Histórias reais – Uma proposta irrecusável

É pouco provável que algum de vós tenha conhecido o Mocambo. Fechou portas em 1958, depois de década e meia de glória no esplendoroso Sunset Boulevard, onde os argumentistas fracassados acabam a boiar nas piscinas. Com a sua decoração carregada de estereótipos de uma América do Sul de caricatura, e as paredes cobertas de jaulas de vidro com papagaios, catatuas, e pombos, devia ser um desses lugares em que tudo é genuinamente postiço. Ver e ser visto no Mocambo era um imperativo para as estrelas da época e nenhuma falhava. E actuar no Mocambo era o empurrão necessário para qualquer carreira musical. Poucos eram, porém, os artistas negros que conseguiam um contrato, numa época em que a segregação racial ainda era a norma.

Impunha-se, portanto, jogar uma carta alta para que uma cantora negra pudesse actuar no Mocambo. Foi necessário que a sua amiga e admiradora fizesse ao dono do clube uma proposta irrecusável. Se ele contratasse certa cantora, a quem apenas a mais preconceituosa burrice poderia cerrar portas, ela, a sua amiga e admiradora, estaria todas as noites na fila da frente do Mocambo, sorriria para as câmaras dos fotógrafos que não deixariam de seguir-lhe os passos e com isso faria ao clube uma publicidade tão esplendorosa que nem o Mocambo poderia desdenhar. [Read more…]

Histórias reais – Os assassinos cinéfilos

Catherine Lorre tinha 24 anos quando conheceu dois assassinos em série. Eles eram Angelo J. Buono e Kenneth A. Bianchi, dois primos que ficariam conhecidos como os “Estranguladores de Hillside”. De Outubro de 1977 a Fevereiro de 1978, raptaram, violaram e assassinaram dez jovens mulheres, em Los Angeles.

Certa noite, cruzaram-se com Catherine. Ela ia a pé, eles pararam o carro e abordaram-na. Mostraram-lhe distintivos falsos da polícia, quiseram ver a identificação dela. Catherine trazia na carteira uma foto sua, em criança, com o pai. Como os assassinos viriam a confessar à polícia, quando viram que a rapariga era filha de Peter Lorre, o assassino de crianças de “M”, o clássico de Fritz Lang, o vilão perturbado e perturbador de tantas histórias, deixaram-na ir. Admiravam tanto o pai que não conseguiram matar a filha. Tanto quanto se sabe, foi a única mulher a escapar aos assassinos. [Read more…]