Reformas

Na nova e sofisticada loja dos CTT, a abarrotar de produtos para turistas (facilmente identificáveis por representarem sardinhas e/ou serem feitos de cortiça) e até “tablets e smartphones recondicionados”, mas em que a mesa de trabalho dos funcionários encolheu de tal modo que já nela não cabem os envelopes maiores, hoje a máquina das senhas avariou.  

De forma que tudo voltou ao sistema que sempre esteve em vigor neste país, o do funcionário que tem de sair do seu lugar, atravessar a sala, agora ampla e moderníssima, para lançar a pergunta ao grupo crescente de fregueses por atender: 

– Vales… reformas… está alguém aqui para receber? 

Os reformados chegaram-se todos à frente e o mais expedito foi conduzido à janelinha do guito, enquanto os outros se resignaram a formar uma bicha obediente. Só um, o que todos tínhamos já identificado como potencialmente avariado da cabeça, é que começou a cirandar pela loja, a dar pancadinhas nas paredes em diferentes locais, ouvido atento, para logo anunciar, implacável, o veredicto: 

– É tudo pladur!

Comments

  1. Padre Marx says:

    A glória do liberalismo em todo o seu esplendor. Deviam pendurar o escroque trafulha do Sérgio Monteiro como fizeram ao Mussolini 

  2. balio says:

    O que é um smartphone recondicionado?

    • POIS! says:

      Então não sabe, ó balio? Francamente!

      Pois é um smartphone que, smartemente, adquiriu uma nova condição.

      Se continuasse na mesma seria, simplesmente, acondicionado. O que o tornaria, covenhamos, pouco smart.

      • Anonimo says:

        Um dos negócios (core biz) dos ctt eram os selos de coleccionismo. Pergunto-me quantos filatelistas haverá…

    • Vicx says:

      Cambada de comunas ressabiados. Mas já é por pouco tempo. Não tarda desaparecem do parlamento como o CDS. Depois sempre podem ir para a Russia lamber as botas ao Putin. Cambada de Traidores…

      • POIS! says:

        Pois tá bem!

        O Professor Doutor Mestre Vicx é um conhecido especialista em Vinhomancia: adivinha o futuro nas borras de vinho tinto que restam num garrafão de 5 litros, após de, com elevado sentido de sacrifício, engolir o conteúdo.

        Aconselha-se vivamente a que dê maior utilidade a esse atributo, jogando no Euromilhões.

        O melhor é, de uma vez, jogar tudo o que tem! A Santa Casa precisa de ganhar dinheiro!

  3. João Paz says:

    Uma forma elaborada e subtil de criticar os CTT desde que pertencem ao Goldman Sachs por dez reis de mel coado. Excelente, como sempre, Carla Romualdo.

    • balio says:

      Os CTT pertencem à Goldman Sachs?
      Que eu saiba, o capital dos CTT foi totalmente disperso em bolsa e não há acionistas maioritários, ao contrário daquilo que acontece com a maior parte (ou a totalidade) das empresas portuguesas que estão em bolsa.

      • Tuga says:

        Se pertencem ou não à Goldman Sachs, a mim não me interessa.
        Interessa-me é que a Carla Romualdo mais uma vez nos apresentou uma belíssima composição. Muito obrigado por isso. Com este pormenor:

        “enquanto os outros se resignaram a formar uma bicha obediente.”

        Bicha foi sempre e para mim continua a ser a palavra usada para um conjunto de pessoas umas atrás das outras, e não uma palavra tirada duma língua falada noutro pais: Eles que a usem na terra deles.

    • É, de facto, uma forma muitíssimo “subtil de criticar os CTT desde que pertencem ao Goldman Sachs”, pois passa por dizer “tudo voltou ao sistema que sempre esteve em vigor” antes disso acontecer.

  4. João Mendes says:

    Belo.

  5. JgMenos says:

    A cambada toda se assanha contra o liberalismo que lhe põe o pão na mesa.
    Cambada de cretinos, até um texto inócuo e sem propósito lhes serve para dizer o que os motiva: uma qualquer sinecura pública chefiada por um regulamento sobre duas pernas!

    • Paulo Marques says:

      Curioso que nunca me apareceu na mesa, se fizessem aparecer as encomendas ao portão e as rendas ao balcão já não era mau, aproveitando para distribuir um bocadinho a quem lhes cria riqueza.
      Mas se se pode ser um banco, para quê?
      Gosto também do toque do liberalismo deixar de ser uma rebaldaria quando convém; ser um corno pró-américa tá na moda.

    • Figueiredo says:

      O liberalismo significa desemprego, pobreza, miséria, fome, sub-desenvolvimento, parasitismo, desigualdades, crises económicas, usura, mediocridade, degeneração, tirania, despotismo, ausência de liberdade individual e de opinião, pseudo-ciência, e guerras intermináveis.

    • POIS! says:

      Ora pois!

      “Assim fala, pelo Menos, um assanhado”. É o título do novo tratado filosófico da autoria de JgMenos que, esgotados que estão os temas “Treteiros”, “Coirões” e “Mamões” agora se tenta alcandorar a registos linguisticos mais “soft”.

      Como escreve sentado, no pechiché, frente ao espelho, por vezes lá lhe escapa uma ou outra bojarda. Mas nada que ponha em causa o Nobel que vem já a caminho.

      É já amanhã! Estamos tão ansiosos!

      O Marcelo até já lhe mandou tirar as medidas ao colarinho, para mandar comprar a coleira!

    • Carlos Almeida says:

      “A cambada toda se assanha contra o liberalismo que lhe põe o pão na mesa.”

      Estimado Salazarento ou devo dizer liberocas ?
      Sim porque parece que ja perdoou ao Dr Balsa Mamão, Dr Sa Carneiro, Dr Magalhaes Mota, e outros estimadíssimos liberocas mas que na altura (1969) desalinharam com o Estado Novo do carássimo Botas entretanto falecido num acidente cadeiro-viario e criaram pelo menos na sua cabeça o que mais tarde seria conhecido pelo PPD ou Partido de Marcelo Caetano recauchutado

      Agora a serio. Um declarado e assumido Salazarista a defender o Liberalismo ???

      Há qualquer coisa que não bate certo

      A bem da Nação

      Carlos Almeida

  6. motta says:

    E se o apanhado da tola for dando pancadinhas pelo país adiante vai descobrir que todo ele está recondicionado a pladur. Por dentro vão alastrando as mancha de humidade e as gordurices dos carroceiros que o conduzem.
    Brilhante, Carla, como sempre!

  7. JgMenos says:

    A cambada fala de liberalismo, porque não tem tomates para usar a palavra que visam erradicar: Liberdade!
    Os coirões são totalitários que evitam falar em autoridade e ditadura, dizem querer ‘regulamentar!
    Até as palavras regulamentam e, tal como dizia um inspector da PIDE num tribunal plenário:’ o pensamento é livre, só a sua expressão é regulada’.
    Farsantes!

    • Tuga says:

      “dizia um inspector da PIDE num tribunal plenário:’ ”

      Dessa matéria deves ser tu um Expert.
      Aprendestes nos cursos que a PIDE antes do 25 de Abril, dava na sua escola em Sete Rios aos militantes de extrema direita mais interessados ?

    • Lamento, a liberdade de lucrar, a única que te interessa, é incompatível com a sociedade e com a vida e tem que ir ou irá auto-destruir-se levando boa parte de nós. É o que temos.

    • POIS! says:

      Pois citando, embora Menos…

      “Os coirões são totalitários que evitam falar em autoridade e ditadura, dizem querer ‘regulamentar!”.

      Realmente temos registado o esforço de Vosselência em falar em autoridade e ditadura. Até tem cuidado em citar um inspetor da PIDE, dando largas á sua liberdade num tribunal plenário, duas proeminentes instituições que nada tinham de autoridade e nunca fizeram parte de nenhuma ditadura.

      Mas só uma perguntinha, não querendo abusar da liberal paciência da Vosselência: o “liberalismo” terá alguma coisa a ver com “liberdade”? As botas da tropa do Pinochet, que devem ter dado entrada nalgum convento, devem ter a resposta.

      E citou, muito bem, o Inspetor da PIDE que, como todos sabemos, era uma instituição com grande sentido das liberdades, especialmente a de pregar bananos em nome de Sua Excelência o Oliveira da Cerejeira que constituía, na altura, uma saudável forma de regulação..

      Quando Vosselência souber alguma coisa, por favor, diga qualquer coisinha.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading