U2 – This is 40′

Foram 40 noites e 40 concertos em Las Vegas. Ou como alguns dizem, foram 40 noites no deserto.

A inauguração da Sphere foi o mote: a Sphere é a nova excentricidade de Las Vegas, uma espécie de pavilhão em forma de esfera construído para ser a melhor sala de espectáculos do Mundo. E a tecnologia da coisa não engana: um ecrã com quase 55 mil m2 que ocupa metade da esfera no seu interior (efeito 180°) e a totalidade da mesma no seu exterior, com uma qualidade nunca antes vista e o mesmo se diga em termos de som com as suas mais de 160 mil colunas de som. A capacidade ronda as 18 mil pessoas. Não existe nada igual ou parecido. E custou uma fortuna à MGM (os proprietários da Sphere), qualquer coisa como 2,3 biliões de dólares.

Para inaugurar a Sphere foram escolhidos os U2. E porquê estes irlandeses? O tempo deu razão à MGM: eram para ser só 8 concertos mas esgotaram em minutos. Passaram a mais 12 e a coisa repetiu-se. Não chegava para as encomendas e tiveram de ser 40 (e na verdade, talvez fossem precisos mais 40 para responder à procura). Vieram de todo o mundo e quando digo “todo o mundo” não estou a exagerar. Que o digam a BA, a Qantas, a Air Lingus, a Singapore Airlines ou as várias companhias aéreas da América Latina, da América do Sul ou da Ásia. Para Las Vegas foi excelente e para a Sphere foi a cereja no topo do bolo. E lá vamos outra vez a números: foram 40 concertos, mais de 700 mil espectadores e uma verdadeira fortuna ganha pela banda (4 milhões de dólares por concerto acrescido de uma percentagem sobre a bilheteira). Números de uma grandeza típica dos Estados Unidos.

A Sphere não são só números. Estes justificam apenas a “boa” loucura cometida pela MGM. Foi feita para preencher uma lacuna: ter uma sala de espectáculos pensada e construída para concertos de música e multimédia. Onde a qualidade do som e da imagem fossem excepcionais. E são. A qualidade da imagem é surreal e a excelência sonora é absolutamente incrível. Já fui a centenas de concertos e sempre me deparei com o mesmo problema: falta de qualidade do som. Não esqueço os fabulosos concerto que assisti em Portugal (e fora) de bandas como os U2, Sigur Ròs, Portishead, Placebo, Tindersticks, Bjork, Madredeus, Vetusta Morla, The National, Nick Cave entre tantos outros mas de nenhum deles posso afirmar que a qualidade do som era excelente. Nenhum. Até assistir a U2:UV na Sphere. Até a respiração dos membros da banda era perceptível. Como se estivesse a assistir com auscultadores nas orelhas. Absolutamente impressionante. E a qualidade de imagem? Nem numa sala de cinema IMAX.

Os U2 aproveitaram a “residência” para comemorar os 30 anos do seu álbum “Achtung Baby”, tocado na íntegra durante as duas horas de concerto (acrescido de alguns dos seus hits de outros trabalhos). Tudo isto acompanhado pela projecção espectacular de vídeos feitos para esta apresentação. Foram duas horas de tirar o fôlego a qualquer um em 40 noites que começaram no final de setembro de 2023 e terminaram esta madrugada (3 de Março 2024).

Se a Zoo TV Tour (1992) fez história nos anos 90 pela revolução que representou para o futuro dos concertos em estádio, a U2:UV Sphere Vegas marca o início de uma nova era para os grandes concertos do futuro. Existirá um antes e um depois, tal como aconteceu nos anos 90 e, uma vez mais, são estes irlandeses a dar cartas. Estes rapazes que caminham para os 50 anos de carreira (2026) e que agora, terminada a aventura em Las Vegas, rumam para o seu estúdio para terminar o novo trabalho (a apresentar no final deste ano) e preparar a World Tour 2025 (onde já se prevê uma paragem prolongada em Vegas num regresso à Sphere). A U2:UV Sphere terminou esta madrugada como devia terminar, ao som de “40” do álbum WAR:

Ficará guardado nas minhas memórias para sempre. Como ficará o grupo de Facebook “U2 at Sphere” onde mais de 22 mil pessoas se juntaram, de todas as partes do Mundo, ajudando quem queria ir ver o concerto partilhando informação e ajudando nas dificuldades. Fosse na aquisição de bilhetes, na escolha de voos sem esquecer aconselhamento em hotéis, restaurantes ou locais a visitar em Vegas. Uma verdadeira comunidade. E deixo aqui, para terminar, a foto de um grande fã português dos U2, o Sérgio Barbosa, um daqueles que nestas coisas dos U2 nunca falha:

Como ser processado por Pedro Abrunhosa: tutorial

Quero voltar para os braços da minha mãe e cantar-lhe uma balada de Gisberta. Por um momento, se eu fosse um dia o teu olhar, apanharia um barco para a Afurada para ficar mais perto do céu. O que é preciso é ter calma, não deixar entrar o diabo no corpo e lutar por ser o rei do Bairro Alto. Até porque eu e tu somos iguais, temos a mesma fantasia: talvez foder. Silêncio! Socorro! Sexo! Será? Vem ter comigo aos Aliados, tenho uma arma e não tenho mão em mim.

A verdade anda por aí

The Parallax View (1974)

 

Nos anos marcados pelo escândalo do caso Watergate, produziu-se, nos EUA, uma série de filmes que ficou conhecida como a dos “thrillers paranóicos”, com enredos que lançavam suspeitas sobre poderes tão distintos quanto o Governo (Os Homens do Presidente, Os Três Dias do Condor), a NASA (Capricorn One), interesses económicos diversos protegidos por um sistema de justiça cúmplice (The Parallax View), a corrupção nas forças policiais (Serpico), a energia nuclear (A Síndrome da China), ou o futuro da humanidade num cenário de desastre climático e em que um império corporativo controla a produção de alimentos (Soylent Green).

Os heróis destes filmes são muitas vezes jornalistas (inspirados por Woodward e Bernstein) mas também polícias, detectives, e gente comum, que, no exercício das suas funções, descobre um segredo terrível sobre uma entidade poderosa e arrisca a vida para revelá-lo. Os finais são frequentemente negros, com as forças que manobram na sombra a esmagarem sem piedade os indivíduos que lhes fizeram frente.

Quem cresceu alimentado por semelhante substrato acreditou desde cedo que existe uma verdade ocultada por uma conspiração generalizada, que nenhuma instituição é credível, que tudo depende de alguns indivíduos, uma pequena elite de homens e mulheres corajosos, capazes de enfrentar um poder sem rosto, e que, tomando como certo que todos somos mais ou menos impotentes, é pelo menos possível aspirar à lucidez de saber que nos mentem e dá-lo a conhecer a outros. [Read more…]

Dedico isto aos fãs dos Coldplay (com pipocas e, obviamente, sem ensaio)

O Museu da Mota Engil

 

Cá no burgo o actual governo desmantelou a administração do património cultural (se fez o que fez à área da saúde, do ensino, das forças de segurança e da justiça…..). Os recursos financeiros para os arquivos, bibliotecas, museu e monumentos são cada vez mais escassos. Não há dinheiro, dizem. A sério? Mas eis que de repente aparecem 34 milhões de euros. Para um Museu. Fiquei esclarecido.

“Para Angola, rapidamente e em força!”, alguém disse.

 

 

Notícias do fim-de-semana

In the magic the Homer dusk
past the red spire of sanctuary
I null she royal hulk
hasten to the violet lamp to the thin K’in music of the bawd.
Samuel Beckett

***

John Frusciante partiu um dedo e a acção do primeiro acto da Tosca, do meu vizinho Puccini, decorre na Basílica de Santo André do Vale.

Ah! O riff do Black Sabbath, dos Black Sabbath, é uma cópia do Marte, o que traz a Guerra (Os Planetas, op. 32), do Holst — vai já para aquela lista — e, falando em brummies, o grande Aston Villa ganhou ao Arsenal.

***

We will always have Manchester

Finally, at least one religious cult–the Southern Death Cult–developed at the end of the Mississippi Period and spread rapidly through the Mississippi River towns and even reached beyond them into the northern plains.
Marshall McKusick

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Oh yeah!

Gartejo, Lisboa, 15 de Junho de 1993

Coliseu do Porto, Porto, 9 de Novembro de 1994

Ancienne Belgique, Bruxelas, 7 de Março de 2008

Ancienne Belgique, Bruxelas, 16 de Outubro de 2009

Marés Vivas, Afurada, Vila Nova de Gaia, 19 de Julho de 2012

EDP Vilar de Mouros, Vilar de Mouros, 22 de Agosto de 2019

Ancienne Belgique, Bruxelas, 14 de Junho de 2023

Albert Hall, Manchester, 18 de Novembro de 2023

(em actualização)

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Poesia Sonora #1

I have climbed the highest mountains
I have run through the fields
Only to be with you
I have run, I have crawled
I have scaled these city walls
These city walls
Only to be with you.

But I still haven’t found
What I’m looking for.
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U2:UV Achtung Baby live at Sphere

A cidade de Las Vegas é um daqueles casos que ou se ama ou se odeia. É uma cidade excessiva. A primeira vez que a visitei foi em trabalho e fiquei sem palavras. Como dizia a quem me acompanhava, aquilo era uma “fricalhada” e tal como o jogo (razão da sua subsistência) ela era viciante. E se se olhar para lá da “strip” então maior é o vício.

Este mês Las Vegas inaugurou a sua última excentricidade, a Sphere. Um investimento privado superior a 2,3 biliões de dólares (mais de 2 mil milhões de euros). A Sphere é a mais avançada sala de espectáculos alguma vez construída para acolher, sobretudo, grandes eventos musicais. E, como podem ver no vídeo que acompanha este artigo, é absolutamente impressionante. Entenderam os proprietários que a melhor forma de lançar a Sphere era convencer os U2 a serem uma espécie de “lebre”. São 25 concertos tendo cada um capacidade para 18 mil espectadores. Ou seja, ao escolherem os U2 conseguiram quase meio milhão de espectadores até meio de Dezembro. São números de uma grandeza digna da excentricidade de Las Vegas.

A satisfação da vontade popular

Este livro não pode agradar a ninguém.
Camilo Castelo Branco

Une histoire abracadabrantesque.
Jacques Chirac

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A propósito da Ponte Almeida Garrett (que acabou por se chamar Ponte Dona Antónia Ferreira ou Ponte da Ferreirinha), Rui Moreira, presidente da câmara do Porto, pronunciou-se nos seguintes termos:

A parceria com o JN vai permitir-nos chegar a um nome para a nova ponte que prestigie a história das duas cidades, valorize a infraestrutura [sic] e satisfaça a vontade popular.

Hoje, ficámos a saber, através do Público, que Rui Moreira estará prestes a satisfazer a vontade de alguns (37 pessoas) que não querem esta estátua:

Rui Moreira quer que a escultura de Francisco Simões, inaugurada há 11 anos, vá para as reservas municipais. Artista [Francisco Simões] diz que petição subscrita por 37 cidadãos é “lamentável” e treslê a obra.

Há uns anos, Steve Hackel, professor de História na Universidade da Califórnia, Riverside, e promotor de uma moção a favor da substituição da denominação Dia de Colombo pela de Dia dos Povos Indígenas, criticou a vereação de Los Angeles (EUA) por ter retirado uma estátua de Cristóvão Colombo do Grand Park, numa decisão tomada “quase em segredo e sem debate”.

Veremos se há consulta da vontade popular ou se nos ficamos pelos gostos pessoais de alguns e sem debate.

Efectivamente, abradacadabrant.

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Looking for sugar man I Shall Be Released

Na  semana que passou morreram dois músicos, Sixto Rodriguez (dia 8 de Agosto, com 81 anos)  e Robbie Robertson  (9 de Agosto , com 80 anos).

Sobre o primeiro há que ver um filme sobre a sua vida, Searching for Sugar Man. Foi tão só uma bandeira anti-apartheid para a juventude da África do Sul no início dos anos 70. Um trovador esquecido durante trinta anos. Uma vida. 

Sobre o segundo, dizer que foi o guitarrista da banda de suporte de muitos músicos, tendo-se transformado naquilo que hoje conhecemos por The Band. Ele foi o cimento, por exemplo, do célebre álbum que Bob Dylan gravou, Blonde on Blonde (1966) e o ainda mais célebre The Basement Tapes (gravado na chamada casa The Big Pink) álbum conceptual gravado em 1967, após o acidente de moto de Bob Dylan, mas apenas lançado em 1975.

Robbie Robertson tornou-se o músico (bandas sonoras e arranjos) de Martin Scorsese em muitos filmes. 

Claro que todos nos lembramos do filme (e respectivo triplo álbum)  The Last Waltz.

Há que ouvir.

 

O dia em que Sinead O’Connor enfrentou os pedófilos da Igreja Católica

O ano é 1995 e eu estou a ver a final do Chuva de Estrelas. Entre músicas mais ou menos conhecidas para um miúdo de 10, 11 anos, aquela Nothing Compares 2 U bateu-me por ter uma sonoridade totalmente diferente daquilo que a rádio e os 4 canais de TV tinham para oferecer a um jovem com acesso limitado à imensidão do mundo da música. Foi o dia em que Inês Santos me deu a conhecer Sinead O’Connor.

Não sou o maior fã da sua música, devo confessar, mas aquela actuação e aquela música nunca mais me saíram da cabeça. Essa e a Wuthering Heights, de Kate Bush, interpretada por Jessi Leal, que venceria o concurso dois anos mais tarde. E pelos mesmos motivos.

Mais do que a sua música, marcou-me um episódio de 1992, que só conheci muitos anos mais tarde. Em directo no Saturday Night Live, Sinead O’Connor rasgou uma foto de João Paulo II, em protesto contra os abusos sexuais na Igreja Católica, que a instituição ainda negava. Pagou cara a ousadia, mas conseguiu atenção global para o escândalo, num tempo em que não se viralizavam causas na internet. Não se ia lá com dancinhas da moda. [Read more…]

The devil, himself

Mick Jagger, 80 anos, hoje.

 

Ser menos mau? Podia, mas vindo do Câmara Corporativa……

Sobre o actual Ministro da Cultura, já aqui , aqui e aqui tinha escrito.  Muito mais haveria a dizer, nomeadamente quando fala (mente) sobre a área do Património Cultural.

Transcrevo David Ferreira no programa “David Ferreira …..a contar consigo” de dia 22, na Antena 1.

O Pedro Adão e Silva até poderia ser um Ministro menos mau, dificilmente ele seria bom, porque vem de outras áreas, da sociologia e do comentário político, e portanto não traz consigo a solidez do pensamento estruturado e reflectido da cultura, mas poderia ser menos mau, e depois da Graça Fonseca já ficávamos a ganhar e muito. Ele parece interessar-se genuinamente pela cultura, e tem uma capacidade de trabalho que não tinham outras pessoas que passaram pelo Ministério da Cultura e pela vereação da Cultura na Câmara de Lisboa, por exemplo. O problema dele, e neste caso vê-se, está na superficialidade e nas ganas de ir a todas, rebaixando-se  a moço de fretes do 1º. Ministro, repetindo as ideias do chefe, quer no desprezo pelo Parlamento, quer no espantoso elogio da maioria silenciosa, imagine-se, o tabu do povo português, que não partilha das preocupações dos malandros dos jornalistas. E é pena. Pena porque por este andar ainda não é desta que vamos ter um Ministro da Cultura.”

Está tudo dito.

Morto.

Fotografia: José Coelho/Agência Lusa

O presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP) nem sempre foi Presidente da Câmara. Isto é, não nasceu para ser presidente, o que contraria a faixa mais tocada no cd dos neo-liberais: a do mérito. Na verdade, ainda ninguém percebeu bem qual o principal talento de Rui Moreira: estudou nos melhores colégios privados do Porto, estudou em Londres na Universidade de Greenwich e, sabe-se, depois disso nunca teve de enviar um CV na vida.

Rui Moreira foi, durante anos, presidente da Associação Comercial do Porto (ACP). Antes, foi um reputado empresário do sector imobiliário. O que, tendo em conta essa reputação, tornava lógica a sua presidência na ACP (e haveria de tornar lógico, mais à frente, o seu reinado enquanto presidente da Câmara Municipal, mas já lá vamos). Fora isto, poucos o conheciam.

Mas haveriam de vir a conhecer. Este filho e neto de Condes e Viscondes, haveria de se notabilizar por conta do comentário desportivo (olha quem!). Durante anos, foi o comentador afecto ao FC Porto no programa da RTP3 “Trio d’Ataque”, onde fazia a defesa acérrima daqueles que, há décadas, andam a usurpar o clube (aqueles que, sabia e sabe Moreira, lhe davam e continuariam a dar, também, a credibilidade que ele nunca teve). Aqui entra o FC Porto: o projecto mais apetecível para o empresário Rui. O comentador Rui Moreira, que abandonou o programa “Trio d’Ataque” em directo por, simplesmente, ter recebido uma opinião contraditória àquela que era a narrativa que este tentava fazer passar, foi subindo degraus e passou a ser “o cavaleiro-mor na defesa dos corruptos da direcção”, ao invés d’”o choninhas que comenta umas coisas sobre penáltis no canal público”. Estava dado o mote: Moreira haveria de ser, um dia, tudo aquilo que ambicionou. E o FC Porto há-de ser, daqui a uns anos, o último degrau. 

Rui Moreira no programa “Trio d’Ataque”.

Trocou o blazer de bombazina gasto à lá “tio liberal fixe da Foz” pelo fato completo à lá “tecnocrata dos gabinetes” e fez-se à vida. Empoleirado nos conhecimentos que fez enquanto presidente da ACP e nos amigos que tem no FC Porto, candidatou-se como independente à CMP com o apoio do CDS-PP e… venceu… três vezes. Ao CDS-PP juntaram-se outros projectistas do Porto como bem comercial, como a IL. O antigo mero comentador de um programa de comentário desportivo estava, agora, no lugar mais alto que ambicionou até então: era, agora, o Rei-mor do Porto. E restaurou o Porto à sua imagem, levando consigo os primeiros anos deste seu percurso. [Read more…]

Os traidores não têm pátria!

 

10 de Junho, dia de Portugal.

Local – Peso da Régua, cidade pombalina, cujos autarcas (o actual é do PSD) não sabem o que é nem o que significa.

Presidente da Comissão Organizadora – Nicolau de Almeida, enólogo, dispensa apresentações.

Douro – um bem inscrito na lista da UNESCO como Património Mundial. 

Vinhos do Douro e vinho do Porto – activos valiosos do país.

Casa do Douro – a casa dos lavradores do Douro

Áreas da governação – Agricultura, Cultura, Economia, e Território, pelo menos.

Ausentes no Peso da Régua – Ministra da Agricultura (Maria do Céu Antunes), Ministro da Cultura (Pedro Adão e Silva), Ministro da Economia (Costa e Silva), e Ministra da Coesão Territorial (Ana Abrunhosa).

Como qualificar estes Ministros? Dizermos que não tem vergonha na cara é pouco! 

O que mereciam?

Tina Turner (1939 – 2023)

A icónica fotografia de Peter Lindbergh para a capa do single Foreign Affair (1989), o quatro do álbum com o mesmo nome, onde figuram temas como The Best, é a melhor imagem de Tina Turner e daquilo que ela representava: uma artista livre e rebelde, que derrubou barreiras e transbordava talento e coragem, a ponto de subir para a estrutura da Torre Eiffel de saltos altos, sem duplos, truques ou cabos de segurança. Talvez sejam os quase 40 anos a falar, mas já não se fazem divas assim. Que descanse em paz.

Rita Lee (1947-2023)

Até sempre, Rita Lee.
Da vida à eternidade.

 

49 do 25 no Porto

Milhares de pessoas reuniram-se hoje no Porto para celebrarem os 49 anos da Revolução de Abril.

Crianças, jovens e idosos em comunhão para nos lembrarem todos do mesmo: a Liberdade conquistada em 1974 é um dos marcos mais importantes da História de Portugal, marco esse que é preciso nunca esquecer, zelando pelos valores de Abril, especialmente nos dias de hoje em que o bafio fascista dos tempos antigos parece querer assolar o nosso bem mais valioso – a Democracia.

E essa, a nossa Democracia, continuará a ser o pior de todos os regimes, com excepção de todos os outros. Não a percamos, pois então. Celebremo-la.

25 de Abril sempre. Fascismo nunca mais.

 

Fotografias: João L. Maio

Má educação

Os profissionais de Arqueologia da Administração do Património Cultural enviaram um documento, em 7 de Março, subscrito por 70% daqueles profissionais, para o Ministro da Cultura (solicitando também uma audiência), para o Governo (1º. Ministro) para a Presidência da República e para a Assembleia da República.

O documento em causa prende-se com o que já abordei aqui e aqui, e as consequências danosas para o nosso Património Cultural.

O que aconteceu então? Os órgãos de soberania ( Assembleia da República e  Presidência da República) e o Gabinete do 1º. Ministro acusaram a recepção do documento nos dias seguintes ao envio. Aliás o Presidente da Assembleia enviou o texto para a Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.

Passaram 3 semanas. E dada a ausência de resposta do Ministro da Cultura (nem sequer a acusar a recepção ) o documento foi enviado apenas  para o Jornal Público, dia 23, devido ao facto de aquele jornal ter abordado o assunto nas edições de 12 e 18 de Março (curiosamente sem ouvir os profissionais, apenas ouviu pessoas externas à administração do Património Cultural e chefias……).

Passou mais de uma semana. Nada de resposta, nem o Público acusou a recepção, nem “pegou” no assunto, quando os profissionais se disponibilizaram para serem ouvidos! Muito estranho…..

Assim, em 2 de Abril, texto foi enviado para uma série de jornais. O DN fez uma notícia sobre o assunto, nesse mesmo dia. Assertiva e tocando nos pontos essenciais.

O que aconteceu no dia 3 de Abril durante a manhã? 

O Ministro da Cultura acusou a recepção do mail e documento, tendo reencaminhado o assunto para a Secretária de Estado da Cultura!

Entretanto foram saindo várias notícias sobre o assunto, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

 

 

Mais um exemplo do processo de degradação do edificado

“Let them play jazz,” the second man said.
William Faulkner

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No sítio do costume e embrulhado numa redacção para encher chouriços, eis este magnífico exemplo do processo de degradação do edificado.

Já agora, acrescente-se o lado B.

Em Diário da República, há registo electrónico [Read more…]

João na Terra do Jaze

 

João na Terra do Jaze é o título de um livro de José Duarte, dado à estampa em 1981. Cito parte do prefácio (escrito por José Mário Branco, também já falecido):

Não moro na terra do jaze, esse país que tu nos contas, onde as coisas ouvidas não se complicam, são o que som. Aliás, também tu não moras nesse reino poderoso e antigo. Viémos à luz dentro dele, isso eu juro que viémos porque, no princípio , cada homem foi João.

Um, dois, três, quatro……isto não acaba, Zé, vós todos de algum modo resistentes, em nome de todos os Joões que a vida-cabra nos foi levando.

Recado de amor é coisa sempre complicada e meio parva na aparência. Uma respiração contigo, uma reivindicação contigo e com eles – a música é possível, sous le pavé l´herbe pousse não é só ecologia.

O preço destas coisas é sempre elevado como numa corrida de fundo. Aqui estamos, neste momento do percurso, meio contentes meio alegres, cada um vindo não se sabe de onde, indo não se sabe para onde, nós dois de calções e sapatilhas, a corrermos lado a lado.

Topas? Mais uma vez…..que linda figura a nossa!

LX. 2901,81

José Mário Branco.”

Escolhi esta foto do livro por causa de alguns Aventadores……..

Um, dois, um, dois, três, quatro, Cinco Minutos de Jazz

José Duarte (1938–2023)

Os Megadeth merecem muito melhor

We use the concepts of first strike, retaliation, megadeaths, and so forth, which we apply in just the spirit of those discussing strategy for a board game, while averting our minds from what it is that we are actually talking about.
— Michael Dummett (1986)

***

No relato, César Mourão menciona duas vezes os Megadeth: “Megadeth, Metallica e Nirvana” e “Nirvana, Megadeth, Metallica e Iron Maiden”. Mas o título selecciona: “Nirvana, Metallica e Iron Maiden”. E os Megadeth? Onde estão os Megadeth? Nenhures. Porquê? Integre-se esta lista na instrução a ministrar ao autor do lapso.

***

Mais uma machadada em Abril!

Numa entrevista ao JN em 7 de Fevereiro, o Sr. Ministro da Cultura (Ministro sem Ministério, diga-se), aborda as questões do Património Cultural. Cito :

“O património é exatamente aquilo que não é efémero e que garante a nossa identidade. Nós todos vamos passar, mas há uma permanência e uma continuidade, um conjunto de elementos, que são a nossa memória coletiva e que existem além do período em que nós vivemos. Portanto, preservar o património é garantir a memória. E a memória não é apenas um olhar nostálgico sobre aquilo que fomos, é uma forma de nos projetarmos, de olharmos para o futuro. E é por isso que nós precisamos, por um lado, da preservação do património – e isso, aliás, eu tenho dito várias vezes, e a prioridade política em 2023 no Ministério da Cultura é olhar de forma diferente com o investimento político, desde logo, e numa atenção particular àquilo que é o nosso património, os museus, os monumentos nacionais… Mas o património não é apenas um olhar de memória, é a forma como nós dinamicamente olhamos para a sociedade que somos hoje e procuramos projetar o futuro.”

Estas declarações merecem-me um grande LOL!

Para o Sr. Ministro, “olhar de forma diferente” é o que ele está a fazer, que é desmantelar a administração pública da área do Património Cultural, uma conquista do 25 de Abril!

O que é que interessa, por exemplo,  uma Igreja em Freixo-de-Espada-à-Cinta, propriedade do Estado, Monumento Nacional (Grão Vasco, esse mesmo, João de Castilho, o do Mosteiro dos Jerónimos) ?

O que é que interessam outros Monumentos, Igrejas, Castelos, Sítios Arqueológicos do país? Se ainda estivessem no Bairro Alto…….

A juventude sónica no Reino dos Belgas em 2023

Amanhã, em Liège, no Reflektor, Thurston Moore Group (com Steve Shelley). Depois de amanhã, em Courtrai (Kortrijk, no original), Lee Ranaldo, com os fabulosos The Wild Classical Ensemble. Só nos falta a Kim Gordon.

Para acalmar os ânimos, nada como duas rockalhadas à queima-roupa

Aproveitando este post do João Mendes, cá vão elas:

NIT: A ignorância é atrevida

E agora, para algo completamente diferente: a (ou será o?) NIT, uma coisa que julgo ser da TVI (ou será da Nova Gente?) e o seu colunista, o engenheiro civil Nuno Bento. Sim, o Aventar também pode ter o seu momento cor de rosa.

O senhor engenheiro escreveu umas coisas sobre os U2 nessa tal NIT. Gostos não se discutem. Não se discutem? Discutem. O homem não gosta dos irlandeses? Está no seu direito e não é o único. Agora, se vai escrever sobre um tema é conveniente saber do que está a falar e estar devidamente informado. Ah, mas o senhor é engenheiro, não é jornalista. Pois. Pode servir para atenuante. Só não serve para atenuar a ignorância. A primeira ao considerar, vou citar: “…a História foi cruel com Elvis. Hoje, infelizmente, não lhe damos o devido crédito“. Quem? Só se for o engenheiro. Na vida real e no mundo da música o crédito de Elvis é só o de génio e a história só o confirma – aliás, recentemente, entre filmes, documentários e versões de terceiros quase se pode dizer que, afinal, Elvis está vivo.

Não satisfeito, confunde “residência” em Vegas com 12 concertos únicos (que espero possam ser mais já que o certo é os 12 esgotarem em menos de uma hora, a exemplo de todas as digressões da banda). Não é nem uma “tour” (infelizmente) nem uma residência (interpretando o termo residência como é e sempre foi em Las Vegas). E, cereja no topo do bolo, meteu os pés pelas mãos na questão Larry Mullen Jr. Ora, foi exactamente por causa do estado de saúde de Larry que não foi realizada a Tour Achtung Baby 30 anos que estava prevista para 2022 e 2023. Nem o articulista informa que, para os concertos de Vegas, quem escolheu o baterista foi exactamente Larry Mullen Jr. A ignorância é tão atrevida que nem sabe (ou prefere omitir) da presença de Larry Mullen Jr, acompanhando Bono, nalguns dos eventos de apresentação do livro de Bono – não, não existe qualquer divisão na banda. A não ser que a NIT seja uma espécie de TV7 Dias em versão 2.0…

A escolha de Las Vegas para estes dois concertos não foi por acaso. E é público, nas inúmeras entrevistas que os quatro deram nos últimos meses e em especial (por motivos óbvios) Bono. Não existir a possibilidade, por motivos de saúde, de se realizar a esperada tour dos 30 anos de Achtung Baby, acrescido da vontade de dar algo aos fãs da banda que andam há anos a pedir mais concertos e, principalmente, a proposta colocada em cima da mesa pelos homens da MGM: inaugurar o mais futurista espaço de concerto do mundo com uma versão moderna daquela que é considerada a mais arrojada tour alguma vez feita, a Zoo TV Tour. Uma proposta que pretende oferecer aos U2 a possibilidade de fazer algo nunca antes feito. Já agora, no universo dos U2 as palavras “proposta” e “milionária” para catalogar este desafio da MGM é algo exagerado: os U2 vão receber 10 milhões de dólares pelo conjunto dos concertos e 90% da bilheteira ficando, a seu cargo, a produção. Se a coisa for dividida pelos 12 concertos previstos não é mais do que a receita de bilheteira de 3 concertos normais dos U2 numa tour nos EUA.

Não vou entrar pelas questões de gosto. Nem tão pouco pelas barbaridade ditas sobre os últimos trabalhos da banda. Quanto ao legado, o senhor engenheiro não se preocupe, o legado dos U2 está muito para além da sua música. Está em África no combate à SIDA/AIDS, está em Sarajevo (vá mas é ver o documentário “Kiss The Future”) e está no combate pelo perdão da dívida dos países do terceiro Mundo. Esse é um legado que nenhuma banda de rock até hoje igualou. Em termos de legado musical ele é tão vasto que nem vale a pena discutir. Uma coisa é certa, em Portugal a ignorância é mesmo atrevida… Hasta Las Vegas, Baby!

Os outros

Antes de ser Aventador já lia este blog. Mas também lia outros. Entretanto deixei de acompanhar  a maior parte deles, uns porque acabaram, outros porque deixei de ter interesse, e outros nem sei bem porquê. O tempo também não é elástico, e entre a família, os amigos, a profissão, o facebook, o twitter, os jornais (alguns), o instagram,  muita coisa fica para trás.

No entanto continuo a ler regularmente três blogs, além deste. São eles o Corta-fitas, o portadaloja e o portugadospequeninos.

Não leio todos os textos do Corta-fitas, mas os do Henrique Pereira dos Santos (que não conheço) são hoje para mim de leitura obrigatória. Incisivo, assertivo e fora do mainstream quotidiano que nos é injectado todos os dias, especialmente pelos OCS e pelo Governo.

Já com o portadaloja (cujo autor, José, também não conheço) tenho aprendido muito sobre música (cujos gostos partilho), e também sobre aparelhagens, vinil, CDs, literatura musical, etc. O autor tem uma cultura musical muito acima da média.

Quanto ao portugaldospequeninos de João Gonçalves (não conheço também) a acutilância e acidez dos seus textos são outro caso à parte na blogosfera (tem uma coluna semanal no JN), e vou-o lendo com gosto.

Escrevo este texto  sobre a “concorrência” num blog (este) com toda a liberdade e  respeito pela diferença.

 

 

 

 

Rua da Saudade – Retalhos – Luanda Cozetti

Luanda Cozetti cantando o tema de Carlos do Carmo da série da RTP “Retalhos da Vida de Um Médico“.  “(..) um documento social da primeira metade do século XX, desenvolvendo-se em volta da vida de um médico de aldeia, por pequenas terras provincianas do Sul de Portugal.” Cem anos passados, estamos onde?