Vamos Enforcar Mussolini no Rossio

O que vem saindo aos bochechos acerca do Orçamento do Estado para 2014, mediante cirúrgicas e venenosas fugas de informação governamentais com vista a queimar ora o Primeiro-Ministro Portas ora o Primeiro-Ministro Passos, configura o estado absolutamente infernal em que a duplicidade do actual Governo português se move: a cooperação na coligação e a paz no seio dos actuais incumbentes é exercida segundo a lei de Talião, olho por olho, mentira por mentira, e o princípio da vingança servida a ferver e congelada.

Se Passos era o saco de todos os apodos e o balde de todos os insultos, escarros e vitupérios, sucedendo a Sócrates como o mais odiado de Portugal, esse ónus é agora dividido com Portas, cada facção apostada em fazer encher o recipiente odioso da outra. O Novo Ciclo de finais de Julho, na sua morbilidade murcha, fora um nado morto. E agora a austeridade regressa em força, síndrome outonal-invernosa. Antes das autárquicas, o discurso avulso governamental com o verbo cortar foi cortado para regressar agora com toda a força do choque e do terror porque novamente em cima de sectores sociais já sobejamente comprimidos, sofridos e batidos.

Não é à toa que os triplicemente esmagados funcionários públicos se deixam seduzir pela Revolucionarite Perpétua do PCP ou pelas lições velhas da velha ideologia marxista que justamente denuncia os criminosos da banca impunes e imunes após o saque às nações. É bem verdade que os governos os colocam a salvo de quaisquer retaliações, nos Estados Unidos e na Europa, ao passo que os mais vulneráveis pagam com extremo empobrecimento desmandos e colapsos de que não foram, nem por sombras, culpados. Depois de terem vivido acima das suas possibilidades e tudo ter estourado, a Banca Mundial e o Poder Político Europeu obrigam a maioria dos portugueses, irlandeses e gregos a viver muitas vezes abaixo da sobrevivencialidade. [Read more…]

A Cilada

PortasA tomada de posse do Governo Passos Coelho II foi um momento de esfuziante êxtase. Paulo Portas surgiu felicíssimo, confiantíssimo, sorridentíssimo, o que enfatiza um excepcional grau supercola na coligação. Ainda bem. Ele, que era o principal santo para o peditório socialista por ruptura, demissão, divisão na coisa governamental, deixou de poder ser um alvo. Já não há uma brecha para a Oposição explorar obsessionadamente, tirando a vulnerabilidade aparente da inamovível Maria Luís Albuquerque ou o estatuto gagá de Machete, espécie de sumptuário tardio, senecta anedota num ministério esvaziado em forma de sinecura, coisa que lhe não é estranha, depois de uma vida inteira a passear estilo e boa vida.

A pergunta agora é esta: a quem e a quê se agarrará o PS, na sua mó retórica por eleições antecipadas ou por demissões forçadas?! Regressar esse PS ao comunicado demissionário de Portas, ao alarde da sua consciência, ao cansaço do adjectivo irrevogável já está gasto. Mas alguém tem paciência para essa insistência e essa merda?! Por que não se entretém o PS a conferir as suas próprias propostas apresentadas na Távola da Salvação Nacional e que o Governo Passos II engatilhará como passíveis do voto coerente favorável do mesmo PS?! Esqueçam Paulo Portas: sim, dissera que «ficar no Governo seria um acto de dissimulação», mas não é. Não é simplesmente porque o Governo já não é o mesmo. Não é materialmente o mesmo. Não é pessoalmente o mesmo. Não é retoricamente o mesmo. [Read more…]