O calendário

 

Há uns anos, quando adolescente, entrar numa oficina de automóveis era um pouco como aceder a uma ala do paraíso. Não por causa das ferramentas, dos mecânicos com óleo nas mãos, do ronco dos motores ou sequer de alguns belos exemplares da criatividade da indústria automóvel. Eram os calendários.

 

Não havia oficina que não os tivesse. Os calendários. Fossem feitos de várias folhas e fotografias ou apenas de uma folha base com pequenas folhinhas onde surgiam os dias da semana e de cada um dos meses, eles estavam lá. Com a sua principal característica, as raparigas nuas. Em meio corpo ou corpo inteiro.

 

Eram calendários que surgiam sempre ligados à indústria automóvel. Fornecedores de peças, sobretudo. Muitos apareciam nas cabinas dos camionistas que circulam por essas estradas fora.

 

O mais famoso, o mais cobiçado, era o da Pirelli. Não era um simples calendário. Bom, ali, na oficina automóvel, parecia um simples calendário. Mas não era e continua a não ser. Era – e deve continuar a ser – uma obra de arte.

 

Este ano, a marca escolheu o excêntrico fotógrafo americano Terry Richardson, que foi ao Brasil fazer as imagens de cerca de duas dezenas de modelos.

Terry é o sucessor de fotógrafos como Robert Freeman, Brian Duffy e Harry Peccinotti, entre outros. Quis imagens simples, sem retoques. O mais natural possível. Ainda bem.

Todos os anos, a construtora de pneus investe uma pequena fortuna a produzir um dos seus ícones. Deve dar resultado. Convenhamos que ano sem calendário da Pirelli não seria a mesma coisa.