Agora somos nós ou eles

Passos+Coelho+e+Nuno+Crato
«Quantas artes quantas manhas que sabe fazer nosso amo» – a frase de Gil Vicente, recordada numa caixa de comentários do Umbigo, aplica-se por inteiro à última façanha do Ministério.
Não há serviços mínimos nem hipótese de requisição civil? Não há problema, passam a existir serviços máximos. Convocam-se todos os professores do agrupamento e, mesmo que a adesão à greve seja de 90%, os 10% que comparecerem hão-de ser suficientes para garantir a sua realização. Não interessa que sejam professores da disciplina em exame, ou que tenham filhos a fazer exame, ou que não tenham tido sequer a formação habitual para vigilantes, ou que sejam educadores de infância a vigiar 12.º ano. O que interessa é que, no fim, o ministro possa dizer que tudo decorreu dentro da normalidade e que parta para a fase seguinte, a da vingança contra os que ousaram afrontar o seu poder. Tem sido sempre assim com este Governo.
Tudo o que agora se pede é um dia de greve. Apenas um. Se para alguns dois dias já serão demais, então pede-se apenas um. E esse dia é na segunda-feira, dia 17. É essa a nossa luta.
É por isso que chegou a hora da decisão. Um falhanço na greve de dia 17 irá pôr em causa as restantes greves às avaliações e daí à desmobilização geral será um pequeno passo. Uma vitória do ministro no dia 17 irá significar para milhares de professores a mobilidade, ou seja, o despedimento já no próximo ano lectivo.
Ao invés, uma vitória dos professores é o princípio do fim de um ministro e de um Governo arrogante que teima em ignorar a lei e fazer tábua-rasa de todo e qualquer princípio ético.
Agora somos nós ou eles.