O jornalista Miguel Carvalho escreveu, na sua página de Facebook, o texto que a seguir transcrevo. Porque partilho com ele quase a 100% o conteúdo e porque esta não é hora para silêncios!
PAIXÃO E LIBERDADE
A paixão por um clube nada deve a quem o dirige. É paixão simplesmente. Quando é paixão, a grandeza e a pequenez não contam. Haverá sempre quem escolha os vencedores, os poderosos e o lado para onde sopra o vento. Eu não escolhi ser portista numa adorável família de muitos benfiquistas (de onde saiu um outro tio adorável, portista de camarote e alma grande). Aconteceu. Foi um arrebatamento. Uma mistura de afetos e circunstâncias.
O meu clube não é o do Pinto, do Sérgio, do André ou do Zé das Iscas. Quando o amo ou com ele me irrito para lá das fronteiras da racionalidade faço-o em nome de muitas memórias e cumplicidades, não a partir de uma trincheira ou da cegueira. Amar é transbordar, é uma torrente. E eu não me espremo para caber nas molduras.
Não sou Norte contra Sul, não sou Porto contra Lisboa, por muito que ache que o centralismo mora em todas as casas, afeta cérebros instalados e, sobretudo, o pensamento de alguns reciclados de província (Eça e Camilo explicam).
Pois bem: o meu Porto perdeu com o último. Nada de novo.
Mas acontece num dos tempos mais traumáticos do clube, quando o seu símbolo e as suas cores estão ligados – mais uma vez – a uma desgovernada e desavergonhada gestão financeira e às criminosas e insanas práticas de gangsters de bancada contra o antigo treinador André Villas-Boas (não se iludam: há-os por todo lado e de todas as cores).
Acresce que este é ainda um período em que, pelos vistos, a liberdade tem um preço alto para quem ousa dizer que os trapos não tapam uma certa miséria titulada (e as suas práticas). Mas é preciso avisar toda a gente: o meu clube vai nu. Segue em contramão a manchar o que há de mais devoto, popular e íntegro na sua história (e não é a primeira vez nem será a última). Sérgio Conceição e Villas-Boas não são, pois, o problema.
O problema é ter, do topo à bancada, um lastro que fede. E cheira a léguas.
Não se troca a liberdade pela servidão.
Disse quem sabe e são palavras que vestem esta cidade por dentro da sua História. Uso-as agora, como portista que também sou, para dizer: não em meu nome. A minha paixão não precisa de patentes, de cartões ou atestados de militância (já os teve, mas livrei-me deles). Bastam-me “as certezas do meu mais brilhante amor”. Também sou povo e ilusão. E com eles também se faz uma revolução. Querendo.
Nú vão os 3 (provavelmente mais para quem presta atenção) há 20 anos (idem). Mas uns têm mais regras do que outros, que alegar autoridade moral que não têm também calha a todos.
Práticas (ou practicas, em porctugues) de gangsters?
Mas essas práticas são novas ou recorrentes? É que não me lembro de ver quaisquer denúncias (as newsletters da 2ª circular não contam)