A arquitectura do Al-Andalus era profusamente decorada, seja em trabalhos de madeira talhada e pintada, de ferro forjado, de ornamentos em estuques ou de painéis de azulejo.
O azulejo Andalus foi a base para a azulejaria medieval e moderna, e absorveu muito dos painéis de tecelas romanos.
O seu fabrico ainda hoje subsiste em Marrocos.
A técnica utilizada é a do azulejo “alicatado”, assim chamado pelo facto de utilizar fragmentos de cerâmica vidrada, com combinações de distintas formas e cores, que posteriormente são agregados em painéis, através de uma massa à base de cal e areia fina ou gesso, processo chamado de “embrechamento”.
Esta técnica exige uma grande perícia ao nível do corte dos azulejos e mestria ao nível da disposição das peças para a composição dos painéis, já que as mesmas são dispostas com a face vidrada para baixo, não permitindo visualizar o resultado final.
O termo “azulejo” provem do Árabe “azzellij”, que significa pedra polida.
É um material muito utilizado em lambrins de paredes, tectos, pavimentos, colunas, fontes, piscinas e mesas.
O processo de fabrico de azulejo implica a utilização de uma argila homogénea, que após uma primeira cozedura é coberta com um líquido para se obter o vidrado.
As cores do vidrado obtêm-se a partir de óxidos metálicos _ o azul através do cobalto, o verde através do cobre, o castanho e o preto através do manganésio, o amarelo através do cádmio, o vermelho através do ferro, o branco através do estanho.
De seguida as peças são cozidas uma segunda vez.
Posteriormente as peças são cortadas ou “alicatadas”, um trabalho de extrema perícia, ganhando a forma necessária para serem utilizadas nas composições que constituem os painéis.
Apesar de se utilizar o termo “alicatado”, porque inicialmente as peças eram cortadas com alicate, hoje utiliza-se um martelo pesado e bem afiado chamado manqash.
Tendo em conta que os Muçulmanos não utilizam elementos figurativos, os painéis são concebidos com motivos geométricos, muitos deles de grande complexidade.
O holandês Maurits Cornelis Escher baseou muitas das suas criações de ilusões de óptica, figuras impossíveis e paradoxos na azulejaria do Alhambra de Granada.
A esta complexidade da geometria dos paineis de azulejos Andaluses não é estranho o grande contributo que os Árabes deram ao desenvolvimento da astronomia e da matemática, e que se encontra patente em muitos deles.
Após o corte das peças, as mesmas são dispostas com a face vidrada voltada para baixo, seguindo o padrão pré-definido para o painel.
Posteriormente são integradas numa argamassa à base de cal e areia fina ou gesso, a qual é derramada na sua superfície, processo esse que constitui o já referido “embrechamento”, termo proveniente da rocha clástica sedimentar chamada brecha.
A técnica do azulejo “alicatado”, muito em voga entre os séculos XII e XIV, evoluiu a partir do século XVI para a criação de peças quadradas com cerca de 14 centímetros de lado, policromadas, que utilizaram o método da “corda seca” e da “aresta”, como forma de evitar a mistura das várias cores durante a cozedura.
Posteriormente generaliza-se o azulejo monocromático, evitando este problema.
Hoje em dia o azulejo policromado é estampado.
A evolução que o azulejo Andalus sofreu quando se transformou em módulos quadrados perdeu toda a riqueza da textura que os painéis “embrechados” apresentavam.
Magnífico!
رائع
شكرا جزيلا
Obrigado por esta divulgação pois penso que a cultura árabe, especialmente a do “al andalus”, precisa de ser divulgado pois ela também é parte integrante do património da península iberica e tem sido injustamente ignorada. Um abraço
Frederico, Prochainement, je ferai sur mon blog un article sur la spécificité du zelliges de Tétouan.
Se achares util a minha colaboração conta comigo, Jean-Marc
Sempre a aprender. Tantos anos à volta de azulejos e afins e não sabia como se fazem os embrechados.
Maravilhoso, eu amo tudo o que vocês postam… Obrigada!!!!
Pela informação e por toda esta cultura maravilhosa árabe…. Eu amo….
Obrigado, adoramos
Maravilhoso!!! Quanta riqueza!!!