Cavaco: o discurso da contradição em dia de reflexão

O Presidente da República foi muito pouco interventivo na campanha eleitoral. E, para deixar uma mensagem deveras contraditória em dia de reflexão, melhor seria que mantivesse o silêncio.

Nem é preciso alongar-nos muito. Basta reproduzir os títulos das notícias da comunicação presidencial em dois jornais:

No ‘Público’

“PRÓXIMO GOVERNO NÃO FICA LIMITADO PELO ACORDO COM A TROIKA, DIZ CAVACO”

No Jornal “i”

“CAVACO CONDENA A ABSTENÇÃO E DIZ QUE PRÓXIMO GOVERNO TEM DE CUMPRIR COMPROMISSOS INTERNACIONAIS”

Ainda li e reli os textos integrais das duas notícias, mas é mesmo assim. Não há erro jornalístico. O presidente Cavaco refere ao País o objecto  das responsabilidades da acção do governo que se segue, através de afirmações desconexas. O acordo da troika não limita a acção do próximo governo?  Não é, de facto, esse acordo o pesadíssimo ‘caderno do encargos’  dos compromissos internacionais a cumprir?

À excepção do resultado da selecção nacional, vencedora da Noruega por 1-0, a vida dos portugueses, nem em dia de reflexão eleitoral, correu de feição. Houve bastonada no Rossio (Lisboa) e, no final, fomos presenteados com um atabalhoado e contraditório discurso  do Prof. Cavaco Silva.

São efeitos da estratégia do mar profundo em que submergimos. Nem os famigerados submarinos  nos valem. É O NOSSO FA(R)DO!