Reforma hospitalar: ideias sem nexo

saudeLembro-me da falecida e insuspeita Maria José Nogueira Pinto, há uns anos, em conferência na Universidade Lusófona, ter afirmado: “O sector da saúde é muito atractivo para negócios e há muitos pretendentes a abocanhar as iguarias do SNS, esquecendo os direitos dos cidadãos”.  É justamente pela concepção inerente a esta frase que alinho o presente ‘post’. Nas reviravoltas governamentais para a saúde,  foi cometida a incumbência de um estudo, mais um, a um chamado ‘Grupo de Reforma Hospitalar’ ou coisa parecida, nomeado pelo ministro Paulo Macedo.

Do relatório de José Mendes Ribeiro, e de mais 8 companheiros, suponho, constam diversas imprecisões e falsas soluções. Mas, acima de todas, uma das recomendações é pura e simplesmente irracional: preconiza, então, o documento que os ‘serviços hospitalares de urgência’ reencaminhem, no pressuposto de atendimento no prazo de 12 horas,  todos os doentes classificados como “não urgentes” para os Centros de Saúde, ou seja, quem receba a senha azul na triagem de Manchester. Segundo os dados do relatório em causa, em 2010 situou-se à volta de 40% a percentagem de doentes “não urgentes”, significando que 2.560.000 doentes seriam referenciados a Centros de Saúde, para o tal atendimento em 12 horas. 

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