Voto obrigatório: o capitoso sorriso do Sr. Marcelo


Bem avisámos que esta eleição era passível de ser um teste à legitimidade da instituição. Não nos enganámos.

Após a vergonhosa derrota de ontem, os esquemáticos preparam já um pífio Tordesilhas, iniciando as sugestões para a introdução do voto obrigatório. O Sr. Marcelo Rebelo de Sousa, assim de forma mais ou menos desinteressada sugere o dislate e já se espera uma concordância por parte do PSD. No PS levantar-se-ão algumas vozes dissonantes como a praxe estrabelece, mas finalmente e para o bem da democracia, surgirá um projecto consensual que ditará a respectiva aprovação parlamentar.

Antes de ser um dever, o voto é um direito. A absurda obrigatoriedade, implica o reconhecimento da falta de credibilidade que atinge a generalidade dos agentes políticos, hoje mais que nunca, imensamente carentes de legitimidade. O dever decorre da lisura dos processos eleitorais que saem da Lei, onde o sistema electivo pode ou não adequar-se às necessidades da população. De facto parece ser aceite, a enorme discrepância existente entre o eleitor e o eleito, permitindo os caricatos episódios que têm pontilhado de má fama um Parlamento que deveria ser o supremo órgão de soberania. Estorietas de viagens, truques de residência para a obtenção de “ajudas de custo”, subsídios imerecidos, abusivas ajudas de custo e o boyismo militante que sufoca a respeitabilidade dos parlamentares, como ou sem razão são motivo de contrariada chacota por parte do homem da rua, cada vez mais descontente com o rumo da coisa pública. A seu ver, o Parlamento resume-se a um bando de vulgares tagarelas de tasca de bairro e a uns tantos cartões de crédito, bilhetes de avião, comezainas, carros de luxo e hotéis pagos pelo erário público.

[Read more…]

Um Coelho no Pombal


A quase invisível campanha presidencial, deu hoje mais alguns exemplos daquilo que é a república portuguesa. Enquanto a conhecida faceta seráfica do sr. Cavaco Silva dava tratos de polé ao seu putativo principal oponente, chamando-lhe ignorante quanto a tudo e mais alguma coisa, o sr. Coelho da Madeira, acabou com as falinhas mansas. Nada mais nada menos, garroteia na Justiça e diz a alto e bom som, marcher pela Revolução Francesa – bonjour, madame guillotine – e que é necessário o regresso do Marquês de Pombal, possibilitando-se assim, uma reforma daquela senhora ceguinha que segura a balança. Em suma, se tivermos Coelho em Belém, podemos desde já contar com um incêndio na Trafaria, um avianço da omnipotente mão nos cofres do erário público, a liquidação daquilo que resta do ensino, a apropriação de terrenos para distribuir pela família e sobretudo, um erguer de forcas, muitas forcas.

Para aqueles que ficarão famosos no futuro, está desde já reservado um certo espaço quase ermo, situado mesmo ao lado da estação fluvial de Belém. Qualquer atrevido escolho aos desígnios do sr. Coelho, para ali será arrastado, a ainda carcaça viva colocada sobre aspas para se lhe quebrarem as canas das pernas, esmagados os ossos do tronco, desconjuntadas as articulações e finalmente, queimados em roda os despojos e atiradas as cinzas ao Tejo.

Com um bocadinho de sorte, ainda assistiremos a uma ressurreição de mortos. Como deve estar contente a malta do Afonso Costa! Coisas há, que não mudam.

Um deserto noutro deserto


É esta, a imagem dos afazeres diários na sede do sr. Cavaco Silva. Muito entusiasmo, muita genica, muito trabalho pela frente. Vê-se. Sintomaticamente, situa-se num falido centro comercial. Falência política para falências de outros tipos…

Para nossa felicidade, não têm tino. Alegre, Cavaco, Lopes, Coelho e Nobre, envolvem-se naquela que é – de longe! – a mais perniciosa e “importante” questão para a República. Envolve dinheiros, tráfico de influências e aquilo a que o homem da rua chama de vigarices. A coisa ainda está a começar e já imaginamos o que as próximas semanas trarão.

Excelente, melhor não podia ser! Cá ficamos à espera e nem haverá necessidade de levar seja quem for à Rotunda.

“Ficar em casa, abrir um bom livro, ouvir música, estar com a família vale mil chapeladas da lotaria dita republicana. Como acreditamos na República – ou seja, na política – e como só há Política quanto a totalidade da Cidade se revê nas instituições, recusamos participar numa fraude.”