O Metropolitano de Lisboa e do mau serviço público

Sábado, desloquei-me ao C.C. Atrium, na Praça do Saldanha, para comprar um livro na ‘Almedina’. Escolhi o metropolitano como meio de transporte.

Uma vez feita a compra, em vez de utilizar a estação do Saldanha, preferi caminhar uns bons metros até ao Campo Pequeno, onde existe igualmente uma estação que me servia. Encontrei, então, quatro italianos, um casal e os dois filhos, aflitos para adquirir bilhetes de regresso ao centro de Lisboa, em sentido inverso ao meu. Sem qualquer funcionário do Metropolitano de Lisboa (ML), e com máquinas de venda automática que apenas comunicam em português, preferiram sair e apanhar um táxi até ao Rossio.

Passados poucos instantes, sem dar tempo de entrar para o cais, surgem-me duas senhoras alemãs que, diante das máquinas, se depararam com idêntico problema. Como eram mais pacientes, lá consegui extrair os ‘cartões Viva’ e respectivos talões de viagem. Através do mapa de rede, expliquei-lhes que, no Marquês de Pombal, deviam transferir-se para a ‘linha azul’ e seguir até à Baixa-Chiado. Complicado, mas consegui.

Na Páscoa, circulam por Lisboa muitos turistas de diferentes nacionalidades que, naturalmente, vêm visitar locais e edifícios indicados nos guias de que estão municiados. A praça de touros do ‘Campo Pequeno’ é um dos ícones recomendados. Ali afluem visitantes de diversas origens.

Seria, pois, natural que a estação do ML do Campo Pequeno, além de máquinas que só vendem bilhetes em português, oferecesse os préstimos de um profissional para suporte, nomeadamente, dos ‘clientes estrangeiros’; turistas que, logicamente, representam fluxos positivos na nossa Balança de Pagamentos. Mas não. A cabina do ‘chefe de estação’, ou de quem quer que seja, estava vazia e exibia a placa ‘ENCERRADO’.

Ignoro a justificação da gestão do ML para decidir o encerramento; todavia, tenho a convicção de que, independentemente dos motivos, se trata de renúncia de prestação de um serviço público devido, falha agravada por lesar a imagem da cidade perante turistas, Melhor seria, então, encerrar completamente de todo parte das estações. Turistas e nacionais escolheriam outro meio de transporte – no Sábado, véspera do Domingo de Páscoa, a rede de metropolitano lisboeta funciona parcialmente, eis a genial solução.    

A gestão moderna, orientada apenas pelas contas de exploração, leva-me a pensar que a eliminação de postos de trabalho é o caminho eleito para resultados interesseiros dos gestores – prémios e bónus a subir. Pode ser até absurdo e lesivo do interesse público e nacional, mas a gravidade das consequências, no pensamento dos decisores, é secundária.  

Permito-me rogar aos senhores administradores do Metropolitano de Lisboa que prescindam das viaturas de alta cilindrada e de outros ‘fringe benefits’, para disponibilizar meios e colocar, onde seja necessário, os profissionais de cujo apoio os utentes carecem. Caso contrário, como dizem e bem os anglo-saxónicos, não está a ser prestada à população local e visitantes a totalidade dos serviços pagos.