SNS 2013

Na linha de montagem do hospital público espero que o tempo, a indiferença e a desumanidade passem, espero com filosofia, com dúvida, com esperança, tentando ver para além do medo nos olhos dos aflitos que esperam comigo. No hospital público cheira mal, está demasiado calor, demasiado desespero, demasiada solidão, demasiada morte para cada um no final da linha de montagem, demasiado sistema informático, demasiados graus de prioridades relativas, e insuficientes médicos, enfermeiras, compaixão, capacidade humana. No hospital público europeu que parece um de campanha em África mas com computadores, cheira aos miasmas do Inferno, há mulheres aterrorizadas que gemem na língua dos crentes “ai Jesus acode-me”, “Pai, onde Estás?”, e o segurança dorme sentado numa cadeira de rodas.