Nuno Gomes Lopes
Na Holanda existe o 9292; na Dinamarca, o Rejseplanen; no Reino Unido, o Transport Direct; na Alemanha, o Bahn.
E em Portugal? Para os comboios, a página da CP; no Grande Porto, o Itinerarium; na Grande Lisboa, a Transporlis; para informação sobre camionetas, existem páginas como a da Rede Expressos ou afins. Em todos estes sítios, a informação é incompleta, desatualizada, monomodal, sem busca porta-a-porta, e se, por uma grande infelicidade, quisermos planear um percurso entre cidades utilizando mais do que um operador ou apenas dentro de uma cidade que não Porto e Lisboa, o acesso à informação é reduzido ou quase nulo.
Esta é a situação do planeamento de percursos em transportes públicos em Portugal. Ao contrário dos países referidos em cima, não existe uma página de internet que contenha informação cuidada e atualizada sobre os transportes públicos a utilizar. Quando muito, existem páginas de empresas, de câmaras ou de entidades públicas que disponibilizam informação restringida a um meio de transporte, a uma cidade ou a uma área metropolitana.
O que resulta disto? Por um lado, uma utilização incompleta por parte dos passageiros frequentes, que podem não saber quais os melhores horários, ou outras rotas disponíveis; uma utilização ainda mais incompleta por parte de passageiros não frequentes, que utilizam apenas uma rota ou que nunca perceberam bem o sistema tarifário, pagando por isso mais do que o necessário; a não-utilização de transportes públicos pelos utilizadores de automóveis, ou mesmo a não-deslocação por parte de pessoas com limitado acesso à informação existente. Daqui advêm problemas sociais, económicos e ambientais que podiam ser eliminados com uma boa ferramenta de cálculo de percursos.
Foi da vontade de combater este problema que nasceu o Teco Planner, agora Transportes Públicos.pt . Finalista do concurso Ideias de Origem Portuguesa, promovido pela Fundação Gulbenkian e pela Fundação Talento e vencedor do VIII concurso de ideias para a criação de empresas EIBnet promovido pela NET S.A., o Teco Planner propunha-se criar um portal com informação detalhada e atualizada sobre transportes públicos em todo o país. Este era um projeto que se queria colaborativo e aberto a todos.
O projeto amadureceu, formou-se em empresa social e tem disponível uma página (em www.transportespublicos.pt) onde já é possível fazer buscas para percursos que envolvam autocarros, carreiras, metro, funiculares ou comboios na área do Grande Porto. O Transportes Públicos.pt existe também no facebook (www.facebook.com/transportespublicos.pt) e em forma de blogue (www.transportespublicos.pt/blog/).
Semana a semana vão sendo adicionados mais horários, rotas e também novas áreas do território, assim como novas funcionalidades. Um exemplo disto é a busca transportes públicos + bicicleta, já em funcionamento.
Como referimos em cima, o Transportes Públicos.pt é um projeto colaborativo. A informação cartográfica sobre a qual trabalhamos é, à semelhança da wikipedia, introduzida por qualquer internauta que o queira fazer, através do www.openstreetmap.org . O cálculo de rotas é também feito em código aberto, através do www.opentripplanner.com . Todos os que quiserem colaborar podem introduzir novas rotas ou complementar horários (ou pedir que nós o façamos), existindo para o efeito uma página, com instruções para o fazer: http://www.transportespublicos.pt/html/Procedimento.html
Visitem, testem, divulguem, critiquem e colaborem!
O mais incrível, situação que verifico na área do concelho de Oeiras, onde resido, é ainda o facto de os operadores de transportes rodoviários já nem se darem ao trabalho, de há alguns bons anos a esta parte de afixarem sequer horários ou qualquer referência às carreiras disponíveis, nas paragens dos autocarros. Quem quer, é ficar à espera que apareça um, nunca se sabe se cinco minutos, meia hora depois ou no dia seguinte, e rezar para que seja do percurso que precisamos. Depois, é só pagar um bilhete de tarifa única dum valor tão exorbitante que paga o combustível, toda a despesa de manutenção do autocarro e a parcela do ordenado do condutor durante meio dia (por exemplo, um euro e meio para andar um km – verídico!) Os seja, só estão a contar com o dinheiro dos passes, de quem não tem por onde escapar, e dos tansos que ocasionalmente caiem na teia com moscas indefesas.
confirmo que na dinamarca o Rejseplanen era uma ajuda preciosa. nos meus tempos de erasmus não saia de casa sem primeiro consultar este site e as rota por ele sugeridas via transportes públicos raramente falhavam em tempo. tudo a horas.
“Em todos estes sítios, a informação é incompleta, desatualizada, monomodal, sem busca porta-a-porta, e se, por uma grande infelicidade, quisermos planear um percurso entre cidades utilizando mais do que um operador ou apenas dentro de uma cidade que não Porto e Lisboa, o acesso à informação é reduzido ou quase nulo.”
Só espero que a versão portuguesa funcione melhor, para a paisagem fora da capital, do que a inglesa – da última vez que a usei, acabei por descobrir tarde demais que um dos comboios, do qual dependiam as posteriores ligações, há muito que já não existia… E quanto a encontrar os bilhetes mais baratos… Humfff. De facto, o parágrafo acima descreve a minha experiência dos vários portais do género em Inglaterra!
“Todos os que quiserem colaborar podem introduzir novas rotas ou complementar horários (ou pedir que nós o façamos)”.
Não vale a pena apostar num sistema que não é em tempo real. Há alternativas mais sólidas, leia-se move-me.
E sem Android faz o quê, coçar os tintins? Perdeste uma óptima oportunidade para estar calado!
…
Muitos parabéns a quem desenvolveu este projecto!
Em princípio pode-se aplicar a qualquer cidade, näo?
what do you mean “sem o android” ?!?!
Bom dia. Em nome do Transportes Públicos.pt, queria agradecer os comentários. @nina luz, no Porto já existe há vários anos um sistema (http://www.stcp.pt/pt/itinerarium/) bem superior a qualquer tentativa criada em Lisboa para o efeito. @diogo, um sistema que não seja em tempo real mas que trabalhe com os horários existentes exige um investimento muito menor e tem resultados de grande qualidade. Pode-se também adicionar a um sistema que não em tempo real informações relativas a greves e a quebras de serviço que o tornem ainda mais funcional. Lembro que nenhum dos estrangeiros serviços citados é em tempo real, e funcionam. @Maquiavel, o TP.pt aplica-se a qualquer zona do país. Para já estamos a trabalhar na Área Metropolitana do Porto.
Até já!
Só é mau que o texto e a página do projecto venha em acordês. E já que existe este projecto, deviam pressionar as empresas a actualizar as informações, e a colocar informações sobre percursos que existem, mas que não estão disponíveis nas páginas.
Caro Pedro, obrigado pelo comentário. Nós no TP.pt gostaríamos que fosse a massa crítica gerada pelo projeto a ‘pressionar’ as empresas a fazer o que sugere, mas também a entrarem no nosso serviço, já que muitos estão renitentes.
E deixa o acordo que isso só faz mal à ortografia, e à vista.
Não sei se será assim tão simples que isso aconteça, mas é um bom ponto de partida para que as pessoas comecem a pressionar as empresas a tratarem melhor os clientes e a informá-los da melhor maneira. E obrigado pela resposta.
Caro Pedro, o TP.pt utiliza o Acordo Ortográfico desde o seu início. Certamente que, se não o tivéssemos feito, surgiria alguém a questionar-nos, também.
Posso dizer-lhe, em termos pessoais, que utilizo o AO 1990 há vários anos, independentemente do que tem acontecido. Não gosto de tudo no AO, mas concordo com muita coisa. Igual para a escrita anterior ao AO 1990.
Cumprimentos.
http://issuu.com/roquedias/docs/jrd_ao_estado_choldra É disso que você gosta, do caos ortográfico? Ou de termos ficado sozinhos na treta da unificação da ortografia?
Entrei nesta discussão a pensar que era sobre transportes públicos. Se ainda assim quiser continuar, o meu email é aulasdeviolino@gmail.com
Cumprimentos.