Passos Coelho e os que comem criancinhas

No tempo do salazarismo, havia um faduncho anticomunista que servia para alimentar o medo do papão leninista-estalinista-siberiano. Incluía, o dito faduncho, versos como “Maldita seja a Rússia soviética!” e “Malditos os que comem criancinhas!”. Quando se pensava que já não seria possível reencontrar um discurso tão primário, eis que Passos Coelho reaparece para reavivar fantasmas em que ele próprio não acredita, mas que lhe dão jeito para a campanha em que se integra, juntamente com outros intelectuais do mesmo calibre, como Paulo Otero ou João César das Neves, alguns dos autores que integram a colectânea “Identidade e Família”.

Descaindo os cantos da boca, de modo a imitar uma gravitas de estadista, Passos Coelho disse que há uma «sovietização do ensino».

Um dos mitos alimentados pela direita tola

(ou pela direita que fala para tolos)

é o de que a Escola Pública é uma verdadeira madraça dominada por comunistas e outros parentes desgraçadamente próximos que andam a catequizar as pobres criancinhas, que, a não serem comidas ao pequeno-almoço, hão-de transformar-se, por força da doutrinação, em futuros comedores de criancinhas, em consumidores de drogas pesadas, médias, leves e pesos-pluma e em heterossexuais convertidos em quaisquer outros sexuais que tentarão obrigar toda a população a mudar a orientação sexual. [Read more…]

Operação Pretoriano: o Polígrafo estará a exagerar um bocadinho e a massacrar em demasia?

Sabe-se que

#Recorde Em muitos “tweets” há quem recorde a polémica da Tese de Mestrado do líder dos “Super Dragões” que supostamente padece de várias falhas. O Polígrafo pediu uma análise gramatical do texto a Manuela Gonzaga, consultora linguística.

Como?

Porque o Facebook do Polígrafo o disse:

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O possível ministro da Educação da AD ou Mudam as moscas

Vídeo roubado à Missão Escola Pública. Alexandre Homem Cristo é, pelos vistos, um especialista em Educação, estatuto que parece ser atingido sobretudo por gente que procura soluções para enfraquecer o poder reivindicativo dos professores.

O especialista em Educação nem sequer esconde que a concessão de maior poder aos directores das escolas serve para retirar poder aos sindicatos, como se esse poder fosse incomensurável e correspondesse a um problema. É um problema para quem gosta pouco dessas manias da democracia e dos direitos dos trabalhadores. Educação é outra coisa.

Olha para o que eu digo….

É um clássico ver políticos dos dois principais partidos a declarar o seu amor à escola pública colocando os seus filhos no ensino privado…

Não é curto, mas é grosso

Por princípio, não leio comentários. Escrevo, egoisticamente, muito mais por mim que pelos outros. Uma espécie de processo libertador. Não necessito de validação e a maior parte das críticas, passa-me ao lado. Excepto quando, factualmente, demonstram ou até apenas indiciam que posso estar errado. E isso leva-me a repensar o que tinha concluído ajudando a reforçar um procedimento que já me é constante, o de me questionar. Permanentemente. O que pode facilmente ser demonstrado se, por exemplo, confessar que tenho uma antipatia pessoal (derivada de más experiências próprias) pelo povo Judeu (com excepção da Gal Gadot). Emocionalmente, é inegável que se tivesse de elencar os meus Povos favoritos, os Judeus estavam muito longe dos primeiros lugares. Não é, nem de perto nem de longe, anti-semitismo (expressão errada porque não são só os Judeus que são semitas), mas apenas preferências pessoais.

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Professor Dorme no Carro e Tem Acesso a Cuidados Básicos na Escola

Vídeo encontrado no canal EnsinoTV

Regresso às aulas – Assistentes operacionais

Missão Escola Pública

Regresso às aulas – Renovação e Carreiras

Missão Escola Pública

 

Regresso às aulas – Mobilidade por doença

Missão Escola Pública

 

João Costa e a vulgata antigrevista

Quando nos pisam os calos, no mínimo, exprimimos um gemido de desconforto. Se nos pisarem os calos demasiadas vezes, a coisa descambou para falta de cuidado ou para agressão.

Os professores já andam a ser pisados desde 2005, pelo que é natural que se queixem, que protestem. Talvez se possa mesmo dizer que os protestos são poucos para tanta pisadura.

Entretanto, são os professores e todos os outros profissionais da área que mantêm as escolas a funcionar de uma maneira exemplar, contra ventos e marés constituídas também pela incompetência e pelo desinteresse das sucessivas equipas ministeriais, que se limitam a cumprir instruções superiores, aprofundando um desinvestimento constante e ignorando problemas já estruturais (formação inicial de professores, atracção dos jovens), até porque não estão lá para resolver. Graças aos professores, os alunos estão, pelo contrário, sempre em primeiro lugar.

Tenho pelas greves um respeito quase religioso, mesmo quando não sou praticante, porque cada um deve reagir às pisaduras como muito bem entender. Permito-me duvidar de métodos de luta que não consigam ferir verdadeiramente o adversário, mas isso é outra questão.

Entres os políticos no poder, mesmo em democracia, há uma vulgata antigrevista a que João Costa não resiste, tendo afirmado que lamenta (que é diferente de lamentar) a convocação de greves, uma vez que os alunos deveriam estar em primeiro lugar. Trata-se de demagogia pura e tem por objectivo propagandístico transformar o grevista num irresponsável ou mesmo num agressor. O poder, mesmo em democracia, na verdade, sonha com a ditadura e a greve deveria, no máximo, existir em teoria.

A greve é, assim, uma resposta a uma agressão. Chega a ser cómico ouvir o agressor queixar-se da reacção do agredido.

Miguel Sousa Tavares: mentiroso ou desinformado?

Num texto do Paulo Guinote, fiquei a saber que Miguel Sousa Tavares escreveu na sua crónica do Expresso de 25 de Agosto que os professores reclamam “retroactivos”, o que não corresponde à verdade.

Outro comentador, então televisivo e, na altura, presidente da câmara de Lisboa, já tinha afirmado o mesmo.  Também não era verdade e não passou a ser. Esse mesmo comentador é hoje o ministro das Finanças.

não é a primeira vez que Miguel Sousa Tavares faz afirmações erradas sobre professores. Se o faz propositamente, é mentiroso. Se o faz sem querer, é incompetente.

Em qualquer dos casos, é contumaz, tal como o Expresso.

Looking for sugar man I Shall Be Released

Na  semana que passou morreram dois músicos, Sixto Rodriguez (dia 8 de Agosto, com 81 anos)  e Robbie Robertson  (9 de Agosto , com 80 anos).

Sobre o primeiro há que ver um filme sobre a sua vida, Searching for Sugar Man. Foi tão só uma bandeira anti-apartheid para a juventude da África do Sul no início dos anos 70. Um trovador esquecido durante trinta anos. Uma vida. 

Sobre o segundo, dizer que foi o guitarrista da banda de suporte de muitos músicos, tendo-se transformado naquilo que hoje conhecemos por The Band. Ele foi o cimento, por exemplo, do célebre álbum que Bob Dylan gravou, Blonde on Blonde (1966) e o ainda mais célebre The Basement Tapes (gravado na chamada casa The Big Pink) álbum conceptual gravado em 1967, após o acidente de moto de Bob Dylan, mas apenas lançado em 1975.

Robbie Robertson tornou-se o músico (bandas sonoras e arranjos) de Martin Scorsese em muitos filmes. 

Claro que todos nos lembramos do filme (e respectivo triplo álbum)  The Last Waltz.

Há que ouvir.

 

O estranho fenómeno da twitterização da vida e do desfasamento das novas gerações

Dizem que são “luxury lovers”, ouvem podcasts sobre economia onde jovens brancos mimados que não entendem um cu de economia debitam alarvidades, nunca abriram um livro nem sabem o que é um “relatório” ou uma “ficha técnica”, rejeitam todo e qualquer meio de comunicação tradicional com a premissa de que é tudo “um lixo”, mas adoram youtubers e tiktokers com discursos vazios de “auto-ajuda” e acham que o MaisLiberdade é o pináculo da “literacia financeira” e da independência (spoiler alert: há gráficos para tudo, consoante o que se quiser mostrar e não, não é independente, é da IL) e que o Ventura até diz as verdades (spoiler alert: um relógio parado está certo duas vezes por dia). Acham que comportamentos racistas, xenófobos ou homofóbicos são mera “liberdade de expressão”, e exercem-na no Twitter ou no Facebook, porque nunca leram a Constituição para perceberem que tais actos são crime, não opinião e que liberdade de expressão é outra coisa.

Admiram o Elon Musk de cada vez que este se peida, acham que o Raul Minh’Alma é o melhor escritor português e o Cristiano Ronaldo é o role-model das suas vidas, consomem Prozis porque vão ficar muito bombados (e assim sempre estão na moda), acham que são os impostos o grande flagelo das sociedades, acreditam piamente que uma taxa plana de 15% num ordenado de 1000€ os vai deixar milionários, são contra taxar as grandes fortunas mas ganham menos de 1000€/mês… e vivem num T1 em Gueifões pelo qual pagam quase um ordenado mínimo, compram na Zara e conduzem um Ford Focus…

Não admira que a Iniciativa Liberal tenha tantos bots que a apoiem, quando vende a política como se de um sonho se tratasse, achando que riqueza é mero sinal exterior de quem “lutou muito para lá chegar”, mas depois quem tem de levar com um barbeiro que cobra 8€ por corte e que paga 600€/mês pelo arrendamento de um espaço comercial, mas que acha que vai ser milionário a trabalhar, na caixa de comentários de um qualquer jornal português sou eu. [Read more…]

O que acontece a quem comete uma ilegalidade?

O Tribunal da Relação considerou ilegal a definição de serviços mínimos para as greves dos professores de 2 e 3 de Março.

Já se sabe que impor os serviços mínimos a uma greve às aulas é indecente, para usar um eufemismo já pouco simpático. De qualquer modo, isso só poderia ser um problema para quem sentisse vergonha.

A partir do momento em que essa imposição foi considerada ilegal, a pergunta é: o que acontece a quem comete uma ilegalidade?

Rita Lee (1947-2023)

Até sempre, Rita Lee.
Da vida à eternidade.

 

Imaturidade Política Liberal

Bernardo Blanco, deputado liberal e filho de Paulo Blanco, acompanhou dois rapazes que vivem da estupidez, um deles acusado de burla num esquema que envolve criptomoedas, numa visita à Assembleia da República que acabou com um outro a ler um discurso, redigido a quatro mãos, em que manda “para o caralho” o primeiro-ministro António Costa. 

Se quiserem conhecer mais um pouco do “Youtuber” Windoh, o protótipo do charlatão liberal, aqui ficam dois links:

Ministério Público investiga esquemas relacionados com youtubers”.

CMVM alerta que empresa do youtuber Windoh não está autorizada em Portugal”.

E se quiserem conhecer mais do “Youtuber” Tiago Paiva, o protótipo do campeão do teclado liberal no Twitter, ficam aqui links para dois vídeos:

Extremamente Desagradável: Tiago Paiva é genial”.

Os Primos: Tiago Paiva no Podroast”.

Quanto à Iniciativa Liberal, se não querem ser acusados de imaturidade política (ou mesmo de falta de integridade), convinha esconderem um bocado que são imaturos (e pouco íntegros) politicamente.

A IL refere que o objetivo de convidar estes youtubers “era mostrar o Parlamento e o seu funcionamento a mais pessoas da sociedade que não acompanham a atualidade política, mas são seguidores destes criadores de conteúdos”, uma vez que estes “fizeram dois longos vídeos em que mostram o funcionamento do Parlamento num registo mais informal, procurando aproximar os mais jovens da atividade política”.

Mas será que a IL sabe que metade dos que vêem os vídeos desses “youtubers” não tem, ainda, sequer idade para votar, que a outra metade são jovens adultos heterossexuais que ejaculam de cada vez que os Musks, os Petersons ou os Tates desta vida abrem a boca e que estes “youtubers” são um exemplo da falta de civilidade e inteligência que reinam nas redes sociais?

Claro que sabe e fica cada vez mais difícil para a IL esconder que podem ser tudo, mas liberais é que eles não são. Cada vez mais a frase “um olho no facho, outro no liberal” faz sentido.

Luta dos professores – um vídeo do Ricardo Silva

Mais uma vez, vale a pena ouvir a voz esclarecida e apaixonada do Ricardo Silva.

Apesar de o vídeo ser muito mais interessante do que qualquer coisa que eu escreva, não posso deixar de notar a minha dificuldade de compreensão.

Não compreendo a que sítio esconso se vai buscar uma pergunta em que se insinua que a emotividade possa ser um problema, como se fosse possível uma pessoa ter razões para se revoltar, ficando impassível ou como se sentir ou mostrar emoções nos retirasse necessariamente a razão.

Não compreendo como é que é possível a maior confederação de pais e de encarregados de educação do país estar contra a luta dos professores. Note-se que ‘compreender’, aqui, significa ‘considerar inaceitável’. A CONFAP tem razões que o coração desconhece.

Ide ver o vídeo, ide, que há razão e coração em doses perfeitamente equilibradas.

Notícias Viriato: uma estória de seis mil euros – parte II

António Abreu, fundador do Notícias Viriato. Imagem retirada do YouTube.

Há cerca de dois meses, o Aventar, pela minha mão, publicou um artigo onde questionava o que tinha acontecido ao “jornal” on-line Notícias Viriato (NV) e onde paravam os mais de seis mil euros angariados pelo seu fundador e único trabalhador, António Abreu, para a suposta realização de um documentário sobre as alegadas vítimas das vacinas administradas durante a pandemia de COVID-19.

Ora, na altura, expusemos aqui o enunciado: que tinham sido angariados mais de seis mil euros para a realização de um suposto documentário e que, pouco tempo depois disso, o Notícias Viriato e o seu fundador António Abreu teriam “desaparecido em combate”. Como tal, enviámos algumas perguntas directamente para o e-mail do Notícias Viriato e para o e-mail de António Abreu. Perguntas essas que, durante uns tempos, ficaram sem resposta. Mas o Aventar insistiu, voltou a enviar as perguntas e, há umas semanas, o Notícias Viriato (que é o mesmo que dizer António Abreu) respondeu-nos às pergunta solicitadas, respostas essas que aqui passamos a reproduzir. Primeiro, relembramos as perguntas enviadas:

1 – O NV surgiu com bastante adesão por parte de alguma direita radical e cavalgou a onda da pandemia. Por que razão não publicam nada desde Fevereiro de 2022? 

2 – O NV perdeu relevância depois de contido o vírus e ficou sem material? 

3 – Em Outubro de 2021, o NV organizou uma angariação de fundos. Segundo o que foi publicado nas suas redes sociais, conseguiu uma quantia no valor de €6.476, com o objectivo de produzir uma reportagem intitulada “Vítimas do Medo”. Quando sairá essa reportagem, uma vez que não foi publicada, nem no site do NV nem nas suas redes sociais? 

4 – Por que razão a última publicação acerca do tema “Vítimas do Medo” foi, precisamente, a informação sobre os €6.476 angariados? 

5 – Está o NV disponível para apontar uma data para o lançamento do documentário “Vítimas do Medo”, para o qual angariou €6.476? 

A tudo isto, o NV respondeu-nos que: [Read more…]

Má educação

Os profissionais de Arqueologia da Administração do Património Cultural enviaram um documento, em 7 de Março, subscrito por 70% daqueles profissionais, para o Ministro da Cultura (solicitando também uma audiência), para o Governo (1º. Ministro) para a Presidência da República e para a Assembleia da República.

O documento em causa prende-se com o que já abordei aqui e aqui, e as consequências danosas para o nosso Património Cultural.

O que aconteceu então? Os órgãos de soberania ( Assembleia da República e  Presidência da República) e o Gabinete do 1º. Ministro acusaram a recepção do documento nos dias seguintes ao envio. Aliás o Presidente da Assembleia enviou o texto para a Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.

Passaram 3 semanas. E dada a ausência de resposta do Ministro da Cultura (nem sequer a acusar a recepção ) o documento foi enviado apenas  para o Jornal Público, dia 23, devido ao facto de aquele jornal ter abordado o assunto nas edições de 12 e 18 de Março (curiosamente sem ouvir os profissionais, apenas ouviu pessoas externas à administração do Património Cultural e chefias……).

Passou mais de uma semana. Nada de resposta, nem o Público acusou a recepção, nem “pegou” no assunto, quando os profissionais se disponibilizaram para serem ouvidos! Muito estranho…..

Assim, em 2 de Abril, texto foi enviado para uma série de jornais. O DN fez uma notícia sobre o assunto, nesse mesmo dia. Assertiva e tocando nos pontos essenciais.

O que aconteceu no dia 3 de Abril durante a manhã? 

O Ministro da Cultura acusou a recepção do mail e documento, tendo reencaminhado o assunto para a Secretária de Estado da Cultura!

Entretanto foram saindo várias notícias sobre o assunto, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

 

 

Luta dos professores – ligações com vídeos

A propósito da luta dos professores, aqui ficam três ligações com vídeos de intervenções do Paulo Prudêncio, do Paulo Guinote e do Ricardo Silva. Em comum, têm a clareza e a informação. Quem vir e ouvir, não poderá ignorar. É de lamentar, no caso do vídeo do Ricardo, a intervenção de um jurista que não apresentou argumentos jurídicos, e que, para cúmulo, acredita ou parece acreditar que é indiferente ser-se professor universitário ou do básico e do secundário.

Sem querer desvalorizar, de maneira nenhuma, outras vozes, é de louvar que as televisões dêem também visibilidade a professores a tempo inteiro. A surpreendente tenacidade da classe docente terá levado a que as televisões sentissem que não era possível ignorar estes contributos, em vez da redundância vazia de outros actores.

O governo, entretanto, continua na senda de fingir que está a negociar, prosseguindo, ao mesmo tempo, um caminho de destruição do sistema educativo. Tudo começou em 2005, no triste consulado de Maria de Lurdes Rodrigues. A perda da maioria absoluta do PS, em 2009, foi fraca consolação, uma vez que o rolo compressor não parou com Passos Coelho e António Costa, sendo indiferente o nome dos ministros da Educação, simples tarefeiros que se limitam a demolir, cumprindo ordens.

Coitado do professor

“Bitaitar” não chega!

Todos gostamos de opinar sobre tudo e mais alguma coisa. Nos blogs, no facebook, no twitter, no emprego, no café, em casa, etc.  Eu não sou excepção. É sobre bola, é sobre política, é sobre o governo, e por aí fora. Não há nenhum mal nisso.

O que acontece é que usamos informação que nos é apresentada (de diversas fontes), e na maior parte das vezes, senão todas, não conhecemos o suporte real que deu origem a essa informação. Mas uso também dois locais onde posso escrever o que penso sobre determinados assuntos que tem implicações na nossa vida. Esses locais permitem que qualquer cidadão se pronuncie e diga (escreva) o que pensa. São duas ferramentas grátis que nos permitem exercer a nossa cidadania, conhecendo o que efectivamente é proposto.

O primeiro é um site onde os diplomas legais ( Decretos-Lei, Portarias, etc.) se encontram para consulta pública, antes de serem ratificados e entrarem em vigor. O segundo é sobre projectos ( Linhas do Metro, Barragens, Estradas, Parques Industriais, Pedreiras, Indústrias, etc.) que se encontram em Consulta Pública.

A nossa participação muda alguma coisa? Não sei, mas eu, que ainda quero mudar o mundo, faço a minha parte.

Usem.

 

 

Notícias Viriato: uma estória de seis mil euros

O Notícias Viriato (NV) era uma página que difundia, nas redes sociais, notícias falsas e teorias da conspiração. Inspirado nas milícias trumpianas dos Estado Unidos da América, a página, gerida pelo jovem António Abreu, desde cedo atraiu alguma cambada proto e neo-fascista, liberais e ultra-liberais que, orgulhosamente, apoiavam e partilhavam as notícias de cariz enganoso que o Notícias Viriato propagava.

O seu gestor, António Abreu, jovem na casa dos 20 anos, saltou para a ribalta quando, num desfile na Avenida da Liberdade, decidiu interpelar o activista Mamadou Ba com perguntas desfasadas da realidade, dando-lhe um encontrão para, logo de seguida, afirmar ter sido empurrado pelo activista (quando nas imagens – insciente, decidiu gravar o momento – se via que o “empurrão” foi encenado pelo jovem artista).

Imagem: reprodução/Facebook de António Abreu

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MEntiroso: A mentira consciente e a pocilga a que isto chegou

Não é preciso escrever muito sobre o tema.

O governo montou um spin e a comunicação social regurgitou sem digerir.

Público: PGR põe em causa legalidade da greve dos professores convocada pelo Stop

DN: PGR diz que greve convocada pelo S.T.O.P viola a lei

Expresso: Greve “self-service” dos professores convocada pelo STOP é ilegal, diz a PGR

Etc: Ver no Google os resultados da pesquisa “pgr greve professores ilegal” com a data de hoje.

E porque é que é mentira? O Parecer Da PGR Não É O Que O ME Quer Fazer Parecer. É só ler (e saber ler).

Imagem: O meu quintal, de Paulo Guinote

Acção sexual da Igreja

(Imagem: reprodução/Instagram de Bordalo II)

”Recebidos 512 testemunhos de abuso sexual de menores pela Igreja. Enviados 25 casos para o MP: A comissão independente identificou 4815 vítimas e está a elaborar uma lista dos abusadores que ainda se encontram no ativo para ser entregue à Igreja e ao Ministério Público.

O que isto prova é que a Igreja Católica não passa de uma máfia onde pedófilos e violadores se infiltraram há décadas. O que, convenhamos, já todos tínhamos percebido.

As pessoas mais fervorosamente religiosas, são as pessoas menos Humanas que conheço.

Para não falar das lavagens de dinheiro, dos regimes especiais em relação à fiscalidade, da falta de solidariedade com os pobres e os desvalidos. A Igreja e os seus componentes gozaram e gozam de um tratamento diferenciado e especial em relação ao resto da sociedade. Estão, tal e qual os “nobres” (hoje, os políticos) e a “monarquia” (hoje, os grandes grupos económicos), no topo da pirâmide. Ou seja, nada mudou desde a Idade Média.

Era altura de pensar no porquê de tantos perturbados mentais aderirem à Igreja Católica, desde sempre. Da moralidade dissimulada a tudo isto, a Igreja mostra-se como um antro de sociopatas e psicopatas que governam o mundo há demasiado tempo.

Acção social da Igreja? Sim, no cu de um puto de 12 anos.

Os dados*

Vítimas (52,7% são homens; 42,2% são mulheres; actualmente têm em média 52 anos e 20% têm 40 anos);

Abusadores (97% são homens; 77% são padres no caso dos rapazes abusados);

Locais de abuso (23% em seminários; 18,8% em igrejas; 14,3% em confessionários; 12,9% em casas paroquiais; 6,9% em escolas católicas);

Tipos de abuso (predominam a manipulação de órgãos genitais, masturbação, sexo oral e anal infligido às vítimas);

Frequência (52,2% em mais do que uma ocasião; 27,5% durante mais de um ano);

Pós-abuso (77% das vítimas nunca apresentou queixa à Igreja; 52% só mais tarde revelaram os abusos; 43% revelaram apenas agora à Comissão Independente).

*informação retirada de Agência Lusa

É preciso ter Olhão, mas a PSP não tem olhinhos

Imagem retirada de Rádio Renascença.

Nos últimos dias, muito se especulou acerca da origem e das motivações dos gandulos que agrediram um cidadão imigrante em Olhão.

Lia ontem no jornal Público que, supostamente, estes faziam parte de uma classe sócio-económica mais baixa, viviam num bairro ”problemático” (adjectivação bacoca e discriminatória), não estudavam nem trabalhavam. Ora, tendo os jovens idades compreendidas entre os 16 e os 19 anos, achei muito estranho que, pelo menos, não estudassem, uma vez que até aos 18 anos está em vigor a escolaridade obrigatória (12° ano). Se, como dizia o Público, “não estudam”, então saber-se-ia se a CPCJ e outros acompanhavam, ou não, os jovens e respectivas famílias (mas a notícia era omissa em relação a isso).

Hoje, no Expresso, ficamos a saber que estes jovens não são de nenhum bairro social “problemático”, mas sim “jovens bem enquadrados socialmente”. Trocado por miúdos (no pun intended), são jovens que não passam dificuldades sócio-económicas de sobremaneira. Apenas um desses jovens faz parte do tal bairro mencionado na notícia do Público de ontem.

Diz a PSP que acredita que a motivação dos jovens criminosos é apenas o roubo e que os ataques a imigrantes, por parte do grupo, são meramente feitos por estes (os imigrantes) serem “alvos fáceis”, afastando a hipótese de xenofobia. Vamos lá ver uma coisa: a PSP não tem formação sobre o que são as várias formas de discriminação? É que, segundo entendo, atacar um imigrante (ou vários) por estes, no entender de quem ataca, serem “alvos fáceis” e, assim, perpetrar o roubo, parece-me uma atitude xenófoba, pois pressupõe a “fraqueza” do cidadão ou o deslocamento da pessoa face à sua terra natal, para que o ataque seja efectuado. Ou seja, se o alvo são imigrantes, seja por que motivo for, mas exclusivamente imigrantes, como é que está “excluída” a hipótese de xenofobia? Mais: se os jovens são pessoas “bem enquadradas socialmente”, como é que a única motivação pode ser, simplesmente, o roubo de imigrantes com recurso à violência? 

Em Portugal, sabemos, faz-se de tudo para que crimes de ódio não sejam tratados como crimes de ódio. E, depois, acontece-nos ter um deputado da extrema-direita, já condenado por crimes de ódio, a processar uma outra deputada da esquerda por esta ter afirmado que a extrema-direita comete crimes de ódio… vá-se lá perceber. 

É o país (e a polícia) que temos.

Este velho caceteiro, dedicado companheiro

Talvez não fosse má ideia criar uma escola de estadistas, porque, na política portuguesa, há um excesso de palavrosos e de caceteiros. Uma pessoa olha em volta, vê sócrates, passos, portas, costas, marcelos e não encontra um estadista, um bocadinho de gravitas que seja.

Santos Silva, que, actualmente, é, pasme-se!, a segunda figura do Estado e putativo candidato a Belém, não destoa.

O actual Presidente da Assembleia da República é um antigo guterrista e socratista reciclado, tal como António Costa, aliás. Se a uns lhes foge o pé para a chinela, a mão de Santos Silva foge-lhe para o cacete, por muito que se disfarce de fato e de gravata. Como mau democrata, se é contrariado o poder que defende ou que exerce, só pensa em bater.

Há uns anos, quando era ministro de Sócrates, ao ser confrontado com protestos de professores, declarou que estes não distinguiam «entre Salazar e os democratas», o que, curiosamente, o afastou do lado dos democratas. Recentemente, criticou, a propósito da greve dos professores, o «modelo anarco-sindical» de «sindicatos recentes» (é claro que, antes disso, disse que as pessoas têm direito a protestar, sim, mas), recorrendo a uma estratégia suja que pretende apenas desacreditar as críticas, não contribuindo, por puro desinteresse, para a resolução dos problemas dos professores, que são, também os problemas da Educação. Tudo isto é triste, tudo isto é fado, tudo isto é costume.

Dois meses de greves dos professores

Parte do editorial de hoje do PÚBLICO, pela mão de Andreia Sanches.

O que ministério também não diz é quantos alunos estão sem aulas por falta de professores.

Mas houve quem fizesse esse trabalho, o qual foi apresentado no programa da RTP chamado “É ou não é? – O grande debate“.

Há alunos que ficam sem aulas a pelo menos uma disciplina todo o ano. Quantos são agora? É sincera esta onda de preocupação por os alunos não terem aulas? Ou é por não terem um depósito para ficarem durante o dia? Algo que os que botam faladura na comunicação social poderiam e deviam questionar. Afinal, quer-se a escola para aprender ou para centro de dia?
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Os professores e a simpatia da opinião pública

Só devemos falar daquilo que nos preocupa. Marcelo Rebelo de Sousa não está preocupado com os professores.

Há poucos dias, deixou escapar um pequeno pontapé na semântica, mas percebe-se o que quis dizer. O Presidente afirmou que a “simpatia da opinião pública pode virar-se contra os professores”.

Curiosamente, Marcelo é especialista em ser simpático contra outros, parecendo que está a ser simpático com outros. Sobre os problemas dos professores não tem uma palavra que não seja muito redondinha ou muito previsível.

O que Marcelo quis dizer, na verdade, é que os professores poderão perder a simpatia da opinião pública.

Tem toda a razão e até acredito que os professores estejam preocupados com isso. Por outro lado, quando alguém está convencido da justeza da sua luta, é natural que deixe de se preocupar com a simpatia dos outros.

Blanche Dubois sempre dependeu da bondade de estranhos, mas não acabou bem. As sufragistas, por outro lado, não se deixaram abalar pela antipatia da opinião pública.

Há muitos sítios onde enfiar simpatias desnecessárias.

Carta aberta ao Moreira

Um grupo de profissionais da Saúde e das Ciências Sociais e Humanas redigiu uma carta ao presidente da Câmara Municipal do Porto, o monarca Rui Moreira.

O conteúdo da carta pode ser lido AQUI.

Stencil e fotografia de: FILHO BASTARDO