O ponto de viragem, a miragem e a outra margem

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Fonte: “Público”, edição de 21 de Janeiro de 2012

O “Paulinho das Feiras” emudeceu; então, fala o Passos Coelho. A mensagem publicitária do governo na moda é: “Estamos num ponto de viragem”. Vítor Gaspar iniciou a campanha; o PM avalizou-a, ao repetir o ‘slogan’ no Parlamento.

Segundo se lê aqui e aqui, Coelho em “Workshop sobre Reformas Estruturais”, recorreu a falsete de barítono de ópera bufa, e entoou fanhoso e grosso:

Senhores da Troika, estamos a fazer isto por nós, não por vocês

Quem faz parte dos “nós”? Eu e umas centenas de milhar de portugueses não somos, de certeza. Talvez os membros da ‘Liga dos Amigos do Governo’, com Catroga à cabeça. Os “Senhores da Troika” estavam presentes e sorriram com desdém – ou conivência? – do falsete de Coelho.

O ‘ponto de viragem’ está reflectido no gráfico do “Público” acima publicado. Esse “ponto de viragem” corresponde aos piores índices de ‘Consumo Privado’ e ‘Actividade Económica’ desde há décadas – bate as quedas de 1984 (Bloco Central), de 1994 (Cavaco Silva), 2002 (António Guterres) e 2008 (José Sócrates).

O Coelho não muda de discurso e eu não lhe dou tréguas.

O “ponto de viragem” é uma miragem e o melhor é emigrar em pensamento para a outra margem, como sugere a letra desta canção dos ‘Polo Norte’.