Prendas de Natal de Coelho e de Portas

A política de saúde de Coelho, a despeito do simulacro de consulta pública da ‘Reforma Hospitalar’, tem estado activa através de obscenos aumentos de taxas moderadoras. Contudo, o ministro-contabilista Macedo ainda se atreve a declarar:

Gostaria que em 2012 todos os portugueses tivessem acesso a um Serviço Nacional de Saúde (SNS) universal e com qualidade.

Discurso hipócrita, falso. Eu e muitos doentes crónicos, de cardiologia, não tivemos possibilidades de aceder a consultas em S.Francisco de Xavier, Lisboa, desde Junho  até final deste ano. Naturalmente, que as palavras de Macedo ainda mais revoltados nos deixam.

Mas há mais. Curioso que, graças a Joaquim de Oliveira, da Olivedesportos, os hospitais públicos vão ter o serviço da SPORT TV gratuito. Ou seja, faltam consultas e cuidados de saúde, mas temos futebol e Paulo Macedo, desta feita eufórico, afirmou:

[A Sport TV] Vai tornar melhor a estadia dos doentes nos hospitais, proporcionando-lhes momentos lúdicos e até de distracção.

Eu, experiente em internamentos, estou a imaginar um doente entubado, com a agulha do soro no braço e de algália, a saltar na cama e gritar de alegria com o golo do Benfica, do F.C.Porto ou do Sporting. Assim, já vale a pena pagar taxas mais altas. E a produtividade de enfermeiros e assistentes operacionais vai disparar. [Read more…]

Reforma hospitalar: ideias sem nexo

saudeLembro-me da falecida e insuspeita Maria José Nogueira Pinto, há uns anos, em conferência na Universidade Lusófona, ter afirmado: “O sector da saúde é muito atractivo para negócios e há muitos pretendentes a abocanhar as iguarias do SNS, esquecendo os direitos dos cidadãos”.  É justamente pela concepção inerente a esta frase que alinho o presente ‘post’. Nas reviravoltas governamentais para a saúde,  foi cometida a incumbência de um estudo, mais um, a um chamado ‘Grupo de Reforma Hospitalar’ ou coisa parecida, nomeado pelo ministro Paulo Macedo.

Do relatório de José Mendes Ribeiro, e de mais 8 companheiros, suponho, constam diversas imprecisões e falsas soluções. Mas, acima de todas, uma das recomendações é pura e simplesmente irracional: preconiza, então, o documento que os ‘serviços hospitalares de urgência’ reencaminhem, no pressuposto de atendimento no prazo de 12 horas,  todos os doentes classificados como “não urgentes” para os Centros de Saúde, ou seja, quem receba a senha azul na triagem de Manchester. Segundo os dados do relatório em causa, em 2010 situou-se à volta de 40% a percentagem de doentes “não urgentes”, significando que 2.560.000 doentes seriam referenciados a Centros de Saúde, para o tal atendimento em 12 horas. 

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