Podem sêrem… não é linguagem de cá.
— Cândido de Figueiredo
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O infinitivo pessoal é um tema fascinante. Distingue-se do infinitivo impessoal por ser flexionado — chamar-lhe flexionável pareceria, à primeira vista, uma denominação mais correcta, mas levar-nos-ia por caminhos tortuosos. A denominação infinitivo flexionado vinga em palcos que me agradam particularmente e há excelentes artigos que se debruçam sobre o assunto (e.g., Madeira et al., 2010; Fiéis & Madeira, 2014).
Gosto imenso do infinitivo pessoal e daquela tão desconhecida regra que determina a incorrecção do recurso à contracção de preposição com artigo ou pronome, quando estes iniciam uma oração infinitiva.
Lembrei-me disto, ao ler hoje o Diário da República, mais concretamente, quando me estatelei naqueles da e do (contracções de de + a e de + o) em vez de me deleitar com uns de a e de o (formas “descontraídas”):
Ninguém reparou no fato?
Ah!
Já agora, venha o resto.
E nos contatos?
Efectivamente, hoje, no sítio do costume.
Anteontem à noite, o primeiro-ministro disse que o Estado devia “um pedido de desculpas” aos emigrantes que vão ter de repetir o voto.
Quanto aos fatos, contatos e afins no Diário da República, o Estado continua mudo e quedo. Houvera um acórdão sobre o assunto, aí sim, lá viria um pedido de desculpas. Sem acórdão sobre o acordo, aparentemente, não há desculpas.
Continuação de uma óptima semana.
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Muito bom!
Não se consegue despiorar…
https://expresso.pt/cultura/o-que-e-esta-mal-na-cultura-tres-reflexoes-sobre-como-aumentar-o-consumo-em-portugal-as-pessoas-estao-carentes-de-experiencias/
Quando o nosso maior semanário por um título destes, na sua página online, ficamos sem saber se vale z as pena perder muito tempo a lê-lo.
…põe um título destes, ficamos sem saber se vale a pena…
O fato da carta é muito bom. Gosto de cartas que se saibam vestir para a ocasião.