Desertificação intelectual

Não conseguimos segurar os quadros médios e superiores. Quase 15% da nossa mão de obra qualificada vive no estrangeiro.

 

Cem licenciados por dia deixam o país para procurarem lá fora, emprego, mas a hemorragia vai continuar porque existem mais 45 000 licenciados, que no inicio deste ano estavam a desempenhar trabalhos de baixa qualificação ou não qualificados.

 

Hoje o país oferece a estes licenciados, empregos nos "call centers" e no comércio e na restauração, e é certo que grande parte deles irão tentar a sorte lá fora.

 

Na década de 90 acolhemos milhares de emigrantes de outros países, sobretudo do Leste, mas tambem do Brasil e Cabo verde, como resultado do nosso bom desempenho económico.

Na década perdida de 2000 voltamos a ser um país de emigração, mas agora já não exportamos mão de obra desqualificada, mas sim quadros médios e superiores, a quem Portugal não oferece condições conformes às suas qualificações.

 

Esta enorme contradição em que nos enredamos, por um lado aposta-se na educação e na qualificação das pessoas , para as vermos depois,  sair do país.

 

É no estrangeiro que estes quadros aplicam os seus conhecimentos que adquiriram nas universidades portuguesas, financiados por nós todos, contribuintes!

 

Desenvolver o tecido empresarial português, produzindo bens transacionáveis e esportáveis e que substituem importações, em mercados abertos e exigentes, é a única saída para o empobrecimento.

 

Ao invés, o que temos é um Estado centralizador e incompetente que trava o desenvolvimento, grupos económicos que oferecem bens não transacionáveis e protegidos pelo Estado.