Alterações Climáticas

O PSD e o CDS a aliarem-se ao PAN, a direita a defender um ministro do PS, o PS a cumprir o programa político da direita, os benfiquistas a elogiarem decisões do Soares Dias…

Estará perto o apocalipse?

Não percebo nada sobre o tema TAP mas…

Evito pronunciar-me sobre o tema TAP porque percebo perto de nada sobre o tema, e porque este país é fértil em especialistas sobre companhias aéreas, em geral, e sobre a TAP em particular.

Mas devo dizer que, quando ouço a claque do FC Privatize-se Tudo, fico com uma dúvida: se a TAP é tão fraca, tão inútil, porque raio estão a Lufthansa, a Air France/KLM e a British Airways/Iberia a tentar comprá-la? Porque são estúpidos e gostam de deitar dinheiro ao lixo?

O problema em manter a TAP na esfera do Estado, parece-me, tem mais a ver com os maus gestores que a administram do que com a viabilidade da empresa. E os concorrentes esfregam as mãos com o negócio do Brasil, liderado a nível europeu pela TAP. Um mercado que, recorde-se, tem cerca de metade da população da UE. [Read more…]

A proposta do 15º mês foi mal contada

O Daniel Oliveira explica porquê.

“Torcato, o bafiento beato”

Um poema de Ricardo Araújo Pereira, sobre bafientos beatos.

Nem… nem… esquerda… direita…

O PAN não é carne, nem é peixe.

É tofu.

Era uma vez Miguel Castro, o líder do CH Madeira que meteu baixa para fazer uma arruada

Miguel Castro, cabeça de lista do partido de André Ventura às regionais na Madeira, definiu o “combate à subsidiodependência” como umas das suas principais bandeiras eleitorais.

Gajos a viver à pala do Estado?

O CH é contra.

Seja qual for a razão por trás do subsídio.

Se não forem todos dependentes dele, a propaganda populista não vende tão bem.

  • Mas ó Miguel, trata-se de uma viúva de 94 anos com 70% de incapacidade!
  • Não interessa, que vá trabalhar! [Read more…]

PP…P?: Partido Popular… do Progresso

«André Coelho Lima elogia acordo com PAN e defende que PSD é um “partido progressista”».

Noutras notícias, não relacionadas:
  • O Hitler era comunista;
  • O Papa é uma mulher;
  • O Porto é em Lisboa;
  • O PS é socialista;
  • O Verão é no Inverno;
  • O Natal é em Junho.

Farsas

Foto: CNN Portugal

Estes “arruaceiros”, mas dos bons (basta ver a forma como são tratados em comparação com aqueles que sem qualquer violência, interromperam o lançamento daquela vigarice em forma de livro), estão tão preocupados com o ambiente como eu com as desventuras da Família Kardashian.

Vejamos:

– maior poluidor mundial: China com o dobro das emissões dos EUA;

– maior poluidor mundial “per capita”: EUA que, apesar de tudo, tem revelado uma evolução positiva, tendo reduzido significativamente as suas emissões nos últimos 20 anos ao contrário da China que aumentou e continua a aumentar e muito as suas emissões;

– maior causa do “efeito de estufa”: emissões de dióxido de carbono;

– maior causa específica e crescente do “efeito de estufa”: a agropecuária; o metano cuja principal origem está no sistema gástrico do gado bovino, é 86 vezes mais pernicioso para o clima que o dióxido carbono e está a caminho de ser o principal responsável pelo “efeito de estufa”.

Alguém já ouviu a Greta ou algum dos seus cúmplices, falar sobre a China? Sei lá, nem era preciso uma “manifestaçãozinha” em Pequim, mas que tal um rabisco laranja numa das suas embaixadas? Pois.

Alguém já os ouviu a pugnar “à séria” por uma alteração rápida e substancial de hábitos alimentares? A redução do nosso consumo de carne de vaca para metade era suficiente para reduzir determinantemente a dimensão do “efeito estufa”. Pois. 

Porque, na verdade, não estão minimamente preocupados com o ambiente. O verdadeiro objectivo é, artificialmente, fazer sobreviver uma agenda ideológica. Perante a “morte anunciada” do comunismo e do socialismo, a alternativa foi evitar esse inevitável e implacável desaparecimento através da adopção de novas causas. Como sempre, da forma mais errada possível. Como sempre, pondo a ideologia muito à frente das próprias causas que desesperadamente adoptaram. Tal como o comunismo se marimbava na felicidade das Pessoas porque o foco exclusivo era a subsistência do sistema político, também estes ambientalistas hipócritas, estão-se a borrifar para as alterações climáticas. O único e exclusivo objectivo é apenas manter viva a esquerda mesmo que em coma e “ligada às máquinas”. 

E o mesmo se passa com outras “causas” como, por exemplo, a absurda e inviável “ideologia de género”. 

Aliás, e a propósito, não consigo deixar de alertar que o grande “trunfo” e a maior fonte de recrutamento destes “activistas” é a escola. Onde, durante anos e anos, foi levado a cabo pelos partidos de extrema-esquerda, um minucioso, calculista e asqueroso processo de infiltração na classe docente. A inteligente (no mau sentido) estratégia levou ao alistamento de inúmeros professores que se dedicaram a perverter programas, ensino e função em favor de uma, também, repulsiva agenda partidária. Não tenham dúvidas até porque isto não é fruto de nenhuma rebuscada “teoria da conspiração”, mas sim de efectiva constatação e de informações “privilegiadas” (não são assim tão privilegiadas). O que diz muito da “bondade” da ideologia de esquerda que precisa de recorrer a processos “mafiosos” para crescer (neste caso, é mais para não desaparecer). 

Harmonia conjugal

Abundance of Fruit (1860) – Severin Roesen

 

Aproveitei a pausa de almoço para ir às clementinas numa das poucas mercearias que por aqui resistem. Ao meu lado, entre os caixotes da fruta, uma mulher ia consultando a estátua maciça que a esperava à porta.

Queres bananas, Zé?

A estátua não se moveu. Silêncio absoluto.

Ela escolheu um cacho e pô-lo no cesto.

Queres ameixas, Zé?

E assim sucessivamente.

Quando o cesto já estava cheio e o Zé na mesma posição, ela mudou de táctica. [Read more…]

Da Madeira nada de novo

Há quem fique admirado com o domínio absoluto do PSD na Madeira, mas ele não só não surpreende, como encontra paralelo no domínio quase absoluto do PS no país.

A Madeira é a região do país com maior risco de pobreza. Dados da Pordata, citados em peças do Observador e da RTP, revelam que 1 em cada 4 madeirenses vive em risco de pobreza. O desemprego é elevado, a taxa de analfabetismo é a segunda mais alta, o nível de instrução escolar é inferior à média nacional e a população envelhece a uma velocidade superior à do continente. [Read more…]

Montenegro em bicos de pés

Autor Convidado: Rui Naldinho

Ao contrário da maioria dos seus antecessores, Luís Montenegro deslocou-se no pretérito domingo à Madeira, para festejar a hipotética maioria absoluta do PSD/CDS naquele arquipélago, numa clara tentativa de dar uma leitura nacional a uma eleição regional, cuja especificidade, está mais próxima das autárquicas do que de qualquer outra eleição de âmbito mais abrangente.

Ao contrário das expectativas criadas pelas empresas de sondagem, não acertam uma, Luís Montenegro também parece que não, o PSD local perdeu a maioria absoluta, tendo agora que negociar com o PAN ou com a IL. Mas Montenegro cavalgou um garrano em vez de um cavalo lusitano, com esta ida à Madeira. [Read more…]

Evasão Fiscal? Viva a liberdade, diz a IL

Perdemos 12 mil milhões de euros para evasão fiscal todos os anos. É dinheiro que podia ir para as nossas escolas e hospitais, mas acaba em paraísos fiscais.

E isso que interessa à IL? IL é liberdade pura! Até haveria de anular as passadeiras e deitar os semáforos abaixo, para os motoristas acelerarem quando lhes aprouvesse e cada um ter a douta liberdade de atravessar a rua quando lhe apetece. Mais mortos e feridos? Paciência, a liberdade (pessoal) acima de tudo. Uma visão darwinista do mundo que hoje é bastamente aplaudida e faz cada vez mais o seu caminho. Extrema-direita e PSD, lado a lado, obviamente também a puxar para o lado “roubar aos pobres para dar aos ricos”, ou “lucros privados, perdas públicas”. Um escabeche para baixar impostos, mas mal as empresas, bancos, etc. estão precisadas, coitadinhas, ai o estado que lhes acuda, ai nós todos que paguemos. Mesmo em tempo de “normalidade”, as políticas sempre a beneficiar quem mais tem. Que crescida e anafada que está a mentalidade do “negócio acima de tudo” e dos mercados sensíveis e auto-“regulados”, por ser continuamente regada a nível nacional, europeu e mundial. Tudo mercantilizado, o cinismo aguçado e as crises a desdobrarem-se. A humanidade – pela rédea dos poderosos – na rota para a derrocada.

A *seção (!!!) de vazão

Qu’est-ce que ça donne, ça, dans l’hypothèse où le candidat en question viendrait à l’emporter, qu’est-ce qu’on fait des traîtres, comment est-ce qu’on les traite ?
BHL

***

Não sabeis o que é uma secção de vazão? É muito simples. Trata-se, nem mais nem menos, de

Fonte: Infopédia

A literatura que se debruça sobre a secção de vazão é abundante e, por exemplo, temos aqui esta belíssima divisão de uma secção de vazão em três subsecções:

Fonte: Câmara Municipal de Vila do Conde — Ponte sobre o Rio Este, em Arcos. Obra de Arte. *Projeto de Execução. Estudo Hidrológico e Hidráulico. Setembro de 2016 (pdf)

E há interrogações (“será a secção de vazão suficiente?”), há medidas preventivas (“prevenção das situações de risco de cheias, impedindo a redução da secção de vazão” pdf) e até existe sensatez (“não prejudicar nunca a respectiva secção de vazão” pdf).

“Não prejudicar nunca”, pois é. Não prejudicar nunca. Esta deveria [Read more…]

O Setor da Energia Nuclear está ligado à máquina

As três maiores empresas privadas do setor nuclear foram à falência: Westinghouse (EUA), Tepco (Japão) e Areva/EDF. No caso da EDF que acumula uma dívida de 65 mil milhões de euros (10 mil milhões só para a Areva) houve uma intervenção do estado francês para salvar o setor, transformando a Areva em Orano.

Desde o final dos anos 80, à medida que os custos iam subindo (e ainda íamos apenas nos custos de tratamento a curto prazo de resíduos e de encerramento de minas) que ficou claro para a indústria que a energia nuclear não seria rentável. Entre os anos 80 e 90, foi cancelada a construção de cerca de 200 centrais nucleares nos EUA. Nos EUA, as centrais são privadas. Atualmente, mais de metade das centrais americanas estão a perder dinheiro, multiplicando-se os pedidos de insolvência. O Japão tem uma fatura para pagar de Fukushima que já se situa acima dos 200 mil milhões de euros (~2 vezes o orçamento de Portugal). Cerca de 85% das centrais em operação existentes no mundo foram construídas até aos 90, o relançamento do nuclear é uma vacuidade. O preço médio da eletricidade de origem nuclear não tem parado de subir, sendo atualmente mais cara do que as restantes tecnologias.

Entre os 10 edifícios mais caros do mundo estão 6 centrais nucleares. A seguir à Grande Mesquita de Meca, a Central Nuclear de Hinkley Point no Reino Unido (uma EPR) é o segundo edifício mais caro do mundo e ainda não entrou em operação (2027?).

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O Evangelho do Ódio

Porque insistem os fascistas em usar Jesus, o homem que pregou o amor e a tolerância, para justificar o ódio e a crueldade?

E o que levará alguns católicos a achar que isto faz algum sentido?

Rezam a Deus ou ao Diabo?

A polarização já não cola. E agora, António Costa?

Foto: Tiago Petinga/Lusa

Não sou de fazer leituras nacionais de resultados autárquicos, regionais ou europeus, pese embora eles possam ocasionalmente coincidir. Mas o choque frontal com triplo capotamento e posterior incêndio em que o PS se viu ontem envolvido na Madeira parece sintomático do esgotamento do governo da nação. Apesar da maioria absoluta.

Após obter o melhor resultado de sempre em 2019, fruto de uma estratégia bem sucedida de polarização, o PS perde quase metade dos seus deputados regionais, num cenário em que a coligação não só não cresce como até perde um deputado. Crescem os partidos pequenos, sobretudo o CH, o que parece acompanhar as sondagens nacionais. [Read more…]

Luís «porque não precisamos» Montenegro

Luís Montenegro teve um momento de festejo precoce, indo colar-se ridiculamente à perda da maioria absoluta de uma aliança entre PSD e CDS na Madeira, tentando reclamar para si um golo que Miguel Albuquerque quase falhou.

Acontece, mesmo aos mais experientes: uma pessoa entusiasma-se, o ambiente aquece, a excitação descontrola-se e o clímax surge sem se contar. Que atire a primeira pedra aquele que nunca se descontrolou.

Entre as declarações de Luís Montenegro, no entanto, avulta a frase: «Não iremos fazer alianças com o Chega, porque não precisamos.»

Montenegro é um marxista da facção Groucho e poderia dizer «Estes são os meus princípios. Se não gostar deles… tenho outros.» Não será por uma questão de princípios que Montenegro não se aliará ao Chega – quando precisar, isso acontecerá, mesmo que tenha de recorrer a falsas equivalências. O que esperar do autor da frase «A vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor.»?

Professor Dorme no Carro e Tem Acesso a Cuidados Básicos na Escola

Vídeo encontrado no canal EnsinoTV

Doutrinação

A estratégia dos grupos de pressão LGBT mais qualquer coisa, é óbvia: doutrinação. À boa maneira da que foi feita por todos os regimes ditatoriais, nomeadamente pelo regime nazi e principalmente (porque durou muito mais tempo) pelo regime soviético.

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Montenegro não acerta uma

Luís Montenegro precisava desesperadamente de uma vitória.

Por isso, decidiu quebrar com décadas de protocolo implícito e ir à Madeira na noite eleitoral, para aparecer ao lado de um vencedor anunciado.

Azar do líder do PSD, escolheu a eleição em que o partido, coligado com o CDS, falhou o objectivo de revalidar a maioria absoluta, abrindo caminho a uma crise que resultou exclusivamente de uma promessa arrogante de Miguel Albuquerque, que garantiu que se demitiria, caso tal cenário se verificasse. [Read more…]

Foi você que pediu uma disseção?

We want to know how these things are organized.
Noam Chomsky

***

Há 14 anos, fui ao Instituto Franco-Português (pdf) denunciar, entre outras coisas, estas transcrições fonéticas do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, publicado pela Academia das Ciências em 2001.

Nessa altura, e também mais tarde, chamei a atenção para (e de) autores de Vocabulários Ortográficos “ao abrigo do” AO90 que seguiram cegamente estas propostas (leia-se: imprecisões) de Malaca Casteleiro (1936-2020) & C.ª.

Como o “critério fonético (ou da pronúncia)” é vago e impreciso e a base são dicionários com transcrições fonéticas extremamente discutíveis (leia-se: sem critério), os autores de Vocabulários que seguem, adoptam e servem de base ao AO90 andam por aí ao-deus-dará e o resultado é aquele que acabámos de ver.

Obviamente, o “critério fonético (ou da pronúncia)” da base IV é meio caminho andado para estas aventuras. E, sabe-se lá porquê, subitamente lembrei-me do “agora facto é igual a fato (de roupa)“. Para Santana Lopes, como os jornalistas continuam a deixá-lo andar por aí e sem responder àquelas perguntas que sugeri há cerca de dois meses, tudo continuará a ser igual a fato (de roupa) e ao litro.

Hoje, tendo regressado por uns minutos à interessantíssima leitura da melhor montra do desastre ortográfico em curso, encontrei no Diário da República uma grafia muito mais atractiva do que fatos e contatos. [Read more…]

Liberal até dizer Chega

Sim: “Pela IL, o ex-líder João Cotrim Figueiredo considerou a moção do Chega como ‘um bocado infantil’”.

Mas: “A moção de censura contou com os votos favoráveis da Iniciativa Liberal ao lado dos dez deputados do Chega.

Já só desejo um PM que não minta tanto

RTP 3

Porque a dicção deste salafrário é péssima (e apesar de má, consegue ser superior à vergonha que evidentemente não tem), não se consegue perceber exactamente as palavras que usou: o PSD tinha introduzido? o PSD tinha endurecido?

O certo é que a ideia que clara e deliberadamente quer transmitir e difundir é que foi o PSD que criou a suspensão da contagem do tempo de serviço para progressão na carreira na função pública.

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Obsessões criminosas

EPA/RONALD WITTEK Lusa

Registo de parcialidade: não gosto dela nem um bocadinho.

Desde logo pelo género de pessoa que demonstra ser. Há dois tipos de líderes políticos: aqueles que se distinguem independentemente da autoridade que o cargo que ocupam lhes possa dar e aqueles que utilizam a sua posição institucional para reforçar exponencial e ilimitadamente a autoridade que pessoalmente lhes falha. Lagarde pertence, nitidamente, a este último grupo.

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Afinal, ser primeiro-ministro é muito fácil!

Cavaco, numa das suas legítimas reaparições, lançou um livro: O primeiro-ministro e a arte de governar. A coisa anuncia-se professoral e convencida, como é timbre do homem que não tem dúvidas e nunca se engana ou vice-versa.

Na assistência, estavam os cortesãos do costume. O livro foi apresentado por Durão Barroso, que se notabilizou na qualidade de mordomo das Lajes, colaborando com um ataque às armas de destruição maciça que não existiam no Iraque, o mesmo Durão Barroso que viria a abandonar patrioticamente o mandato de primeiro-ministro, voando mais alto, chamado pelas sereias de Bruxelas, porque prescindiu das amarras de Ulisses.

Qualquer livro de Cavaco entra no rol dos que não li e de que não gostei. Por isso, limitar-me-ei a comentar uma afirmação que o autor terá proferido na apresentação: Cavaco terá dito que uma remodelação do governo é a «tarefa mais difícil» de um primeiro-ministro.

Na minha ingenuidade, sempre pensei que ser primeiro-ministro seria uma tarefa extremamente exigente, por exigir planeamento, negociações, bom senso, gestão financeira, capacidade oratória, entre muitas tarefas e competências que, para cúmulo retiram, com certeza, descanso e privacidade.

E agora?

Ontem, Mário Cláudio falava acerca da “objectificação da mulher“. Hoje, o Presidente da República diz: «Mas a filha ainda apanha uma gripe! Já a viu bem com o decote?».

Viva o Porto! Mas lá está a ressalva:

«Naturalmente, isso não se impede que, futuramente, e em qualquer momento, o assunto possa vir a ser suscitado no mesmo órgão municipal»

Ambições

Acho que já relembrei isto, mas até porque a inevitável demência que me espera quer pela idade quer pelo facto de ser Português, me absolve, vou voltar a contar: há uns anos quando trabalhava quase permanentemente em Lisboa, fui convidado para ir a um jantar de Portuenses que passaram a viver na capital; acho que aquilo era periódico e frequente; bem, a experiência foi tão próxima do surrealismo que saí de lá atordoado com o absurdo em que tinha participado; estava à espera de “tripeiros” radicalizados pela distância, definidos pelas “caralhadas” libertadoras, sinceras e tão, tão eloquentes e colados pelo carácter sincero, cru, nobre e desafectado que nos define, distingue e, porra, que nos faz sentir “em casa”; foi exactamente o contrário; parecia que tinha entrado na sede dos “gajos” que tinham escrito os “protocolos dos sábios (enorme paradoxo)”, não do Sião, mas do “olissipismo”, vulgo imperio do pedantismo e da futilidade. Ou ainda de forma mais compreensível, dos que podem com propriedade dizer “eu sou tão oco como um pneu, mas vou aqui armar-me, empinar o nariz e dizer umas “merdas” para dar a ideia que ultrapassei há muito a condição de simples mortal”.

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Eram 37

Pois eram. Ilda Figueiredo, “uma das 37 signatárias da petição que pede a remoção da obra, voltou atrás“.

Rabo de Perdição

Usando da concisão e da elegância do costume, o Francisco Miguel Valada já fez referência ao estranho caso do autarca que toma decisões com base numa petição assinada por 37 cidadãos.

Entretanto, os argumentos apresentados no texto da petição e as declarações de alguns dos peticionários são tristemente divertidos e merecem um ou outro comentário.

Apesar do extenso currículo amoroso do escritor, podemos aceitar que «o grande amor de Camilo foi Ana Plácido», como consta da petição. O que já parece mais difícil de engolir é que a mulher a que se agarra o Camilo esculpido seja «um exemplar mais ou menos pornográfico». Como quero poupar o leitor a imagens mais fortes, deixo aqui uma ligação para um texto de Fernando Esquio, um trovador do século XIII, que se estaria a rir de quem confunde nudez com pornografia.

Entretanto, Ilda Figueiredo, um dos peticionários, critica a estátua como sendo uma afronta à figura feminina, tendo em conta a desigualdade: deveriam estar ambos vestidos ou ambos nus. Em alternativa à remoção da estátua, presume-se, o escultor deverá vestir a rapariga ou será obrigado a despir Camilo. Aguarda-se a posição dos restantes peticionários e a decisão de Rui Moreira.

Mário Cláudio, outro peticionário, considera que a figura feminina representa Ana Plácido, sendo de opinião que uma mulher «notável, talentosa e corajosíssima» não pode ser reduzida a um «corpo desnudo», o que acentuaria o pecado da «objectificação da mulher». Muito me espanta a ideia de que a nudez seja indigna ou a ilusão de que uma mulher vestida não possa ser objectificada.

Em suma, ainda há quem perca a cabeça por causa de um rabo: uns deixam escapar piropos de mau gosto, outros assinam petições.