, tinha acabado de deixar de o ser, já que tinha quase 22 anos. Nos dia de hoje seria homem e com capacidade para votar e influenciar a vida das outras pessoas há já quase quatro anos, mas na altura não era assim. Naqueles dias deixei de ser um puto porreiro e amigo das pessoas, preocupado com o bem estar dos que eu conhecia e dos que, sem conhecer ouvia falar, e passei a ser, por via da minha simpatia confessa (naquela altura) pelo PPD acabado de criar, um gajo da direita, por vezes até um fascista. E vivi assim até aos dias de hoje, ouvindo pareceres sobre a minha pessoa, ora bons ora maus, apesar das minhas simpatias não mais terem tido nome. Mas as minhas antipatias sempre o tiveram, apesar da condescendência para com elas que sempre me prezei de ter!

Na minha meninice e na minha juventude (fazia parte dos meninos beneficiados pela sorte por pertencer a uma posição social média e com estudos), a educação que me deram os meus pais, os meus tios e os meus avós, baseou-se sempre no imenso respeito pela maneira de viver dos outros, em especial pelos que menos tinham, no imenso respeito pelas ideias alheias, mesmo que fossem completamente diversas das minhas, no cuidado extremo na forma de falar e no que dizer, por forma a não ofender fosse quem fosse, fosse de que maneira fosse, na solidariedade e na entreajuda. À minha custa, aprendi nos primeiros anos de adulto, que muitos outros não tinham sido educados da mesma forma. Ao longo destes já muitos anos que levo de vida fui batalhando contra essa minha ingenuidade intrínseca, confesso que sem muito proveito. [Read more…]