Carlos Moedas e a extrema-esquerda

Ainda sou do tempo em que a ideia de transportes públicos gratuitos era uma loucura totalitária-estalinista-não-sei-quê da extrema-esquerda. Sorte a dos lisboetas, Carlos Moedas entrou em cena e moderou-a. Ou então está refém de alguma milícia marxista-leninista. Alguém lhe mande um WhatsApp, só para certificar que está tudo bem.

Karl Moedas e os transportes públicos gratuitos em Lisboa

Quando, na antecâmara da campanha eleitoral pela CM de Lisboa, Beatriz Gomes Dias e João Ferreira avançaram com propostas para que a autarquia garantisse transportes públicos gratuitos na cidade, a direita arrancou as vestes, “monelhos de cavelo”, e guinchou, em uníssono, o conteúdo da cassete que é hoje a sua imagem de marca: comunismo, extrema-esquerda, marxismo cultural.

Agora, que Carlos Moedas reafirma a intenção de garantir transportes públicos gratuitos “para os mais novos e para os mais velhos”, sem contudo clarificar até que idade se é considerado “mais novo” e a partir de que idade se é considerado “mais velho”, dessa direita histérica acima descrita, que se agita ao sabor do vento e sem um plano para o país, nem um pio.

Contudo, sotor Carlos Moedas, se o objectivo é garantir a descarbonização, é fundamental que clarifique também qual será a situação dos principais utilizadores dos automóveis na cidade de Lisboa, que não são nem os mais novos, nem os mais velhos, mas a população trabalhadora que, regra geral, é mãe e pai dos primeiros, filho ou filha dos segundos. Dito isto, avante, camarada Moedas! Os transportes públicos brilharão para todos nós!

Coronabus-19

cobus

Não estamos todos no mesmo barco. Nunca estivemos. Alguns de nós estão no autocarro, à pinha, e não têm alternativa. Outros, os tais que escreveram uma carta a “pedir” ao governo para acelerar o processo de desconfinamento, à qual Costa acedeu caninanente, não precisam de transportes públicos.

No autocarro

autocarro

Num autocarro de serviço urbano, cujos passageiros terão, todos, mandado uma pinocada há menos de uma hora, à pinha, uma mulher de meia idade, flácida, de aspecto descuidado, ocupa um lugar sentado, praticamente adormecida, mal segurando com uma das mãos um saco com compras. No corredor e a seu lado, um homem de meia idade, flácido, de aspecto descuidado, desperta do embrutecimento rodoviário típico porque um líquido pastoso encharca-lhe a meia do pé esquerdo – o seu melhor pé. [Read more…]

Transportes Públicos – Crowdfunding

Nuno Gomes Lopes

O Transportes Públicos.pt providencia rotas para percursos em bicicleta, a pé ou em transportes coletivos. Todos os modos de transporte público são utilizados. Temos como objetivo cobrir todo o território nacional, mas para já cingimo-nos à área entre Braga e Aveiro e à ilha da Madeira, com doze operadores presentes no sistema e calculando rotas em ferries e nos modos rodoviário e ferroviário.

transportes-publicos-promotores

O sistema tem três premissas: a sua gratuitidade, a fiabilidade dos dados e a qualidade da busca.
Para garantir a sua gratuitidade no curto prazo lançamos uma campanha de recolha de fundos (crowdfunding). Escolhemos o PPL, uma plataforma portuguesa de crowdfunding, para alojar a nossa campanha.
Realizámos um vídeo com uma produtora sediada em Guimarães, a Lumatera, com a participação, entre outros, do arquiteto Nuno Portas. [Read more…]

Sem carro, sem stress. Transportes Públicos na ponta dos dedos

Nuno Gomes Lopes

Na Holanda existe o 9292; na Dinamarca, o Rejseplanen; no Reino Unido, o Transport Direct; na Alemanha, o Bahn.
E em Portugal? Para os comboios, a página da CP; no Grande Porto, o Itinerarium; na Grande Lisboa, a Transporlis; para informação sobre camionetas, existem páginas como a da Rede Expressos ou afins. Em todos estes sítios, a informação é incompleta, desatualizada, monomodal, sem busca porta-a-porta, e se, por uma grande infelicidade, quisermos planear um percurso entre cidades utilizando mais do que um operador ou apenas dentro de uma cidade que não Porto e Lisboa, o acesso à informação é reduzido ou quase nulo.
Esta é a situação do planeamento de percursos em transportes públicos em Portugal. Ao contrário dos países referidos em cima, não existe uma página de internet que contenha informação cuidada e atualizada sobre os transportes públicos a utilizar. Quando muito, existem páginas de empresas, de câmaras ou de entidades públicas que disponibilizam informação restringida a um meio de transporte, a uma cidade ou a uma área metropolitana.
O que resulta disto? Por um lado, uma utilização incompleta por parte dos passageiros frequentes, que podem não saber quais os melhores horários, ou outras rotas disponíveis; uma utilização ainda mais incompleta por parte de passageiros não frequentes, que utilizam apenas uma rota ou que nunca perceberam bem o sistema tarifário, pagando por isso mais do que o necessário; a não-utilização de transportes públicos pelos utilizadores de automóveis, ou mesmo a não-deslocação por parte de pessoas com limitado acesso à informação existente. Daqui advêm problemas sociais, económicos e ambientais que podiam ser eliminados com uma boa ferramenta de cálculo de percursos. [Read more…]

Uma esmolinha para o magistrado, faxavor!

Paula Teixeira da Cruz terá afirmado que não se deve retirar aos magistrados o direito a andar gratuitamente de transportes públicos, porque isso obrigaria o Estado a pagar ajudas de custo para as deslocações de serviço.

Arrisco-me a ser confundido com o portuguesinho que critiquei há pouco tempo, mas seria interessante investigar quantos e quais são os trabalhadores que pagam, do seu bolso, o transporte que os leva ao local de trabalho. [Read more…]

Sim betinhos, há pessoas que não têm carta, quanto mais carros

A direita está em polvorosa porque Ana Drago solicitou um carro e um motorista à Assembleia da República para se deslocar em serviço a um Parlamento dos Jovens.

Que horror, estão a ver? e chamam burgueses aos outros, os pindéricos!

Além de a própria AR confirmar ser isso perfeitamente legal e normal, o que os betinhos nem sequer conseguiram ler é que Ana Drago não tem carta. Sim, há portugueses que não têm carta, uns porque não podem e outros porque entenderam que não deviam ter, grupo em que orgulhosamente me incluo. Este horror faz parte do desprezo com que encaram os políticos de esquerda que usam diariamente transportes públicos. Ainda há dias, no Expresso, uma jornalista foi ter com Francisco Louçã para uma rubrica sobre poupanças porque o homem vai de autocarro para o parlamento.

– Não é uma questão de poupança, mas sim de conforto, não tenho de andar a procura de estacionamento, – explicou-lhe.

Pelos vistos na redacção não compreenderam. Na da Sábado também não lhes apeteceu.

Agora quando Assunção Esteves foi apanhada a fazer compras com motorista a transportar os sacos e segurança, não vimos a mesma indignação. Mas essa sim, é indigna.

Cromo do Dia: Governo

Ainda não estão contabilizadas as consequências do aumento do IVA para a restauração, do aumento para o dobro das taxas moderadoras, da redução de horários e supressão de transportes públicos, etc., mas os níveis de confiança das famílias e empresas nunca andaram tão por baixo. Não sei se é a isto que chamam “união para vencer os desafios”, “motivação para cumprir os grandes desígnios nacionais” ou “comunicação eficaz”, mas com uma população depauperada e descrente não há milagres económicos que aconteçam.

governo de passos coelho

Transportes públicos e transportes privados

Há muito que ando a pensar no problema dos transportes públicos dos grandes centros urbanos. Os transportes são públicos porque, penso eu, preconizam um serviço essencial à sociedade que deve ser assegurado pelo Estado a um custo inferior ao que resultaria se o serviço de transporte fosse assegurado por transportes privados.

Tanto a Carris como os STCP (Sociedade dos Transportes Coletivos do Porto) funcionam em áreas muito movimentadas, com muitos clientes. Tanto uma como outra, digo eu, têm condições para ter resultados de exploração positivos. Acontece que, na realidade, estas duas empresas têm acumulado prejuízos atrás de prejuízos. Não tenho dúvidas que, estando em áreas metropolitanas com muita população, esta atividade seria facilmente assegurada pelos privados.

Vivo numa zona rural onde os transportes públicos que existem pertencem a empresas privadas. A taxa de ocupação é muitíssimo inferior à taxa de ocupação da STCP ou da Carris, mas as empresas continuam a assegurar o transporte regular e conseguem gerar lucro, caso contrário já se teriam retirado. Urge perguntar, por que razão estas empresas continuam a dar prejuízo? Não será melhor deixar as empresas privadas explorarem a atividade de transporte naqueles locais (pelo que sei, corrijam-me se estiver enganado, as empresas privadas estão proibidas de circular em algumas zonas, que são exploradas exclusivamente por aquelas empresas)? O erário público agradece.

Se o Estado deve proteger os mais carenciados, por que razão é que os transportes continuam a ser públicos nos grandes centros urbanos (onde há mais pessoas, logo mais interessados em explorar esta atividade) e continuam a ser privados nas zonas mais rurais, onde os privados não são muito atraídos pelas condições de mercado?

Texto de João Pinto / Cortesia de Criticamente Falando

Privatização dos transportes de Lisboa e do Porto

O ministro não mentiu quando disse que os transportes de Lisboa (Metro + Carris) e do Porto (Metro + STCP) não iriam ser privatizados. O negócio é ainda melhor, vão ser concessionados! Lucro puro e não adulterado para os amigos – se formos a ver essa coisa do investimento e manutenção de infraestrutura é uma coisa muito cansativa…

Eis a resposta tímida do ministro da economia quando questionado sobre este tema:



Audição em Comissão Parlamentar

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In illo tempore

Poucos minutos depois das 0h00 de há 32 anos – 10 de Setembro de 1979 – atrás recolheu às extintas instalações dos Serviços Municipalizados de Braga, à rua do Avelino, o último troleicarro que circulou em Braga.  Eram tempos muitos agitados e conturbados e a rede de transportes urbanos da cidade – troleicarros incluídos –, então operados por uma companhia privada, a SOTUBE, estavam na “mira” da nacionalização, tão em voga na época: a SOTUBE (boa ou má, não interessa agora ao caso) era diariamente “torpedeada”: inclusive tinham tido recebido, pouco tempo antes, ordem de despejo das instalações dos SMB da dia para a noite, e só os troleicarros ali permaneciam “de favor”. Favor esse que terminou em 10 de setembro de 1979, um domingo, quando a ‘Avenida’ passou, por determinação camarária, a ter apenas circulação viária no sentido descendente; ora como os troleicarros a usavam cerca de 200 m no sentido ascendente… consumatum est.

Os troleicarros, esses, estavam decrépitos; e a rede ainda em pior estado. Mas dois veículos tinham sido recarroçados 4 anos antes; quem sabe a SOTUBE queria continuar…

Tudo, como se sabe, foi para Coimbra, que ainda usa algum material da linha aérea; os carros foram vendidos como sucata. “Sobra” o carro-torre, uma velha relíquia – em breve apenas relíquia dado o péssimo estado de conservação em que se encontra num esconso do pátio descoberto dos SMTUC.

Mas hoje recordemo-los enquanto eram o melhor do havia na “cidade dos Arcebispos”: em frente à Arcada, em foto de Arselino de 1965, na minha coleção pessoal.

Emídio Gardé

Ninguém gosta dos transportes públicos

A moda agora é defender que se acabe com tudo o que dá prejuízo.
Parece-me bem, principalmente se contabilizarmos tudo que temos que contabilizar sempre que analisamos o custo de um serviço.

Eu por exemplo acho que os custos atribuídos ao transporte individual privado estão subavaliados… não consideram quanto tivemos que investir em infraestruturas (nomeadamente autoestradas), o impacto que tem no ambiente (qualidade do ar e não só), o impacto económico das importações de petróleo (que, não, não vão ser compensadas com a construção de mais barragens), o impacto social de ter menos tempo disponível para trabalho/descanso (pelo tempo que passam em filas de trânsito) etc, etc.

Por isso até acho que devíamos aumentar o custo da gasolina (para 2€/l por exemplo) e/ou portagens de forma a incorporar esses custos. A receita extra seria naturalmente para aplicar em transportes públicos.

Não em projecto faraónicos tipo tgvs que não têm nada de público e limitam-se a ser fonte de rendimento para construtoras mas… sei lá… por exemplo para acabar a remodelação da linha do norte (que começou há 20 anos) para os pendulares poderem circular sempre a 200kmh, ou, bem há centenas de pequenos projectos possiveis que poderiam ser feitos.. é só escolher. Mas claro, primeiro é preciso decidir.

Metro Mondego, ramal da Lousã e poeira para os olhos

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O assassino de comboios de serviço no governo mandou a primeira bojarda sobre o assunto e João Pinto e Castro veio logo defender o homicídio do ramal da Lousã. Era preciso um idiota útil para o efeito e apareceu um inútil.

O ramal da Lousã seria deficitário se fosse só um ramal. O metropolitano de superfície de Coimbra, Metro Mondego de seu nome, não será deficitário porque com a sua componente urbana garante a viabilidade do empreendimento coisa que foi estudada durante anos, e aprovada pelo governo, que o afirmava há exactamente um ano. Acresce que encerrar uma linha e investir milhões nela para agora querer abandonar o projecto é de tolos.

João Pinto e Castro queixa-se do fanatismo pela ruralidade. Não lhe vou explicar que a Lousã e Miranda do Corvo cresceram como subúrbios de Coimbra precisamente porque tinham comboio, porque isso implicava explicar-lhe um bocadinho de geografia, tarefa complicada.

Eu e os meus conterrâneos, de todos os partidos, somos mais contra o fanatismo pelos transportes urbanos subsidiados, como os de Lisboa e Porto, que nós pagamos sem os usar. O que já pagámos ao longo destes anos chegava para manter o comboio como estava mas nem é isso que queremos: muito simplesmente pedimos que acabem a obra que começaram, e que não inventem estudos, quando se preparam para privatizar todas as linhas de comboio rentáveis, nomeadamente as suburbanas de Lisboa e Porto.

33% das indemnizações compensatórias 2010 vão para RTP e LUSA

Indemnizações compensatórias 2010

Neste gráfico, feito com os dados publicados hoje no Diário da República, vemos que o grosso das indemnizações compensatórias para 2010 vai para duas áreas principais:

  1. Comunicação social (RTP e LUSA): 32,90%
  2. Empresas de transportes públicos (Carris, STCP, CP, ML, REFER, Metro do Porto, SATA, TAP, SOFLUSA e TRANSTEJO): 46.16%

A análise destes números revela alguns aspectos curiosos. É o que se aborda a seguir.

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A Beleza da Sociedade Automóvel

Um dia todos teremos o direito constitucional a um carro, ou a um porsche em cima do passeio, em cima do jardim, dentro das rotundas, dentro das universidades, ao redor das cidades…  via Menos1carro.

Em revista

Diz o Público que o líder parlamentar social-democrata, Aguiar Branco, rejeita a possibilidade de mais um “orçamento limiano”.
Acho muito bem: o que as contas do Estado menos precisam é de matéria gorda. Nem um orçamento de tempos de vacas magras bate certo com queijo flamengo.
Já a TVI24/IOL destaca que as ambulâncias do INEM estão a servir de taxi gratuito para os utentes.
É o que dá não haver investimento sério e eficiente na rede de transportes públicos, a par da subida do crude que tem aumentado o preço da bandeirada.
Ainda a TVI24/IOL, refere que uma lésbica se manifestou durante a apresentação de um livro contra o casamento homossexual.
Parece-me que há pessoal que ainda não se apercebeu bem das potencialidades que o casamento homossexual terá em sede de manifestações lésbicas: a partir de agora muita gente não terá de andar a ver cenas lésbicas às escondidas na net, poderá usufruir duma vistas dessas sentado num qualquer banco de jardim e ao vivo.