Vamos falar de memória?! De traição?! A sério?!

A história não é benevolente com quem não reconhece
a sua evolução e se mantém refém do passado” (José Maria Pedroto)

Créditos: sapo.desporto.pt

Começo a estar farto dos Alvarinho, dos Koehler, dos Lobo, dos avençados haters do Facebook, ou à espera dos Rio e dos Pinto da Costa, pai ou filho, para não ir mais longe. Apadrinhar um demarcado candidato da oposição tornou-se, no meu clube de paixão, um crime de lesa memória ou de injuriosa traição. Vamos falar de memória?! De traição?! A sério?!
As redes sociais, patrocinadas e protegidas por obstinados, chegaram também às eleições do FC Porto. Do mais soez ao mais escabroso, tudo é possível dizer. E escreve-se! Estranhamente, contra um único candidato, André Villas Boas. Este tornou-se o superlativo inimigo público a combater e derrubar. Todos, entre já assumidos ou porventura prestes a assumirem, preparam o festim se ele não vencer as eleições de Abril. Porquê? Porque partiu à conquista final da verdadeira cadeira de sonho, contra o sistema (de que fazem parte os actuais detentores do poder no Dragão, mas também aqueles que se perfilam, por interesses inconfessáveis, numa tácita aliança com JNPC, à boa maneira de outros palcos alegadamente menos asseados que o desporto, contudo criadores de mimetismos peregrinos no santuário desportivo).
Chega-se ao ponto de insultarem quem, ao sabor da sua forma enviesada de ver a coisa, terá estado no Dragão, contra o Moreirense, unicamente “para apoiar os clubes da capital, ver o Porto perder para poderem dividir”.
Surreal!

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Montenegro em bicos de pés

Autor Convidado: Rui Naldinho

Ao contrário da maioria dos seus antecessores, Luís Montenegro deslocou-se no pretérito domingo à Madeira, para festejar a hipotética maioria absoluta do PSD/CDS naquele arquipélago, numa clara tentativa de dar uma leitura nacional a uma eleição regional, cuja especificidade, está mais próxima das autárquicas do que de qualquer outra eleição de âmbito mais abrangente.

Ao contrário das expectativas criadas pelas empresas de sondagem, não acertam uma, Luís Montenegro também parece que não, o PSD local perdeu a maioria absoluta, tendo agora que negociar com o PAN ou com a IL. Mas Montenegro cavalgou um garrano em vez de um cavalo lusitano, com esta ida à Madeira. [Read more…]

Regresso às aulas – Assistentes operacionais

Missão Escola Pública

Regresso às aulas – Renovação e Carreiras

Missão Escola Pública

 

Regresso às aulas – Mobilidade por doença

Missão Escola Pública

 

Catarina Martins foi-se embora!

Fotografia: Ana Mendes

[Rui Naldinho]

O Bloco de Esquerda é um pequeno partido do espectro político português que nasceu 25 anos após o 25 de Abril de 1974. Herdeiro de uma série de pequenos partidos sem expressão parlamentar, com exceção da União Democrática Popular (UDP). Uma formação partidária que se assume como uma esquerda não estalinista, em contraponto com o PCP, cuja ligação à ex-União Soviética ainda hoje está latente nalgumas formas de pensar e atuar. De certa forma o BE é o que resulta no eleitorado à esquerda, dos que não se revêem no comunismo, e os que por várias formas se sentem defraudados com os permanentes ziguezagues do Partido Socialista. Eu até diria que, em 2015, o BE recolheu dezenas de milhares de votos de antigos eleitores do PSD frustrados e zangados com a governação da PàF, cuja fatura ainda hoje está a pagar.

Diríamos que o BE é uma espécie de união das freguesias não comunistas, num território à esquerda dominado pelos socialistas, mas que ao mesmo tempo estão nos antípodas da direita portuguesa. Podemos inferir sem grandes dúvidas que o reduto é pequeno. Mas é nesse reduto que este partido se move, com todos os condicionalismos que daí advêm, de ser um partido urbano, sem apetência pela governação dos destinos do país e, ligado a uma certa elite intelectual. Essas fragilidades fazem do BE uma flor de estufa. Mas goste-se ou não é a sua forma de estar na política, daí terem um eleitorado muito volátil, sempre disposto a ir apagar outros fogos, numa altura em que a direita se torna numa ameaça eleitoral, como aconteceu nas pretéritas eleições legislativas. Nem de haver grandes revoluções internas quando nas mesmas passaram de 19 para 5 deputados. Esse drama dá-se, sim, nos partidos de poder, porque altera substancialmente a correlação de forças. [Read more…]

Grândola, uma autarquia que atraiçoa os valores de Abril

Michael Hagedorn*

“Grândola, Vila Morena, Terra da fraternidade, O povo é quem mais ordena, Dentro de ti, ó cidade” – a canção mais simbólica do 25 de Abril voltará em breve a sair às ruas, por ocasião dos festejos do Dia da Liberdade.

Zeca Afonso escreveu a letra em 1964, após uma visita à Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, reduto da oposição à ditadura. Setenta anos depois, que significado tem a canção na realidade actual? O que encontramos hoje, se formos em busca desse espírito de luta popular e fraternidade em Grândola?

Em cada rosto igualdade, Grândola vila morena, Terra da Fraternidade

Com a sua Costa Azul de 45 km de comprimento, o município de Grândola tornou-se um centro de especulação imobiliária, com estâncias de luxo para celebridades e multimilionários de todo o mundo. O município, governado por uma maioria da CDU (PCP e PEV), promove proactivamente a venda e o licenciamento desta paisagem dunar natural única.

São nove, os resorts de luxo actualmente planeados ou já em construção, com uma capacidade de mais de 30.000 camas (população local: 13.000 habitantes). Incluem quatro campos de golfe com relvados verdejantes sobre o solo arenoso, hotéis, moradias, piscinas, espaços co-work, zonas comerciais, clínicas médicas, etc., arrasando milhares de hectares de habitats raros e sensíveis, ricos em biodiversidade, com várias espécies de flora protegida, com endemismos locais que constam da Directiva Habitats /Rede Natura 2000, no último troço de costa selvagem do país. [Read more…]

A Bela, o Monstro e o Monstro do Comunismo Lusitano

A Bela- a nossa Lusitânia, Portugal para os Amigos. Provavelmente o espaço territorial mais idílico para viver, seja pelas pessoas, pelas gastronomia, pela segurança ou pela diversidade e riqueza territorial.

O Monstro- a máquina do Estado português. Responsabilidade de todos nós, porque o Estado, somos todos nós. Estamos completamente alheados da política e decisões nacionais e alguns atores actuam como bem pretendem com a anuência de nenhuns!

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Menos uma subvenção vitalícia

Morreu o antigo ditador Adriano Moreira.

E raparigas? São o resto…

Isabel II morreu

Só falta o anúncio oficial.

Não gastem os 125 euros em putas e vinho verde

Isabel Jonet e o horror aos pobres.

E se aceitássemos a mudança como forma de evolução?

Joana Fonte*

No dia 25 de agosto, António Fernando Nabais recorre à sua liberdade de expressão e publica, no P3, uma resposta ao meu artigo de opinião, citando-me e expondo a sua visão crítica sobre o assunto.
Fernando Nabais envereda por um caminho e uma postura já bastante conhecida por todos nós, a de opor-se a uma mudança cuja necessidade já se torna gritante em todas as salas de aula das escolas. O autor depreende que, por me identificar como mestranda, provavelmente não possuo experiência profissional suficiente para ter feito as ditas afirmações, ou para participar neste debate – engana-se. [Read more…]

História da Fundação dos FC Porto

Proposta de capa: Leonor Pinto


No dia 14 de Abril de 1893, um grupo de jovens da colónia inglesa, acompanhados de alguns desportistas portugueses, todos ligados ao Velo Clube do Porto, juntaram-se para jogar à bola.
Terá nascido nesse dia uma experiência efémera, que esses jovens baptizaram com o nome de FC Porto. Aínda nesse mês, foi formada uma Direcção que tinha António Nicolau de Almeida Kelly de Aguilar como presidente e Joaquim Ferreira Duarte como presidente da Assembleia Geral.
Sabemos que em Junho os associados do clube se reuniram para aprovar o Regulamento Interno. O que parecia ser um projecto com bases firmes revelou-se, afinal, um entusiasmo da juventude que pouco durou.
Em 28 de Setembro desse ano, nada aconteceu na história do FC Porto a não ser a publicação de uma notícia num jornal de Lisboa a dar conta da sua fundação.
Em Outubro, esse FC Porto terá feito uma tentativa para lançar o clube, convidando Guilherme Pinto Basto, do Club Lisbonense, para um jogo no Porto.
Mas Guilherme Pinto Basto declinou e, ao invés, fez o mesmo convite a Hugh Ponsonby, secretário do Oporto Cricket and Lawn Tennis Club, que aceitou.
O jogo acabou por realizar-se em Março do ano seguinte. Um jogo entre as cidades de Porto e Lisboa que o rei D. Carlos decidiu patrocinar.
O FC Porto de 1893 nada teve que ver com este jogo. Que decorreu no campo do Oporto Cricket, com o equipamento do Oporto Cricket e com Hugh Ponsonby como capitão de equipa. 10 dos 11 titulares jogavam no Oporto Cricket. [Read more…]

Da falta de médicos à falta de professores

Terminadas as férias e “resolvido” o problema dos médicos, pelo menos até ao próximo Verão, virá o problema dos professores.

Não vão faltar notícias diárias acerca dos milhares de alunos que não têm todos os professores.

A Comunicação Social de vez em quando acorda para os problemas do país. Antes tarde do que nunca.

Quanto ao PS, assobiará para o lado e tomará umas medidas ridículas. Poucochinhas, inúteis e injustas – como as de Abril, em que completou automaticamente os horários incompletos dos professores colocados a partir daí, prolongando-os até 31 de Agosto, enquanto mantinha incompletos e temporários os horários daqueles que já tinham sido colocados antes.

O PSD, por seu lado, fingirá que não é nada consigo. E que nunca esteve no poder.

Planeamento? Medidas estruturais? Pensar para além da própria barriga?

Otelo, vencerás porque o povo vencerá!

Misael Martins*

Cumpre-se hoje, 25 de julho, um ano da morte de Otelo Saraiva de Carvalho, figura incontornável da história da segunda metade do século XX português pela sua valorosa participação no desenho das operações militares que depuseram o fascismo e inauguraram o biénio revolucionário de 1974/75, período ao longo do qual Otelo desempenhou múltiplas funções e se destacou, no campo revolucionário do MFA, por dirigir o Comando Operacional do Continente (COPCON).
Otelo foi muitas coisas e o seu projeto político não era heterodoxo nem se consubstanciou sempre nas mesmas pretensões. Representa, no entanto, e essencialmente, uma confiança nas massas, uma convicção de que o caminho da revolução devia ser desenhado pelo povo, direta e autonomamente, organizado nas suas próprias estruturas, e não por comités centrais, conselhos militares ou decretos parlamentares. [Read more…]

Liberdade para ignorar

Misael Martins*

A família Mesquita Guimarães, sinistras e anacrónicas figuras que também dão pelo nome
de “os pais de Famalicão”, deram uma entrevista exclusiva à SIC em que se encarregaram de
deixar bem claras as razões de fundo que os movem na sua batalha judicial contra o Estado
português que se arrasta há mais de quatro anos: fundamentalismo religioso e vontade de
controlar ao limite um direito que nenhum pai ou mãe pode negar aos seus filhos num
Estado de direito – o direito à educação.
Artur e Ana Paula Mesquita Guimarães alegam que o Estado não se pode sobrepor aos pais
na educação das crianças e agitam, até, um conceito estranho ao sistema de educação em
Portugal: a objeção de consciência, no sentido de impedir a frequência dos seus filhos de 14
e 22 anos das aulas de Educação para a Cidadania. A posição não é recente e o caso já se
arrasta há vários anos na justiça, com intervenções por parte do agrupamento de escolas de
Famalicão e da própria Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. Também não são
recentes as invetivas destes pais, membros da Opus Dei, contra a “ideologia de género” e a
educação sexual, com reconhecidos méritos, desde a sua introdução nos currículos, na
disseminação da utilização de métodos contracetivos entre os jovens e na consequente
diminuição de gravidezes na adolescência e de doenças sexualmente transmissíveis. [Read more…]

E da união da Opus Dei com o Chega, nasceu… o pai de Famalicão

Num país livre e democrático, seitas secretas e que conspiram na sombra contra o Estado de Direito não deviam ter lugar. É o caso da Opus Dei (ou da Maçonaria).
Da mesma forma, um Partido racista, xenófobo, homofóbico, aporofobico, é um Partido que afronta a Constituição da República e, como tal, também não devia ter direito a existir.
Ora, no Portugal do primeiro quartel do sec. XXI, a Opus Dei uniu-se ao Chega e pariu um espécime máis conhecido por pai de Famalicão. Um amish à moda do Minho.
Tal como a Opus Dei que lhe deu forma, afronta o Estado de Direito e as instituições democráticas e sente-se no direito de ter leis próprias para si e para os seus filhos, diferentes das dos comuns dos mortais.
Nada a que o Clero não tivesse direito nos tempos do Antigo Regime. Mas na altura, não precisavam de recorrer a tribunais.
É uma chatice.

O FC Porto de Pinto da Costa é um circo


Não vale a pena virem falar do passado, dos milhares de títulos conquistados, dos 7 troféus europeus e mundiais e da transformação de um clube regional num clube internacional.
Pinto da Costa foi provavelmente o melhor dirigente da história do futebol. Mas hoje vive da gratidão de todos aqueles que, como eu, viveram toda aquela transformação. Vive do passado, mas a mim o que me interessa é o futuro.
A verdade é que Pinto da Costa e finito.
Há muitos anos. Embora Sérgio Conceição, com o seu trabalho, tenha vindo a esconder a incompetência de quem já não tem idade, nem energia, nem visão, para dirigir um clube como o FC Porto.
A incompetência de alguém cuja única preocupação, neste momento, é a de sustentar, com o dinheiro do clube, uma turba de comissionistas e de tachistas, na qual se inclui a sua família, dirigentes e empresários do seu círculo e uma guarda pretoriana constituída por macacos e macacas. [Read more…]

Carta de amor à Bárbara Bandeira

À Leonor, amor da minha vida

Olá Bárbara.
Pensei muito em declarar-me. E apesar de teres Holanda no nome, acabei por escolher o dia da França, 14 de Julho, para fazê-lo.
A verdade é que te amo.
Ouvi falar de ti pela primeira vez num programa da RTP, o “Cosido à Mão”, em que participaste como convidada.
Valha a verdade que não despertaste grande interesse na Leonor, por isso em mim também não.
Os meses passaram e em meados de 2019 voltei a ouvir falar de ti como cabeça de cartaz das festas de S. Bento das Peras. Apesar de morar em Rio Tinto, não fui. A Leonor nada sabia de ti, por isso eu também não.
Parece que chegaste muito atrasada ao concerto. Ainda hoje, a D. Cátia da minha rua diz mal de ti por causa desse atraso. A D. Cátia é a mãe do Serginho, um amigo da Leonor.
Foi poucos dias depois que o nome Bárbara Bandeira passou a ser uma presença assídua cá em casa.
Era tarde e Inês era morta. Ainda hoje a Leonor, então com 10 anos, lamenta não te ter conhecido alguns dias antes, por isso eu também lamento.
Mas não tivemos de esperar muito tempo. [Read more…]

Rankings das escolas: 21 públicas nos primeiros 25 lugares

O post original já tem alguns anos, mas por continuar muito actual, justifica-se a repetição.
A nossa Comunicação Social acéfala teima em repetir ano após ano um conjunto de dados que nada diz sobre o ensino em Portugal – como comparar uma escola pública gratuita e universal com outra que selecciona os seus alunos?
Assim, como quem de direito não faz o seu trabalho, o Aventar decidiu elaborar o seu próprio «ranking» das escolas secundárias.
Partindo das Classificações de Exame em cada escola, decidimos acrescentar uma variável sócio-económica e uma outra relacionada com o número de alunos que cada escola levou a exame. Estas variáveis destinam-se a corrigir as assimetrias regionais e económicas que se verificam no nosso país e a dimensão de cada estabelecimento de ensino.
Essas duas variáveis traduzem-se da seguinte forma no nosso «ranking»:

– bonificação de 20 pontos (em 200) para as escolas públicas dos distritos do interior do país;
– bonificação de 10 pontos (em 200) para as escolas públicas dos distritos do litoral do país (excepto Lisboa e Porto)
– bonificação de 10 pontos (em 200) para as escolas privadas do interior do país;
– bonificação de 5 pontos (em 200) por cada 100 exames realizados para todas as escolas.

Tendo em conta estes valores, obviamente subjectivos (mas tão subjectivos como a lista que a comunicação social anualmente publica), o «ranking» do Aventar é o seguinte:

1 – Escola Secundária Alves Martins (PUB, Viseu) – 215,69
2 – Escola Secundária Jaime Moniz (PUB, Madeira) – 196,37 [Read more…]

Um povo sem memória é um povo sem futuro (a propósito do ataque à História no sistema de ensino)

A desvalorização, o desprezo com que as Ciências Sociais são encaradas, não é de hoje.
Ciências como a História, que nos dão o passado, a memória, a identidade, começam lentamente a ser apagadas do sistema de ensino.
Em algumas escolas, no 3. ciclo, História é unida à Geografia e à Cidadania (uma disciplina que engloba tudo como se fosse tudo a mesma coisa). Noutras escolas, vão mais longe e apagam mesmo o nome da História e da Geografia. Passam a chamar-lhes Ciências Sociais. Noutras ainda, História e Geografia já desapareceram do 7. ano. Ou deram-lhes 50 ou até 25 minutos semanais.
Do 3. ciclo, rapidamente se seguirá o secundário e depois o superior. Afinal, quem quererá seguir uma disciplina que não existe?
Compreende-se. Para o poder político, quanto mais ignorante for o povo, melhor. Mais fácil é de conduzir a manada. E nada melhor do que apagar toda a sua identidade, a sua memória, o seu passado.
Há quem chame a isto democracia.

Chora, bebé!

Porque há ajudas que podem valer uma vida

 

 

 

 

 

 

Ainda a propósito do meu último post, agradecimento eterno à Bárbara Bandeira. Poucos fariam o que ela fez a troco de nada. Obrigado, Bárbara.

A Leonor, a Bárbara Bandeira e uma história de amor

Há momentos que dificilmente se esquecem, Leonor.
Enquanto eras informada pelos médicos do Hospital de S. João de que terias de ficar internada, enquanto eras picada para te colherem sangue, choravas por não poderes ir ao concerto da Bárbara Bandeira em Junqueira. «Ó pai, se voltar a comer bem, posso ir ao concerto de Felgueiras no dia 27?» – perguntavas-me já mais calma meia hora depois.
Compreende-se. És uma menina que viu os primeiros sinais de doença aparecerem há dois anos e que, a partir daí, perdeu amigos e praticamente todos os interesses na vida, a não ser a Bárbara.
Desde então, e apesar de todas as tentativas, é praticamente a única coisa que te interessa: os concertos, as fotografias com ela no final (já tens tantas!), as entrevistas, os clubes de fãs, as páginas dedicadas.
Desta vez, a doença veio com uma força inacreditável. Começou com a recusa do pequeno-almoço e progrediu rapidamente. Sem o sabermos, terá sido na mesma altura que deixaste de almoçar na escola. Daí até pulares o jantar e passares 24 horas sem comer, foi um pequeno passo. 24 horas… 48… 72. [Read more…]

Professores: O regresso dos mortos-vivos

Estão doentes durante o ano lectivo inteiro, mas ė vê-los a regressar todos ao serviço na última semana de aulas.
Parecem os mortos-vivos.
Nada de grave. Em Setembro, voltarão a cair de cama gravemente enfermos.
É uma minoria, eu sei. Mas uma minoria extremamente ruidosa. Fazem tanto pela má imagem pública dos professores como fez a escumalha de Maria de Jesus Rodrigues há uns anos.
Como é que eu explico isto a quem se queixa da escola?
O ensino público resistirá. Porque, apesar deles, continua a ser o único sistema justo, democrático e inclusivo.
Lições de moral não recebo. Sou de Esquerda, sou professor e nunca renunciei a alunos nem mandei outros colegas para o desemprego só porque as aulas tinham acabado.
Ao pessoal de Direita que pensa poder usar isto como guerra ideológica, pode dar meia volta.

As gentilezas da Câmara Municipal de Gondomar


A Câmara Municipal de Gondomar, empenhada numa campanha a favor de maiores acessibilidades e inclusão na deficiência, nem por isso esquece os mais desfavorecidos – os condutores, aqueles que nada têm a não ser um automóvel nas mãos.
Vai daí, numa rua de movimento da freguesia de Valbom, acabou de colocar uns pilaretes no passeio, mas a cerca de um metro de distância da estrada. Não fosse o caso de esta solução pôr em causa a frágil suspensão dos veículos, a Câmara não poupou nas despesas e decidiu rebaixar o passeio nesse trecho da rua. Gentiliza extrema para os condutores, que assim não têm de subir o passeio.
Não é uma obra antiga. É coisa feita e terminada há dois ou três meses. É Valbom, mas no resto do concelho é igual.
Diz que a Associação Salvador está muito contente com esta solução em prol dos condutores portugueses.

PCP nunca mais

Desde que posso votar, há mais de 30 anos, votei quase sempre no PCP. Por causa da defesa dos trabalhadores, dos mais carenciados, do papel do Estado na sociedade.
Defendi sempre o PCP publicamente. Comecei a escrever no 5 Dias, um nome mítico da blogosfera, e foi a partir daí que nasceu o Aventar.
Nunca tendo sido comunista, via o PCP, ainda assim, como aquele que mais se aproximava das minhas posições.
A política internacional era outra coisa. A defesa sistemática de Ditaduras e de regimes autoritários. A Coreia do Norte ser uma Democracia. A China. A Venezuela.
Ao defender um regime nazi como o de Putin. Ao hostilizar um país que após décadas de opressão russa caminha finalmente, desde há 8 anos, para a democracia plena. Ao insultar Zelensky, um presidente democraticamente eleito em 2019 e que em três anos teve de lidar com uma pandemia e uma GUERRA. Ao relativizar uma invasão cujos argumentos não diferem muito dos de Hitler («conquistar espaço vital»), o PCP tem as mãos cheias de sangue.
E desta vez não dá mais para ignorar. As mãos sujas de sangue do cão assassino Putin não são muito diferentes das mãos sujas do PCP e de todos os que continuam a defender o indefensável.
Seja o Jerónimo de Sousa, seja o Miguel Tiago, seja a obscura e sinistra professora de Filosofia da Ponta do Sol a que o Aventar (infelizmente) em tempos deu guarida.
Para mim, PCP nunca mais. Acabou. Não vai dar para esquecer.

O estado a que chegou a Biblioteca Municipal do Porto

Frementes de agitação e de movimento, os funcionários da Biblioteca Municipal do Porto afadigam-se, atropelam-se para entregar os 5 volumes diários permitidos aos 3 leitores presentes.


A pandemia começa a desaparecer, as medidas vão sendo suavizadas, mas há uma instituição – pelo menos uma – que não sai do caminho que trilhou e que vem dos tempos dos confinamentos.
Como se estivesse tudo igual. E a pergunta é: até quando?
A Biblioteca Municipal do Porto continua a apresentar barreiras incríveis a todos os que tentam fazer alguma coisa.
Continua a ser necessário fazer a requisição prévia -com dias de antecedência – do que se quer pesquisar.
No caso de periódicos, por exemplo, agora lembraram-se que só podem ser pedidos 5 volumes por dia.
Ou seja, quero fazer uma consulta rápida, porque sei exactamente a data que procuro. Demoro uma hora com os tais 5 volumes e não posso fazer mais nada o dia todo. Só no dia seguinte…
E tudo isto se tiver sorte. Se alguns dos volumes estiverem em mau estado e não puderem ser consultados, paciência. Só para terem uma ideia, toda a colecção do «Jornal de Notícias» está fora de consulta até cerca de 1970. Idem para outras referências da cidade como o «Comércio do Porto ou «O Primeiro de Janeiro».
Apesar de haver muitos dicionários e enciclopédias na Biblioteca, parece que por ali ninguém conhece o significado da palavra restauro. [Read more…]

A voz dos portugueses de bem