Notas sobre o calimero: o uso da expressão “dois pesos e duas medidas”

O calimerismo futebolês consubstancia-se numa série de expressões fixas que, grosso modo, servem para deixar claro que a nossa equipa é sempre prejudicada pelas arbitragens e/ou por outras entidades mais ou menos obscuras, como a Federação, a Liga ou uma outra sociedade secreta qualquer.

A injustiça de que somos alvo resulta sempre do facto de que somos os enteados prejudicados pelo benefício conferido aos filhos ou que estamos sempre à sombra, quando outros andam constantemente bronzeados.

Diante dessas injustiças, que, para cúmulo, são frequentes e exclusivas, o calimero calejado recorre habitualmente à expressão “dois pesos e duas medidas”. Os outros têm a leveza e a suavidade do benefício; nós suportamos toneladas e hectolitros de subtracções clínicas, desde o penálti sonegado até ao furto do VAR.

O calimero, de uma maneira geral, está plenamente convencido de que tem toda a razão, mesmo quando sabe que os adeptos dos adversários usam exactamente o mesmo, por assim dizer, argumento. É claro que há uma diferença, do ponto de vista do calimero: todos dizem o mesmo, mas só nós é que temos mesmo razão – a expressão fixa é vazia na boca alheia e cheia de significado no nosso lábio que faz um beicinho plenamente justificado.

Fica uma lista de ligações em que se faz uso da expressão “dois pesos e duas medidas”. É divertido, mas nunca será instrutivo.

[Read more…]

Será que André Ventura os tem no sítio?

André Ventura não gosta do Papa Francisco. É natural. Francisco tem alertado para a ameaça que representam a instigação do ódio e a instrumentalização da fé católica para fins políticos, duas das especialidades de um político que por várias vezes se assumiu como enviado ou escolhido por Deus.

A táctica de autopromoção de Ventura, contudo, obriga-o a não hostilizar o Papa, como de resto não hostiliza padres pedófilos. No entanto, atendendo a que o Papa Francisco afirmou, há dias, que a guerra da Ucrânia está a ser alimentada pelos interesses de vários impérios, e não apenas pelo interesse do império russo, o mínimo que Ventura e os funcionários da sua unipessoal podem fazer, depois da vergonha a que ontem submeteram a Assembleia da República, é convocar nova manifestação para as Jornadas Mundiais da Juventude, acusar Francisco de servir Putin, insultá-lo e insultar todos os que o seguem. Seria giro de ver, se André Ventura os tivesse no sítio.

Fun fact: não tem.

“Esperar tantos anos, torna tudo mais urgente”

“Aí
Só há liberdade a sério
Quando houver
A paz, o pão, habitação, saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir…
………………………
Esperar tantos anos, torna tudo mais urgente”
(Sérgio Godinho)


Os 49 anos da revolução são, infelizmente, de desencanto. Sentimo-nos despojados de um ideal que conquistámos, mas que ficou incompleto no trajecto – o tal PREC (Processo Revolucionário em Curso) que podia ter servido para o progresso social, se bem escoltado por gente decente – porque hordas – chusmas – de políticos, muitos deles nados e criados em linhas de montagem das juventudes – leia-se madraças – partidárias, estropiaram quase todos os sonhos de Abril, da longa Madrugada libertadora.

Perpetuar esta conquista vai a caminho de ser gerido por quem não faz a mínima ideia do que foi viver em Portugal antes de Abril. Que não tem a ínfima noção do que os seus pais e avós passaram em África, na Índia, em Timor. Porque os seus pais têm de esconder dos filhos o que sofreram, preferindo arrostar em silêncio a vergonha de se verem usados, maltratados, esquecidos os seus ossos no mato, as suas pernas na picada, os seus braços nas minas, os stresses de guerra, a incompreensão, a ingratidão. Por isso eu leio todos os dias, em páginas de antigos combatentes, essa revolta permanente, de quem se sente a mais, ainda que sempre tenha dado tudo por um valor a que chamavam pátria, e em nome desse valor esfacelaram-lhe as mentes em tropas especiais, ensinando-os a matar, a matar, a matar! Ou empurraram-nos, à tropa macaca, para o matope, para barracões de zinco e tijolo no mato, para bombardeamentos sem hipótese de defesa, para trilhos minados, para emboscadas de morte ou martírio, e sequelas para toda a vida. [Read more…]

Aqui está aqui o parecer em falta

Antes que seja, também, vítima de lavagem cerebral, aqui deixo o meu parecer sobre toda esta marmelada da TAP.
Sou de parecer que os Senhores Ministros das Finanças e o das Infra-estruturas deveriam ter sido imediatamente demitidos por triste e má figura pelo despautério ético de demitir dois gestores públicos numa conferência de imprensa transmitida, em directo, por váriios canais televisivos.

Tal destrate é, de todo, insensato por descabibo, uma vez que poderiam facilmente comunicar verbalmente com os referidos gestores ou, inclusivamente, escrvever.

Eça de Queiroz tinha razão: isto é uma “choldra ignóbil”

Eu, sinceramente, até nem tenho a certeza que o melhor caminho seja a dissolução da AR (tentarei explicar mais abaixo). Mas quer a perspectiva quer os argumentos que normalmente suportam a decisão de o não fazer, parecem-me supinamente hipócritas.

[Read more…]

A descomunal tareia de Meloni em Macron

Não obstante a dissidência intelectual e política com a Primeira-Ministra de Itália, não desprezo nunca uma lição de história, venha ela de Adriano Moreira ou de Fernando Ruas, avatares que cito como mera explicação à distância que os separa, sobretudo politicamente.

Vem isto a propósito da tareia, um autêntico massacre ao esquecimento das vicissitudes da história, que a Senhora Giorgia Meloni desferiu sobre o presidente francês, Emmanuel Macron.

Pelos vistos, o nada arrogante, pouco ostentoso, quase inexistente tribuno e chauvinista graduado classificou os italianos como “irresponsáveis”, “cínicos” e “repugnantes”.

Perante as insistências dos meios de comunicação, a Senhora Meloni não se fez rogada, juntou uns milhares para ouvi-la, puxou a culatra atrás e disparou de rajada: “Os irresponsáveis, Emmanuel Macron, são aqueles que bombardearam a Líbia porque não queriam que a Itália obtivesse concessões energéticas importantes junto de Kadhafi, e nos deixaram perante o caos das migrações ilegais que ainda estamos a enfrentar”. [Read more…]

Má educação

Os profissionais de Arqueologia da Administração do Património Cultural enviaram um documento, em 7 de Março, subscrito por 70% daqueles profissionais, para o Ministro da Cultura (solicitando também uma audiência), para o Governo (1º. Ministro) para a Presidência da República e para a Assembleia da República.

O documento em causa prende-se com o que já abordei aqui e aqui, e as consequências danosas para o nosso Património Cultural.

O que aconteceu então? Os órgãos de soberania ( Assembleia da República e  Presidência da República) e o Gabinete do 1º. Ministro acusaram a recepção do documento nos dias seguintes ao envio. Aliás o Presidente da Assembleia enviou o texto para a Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.

Passaram 3 semanas. E dada a ausência de resposta do Ministro da Cultura (nem sequer a acusar a recepção ) o documento foi enviado apenas  para o Jornal Público, dia 23, devido ao facto de aquele jornal ter abordado o assunto nas edições de 12 e 18 de Março (curiosamente sem ouvir os profissionais, apenas ouviu pessoas externas à administração do Património Cultural e chefias……).

Passou mais de uma semana. Nada de resposta, nem o Público acusou a recepção, nem “pegou” no assunto, quando os profissionais se disponibilizaram para serem ouvidos! Muito estranho…..

Assim, em 2 de Abril, texto foi enviado para uma série de jornais. O DN fez uma notícia sobre o assunto, nesse mesmo dia. Assertiva e tocando nos pontos essenciais.

O que aconteceu no dia 3 de Abril durante a manhã? 

O Ministro da Cultura acusou a recepção do mail e documento, tendo reencaminhado o assunto para a Secretária de Estado da Cultura!

Entretanto foram saindo várias notícias sobre o assunto, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

 

 

Brace yourselves: a gasolina e o gasóleo vão subir

O preço do barril de Brent vai subir. Agradeçamos aos nossos amigos das monarquias totalitárias do Golfo, ao nosso ex-amigo Putin e às restantes autocracias que compõem a OPEP+, que decidiram cortar a produção. Tudo gente boa, excepto a Venezuela. E o Putin, claro.

Por falar em Putin, esta malta da OPEP+ não deve fazer parte da comunidade internacional que está em peso contra a Federação Russa. Se fizesse, não lhe faria um frete destes.

Os argumentos de Putin estarão no Porto, no próximo 25 de Abril

Jordan Peterson tem sido um dos tais que condena a invasão de Putin com um “mas” a seguir.

Porém, ao contrário daqueles que apontam a ingerência norte-americana como causa primária para o conflito, Peterson tem uma explicação mais criativa para “operação militar especial” do Kremlin: a culpa é do “Ocidente degenerado”.

Tal como os eternos combatentes do imperalismo conduzido a partir de Washington, Jordan Peterson tem igualmente apontado o “expansionismo da NATO” como causa da invasão. [Read more…]

2009 – 2023: Que comecem os festejos!

Em Março de 2009 nascia o Aventar, pela mão do seu fundador (Ricardo Santos Pinto). Eu cheguei um pouco mais tarde, pela mão de outro fundador: o José Manuel Freitas. Nesta casa sempre existiu pluralidade. Sempre se respeitou a diferença. E a Liberdade foi sempre a trave mestra. Sempre. O Aventar nunca foi a preto e branco, nunca foi de pensamento único. E tão diferentes que somos uns dos outros: na política, no futebol, na forma como olhamos para a sociedade (e como nela estamos).

Numa sociedade cada vez mais de tolerância zero, o Aventar habituou-me a uma total liberdade: a ser aquilo que sou; a fazer aquilo que quero; a respeitar a diferença e a não ser obrigado a concordar com a opinião do outro nem obrigar o outro a concordar com a minha. E tudo isto em colectivo. Num colectivo. E que momentos épicos aqui se viveram ao longo destes anos. E ninguém escapou: José Sócrates, Pedro Passos Coelho, António Costa e os Presidentes da República Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa – para só sublinhar aqueles cujos mandatos coincidiram connosco. O Aventar passou por muita coisa: ameaças, insultos, processos de intenção e tantas outras peripécias. Ossos do ofício. O momento mais negativo e que ainda dói profundamente foi a partida do João José Cardoso.

O Aventar é uma espécie de barco a navegar em mar alto. Uns dias o mar está calmo, noutros a tempestade é gigantesca. A pesca é diária (ou quase). Umas vezes à linha e outras em modo “pesca de arrasto”. Por vezes uns pescadores resolvem regressar a terra e noutras surgem novos aventureiros com a cana pela mão. Nos últimos anos a blogosfera esvaziou. Somos do grupo dos resistentes. Sobrevivemos. Ainda estamos vivos. Cheios de arranhões, com alguns hematomas e mais velhos. Eu também estou mais velho e até perdi umas peças pelo caminho. É a vida. Nos últimos anos, sobretudo desde a pandemia, a blogosfera voltou a crescer (ou, pelo menos, estancou a queda) e o Aventar é disso um exemplo. Será uma luz ao fundo do túnel ou apenas um comboio a entrar na linha? Não sei.

Só sei que estes 14 anos de Aventar foram uma aventura e tanto. A vertigem das noites eleitorais, as infinitas discussões direita vs esquerda, as polémicas sadias, o debate de ideias, o activismo nas mais diversas lutas, os almoços e encontros de aventadores, a experiência do Podcast Aventar, a tradução do memorando da Troika, a guerra ao acordo ortográfico e tantos outros momentos. São 14 anos disto. E o que foi (e é) mais importante? Esta ser uma casa de Liberdade. E que bem que me sinto nela. Convosco, Aventadores.

E que comecem os festejos de aniversário!

André Ventura recebe os amigos de Putin

Em menos de 24 horas, André Ventura recebeu o emissário de Orbán, principal aliado europeu de Putin e força de bloqueio de sanções da UE ao Kremlin, e questionou os aliados de PCP, BE e PS, com Moscovo nas entrelinhas e acusações de hipocrisia. [Read more…]

Confirmação dos votos

No dia 3 de Dezembro de 2012, pelas 15h47 de uma segunda-feira, redigi no meu blogue pessoal, ao qual não acedia há anos, uma publicação intitulada: “Porto Canal e mística portista” (https://letrasecoisas.blogspot.com/2012/12/porto-canal-e-mistica-portista.html).
Não tenho recordação de alguma vez ter abjurado as minhas convicções clubistas naquilo que alguma vez escrevi (e foram muitas as vezes em que o fiz), mesmo quando não estava de acordo com as posições da Direcção (nem se falava em SAD por essa altura) ou de um departamento do clube cuja comunicação me estava entregue.
Tenho um percurso limpo, embora polémico e inflamado, saí das Antas, muitas vezes, de madrugada, e paguei muitas vezes o táxi para casa, vivi sempre na aura da paixão que ainda nutro, hoje, ao fim de tantas décadas, pelo meu clube. Sim, apaixonei-me pelo FC Porto numa tarde, quase criança, no Monte dos Arcebispos, a ver um Sporting de Braga-FC Porto, penso que amigável, e sonhei ser o Hernâni para marcar aquele golo…
Neste intervalo vasto de vida, parti muita pedra, vi nascer craques em todas as modalidades, mais no futebol, no basquetebol, no hóquei em patins e no hóquei em campo, as modalidades a que estive ligado, entrevistei campeões, treinadores e atletas, também padeci perdas irreparáveis, sofri e venci como poucos adeptos e tenho usado os 40 anos disto para me vingar do que passei quando o Porto jogava bem, quando perdia, e não merecia, quando ganhava… [Read more…]

Marcelo mentiu ao país

Marcelo Rebelo de Sousa mentiu ao país. Mentiu de forma deliberada, com o calculismo que se lhe conhece, e quis fazer-nos todos de parvos. E mentiu porque não só sabia da vinda de Lula da Silva, como foi o próprio Marcelo a fazer o convite. Tal como foi ele quem, a 31 de Dezembro, informou pela primeira vez o país sobre a participação do presidente do Brasil nas cerimónias do 25 de Abril. O poeta de Fernando Pessoa é um fingidor, mas tem muito que aprender para fingir tão completamente como o Presidente da República de Portugal.

E agora BE?

 

 

Durante o governo da geringonça houve amor ou sexo no casamento entre o BE e o PS? Ou os dois? Quem amou ? Quem fez a outra coisa?

Papel passado houve. Os votos ( na Assembleia da República ) também.

E agora? Chorar sobre leite derramado? Querem casar outra vez?

Atenção, pois o divórcio só foi bom para a outra parte……

 

A paz dos mais fracos

Conta-se que durante a transmissão televisiva de uma final de um torneio de ténis  (Borg/McEnroe), Álvaro Cunhal, que se encontrava na sede do PCP, quando perguntou qual era o mais fraco, responderam “John McEnroe“, e começou a torcer por ele. Tendo sido confrontado com o comentário de que se tratava de um norte-americano, o então Secretário-Geral do PCP terá respondido qualquer coisa como “É o mais fraco, e os comunistas estão sempre do lado dos mais fracos“.

Dito isto:

A substituição de Jerónimo de Sousa à frente do PCP pelo actual Secretário-Geral Paulo Raimundo soou, de início, a uma tentativa de  interpretar o que correra mal nas últimas eleições legislativas, abrindo um eventual novo ciclo.

Todavia, percebe-se que, afinal de contas, e por mais paradoxal que pareça, o PCP insiste e persiste na estratégia que Nixon usou na gestão das fitas de gravação no “Caso Watergate”: se um erro não resolve, tentemos outro.

Primeiro, foi a narrativa de que a invasão da Ucrânia pela Rússia foi por culpa da Ucrânia. Isto, depois da versão de que Rússia se preparava para invadir a Ucrânia, era uma fantasia criada pelos EUA.

Agora, perante o forte apoio militar do Ocidente com vista a equilibrar os pratos da balança no combate, a lógica é de que tal apoio apenas serve para alimentar a escalada do conflito. E que aquilo que se devia promover era a negociação da paz e não a alimentação da guerra.

Ora, o que fez o PCP quando invadiram as suas sedes no PREC?

Convidou os invasores para se sentarem e negociar um qualquer entendimento?

Não: defendeu, e bem, as suas sedes com tudo que podia arranjar, desde armas de fogo até fueiros, braços e punhos, e peitos dispostos a enfrentar balas, para garantir a integridade perante os invasores e incendiários. E toda a ajuda era bem-vinda.

Ora, se um país é invadido por outro, tanto mais uma super-potência, vai fazer o quê? Um convite para um chá? Ou luta pela sua integridade territorial e pela sua existência? [Read more…]

Ucrânia: calculismo, hipocrisia e um povo que sofre sem solução à vista

Um ano depois, ainda há países europeus a importar produtos russos, contribuindo para o esforço de guerra das tropas invasoras. A indústria dos diamantes sediada em Antuérpia segue intocável. Algumas empresas ocidentais continuam em solo russo, sem que se exija, do lado de cá, qualquer tipo de boicote. E nos paraísos fiscais, a maioria controlada ou parte integrante do território de países como o UK, o business segue as usual. And the list goes on and on.

Um ano depois, não conseguimos bloquear a economia russa. O sofrimento do povo ucraniano, e de tantos outros povos, continua uns degraus abaixo dos interesses económicos da elite global. Na guerra como na paz, o capitalismo é quem mais ordena. Muito dano foi causado, é certo, mas pouco teria acontecido sem pressão popular. A democracia, com todos os seus defeitos, continua a ser o melhor sistema. Não admira que os ucranianos também o queiram. [Read more…]

Joe Biden em visita surpresa a Kiev (c/ video)

Trump rastejou e poliu os sapatos de Putin em Helsínquia, Biden visitou Kiev ao som das sirenes. Goste-se ou não de Biden – e eu não morro de amores por ele – a diferença é inequívoca.

Cavaco Silva e a rentabilidade “muito discutível”

Cavaco Silva questionou ontem os gastos de milhões em projetos sociais de rentabilidade “muito discutível”. Isto num evento da Santa Casa da Misericórdia. Sem se rir.

Mas não ignoremos o alerta deste ícone maior da velha guarda da porta rotativa. A julgar pela compra e venda de acções da SLN, pela permuta na Herdade da Coelha e pelo financiamento que as suas campanhas receberam de sacos criativos do BES, Cavaco é, efectivamente, uma autoridade no que toca a projectos de rentabilidade “muito discutível”.

FAKE NEWS vindas de Portugal

Supostamente, o pequeno país situado no extremo oeste da Europa é governado há sete anos por um Partido Socialista.

Após analisarmos alguns dados estatísticos do dito país, bem como extensa documentação de políticas e declarações dos seus governantes, estamos em posição de garantir que o nome auto-atribuído pelo partido no governo não passa de FAKE. Conforme se constatou, o conteúdo dos cérebros de todos os elementos do governo e dos seus programas são inteiramente neoliberais e têm conduzido a uma espargata tão aberta entre pobres e ricos que ameaça esgaçar irremediavelmente o tecido social. Disso é também indicador o crescimento acelerado da extrema-direita.

Ao nível da comunicação social, é surpreendente a proliferação de comentários pró-neoliberais que requerem uma aplicação ainda mais rigorosa desta ideologia. Obrigados a sobreviver nesta pretensa “normalidade”, os portugueses apresentam já fortes indícios de, em massa, padecerem de esquizofrenia.

O “sistema” em defesa de André Ventura: o caso de Miguel Relvas

Disse Miguel Relvas, a propósito da integração da extrema-direita num governo PSD:

A verdade é que  há um grande preconceito por parte da comunicação social e do país em relação ao discurso do CH e à imagem do CH.

Mas Relvas não partilha desse preconceito. Aliás, não lhe repugnaria ver o CH integrado num governo PSD. Se dúvidas restassem sobre a capacidade da elite capitalista em acolher a extrema-direita nos seus braços, Relvas foi claro e transparente a esse respeito. Coisa que Montenegro, entre uma dissimulação e outra, não conseguiu ainda ser, apesar de ser evidente, o caminho que pretende seguir.

P.S: Se André Ventura é tão “antissistema” como afirma ser, estou certo que rapidamente se afastará deste endorsement. Ou expõe ainda mais a sua hipocrisia e a falsidade da sua narrativa.

Ventura e Montenegro: descubra as diferenças

Nunca pensei dizer isto, mas quando André Ventura fizer ao PSD de Montenegro o que fez àquele pequeno partido do pai da deputada Rita Matias, vou ter saudades do CDS. E vocês também. Eram tempos mais simples.

Saudades da guerra santa dos bolsominions

Jihad cristã, como não amar?

Na Mouraria, Montenegro ficou mais próximo de Ventura

No rescaldo do incêndio na Mouraria, que vitimou mortalmente dois emigrantes e expôs as condições desumanas em que vivem, com a cumplicidade dos senhorios que não têm como ser alheios ao que se passa nas suas propriedades, Luís Montenegro apresentou ao país a sua visão para a emigração: um programa para escolher os colaboradores que queremos em Portugal.

Se Montenegro descesse ao país real, rapidamente perceberia que os colaboradores que a economia procura são sobretudo aqueles que estão disponíveis para trabalhar, por salários miseráveis, nas entregas, na restauração, na construção civil e no lado menos glamouroso do turismo. Projectos com nomes pomposos e objectivos moderníssimos como “atrair talento” não resolvem o problema imediato de grande parte dos empresários portugueses, que é encontrar quem venda a sua força de trabalho pelo menor valor possível, para fazer as tarefas que a maioria dos portugueses já não quer fazer.

[Read more…]

Os esquemas de contratações de Santana Lopes na Figueira da Foz

Denunciámos os esquemas de contratações através de avenças de Santana Lopes na Figueira a 4 de dezembro de 2022. Alguma imprensa local publicou o nosso comunicado, como a Figueira TV ou o Diário As Beiras, mas outros houve que pura e simplesmente nos ignoraram. Informalmente, foi-nos comunicado que os editores tinham receio de perder receitas da publicidade institucional da câmara ou de empresas que dela dependem. Também enviámos a denúncia para a Lusa. Na altura, nas redes sociais locais as reações foram mínimas, aqueles que nos atacam furiosamente por tudo e por nada quando criticamos o executivo, desta vez, estavam estranhamente calados, percebemos que houve ordens para não reagir. A estratégia era abafar o assunto. O que é certo é que o assunto esteve perto de ser abafado não fosse a nossa insistência na Assembleia Municipal.

 

O nosso comunicado de dezembro denunciava a distribuição de avenças a alguns dos seus apoiantes, amigos e companheiros de estrada, sem qualquer justificação plausível. Para a Câmara da Figueira vieram pessoas, de Lisboa a Montemor-o-Velho, que trabalharam anteriormente com Santana Lopes no partido Aliança e no PSD para realizar trabalho para o qual já existe pessoal especializado e com qualidade na própria câmara. Uma das avençadas, Ana Isabel Martins, veio assessorar a vereador da Ação Social, auferindo uma remuneração superior à da própria vereadora. [Read more…]

Se fosse na bola era vermelho directo!

Como expliquei aqui, o que se está a passar é muito grave. 

E lembrei-me logo da altura do governo Passos Coelho/Paulo Portas, e da posição, assertiva e muito importante, do BE, através da sua eterna  Coordenadora  a  atriz  e deputada Catarina Martins, contra a extinção do Ministério da Cultura levado a cabo pelo governo da PAF.

A situação é igual. Só não é igual para Catarina Martins, que para uns tem uma posição e para outros tem outra. Transcrevo partes de  uma entrevista de 2012:

P: Num momento como este o governo prescindiu do Ministério da Cultura. É uma questão simbólica ou profunda? Significa que a cultura está a perder o seu lugar, a sua importância?

R: Acaba por se revelar uma questão mais profunda. O que foi dito é que não haveria ministério e que isso não era grave porque o Secretário de Estado estava na dependência direta do Primeiro Ministro e portanto a cultura ficaria mais perto do centro de decisão. Isto é logo uma ideia de subserviência da cultura. A cultura tem que estar mais perto do príncipe para ter algumas migalhas. Esta é uma ideia reacionária. 

É sintomático que nesta comissão interministerial estratégica do QREN, que é um conselho de ministros presidido pelo ministro das finanças, que não haja ninguém que represente a cultura. Está representada a educação, a defesa nacional, a administração interna, a solidariedade social, o ambiente e a agricultura, a economia e as finanças. Está lá tudo menos a cultura. Logo isto não é apenas um problema simbólico.

Julgo que há um outro sinal que é muito flagrante. A ideia que a cultura iria ser transversal. Há um parágrafo no programa do governo que é provavelmente o único parágrafo que eu concordo do princípio ao fim que diz que a área de intervenção prioritária da cultura tem de ser a presença da educação para a arte e a cultura na escola. Eu concordo, a nossa escola está distante da cultura, da arte. Mas fez-se agora uma revisão curricular que não tem nada a ver com isso. Isso foi aprovado no programa do governo, foi aprovado nas grandes opções do plano do orçamento e passados quinze dias a revisão curricular não tem uma linha sobre isso.

Na resposta a outra pergunta:

Em Portugal temos projetos que embora tendo tido financiamento estão a fechar as portas porque as CCDR – Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional não estão preparadas para lidar com o setor cultural. Nunca ninguém pensou que a cultura tinha uma palavra a dizer e lidam com as estruturas como se fossem obras públicas. 

O ensurdecedor silêncio de Catarina Martins e do BE sobre esta matéria continua.

Se quiserem saber a sério o que se passa estou disponível, e para o BE não preciso de ajuste directo nem de avença.

Este post é dedicado ao Aventador Fernando Moreira de Sá, que em boa hora me convidou para este antro de pecado que é o Aventar.

A falta de lastro cultural

O Governo aprovou uma Resolução de Conselho de Ministros onde determina uma série de alterações radicais na Administração Pública. 

Está em curso o desmantelamento dessa mesma Administração. Sob o argumento da descentralização (sem definirmos o significado dessa palavra no contexto político português, e de outras como desconcentração, regionalização, municipalização,), estão previstas as extinções de vários organismos de diferentes áreas da governação.

Estão em causa organismos regionais, isto é, administração pública sectorial, presente no território nacional. E querem “passar” para as CCDRs uma série de competências. Como se as CCDRs fossem “governos regionais”. Estas entidades, CCDRs, são organismos da Administração Central, e não são organismos sufragados democraticamente. A sua natureza é de coordenação, não de implementação de políticas governamentais. É mais uma machadada da presença do Estado no território. As competências de cada área governamental eram asseguradas pelos diversos organismos dos diferentes Ministérios. É o governo a transmitir a decisão de não querer saber o que se passa fora de Lisboa. Esta matéria daria uns bons debates e muita gente daria o seu contributo para melhorar a Administração Pública do nosso País. O actual Governo como não sabe o que fazer, “chuta” para fora. 

No que me diz respeito, sou trabalhador em funções públicas com contrato a termo indeterminado (agora é assim que se diz), num organismo da área governativa da Cultura. 

Estamos a viver o maior período da nossa democracia em que não há Ministério da Cultura. 

O Governo da troika extinguiu esse Ministério e extinguiu também a Secretaria de Estado respectiva. 

Mais tarde o governo da “geringonça” anunciou, com pompa e circunstância, a reposição do referido Ministério. Mentira, camuflada até agora. Limitou-se a ter  Ministro/a e Secretária de Estado. Sem Ministério e com tudo o que isso implica. Até hoje. Poderemos naturalmente discutir se há necessidade ou não de haver um Ministério nesta área. Não foi o caso. Curiosamente o BE, que na altura se fartou de criticar a extinção do Ministério, mantém um silêncio ensurdecedor sobre este assunto. 

Entretanto escrevi um post sobre a área da Cultura, intitulado O Coveiro. É sobre o papel do actual Ministro da Cultura neste processo, e dar o meu contributo profissional (sempre trabalhei nesta área, desde 1984, e assisti a todas as mudanças que se processaram até agora). No entanto voz amiga disse-me, “Orlando,  o Ministro aceitou ser Ministro sem Ministério, e aceitou e defende o processo de desmantelamento em curso, e portanto quer ficar sem serviços nem tutela sobre o território nacional. Não sabe assumir as suas responsabilidades. Não auscultou os profissionais  (Arqueólogos, Arquitectos, Engenheiros, Historiadores, Conservadores Restauradores, empresas do sector, etc.). É um urbanóide do Bairro Alto. Não tem lastro cultural. Mais, entregou este processo a uma colega do Conselho de Ministros (a tal que nem sequer sabe o que faz o marido)”

E eu, pensando nisto, e também na questão de que quem nos governa não gosta de ser avaliado, nem criticado, e há que evitar retaliações, decidi não publicar o post. Quando o actual Ministro  deixar de o ser (terá aspirações a mais………) lá postarei o que escrevi.

Simples.

Melancia Azul

O terror da Iniciativa Liberal, de Nuno Simões de Melo, pelo menos, é tornar-se numa “melancia azul, liberal por fora mas bloquista por dentro”. Bem, para já, o novo líder, Rui Rocha, promete uma manifestação – imagino que seja uma manifestação com KPIs bem definidos e suportada por um business case. Nada dessas coisas grotescas de incomodar pessoas.

Depois das greves dos Estivadores, dos Motoristas e dos Enfermeiros, chegou a vez de ilegalizar a greve dos Professores?

Todas as greves são passíveis de serem criticadas, umas são mais justas que outras, umas mais claras e outras mais confusas, umas acertadas e outras erradas seja do ponto de vista político seja sindical, mas nenhuma deve ser criticada por razões que se prendem com sua suposta ilegalidade. A greve é um direito inalienável que tem vindo a ser sistematicamente posto em causa, sobretudo quando as greves se metem no caminho do governo.

Autoridade Tributária, o homem do fraque da Brisa

Ouvi, a espaços, partes do Fórum TSF de hoje. Já tinha ouvido, lido aqui e ali, mas só naquele momento me apercebi da perversidade que é ter a Autoridade Tributária a fazer o papel de homem do fraque de empresas como a Brisa, destruindo vidas por conta de dívidas de cêntimos. À Brisa, não à AT.

A Brisa é um daqueles negócios ditos da China, que começa com o contribuinte a pagar tudo, passa para uma privatização em várias fases, durante as quais sucessivos governantes envolvidos, do PSD, PS e CDS, saltam da decisão para o conselho de administração, e termina com o privado a lucrar pesado, mas sempre com a possibilidade de recorrer novamente ao bolso dos contribuintes.

Ou, dito em português corrente, uma chulice.

[Read more…]

Sobre a normalização do fascista Bolsonaro

É bom recordar que não foi só André Ventura e o CH a alimentar a falsa equivalência entre Lula e Bolsonaro. Também no seio da IL, PSD e CDS ouvimos vozes a normalizar o extremismo. Por muito que agora assobiem para o lado, fica o alerta para o futuro.