O caso do vídeo “Sócrates parece gay” e se parece grave ou não é

Neste vídeo, em plena campanha eleitoral, Passos Coelho perante um miúdo que afirma “Sócrates parece mais gay“, responde, “não parece, é.

Deixando de lado considerandos sobre porque só foi publicado a 7 de junho, e como foi obtido a partir do original, não vejo qual é o drama, a tragédia, o horror.  Um líder partidário não deve dizer coisas destas em público a despeito de meio mundo o dizer todos os dias? Claro que não. Foi mais um tiro no pé, este com a sorte de não ter circulado em plena campanha. Agora a gravidade da afirmação, ao pé do episódio da enxada, é mínima. Insultar José Sócrates foi um passatempo corrente ao longo destes anos, mais que merecido por razões que nada têm que ver com a sua vida privada. No país em que eu vivo grave mesmo é insultar uma anónima desempregada. No país em que a Maria João vive acredito que as coisas não sejam bem assim, mas isso já é problema dela. O meu é que se insulte o meu povo. O dela é que se insulte o seu líder.

E de qualquer forma esta foi a melhor notícia que podia receber hoje: Pedro Passos Coelho, na qualidade de primeiro-ministro desbocado, promete.

Contas de sumir

Os amantes da troika fazem umas contas giras:

Este acordo foi sufragado a 5 de Junho por mais de 78 por cento dos votos, ou seja, pelas pessoas que votaram PSD, PS e CDS.

prega Helena Matos.

Vamos admitir que sim. Vamos esquecer que este resultado contou com uma campanha de mentiras promovida pela comunicação social durante meses, que chama ajuda a um empréstimo usurário, acusa de irresponsáveis os que defenderam a renegociação da dívida, etc. etc. Vamos fazer de conta que durante toda a campanha não houve um silêncio sepulcral dos 3 partidos sobre o conteúdo do acordo que aceitaram.

O que posso assegurar é que pouco mais de 65 000 desses eleitores* tiveram acesso ao memorando que supostamente sufragaram, em português. Nem sei se todos o leram. Essas são as estatísticas de acesso ao único sítio onde a tradução estava disponível.

A diferença entre maioria parlamentar e maioria social, explica-se aritmeticamente assim: quando os tais 78% lerem o memorando nos seus bolsos, no prato, na saúde, na educação, no desemprego, ao mesmo tempo que Portugal, tal como a Grécia, continuará bombardeado todas as semanas pelos mercados e pelos amigos franco-alemães, vamos ver como votam, com os pés, e nas ruas. E a seguir nas urnas, se os deixarem.

*acessos antes de 5 de junho. Número máximo, não tendo em conta quem acedeu várias vezes, até porque a tradução foi sendo actualizada.

Prevaleceu o bom senso, mas convém reflectir…

Um eventual recurso do PS para o Tribunal Constitucional, visando a anulação dos votos dos emigrantes do Rio de Janeiro, teria um efeito prático nulo, porque mesmo que a pretensão viesse a ser atendida, seria o PSD a eleger os dois deputados pelo círculo fora da Europa. Seria assim incompreensível persistir num acto, que resultaria apenas no atraso da tomada de posse do novo governo.

Prevaleceu o bom senso no Largo do Rato, mas considero que este caso não pode ser desvalorizado, pelo contrário, deve ser averiguado e politicamente debatido, por forma a reforçar os mecanismos de segurança, evitando qualquer hipótese de fraude, convém ter presente que a CNE deu razão numa queixa apresentada pelo PS, por factos que desconheço se vieram ou não a ser confirmados. Antes que um destes dias possamos ter o resultado de uma eleição decidida nos Tribunais, com o país paralisado, basta lembrar Bush vs Gore em 2000 na Florida, ou mesmo ver colocada em causa uma maioria no parlamento, na 2ª eleição de António Guterres, houve um empate, o célebre 115-115, seria interessante reflectir sobre a forma como chegam os votos dos nossos compatriotas que vivem além fronteiras. Ninguém de bom senso, contestará o direito ao voto a qualquer português, mas certamente todos queremos ver os nossos políticos eleitos sem sombra de suspeita, quer o resultado nos agrade ou não.

Ir mais além

Existe um dado curioso nas tendências de voto nas mais recentes eleições legislativas: o crescimento dos votos em branco. Nas legislativas de 2005 foram 63789, nas legislativas de 2009 foram 99161, e agora nas de 2011 cerca de 148058. Um crescimento interessante de acompanhar. Como é interessante, também, apreciar o quanto isto começa a afligir os partidos políticos.

Como falar de votos é falar de votantes, lá continuam a pairar suspeitas quanto a centenas de milhares de eleitores, que distorcem a realidade estatística do país e permite números de abstenção irreais, com as consequentes viciadas conclusões. Nada de novo, assim, que se continue a falar a cada acto eleitoral da necessidade de actualização do número de eleitores, na esteira da velha lógica do “tem que se ver isso”.

Quanto ao resto, tudo se resume à fria constatação de que a Esquerda falhou e a Direita ganhou. E de que é mais fácil a Direita unir-se do que a Esquerda entender-se. Como bem exemplifica a queda do Bloco de Esquerda que se esqueceu de atacar a Direita e centrou-se em José Sócrates e na concorrência com o PCP. [Read more…]

Os profissionais da política

Fico triste por ver este país entregue, de forma cada vez mais acentuada, aos profissionais da política (vulgo, pessoas cuja experiência profissional se resume, grosso modo, a uns telefonemas e, eventualmente,  discursos em sedes partidárias). Sócrates, Assis, Seguro e Passos Coelho são a evidência de que a Lei de Gresham está em pleno vigor na política nacional.

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Um homem, um voto

E cada voto vale o mesmo que outro. Simples não é? Mas complicado para os donos da democracia. Embora haja sistemas bem piores (o inglês, por exemplo) o método de Hondt aplicado a círculos distritais não passa de engenharia eleitoral, que as almas eleitas para a Assembleia Constituinte entenderam ser a melhor forma de garantir governos “estáveis”, e a ausência de minorias na Assembleia da República (convém não esquecer que essas almas foram eleitas num sufrágio onde três partidos foram excluídos, e não o sendo pelo menos um elegeria um deputado).

O Alexandre Abreu, no Ladrões de Bicicletas, deu-se ao trabalho de simular os resultados de Domingo (sem os círculos de emigração, outra ideia discutível) se tivéssemos como sistema eleitoral o mesmo método de Hondt, mas apenas um círculo nacional, e melhor do que isso, se os votos fossem mesmo todos iguais, e os deputados eleitos proporcionalmente no mesmo círculo nacional.

Desde 1976 o país mudou: os distritos do litoral encheram com o esvaziamento do interior, onde só dois partidos conseguem eleger deputados. Precisamente os dois partidos que perderiam deputados para as minorias se a engenharia fosse substituída pela democracia. A matemática convenientemente aplicada é a mãe das desigualdades. O meu voto vale mais e é mais livre do que o voto de um transmontano. Está mal.

A quebra eleitoral do Bloco de Esquerda: factos

Roubei e adaptei este gráfico ao Pedro Magalhães: dá-nos a tendência das sondagens (neste caso relativas a BE, PCP e CDS) desde Janeiro de 2010. A seta coloquei-a no último pico favorável ao BE; a partir de finais do ano passado foi sempre a descer.

As sondagens valem o que valem (mas no caso do BE até valeram mais do que isso).

A quebra do Bloco de Esquerda e o início da pré-campanha de Manuel Alegre, feita de braço dado com o PS de José Sócrates, é pelo menos uma coincidência, que me parece significativa.

Más companhias…

Actualizando: o Pedro Magalhães teve a amabilidade e curiosidade de ampliar o gráfico de forma correcta, e substituí a mera ampliação gráfica pela sua. “A linha vertical é Novembro de 2010, início aproximado do declínio de Manuel Alegre nas sondagens para as presidenciais.” – fim de citação.

Enquanto foi novo cresceu; envelheceu à pressa, encolhe

Um partido de esquerda faz-se sem elitismos, e desfaz-se ao escorraçar os que cheiram a trabalhador manual. Um partido de esquerda, mesmo sendo na prática uma coligação não assumida de 3 partidos, não sobrevive eternamente aos arranjos das organizações que o formam, substituindo a democracia interna pela cooptação sistemática. Um partido de esquerda pode, e deve, cometer erros, mas tem de os assumir: a arrogância vira-se sempre contra quem a pratica. À esquerda não se pode fazer política por outra razão que não seja a de lutar pelos outros,  e a sistemática produção de “figuras públicas” vindas no nada dá maus resultados, de que o caso Joana Amaral Dias é o exemplo mais hilariante.

Há também erros conjunturais. O apoio a Manuel Alegre foi o maior de todos. A troco de ir buscar alguns (poucos) militantes ao museu do PS, o Bloco apareceu aos olhos de metade dos seus eleitores como um partido igual aos outros. A moção de censura que se lhe seguiu, embora correcta, teve o efeito perverso de reforçar a mesma conclusão. Assumir o erro era mais difícil, mas era a única opção de um partido que fosse mesmo diferente dos outros. Tenho as maiores dúvidas que estes erros sejam assumidos e que se proceda a uma revolução interna. Nem me parece que isso seja importante. O que vem a seguir faz-se nas ruas, e os que construíram esta derrota não vão sair do Portugal sentado, que é a única forma que conhecem de fazer carreira política. Sublinho: carreira política. [Read more…]

A derrota eleitoral da esquerda, consequências…

A esquerda foi ontem derrotada em toda a linha, desde a mais moderada à radical, os resultados devem ter provocado que muito boa gente ainda se encontre hoje em estado de choque. O PS foi um dos grandes derrotados da noite, mas não o único, perdeu um pouco mais de 500 mil votos e muito provavelmente 23 deputados, partindo do princípio que irá eleger um pela imigração. Imediatamente José Sócrates retirou consequências políticas, assumiu a derrota e demitiu-se da liderança do partido, que está agora numa situação verdadeiramente difícil, condicionado na oposição pelo memorando que assinou com a troika, ninguém compreenderia que viesse agora liderar a contestação ao programa do novo governo. Será assim até 2013, o que obrigará o PS a esperar dois anos, até que possa verdadeiramente assumir-se como alternativa e liderar a oposição. Até lá, podem PSD e CDS/PP aproveitar para aprovar no parlamento todas as medidas necessárias à implementação do acordo que possibilitou o resgate financeiro do país. Nesta conjuntura, será preferível ao PS escolher um líder de transição, fraco, para 2 anos, ou permitir que um dos naturais sucessores, António José Seguro, Francisco Assis ou eventualmente, mas com menor grau de probabilidade, António Costa, fique associado às políticas impopulares de austeridade, que se irão seguir? A decisão cabe obviamente aos próprios, que decidirão ou não avançar, mas só partir de 2013, ano em que teremos eleições europeias e autárquicas, um PS rejuvenescido e refrescado na liderança, já liberto do compromisso que assinou, poderá começar a construir uma alternativa de poder, até lá irá fazer a travessia do deserto, que espera possa terminar em 2015, ou antes, se a nova maioria implodir após 2013, hipótese que não descarto, caso falhe o resultado do plano de resgate e a economia não cresça.  [Read more…]

Respira-se melhor

A análise do ar em Portugal, hoje, revelou uma melhoria de qualidade. Tal deve-se à ausência das partículas socráticas que, ao longo de seis anos, infestaram a atmosfera, a ponto de alguns portugueses terem sofrido de alergias terríveis, causadoras de estupefacção e de desânimo.

Alguns especialistas, no entanto, começam a alertar para o perigo de uma variante da mixomatose que poderá transmitir-se aos seres humanos, com a estupefacção a ser substituída por estupor e o desânimo por abatimento.

Os portugueses querem mudar, irão conseguir?

-Um Portugal farto de José Sócrates, decidiu mudar o governo, infligindo ao PS uma pesada derrota, que apenas encontra paralelo nos tempos das maiorias absolutas de Cavaco Silva. Cerca de 500 mil portugueses terão mudado o sentido de voto, resultados comparados com 2009. A vitória do PSD, não propriamente pela votação, cerca de 3 pontos acima das sondagens, é expressiva no número de mandatos obtidos, o que se explica pela hecatombe socialista, o PS, segundo partido mais votado, com menos 100 mil votos que o 2º partido em 2009, então o PSD liderado por Manuela Ferreira Leite. No entanto, Pedro Passos Coelho ficou aquém da meta ambicionada, alcançar a maioria absoluta, felizmente digo eu, porque as 3 experiências que tivemos mostraram um Estado parasitado pelos partidos que tomam nas mãos o poder absoluto. [Read more…]

Vencedores:

Pedro, se não vamos a votos no país, vamos a votos no partido” é uma frase atribuída, por uma fonte jornalística, a Marco António Costa. Como estou a citar de cor, pode não ser bem assim mas o sentido imputado era este.

O vice-presidente da Comissão Política Nacional e presidente da CPD do Porto do PSD, Marco António Costa, é diabolizado por boa parte dos opinion makers e alguns jornalistas da capital. Mesmo dentro do PSD algumas almas não gostam dele. É certo que são cada vez menos. Mas existem.

Por aquilo que tenho visto, não consigo entender. Como Presidente da Distrital do Porto consegue obter excelentes resultados. Seja nas eleições autárquicas, na dinamização do partido no distrito do Porto como em eleições nacionais (olhem para os resultados do PSD no distrito nestas legislativas e para a forte mobilização em toda a campanha eleitoral – incluindo uma perninha num e noutro distrito vizinho). [Read more…]

Um interior deserto

círculos eleitoraisAo olhar para os resultados eleitorais fui constatando o baixo número de deputados eleitos por cada círculo eleitoral. Dois deputados por Portalegre; três por Bragança, Évora e Beja; quatro por Guarda e Castelo Branco.

Sendo o número de deputados proporcional à dimensão do círculo eleitoral, estes números, quando comparados com os quarenta e sete deputados eleitos por Lisboa ou com os trinta e nove eleitos pelo Porto, são a demonstração de um país que não aproveita o território que tem. Tanta autoestrada para servir o país e ninguém para as usar.

Diria que esta “fotografia” é o melhor instantâneo destes 37 anos de democracia. Falta saber se era o que se desejava.

Estou satisfeito

O resultado eleitoral de hoje satisfaz-me. Por um lado, o PSD não tem maioria absoluta e de fora fica o risco de levarmos as porradas que as anteriores três maiorias absolutas nos trouxeram. E por outro, o PS ficou abaixo da barreira psicológica dos 30%, o que é o melhor sinal que se pode dar a qualquer partido que entre pelo caminho do ilusionismo.

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Engenheiro, com curso concluído a um domingo, recentemente desempregado, procura trabalho.

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Que vergonha, socialistas!

Ao ouvir o boicote às perguntas dos jornalistas durante a conferência de imprensa, só me ocorre que há quem lide muito mal com a liberdade de imprensa. Tristes.

Alô Comissão Nacional de Eleições

O secretário-geral de um partido, no momento em que agradece aos seus camaradas o empenho na campanha eleitoral, destacar os presidentes da Câmara eleitos pelo partido, não dá direito à participaçãozinha ao Ministério Público?

Um aviso ao PSD

Mentir aos portugueses quanto ao estado do país e acreditar que a comunicação social é peneira suficiente para tapar o sol dá direito a menos de 30% de votos.

BE, o grande derrotado

Em devido tempo fui apontando aqui, no Aventar, aquilo que me pareciam ser grandes erros políticos por parte do BE.

Relembro três, que me parecem essenciais: a aliança ao PS debaixo do chapéu Manuel Alegre, uma moção de censura para retirar o tapete a uma iniciativa do PCP (em que o Bloco mostrou ter os mesmos defeitos dos outros partidos) e a recusa do encontro com a Troika (em que o BE se auto-excluíu de possíveis contributos políticos pós-eleitorais e, natural e generalizadamente, as pessoas não votam em quem não possa aportar soluções).

Por outro lado, o Bloco não renovou os seus maiores temas e causas (ou, pura e simplesmente, não os tem) e aparece como um partido “velho” e gasto, por oposição ao partido novo que já foi.

Nota: Este poste estava já publicado quando Francisco Louçã reconheceu a derrota do BE e assumiu responsabilidades. Não reconheceu erros, mas pelo menos, chamou os bois pelos nomes e usou a palavra derrota. Menos mal.

Primeiras projecções dos resultados eleitorais

Eis as primeiras projecções das eleições legislativas 2011

PSD- 37 a 42%

PS- 26 a 30%

CDS- 11 a 14%

CDU-7 a 9%

BE-5 a 7%

O Aventar continuará a acompanhar todos os resultados e tendências.

Custou, mas foi

Primeiros resultados eleitorais

Para já ganha a abstenção.

Os políticos que ouvi comentar estes números falam apenas de eleitores fantasma. Daqui a pouco falarão do tempo. Perceber que as pessoas estão fartas desta classe política e desta forma de fazer política não lhes entra nas cabecinhas. Não aprendem, está visto.

Minhas senhoras e meus senhores:

Hoje, vou votar na CDU

No 5 Dias, explico as minhas razões.

Duas músicas do dia:

Barroso veio votar de jacto alugado?

As eleições “mais importantes” desde o 25 de Abril

Título do DN

O DN mas também o jornal “i” referem que Durão Barroso, no local do voto, a Escola Marquês de Pombal em Lisboa, terá  afirmado que se tratam das eleições “mais importantes” desde o 25 de Abril.

Se Barroso o diz, é porque é certo. Teve um percurso politicamente sábio desde o 25 de Abril. De feroz militante do MRPP transferiu-se para o PSD, pela mão do fidelíssimo amigo Santana. Frequentou, com altas classificações, a escola governamental cavaquista e mais tarde, em 2004, secundou o rosa António Guterres na fuga de primeiros-ministros para o estrangeiro.

Pelo facto de ter sido revelado que Barroso e comissários gastam fortunas à CE em jactos privados e outras mordomias, assaltou-me uma curiosidade: Barroso terá vindo votar de jacto alugado? Como ninguém me esclarece,  eu próprio deduzo uma resposta: “Para um Zé Manel que viajava entre a Cova da Piedade e Lisboa de ‘autocarro’ e ‘cacilheiro’, é bem possível que agora não dispense o jacto particular”.

Seja jacto privado ou de carreira, quem paga sei eu: os contribuintes europeus, pois claro. É engenhoso o Barroso.

O voto das abelhas

Na freguesia de Cabril, concelho de Castro Daire, a manhã foi também marcada pelo boicote às legislativas. À entrada da sala de voto foram colocados cartazes onde se pode ler “EN225” e “não ao voto” e o acesso à mesa de voto foi tapada, tendo sido colocadas abelhas no interior das instalações.

Há um Portugal assim; precisa do dia das eleições para dizer: estou aqui, não tenho estrada, não tenho médico, protesto todo o ano e ninguém repara, estou muito longe, os jornalistas só por aqui passam em busca do pitoresco, mas existo, também sou Portugal.

Enquanto houver um Portugal assim haverá boicotes em dia de ir a votos. Votam contra o silêncio. Desta vez com o zumbir das abelhas.

Cavaco: o discurso da contradição em dia de reflexão

O Presidente da República foi muito pouco interventivo na campanha eleitoral. E, para deixar uma mensagem deveras contraditória em dia de reflexão, melhor seria que mantivesse o silêncio.

Nem é preciso alongar-nos muito. Basta reproduzir os títulos das notícias da comunicação presidencial em dois jornais:

No ‘Público’

“PRÓXIMO GOVERNO NÃO FICA LIMITADO PELO ACORDO COM A TROIKA, DIZ CAVACO”

No Jornal “i”

“CAVACO CONDENA A ABSTENÇÃO E DIZ QUE PRÓXIMO GOVERNO TEM DE CUMPRIR COMPROMISSOS INTERNACIONAIS”

Ainda li e reli os textos integrais das duas notícias, mas é mesmo assim. Não há erro jornalístico. O presidente Cavaco refere ao País o objecto  das responsabilidades da acção do governo que se segue, através de afirmações desconexas. O acordo da troika não limita a acção do próximo governo?  Não é, de facto, esse acordo o pesadíssimo ‘caderno do encargos’  dos compromissos internacionais a cumprir?

À excepção do resultado da selecção nacional, vencedora da Noruega por 1-0, a vida dos portugueses, nem em dia de reflexão eleitoral, correu de feição. Houve bastonada no Rossio (Lisboa) e, no final, fomos presenteados com um atabalhoado e contraditório discurso  do Prof. Cavaco Silva.

São efeitos da estratégia do mar profundo em que submergimos. Nem os famigerados submarinos  nos valem. É O NOSSO FA(R)DO!

Estamos perdidos…

É uma premonição. Por outras palavras, fazer uma síntese do que tem acontecido nestes dias, falaria de fatalidade.

As curtas horas antes de se abrirem os comícios pata a corrida às eleições legislativas, tenho esse sentimento, referido antes: uma premonição. Nós, os do lado esquerdo dos partidos que correm, nós, os materialistas históricos, como é habitual, vamos perder. Como diz um filme que um dia vi intitulado Este País não é para velhos, mudava o título pelo de Este país não é para revolucionários como nós. Queremos igualdade, procuramos auto governo ou governo de freguesia, essas ideias de Babeuf de 1785, inspirador de Marx e de todos nós que o conhecemos e usamos as suas ideias, como Marx, como Allende. [Read more…]

A democracia quando nasce não é para todos

Terminou a campanha eleitoral: a polícia destruiu o acampamento no Rossio, espancou e efectou 3 detenções. Roubo de material de som e máquinas fotográficas. Presença da Polícia Municipal de António Costa.

O PS despede-se do poder assegurando à direita que sabe manter as ruas limpas de protestos, ou seja, evitar conflitos sociais. Deixem-nos ficar com uma pastazinha no governo, deixem… imploram a Passos Coelho.

Diz-se esta gente de esquerda.  Não passam de capachos da direita. António Costa, não passas de um Sócrates II. Ao mesmo baixo nível.