🐐The Goat debate is settled

O debate sobre Messi e Ronaldo é tão irracional que não se percebe se quem gosta de um o faz por detestar o outro, como não se entende a incapacidade de ver que não existe um sem o outro. Foi uma dança que alimentou sempre ambas as partes. Porque deslumbraram o salão, porque implodiram com a concorrência de todas as gerações, porque duraram, porque derrubaram as estatísticas, porque revolucionaram o jogo, mas sobretudo porque sempre se respeitaram, ao contrário de boa parte dos indefetíveis que, como eu, está incapaz de “amar pelos dois”, e mesmo depois de um campeonato do mundo ganho pelo Sheikh Messi, vou continuar convencido que o único Goat é o Cristiano Ronaldo.

Não é, porém, apenas teimosia, e muito menos patriotismo. Trata-se de uma análise, por certo apaixonada, ao percurso de ambos. Ronaldo venceu tudo o que havia para vencer em cinco das seis competições mais difíceis da modalidade: na Champions, onde é soberano em todas as estatísticas, em Inglaterra, em Espanha, em Itália e no Campeonato da Europa. Messi ganhou três ou quatro, se tivermos a generosidade de equiparar a competitividade do campeonato da Europa à Copa América, sendo que o único campeonato que verdadeiramente conhece é o de Espanha.

Ronaldo veio de baixo, é uma improbabilidade, uma surpresa. Messi foi desenhado, é um projeto, um protótipo, uma certeza antes mesmo de enfrentar a dúvida. Ronaldo teve que se adaptar, jogou em duas posições muito distintas do jogo, em várias equipas, com diferentes modelos táticos e uma mão cheia de treinadores. Messi é o filho prodigio de Pep Guardiola, do futebol tricotado, assumiu sempre a mesma missão em campo. Ronaldo teve contra si a imprensa, Messi foi sempre acarinhado.

A vitória no campeonato do Mundo, caso caísse para Portugal, nunca seria suficiente para eleger Ronaldo o melhor de sempre, já a vitória de Messi é usada por muitos, ao lado da Fifa numa publicação lamentável, para lhe atribuir um título que não é um título, que mora apenas onde tem que morar – na subjetividade dos corações de cada bancada – e a legitimidade que tem, sempre inquebrantável, é exclusivamente dos adeptos.

Comments

  1. Anonimo says:

    A internet, mais concretamente as redes sociais, é constituída por bolhas, cada um com a sua verdade. Um pouco à imagem das reais nações, que escrevem a História a seu modo.
    Para a Nação Messiânica, Messi sempre foi o melhor da actualidade e de sempre, faltava no entanto um “facto” para concretizar a narrativa, o de fazer o que Deus Diego fizera no Mundial. Dito e feito, Eureka nas palavras do grego aquando da confirmação daquilo sobre o qual teorizava. Messi levanta o caneco e a teoria torna-se facto irrefutável.
    Depois há a perspectiva de não bastar elogiar o nosso sem achincalhar o adversário. Isto de honra aos vencidos é demodé. Não só messi é o goat, como Ronaldo se confirma como uma fraude. Não pode haver o Ying sem o Yang.

  2. Luís Lavoura says:

    Messi foi desenhado, é um projeto, um protótipo, uma certeza antes mesmo de enfrentar a dúvida.

    Como assim? Não entendo. Messi, tal e qual como Ronaldo, começou a treinar num clube “decente” quando tinha cerca de 10 anos de idade. E teve sucesso, mas muitos outros miúdos que começam a treinar com a mesma idade não têm sucesso. Nada garantia à partida que Messi viesse a ser o grande jogador que é. Outros miúdos treinaram tanto ou mais que ele, e nunca chegaram a ser tão grandes.

  3. Ghas says:

    Também não consigo vislumbrar nada de “revolucionário” no jogo de Messi e Ronaldo.

    Lá está, só neste ponto chega para ver como é impossível falar em “melhor de sempre”, que é o que quer dizer “goat”.

    Messi e Ronaldo são os melhores beneficiários do que é o futebol no século XXI: um jogo super protegido em termos físicos, que pune qualquer entrada violenta, seja por cartão seja por imagem – sobretudo estão 100% protegidos contra entradas por trás, algo que destruiu a carreira de Van Basten e ia destruindo a de Maradona e a de Eusébio, só para dar outros exemplos que me apareceram de repente. Se alguma entrada do género não for punida, então é porque há bastidores.

    Ronaldo e Messi também beneficiaram de toda a maquinaria moderna, de centro de treinos próprios dos clubes que começaram a pular no início do século, ou de clubes que já os tinham e tinham mestres na arte do crescimento físico: Figo teve isso em Barcelona com Cruyff que praticamente o impediu de ter lesões na carreira, Ronaldo teve isso com Ferguson em Manchester. Preparadores físicos e mentais, estatísticas, análises de tudo e mais alguma coisa. Ronaldo e Messi são as melhores consequências dos computadores modernos. Tudo isto permite que consigam esticar a sua carreira, que consigam fazer muitos mais jogos e golos, apesar de fisicamente ser mais do que óbvio que ambos já não aguentam correr em campo durante 90 minutos.

    Outro benefício claro é a mudança da mentalidade do penalty, hoje qualquer “volumetria” é considerada falta, sem falar na importância da imagem para a decisão.

    Ronaldo e Messi também beneficiaram com a ascensão das redes sociais, com a publicidade constante diária (Recordo que até A Bola fazia contagens na última página para o Ronaldo ser candidato à Bola de Ouro, em 2005\6 por aí, e todos falam na marca “CR7”, é simplesmente falso que tenha a imprensa contra si), algo inexistente no fim do séc. XX (ainda muito baseada apenas em anúncios e revistas da modalidade).

    Não, nem um nem outro são os melhores de sempre. São 2 grandes atletas, que são os melhores “protótipos” do jogador do futuro (carreiras longas extra guarda-redes), mas o lastro que deixam no jogo não lhe mudou a substância, foi a substância que na verdade os criou.

    Por outras palavras, seria preciso vê-los jogar no passado para ver onde chegariam – e seria preciso ver os jogadores do passado jogarem hoje para ver onde chegariam. Tenho para mim que todos os grandes do passado, sem excepção, teriam feito carreiras ainda melhores. E provavelmente Messi e Ronaldo teriam tido carreiras mais curtas e com menos números.

    Efeitos do tempo.

    • Anonimo says:

      Apenas juntaria aí a qualidade dos relvados.
      Messi e Ronaldo nunca jogaram num Vidal Pinheiro, ou em batatais como a Reboleira.
      Basta ouvir o que disse Lineker acerca do relvado no México no Arg-Eng, e no que Maradona conseguia fazer em condições nas quais os ingleses mal dominavam a bola.

      • Manuel says:

        Melhor comentário da época natalícia, especificamente por lembrar o mítico Vidal Pinheiro.

  4. Henrique G says:

    Alguém avisa o Renato Teixeira que escusa de lamber tanto o cu ao Ronaldo?

    O Ronaldo pode ser rabeta, mas não é para o bico dele… já tem muitos marroquinos espadaúdos e amigos milionários para lhe encher as medidas enquanto brinca às casinhas com a namorada faz de conta.

    O que eles se devem rir dos Renatos e das suas paixões GOAT… ganham fortunas para dar uns coices, dão-lhes tudo de borla, não pagam impostos, ainda são adorados… nem os lordes da Idade Média gozavam tanto.

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