Quadras do dia

O país de cima a baixo

É um covil de ladrões

Mas ainda há gente séria

Entre os nossos dez milhões.

 

Ser corrupto é ser podre

Porco, sujo, cagalhão

Não há crime mais nojento

Do que a grande corrupção.

 

Tudo gente muito fina

Tudo altos figurões

Gente da alta finança

Empresários e patrões.

 

Não há nada que te safe

Ó meu portuga coitado

O poder é todo deles

E a justiça passa ao lado.

 

Tri-quadra do dia

 

Ladrões de cara lavada

Quem há que vos deite a mão

Larguem a massa roubada

Não valem um cagalhão.

 

Larguem a massa roubada

Que é do povo português

Povo que ganha na vida

o que vós roubais num mês.

 

Bandalhos e corja imunda

Tantos ladrões e ladrões

Só há justiça fecunda

Se vos cortar os tomões.

 

Quadras do dia

Que interessa padres e bispos

Dizerem mal dos ateus?

Defendem o seu papel

Roubando o lugar de deus.

 

Se é que deus não existe

Nem é precisa a defesa.

Para que insistem os bispos

Na cruzada da certeza?

 

Se o deus em que acreditam

Existisse realmente

Via-se à rasca p’ra ser

Defendido por tal gente.

 

Se um deus omnipotente

Não gramasse Saramago

Não iria ao Tolentino

Pedir ajuda, carago!

 

Nem ao carreira das neves

Daria tal incumbência

Virava de cu p’ro ar

Tudo o que fosse indigência.