Homens e mulheres de verdade!

É o tema do II Congresso dos Jovens da Família do Coração Imaculado de Maria.  Aguardo as conclusões para ficar a saber se sou homem, se sou mulher e se sou de verdade.

Fugiu-lhe a língua para a verdade

Há quem tenha ficado surpreendido com o momento “ui que se me escapou uma pedofiliazita” do Dalai Lama. Eu não fiquei.

Quer dizer, fiquei surpreendido com o grau de obscenidade sem pingo de vergonha na cara. Alguém que pede a uma criança que lhe chupe a língua, com aquele à vontade, parece confortável com a perversão. E não parece estar a fazê-lo pela primeira vez.

Mas aquela surpresa-choque, sendo que falamos de um líder religioso, não senti. Se as instituições do Cristianismo e do Islão têm o historial que têm a abusar de crianças, com e sem pedofilia, porque é que haveria de ser diferente com o budismo tibetano?

Já para não falar nas companhias, e no facto da luta pela qual dá a cara ser frequentemente alvo de instrumentalização no âmbito da política externa de Estados pouco recomendáveis. E preparem-se: qualquer dia descobrimos que também andou pela ilha do Epstein.

Ventura, o vendilhão do templo

André Ventura fez anos e aproveitou a data para uma acção de propaganda no interior de uma igreja, onde encenou esta fotografia para instrumentalizar politicamente a religião e a fé cristã. Jesus teria partido a banca deste vendilhão ao meio.

A epidemia das “aparições”

As “aparições” de Nossa Senhora de Fátima são, inegavelmente, o fenómeno religioso mais célebre e consequente da História recente de Portugal, tendo alimentado mitos e narrativas mundialmente conhecidos (pelo menos no mundo católico), feito erigir um santuário, arregimentado fiéis e peregrinos, e, inclusivamente, ajudado a legitimar regimes políticos e cruzadas persecutórias no chamado Mundo Livre. Sugestivamente, Fátima nasce republicana, ao sabor do tempo, e é reciclada pela ditadura do Estado Novo, cujo poder político vivia em simbiose com a alta hierarquia da Igreja Católica, na qual se apoiava amplamente, como anticomunista, através da conveniente revelação (muito pouco) mística da conversão da Rússia e do fim do bolchevismo.

Porém, e como veremos, as “aparições” da Cova de Santa Iria, no ano de 1917, não primaram pela originalidade, nem na forma nem no conteúdo. Com efeito, multiplicaram-se, ao longo de toda a História de Portugal, relatos de avistamentos e aparições da Virgem Maria, nos mais variados locais e das mais variadas formas. Algumas, felizmente, ficaram nos anais da História, chegaram até nós e podem ajudar-nos a desmontar aquela que é a construção mitológica, bastante mais política do que espiritual, mais bem-sucedida da contemporaneidade nacional.

Assim, o primeiro fenómeno análogo ao de 1917 de que há registo verificou-se no século XIII, exatos 700 anos antes, em 1217, quando um frade franciscano alegou ter visto a Virgem Maria no cimo da Serra do Montejunto, tendo-se aproximado e conseguido chegar à conversação com o santo avistamento. O conteúdo da conversa, porém, não foi revelado.

No ano de 1758 deu-se aquela que, até Fátima, seria a “aparição” que mais agitaria as almas crentes deste país: o milagre do Cabeço da Ortiga, a uns escassos 3 quilómetros da Cova de Santa Iria, e que se consubstanciou, segundo o relato, no avistamento, por parte de uma pastorinha, da Virgem Maria, que lhe pediu, alegadamente, que fosse erguida uma capela em sua honra naquele mesmo local. A construção, efetivamente, ainda hoje lá está e acolhe, anualmente, a celebração da Virgem milagreira. Este caso ficou registado nas Memórias Paroquiais de 1758, pelo punho do pároco da aldeia, e alcançou a celebridade por essa razão. Terá havido uma anterior, que ficou nos registos da Inquisição em Portugal, da qual se sabe pouco.

No século XIX ainda há uma nova “aparição”, registada em Carnaxide, em 1822, mas o grosso destes fenómenos verificar-se-á ao longo de todo o século XX, com múltiplos e variados avistamentos e “aparições”, consolidando aquilo que pode ser considerado uma verdadeira epidemia de fenómenos deste tipo, com menos diferenças do que semelhanças entre si. Com efeito, logo no ano seguinte às “aparições” da Cova de Santa Iria, registaram-se, no mesmo ano, dois fenómenos análogos, em Ponte de Sor e em São Miguel (Açores). Seguem-se Vila Nova da Coelheira, em 1924; Santa Maria da Feira, em 1934; Baião, em 1938; Vilar do Chão, em 1946; Asseiceira, em 1954; Ladeira do Pinheiro, em 1970; e Montejunto, em 1999, a última de que há registo histórico. Para além da enorme profusão de acontecimentos, é de notar que entre 1971 e 1998 (entre o fim revolucionário do regime autoritário e a consolidação tardia da democracia) nenhum fenómeno deste tipo é relatado, o que certamente se prende com as condicionantes políticas e sociais do tempo em questão, a que a perda de influência da Igreja Católica na vida política nacional não será alheia.

Posto isto, e em jeito de conclusão, gostaria de destacar a falta de originalidade (e até a reciclagem de certos aspetos) que une as “aparições” de Fátima às do século XVIII e XIX e, por imitação evidente ou inspiração forçada, as posteriores a Fátima, ao longo de todo o século XX. Por outro lado, é também de notar o aproveitamento político feito não só pelo regime salazarista (para consumo interno e externo) mas, inclusivamente, pelo Ocidente global, através da elevação de Fátima a verdadeira santa padroeira do anticomunismo, venerada em boa parte do Ocidente capitalista, demoliberal ou autoritário, e presença assídua em propaganda antibolchevista, surgindo como protetora do Mundo Livre face às ameaças do campo socialista (reproduz-se, abaixo, um exemplo paradigmático do que aqui se disse).

Panfleto anticomunista impresso pela organização católica internacional Blue Army of Our Lady Fatima, no contexto da Guerra Fria, c. 1950

E se criássemos uma nova Humanidade?

Pensamentos sobre A Evolução da Espécie

Há anos que tenho esta reflexão presa na mente. Fui aludindo a ela um pouco por todas as coisas que escrevi, em todas as plataformas. Estão lá, directa ou indirectamente, todas estas questões e mais algumas. E a propensão que sinto para a escrita vem desta sensação de que a Humanidade está doente e precisa que pensem sobre ela.

Sim, acredito que a cura é o pensamento. A cura para uma espécie de estagnação dos valores humanos. Ou talvez não seja uma estagnação e apenas uma normal fase, como tantas outras. No entanto, sinto que, nestas fases, somos chamados a pensar-nos. A pensar A Evolução da Espécie, procurando um caminho mais positivo naquilo que nos é comum a todos: o ser-se Humano.

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Deus, Pátria, Família e Trabalho: a tetralogia da treta, por André Ventura, parte I – DEUS

Faltavam cinco dias para as eleições presidenciais. A caravana de André Ventura estava em Coimbra e parou na Igreja de Santa Cruz, onde jaz D. Afonso Henriques. Se o nosso primeiro viajasse na máquina do tempo até ao presente, e visse Ventura todo excitado a gritar “Viva a Espanha”, no comício de um partido político espanhol que faz propaganda eleitoral com montagens de mapas em que Portugal e as suas antigas colónias surgem anexadas pelo país vizinho, aplicar-lhe-ia, seguramente, o mesmo tratamento que aplicou à sua mãe. Portugal não se fez com palermas a gritar “Viva a Espanha” num arraial de gajos que nos veem como anexáveis. Mas deixemos isto para o capítulo sobre a Pátria e voltemos a Janeiro deste ano.

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Católico rico, católico pobre

Por vezes cruzo-me com cemitérios repletos daqueles grandes jazigos, autênticos palácios muralhados que se elevam sobre a campa rasa do comum dos mortais. Todos os cemitérios os têm, é certo, e todos são livres de construir os seus castelos para o descanso eterno. Mas ocorrem-me poucas coisas, no âmbito católico apostólico romano, que sejam uma tão gritante antítese daquilo que são os ensinamentos bíblicos, como a diferenciação, após a morte, entre católicos ricos e católicos pobres. A ostentação e a estratificação social, em absoluta negação da retórica da humildade e do desprendimento do materialismo, e no limite – ou para lá dele – de alguns pecados ditos mortais são um fenómeno que atravessou os séculos e que, ainda hoje, se mantém. Conseguem imaginar Jesus Cristo a defender cemitérios em que os filhos do seu Pai se diferenciam pela posse e pela condição social? Eu não. Eu imagino-o a fazer com esses jazigos o que fez com os vendilhões do templo. Sim, é uma hipocrisia e não podia estar mais a léguas daquilo que são os valores cristãos fundadores e ancestrais. E são um dos muitos espelhos de uma sociedade profundamente elitista, onde a religião, mais do que um fim em si mesma, é um meio para outras finalidades. Já a frugalidade sobre a qual assenta o protestantismo, as suas práticas e os seus templos, por contraste com a opulência reinante no mundo Católico, diz muito sobre onde eles estão e onde nós estamos. Nada, nem isto, é por acaso.

Saudades da Santa Inquisição

Não vislumbro grande diferença entre este escrito e sermão-tipo de um qualquer fundamentalista religioso, algures numa montanha no Afeganistão. Segundo Ricardo Cristóvão, pároco de Alcobaça, a solução para “romances e poesias mundanas” é a fogueira. Tal como no tempo da Santa Inquisição, em que se queimavam livros e pessoas vivas no fogo purificador, a proposta do clérigo radical passa por reduzir toda a literatura herege a cinzas, pois as suas páginas, certamente obra de Satanás, “excitam a sensualidade” e “inflamam paixões”. No fundo, assegura o padre Cristóvão, trata-se do “meio mais seguro e poderoso para perder os jovens” à disposição do demónio. E basta um destes livros para desgraçar toda uma família. Allah akbar!

André Ventura e o Chega são inimigos do Estado laico

RF

Um dos pilares de qualquer democracia consolidada é a laicidade do Estado. Foi uma conquista arrancada a ferros, depois de séculos de domínio do Vaticano sobre reis e imperadores, feito das mais variadas formas de opressão, cruzadas e “hereges” a arder em fogueiras. Em Portugal, as ligações estreitas entre o Estado Novo e o topo da hierarquia de Igreja Católica são conhecidas, sombrias e a total negação dos ensinamentos de Jesus Cristo. E sim, ainda existem por aí uns quantos abades com sangue inocente debaixo das unhas. E não, não foi assim há tanto tempo.

Não é preciso ir muito longe para perceber o quão nociva é a captura de Estados por instituições religiosas. Basta olhar para o Médio Oriente para perceber isso mesmo. Ou até para o papel dos fundamentalistas evangélicos em governos como o de Bolsonaro, onde a pastora evangélica e ministra Damares Alves exigiu recentemente a prisão imediata de todos os juízes do Supremo, por estes não se vergarem as exigências do presidente. A separação de poderes, tal como a laicidade, é, para os fanáticos religiosos, um alvo a abater. [Read more…]

Deixem as crianças em paz

V

Recorte: Visão, via Uma Página Numa Rede Social

Depois de meses (anos?) de furiosa perseguição de uma certa direita a qualquer tipo de iniciativa relacionada com igualdade de género nos recintos escolares, que, asseguram, estão tomados pelo marxismo cultural – o que me leva a crer que esta nova direita vive fechada numa bolha na capital, sem nunca ter colocado os pés numa escola do norte do pais, privada ou pública, onde a ligação com a igreja, directa e indirecta, é a regra, não a excepção – eis que nos deparamos com um episódio peculiar.

Uma reportagem da jornalista Teresa Campos, publicada ontem na revista Visão, conta-nos a história de Sónia Alves, mãe de uma criança de seis anos que frequenta uma escola pública no concelho do Seixal, onde as visitas de um padre, para falar com os alunos, durante o período lectivo, são normais. Numa dessas visitas, o referido padre terá dito aos alunos, crianças de seis anos de idade, que quem não frequenta a cataquese irá para o Inferno quando morrer. [Read more…]

Autarca e Sacerdote

Ricardo Rio, no exercício do seu segundo mandato como presidente da Câmara Municipal de Braga fotografado hoje, no interior do edifício-sede da Câmara Municipal de Braga, no exercício das funções de sacerdote religioso.
O Estado português é laico.
A CMB não é.  Já o sabíamos.

Braga e o Estado Laico

O Estado português é laico.
A Câmara Municipal de Braga é católica, apostólica, romana.

O Cardeal

cardeal_mr_grey © Alexandre Martins

Mulheres Nuas? ah, isso faz dói-dói

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Estamos a ficar muito sensíveis à luz, não?
Em Braga, capital lusa da moral pudica e bons costumes (conferir os anúncios do Correio do Minho), aconteceu o mesmíssimo há uns quantos anos.
Veio a polícia dar-se ao ridículo e levar uns livros de pinturas antigas.
E isto na cidade onde os ditos representantes de Cristo apadrinham, de estola e hissope, supermercados construídos nos seus terrenos.
À revelia da lei dos homens, à sombra do arcebispo e empresário da Fé, o jorge ortiga.

Bela moral. Pudor!

O ódio e a ganância não têm religião

Jeremy Joseph Christian é um supremacista branco, presença assídua em comícios da extrema-direita norte-americana e assumidamente católico, que ontem esfaqueou três pessoas em Portland, sendo que duas delas acabariam por morrer. Se fosse muçulmano, independentemente das motivações por trás da barbárie, o foco estaria na sua religião. Como é católico, praticamente nenhum meio de comunicação faz menção à sua religião, optando por descrever o monstro como um neonazi racista e anti-semita. [Read more…]

Religião? Que tal pedir uma segunda opinião?

Problemas de saúde? Precisa de uma segunda opinião? Esqueça lá a medicina convencional e passe na repartição mais próxima da Igreja Maná, uma ponte com o divino onde tudo se cura, ao vivo e em directo, pelo preço certo em dízimo.

Antes de soltar a gargalhada, caro leitor, tenha em consideração que vive num país onde muitos milhares de pessoas acreditam (mesmo) que descendem de uma personagem mitológica chamada Adão, a quem Deus retirou uma costela para criar Eva, sua cara-metade, tendo ambos sido posteriormente expulsos do Paraíso, culpa de uma cobra matreira que fez da mulher pecadora (só podia ser ela, que os homens, é sabido, pecam muito menos), levando-a a comer a maçã proibida. Considere ainda que igual número de pessoas acredita que o mundo foi inundado para castigar os excessos pecaminosos da humanidade, tendo Deus ordenado a construção de uma arca que permitiu salvar um par de cada espécie, para evitar o destino dos pobres dinossauros. E não esqueça que, já esta semana, no santuário de Fátima, celebrar-se-ão 100 anos de uma data em que, reza a lenda, três crianças terão visto uma divindade descer dos céus. Diga-me, caro leitor, se o seu filho de nove anos chegar tarde a casa para jantar, depois de uma tarde no pastoreio, e lhe disser que viu a Virgem Santíssima, a pairar sobre uma azinheira, vai acreditar nele?

Foi o que me pareceu.

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Versão Brasileira

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Tem bolinhas de esferovite, “alumínio, madeira e lâmpadas de LED“.
A arte não tem preço!

Feliz Páscoa


Não esqueçam que “Deus é Humor“.
É importante.

Ora vejam lá bem se…

… não é o maior milagre da história a seguir à passagem de Santo Agostinho do estatuto de maior putanheiro da Idade Média a Santo.

Sobre as Testemunhas de Jeová

Sessão de perguntas e respostas a uma ex-Testemunha de Jeová.

Os bons, os maus e o comboio

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Dou por mim parado na estação de Coimbra B e recordo-me do dia em que vi, pela primeira vez, o João José Cardoso. O João José, a Noémia e o Ricardo, a Carla e o petiz, o Dario, o Orlando e o Nabais e acho que, do pouca-terra que partira de Campanhã, éramos estes. Em Coimbra, naquele belo tasco forrado a retalhos de individuais de papel, com palavras de ordem e devaneios boémios, conheci mais uns quantos. Se a memória não me trai estava lá o Valada, a Eva, o Jorge e o Fernando, que chegou mais tarde. Um dia bem passado, bem regado e de pança cheia. Um raro dia de convívio em que ocupamos o mesmo espaço físico, não descurando todos os dias em que nos encontramos, virtualmente, para arquitectar conspirações, parvoíces e coisas sérias. [Read more…]

Deus apresentou queixa?

Russo está a ser julgado por negar a existência de Deus.

A alta sociedade do Vaticano

Vaticano

Portanto a coisa funciona assim: mulher alguma se pode apresentar perante Sua Santidade vestida de branco. Excepto se for rainha ou princesa católica. Nesse caso, a regra deixa de existir a as sete senhoras elegíveis para este tratamento de excepção são imunes ao diktat da Santa Sé.

Não deixa de ser irónico (e ridículo) que uma religião que pregue a igualdade dos seres humanos tenha uma regra tão estapafúrdia. Tão absurda. Tão discriminatória. Mas tem. No que diz respeito aos trapinhos que cada uma pode usar na presença do Papa, existe a alta sociedade e a ralé. As duas castas da indumentária. [Read more…]

O How e o Know-How

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Salvador Dali, ilustração para a Imaculada Concepção

O Porto Canal descobriu um filão neste homem que tem o condão de nos colocar permanentemente em estado de estupor filosófico. Retenhamos esta sequência, a propósito da adopção por casais do mesmo sexo:

Eu sou homem. Tenho, por exemplo, órgãos genitais de homem, pénis, testículos, etc. Não fui eu que os fiz. Não fui eu, que os fiz. É claro que eu posso… se calhar foi a minha mãe. A minha mãe já faleceu. Mas eu posso facilmente imaginar-me a perguntar à minha mãe: – olha, tu sabes fazer pénis? (…) – Oh filho, eu sei lá fazer uma coisa destas. – Mas tu fizeste 4! Ela fez 4! Mas não sabe fazer pénis!” (…) Tenho aqui um problema. Ela não sabe fazer. Mas fez!“.

Bastaria tal pequeno exercício de retórica para nos apercebermos que entre os órgãos genitais do professor Pedro Arroja se encontram a cachimónia, as cordas vocais e a língua, capazes de gerar e dar à luz, como estes, pequenos sistemas de vida intelectual antecipadamente extintos (ou seja, abortos lógicos). Caramba, ninguém lhe saberá explicar a diferença entre o fazer e o saber-fazer?

Eu tenho certos órgãos, que já identifiquei. Não fui eu que os fiz. A minha mãe, também não os sabe fazer. O meu pai muito menos. Não vejo ninguém que os saiba fazer e que os tenha feito. (…) Quem foi? Quem foi? A resposta é: foi Deus. Embora o tenha feito no ventre da minha mãe“. (…)

 

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A música que importa

“Imagina que não há países,
Não é difícil se tentares,
Nada por que matar ou morrer
E nada de religiões
Imagina todas as pessoas
A viver a sua vida em paz

Podes dizer que sou um sonhador
Mas não sou o único a sonhar
Espero que um dia te juntes a nós
E o mundo seja uno e apenas um”

John Lennon, Imagine, 1971
[adapt.]

O que responder?

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Voltaire, Dicionário Filosófico, excertos do artigo “Fanatismo”:

Resumindo, todos os horrores de quinze séculos podem ser renovados num só, desde as pessoas sem defesa chacinadas aos pés dos altares, dos reis esfaqueados ou envenenados, um vasto Estado reduzido a metade pelos seus próprios cidadãos, desde a nação mais belicosa até à mais pacífica dividida pela espada desembainhada entre o pai e o filho, os usurpadores, os tiranos, os executores, os parricidas e os sacrilégios violando todas as convenções divinas e humanas pelo espírito da religião: cá está a história do fanatismo e dos feitos.

Não há outro remédio a esta maldita epidemia que o espírito filosófico, que espalha, passo a passo, os costumes dos homens e que impede os acessos do mal. As leis e a religião não chegam para lutar contra a peste das almas. A religião, longe de ser um alimento salutar, torna-se um veneno nos cérebros infectados. Os miseráveis inspiram-se sem cessar no exemplo de Aod que assassinou o rei Églon; de Judith que cortou a cabeça de Holopherne enquanto dormia com ele; de Samuel que desfez o Rei Agag; do padre Joad que assassinou a sua rainha etc. etc. Eles não percebem que estes exemplos, que são respeitáveis na Antiguidade, são abomináveis no tempo presente: eles põem a sua loucura na própria religião que os condena.

O que podemos responder a um homem que te diz que prefere obedecer a Deus que aos homens e que em consequência disso ele está certo de merecer o céu por te matar?

Os líderes dos fanáticos, que colocam os punhais nas suas mãos, são uns velhacos maliciosos. Eles assemelham-se ao Velho da montanha que, diz-se, deu às pessoas fracas uma pequena amostra do paraíso, prometendo-lhes uma eternidade de tais prazeres, desde que eles matassem todos aqueles que ele lhes ordenasse. Em todo o mundo só uma religião não foi conspurcada pelo fanatismo, a dos literatos chineses. Quanto aos filósofos, em vez de serem infectados por essa pestilência, eles foram um remédio contra ela pois o efeito da filosofia é compor a alma e o fanatismo é incompatível com a tranquilidade. Relativamente à nossa santa religião ter sido tão corrompida por estes infernais impulsos, é a loucura dos homens que se deve culpar.

“O século XXI será espiritual. Ou não será.” (André Malraux)

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André Malraux fotografado por Germaine Krull (por volta de 1930)

«O enfraquecimento ou o desaparecimento da religião parecem estar, para alguns, na origem do comunismo ou do nazismo. Será verdade que apenas um sentimento de entrega a algo que está acima e para além do ser humano pode criar as condições de tolerância e de compreensão entre os homens? Antes de mais: terão as religiões assegurado “as condições de tolerância e de compreensão entre os homens”?

Não foi o caso das religiões assíria [cujos deuses eram antropomórficos] e asteca [também politeísta, e xamanista]. (…) Algumas das leis mais atrozes foram enunciadas por sábios confucionistas; mas o confucionismo não passa de uma religião dos mortos. A mitologia grega não é edificante (…). Parece-me que há duas religiões que terão desempenhado o papel que a generalidade das pessoas considera verdadeiramente importante, as que unem o amor e a compaixão: o cristianismo e o budismo. Embora o tenham apenas podido desempenhar como deve ser durante uma parte da sua história.

O Cristo bizantino animou durante mil anos uma civilização de amor sem piedade. Dois em três imperadores bizantinos foram assassinados ou torturados. (…) No século XIII, o cristianismo ocidental cumpre um dos mais elevados destinos da História: constrange o Homem à virtude (…). Cria um herói submetido aos ensinamentos da sua fé (…) Através de Cristo, pelo seu exemplo. Mas não foi o suficiente.

Uma religião une os homens na medida em que faz de cada um próximo. Apesar de esse próximo se limitar, na maior parte dos casos, a ser um correlegionário, e, por mais superficial que tenha sido o humanitarismo do século XIX, somos forçados a constatar que coincidiu com um dos séculos menos cruéis da História… O principal adversário da tolerância não é o agnosticismo, mas o maniqueísmo: nazis e comunistas, mesmo se ateus, são maniqueístas. [Read more…]

Religião, a mais diabólica invenção da Humanidade…

Ao longo dos séculos a fé dos povos tem sido habilmente explorada por teólogos canalhas que manipulam doutrina, incitando ao ódio e desconfiança. Se lermos os ensinamentos, cristianismo, islamismo e judeísmo apregoam a paz, a salvação. Se observarmos a prática, vemos intolerância, busca pela supremacia, utilizando muitas vezes a guerra para alcançar os desígnios…

Fundamentalismo Cristão

No video em cima podemos ver uma troglodita que, sendo chefe da secretaria de um tribunal do Kentucky, se recusa a passar uma licença matrimonial a um casal homossexual, algo recorrente por aqueles lados apesar da união entre homossexuais ser legal naquele estado norte-americano. O Supremo Tribunal de Justiça já se pronunciou contra a decisão de Kim Davis, a troglodita, mas esta optou por ignorar o aviso e continua sem emitir qualquer licença.

Questionada sobre quem lhe dá autoridade para ignorar a lei e recusar-se a emitir a dita licença, a troglodita afirma estar investida da autoridade de Deus, que com certeza lhe terá falado durante a sua última alucinação. Mesmo assim, esta coisa chefia uma repartição pública apesar das legítimas dúvidas sobre se dispõe ou não de um cérebro. A diferença este isto e um troglodita que se enche de explosivos e rebenta com um mercado em Bagdad é que a troglodita em questão não tem acesso/não sabe fabricar bombas. Ela que arranje C-4 e vocês logo vêm o que ela faz com a próxima parada gay que apanhar pela frente.

 

A absoluta demência do fanatismo religioso

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Não pode haver qualquer tipo respeito ou tolerância para com tamanha aberração. Insultar este tipo de gente é insultuoso para o próprio insulto. Não existe articulação de palavras possível que permita classificar um psicopata que prefere ver uma filha morrer afogada à sua frente do que permitir que um nadador-salvador a salve em nome de uma crença absurda e demente. Resta-me lamentar que não tenha ido ele em vez da filha.