Se fosse na bola era vermelho directo!

Como expliquei aqui, o que se está a passar é muito grave. 

E lembrei-me logo da altura do governo Passos Coelho/Paulo Portas, e da posição, assertiva e muito importante, do BE, através da sua eterna  Coordenadora  a  atriz  e deputada Catarina Martins, contra a extinção do Ministério da Cultura levado a cabo pelo governo da PAF.

A situação é igual. Só não é igual para Catarina Martins, que para uns tem uma posição e para outros tem outra. Transcrevo partes de  uma entrevista de 2012:

P: Num momento como este o governo prescindiu do Ministério da Cultura. É uma questão simbólica ou profunda? Significa que a cultura está a perder o seu lugar, a sua importância?

R: Acaba por se revelar uma questão mais profunda. O que foi dito é que não haveria ministério e que isso não era grave porque o Secretário de Estado estava na dependência direta do Primeiro Ministro e portanto a cultura ficaria mais perto do centro de decisão. Isto é logo uma ideia de subserviência da cultura. A cultura tem que estar mais perto do príncipe para ter algumas migalhas. Esta é uma ideia reacionária. 

É sintomático que nesta comissão interministerial estratégica do QREN, que é um conselho de ministros presidido pelo ministro das finanças, que não haja ninguém que represente a cultura. Está representada a educação, a defesa nacional, a administração interna, a solidariedade social, o ambiente e a agricultura, a economia e as finanças. Está lá tudo menos a cultura. Logo isto não é apenas um problema simbólico.

Julgo que há um outro sinal que é muito flagrante. A ideia que a cultura iria ser transversal. Há um parágrafo no programa do governo que é provavelmente o único parágrafo que eu concordo do princípio ao fim que diz que a área de intervenção prioritária da cultura tem de ser a presença da educação para a arte e a cultura na escola. Eu concordo, a nossa escola está distante da cultura, da arte. Mas fez-se agora uma revisão curricular que não tem nada a ver com isso. Isso foi aprovado no programa do governo, foi aprovado nas grandes opções do plano do orçamento e passados quinze dias a revisão curricular não tem uma linha sobre isso.

Na resposta a outra pergunta:

Em Portugal temos projetos que embora tendo tido financiamento estão a fechar as portas porque as CCDR – Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional não estão preparadas para lidar com o setor cultural. Nunca ninguém pensou que a cultura tinha uma palavra a dizer e lidam com as estruturas como se fossem obras públicas. 

O ensurdecedor silêncio de Catarina Martins e do BE sobre esta matéria continua.

Se quiserem saber a sério o que se passa estou disponível, e para o BE não preciso de ajuste directo nem de avença.

Este post é dedicado ao Aventador Fernando Moreira de Sá, que em boa hora me convidou para este antro de pecado que é o Aventar.

A horta do Garcia e o Garcia de Orta

ORTA
Si fazem, mas não em o mesmo dia, senão em outro dia despois, o qual banho he de preceito aos Bramenes e Baneanes, e a todo o Gentio, que nenhum dia comão sem lavar o corpo primeiro, e os Mouros lavamse, estando sãos, ao menos cada três dias.
Garcia de Orta, Colóquios dos simples e drogas da Índia. Ed. dirigida e anotada pelo Conde de Ficalho. – Lisboa : Impr. Nacional, 1891-1892.

***

Ontem, foi divulgado o traçado do Metrobus, “a nova mobilidade urbana verde” do Porto. Pelos vistos, começam hoje as obras na Linha Boavista – Império, etc., etc. Podeis ler tudo quer na página dedicada ao assunto, quer, mais concretamente, neste documento em pdf, onde se encontra um mapa com umas cores parecidas com as do Diário da República, quando passa pelas minhas mãos.

Por seu turno, Garcia de Orta, além de ser o nome de uma escola secundária do Porto e de um hospital em Almada e de aparecer aqui na moeda de 200 escudos,

[Read more…]

Os três estarolas

Imagem: RTP

O cocó, o ranheta e o facada. 

Que visão do inferno.

Eutanásia – uma discussão pervertida

Eu até sou a favor da eutanásia. Não sou é a favor de visões ideológicas e trafulhas sobre o problema.

Desde o tão bronco quanto imbecil e desonesto dogma dos “direitos individuais não se referendam” até à fraudulenta “mentira” dos “avanços civilizacionais, a grande parte dos argumentos aduzidos são uma” mão cheia de nada”. O que, infelizmente, não deixa de ser lógico e expectável porque a questão que devia ser algo transversal a toda a sociedade e bem acima dos espartilhos ideológicos, foi ilegítima e asquerosamente “confiscada” pela esquerda. E como em tudo o que tem o selo da esquerda, a infalível conclusão só pode ser: estamos a ser “endrominados”.

[Read more…]

Greve é guerra

Alguém que avise os fofinhos plantados na comunicação social que uma greve é um braço de ferro. É forçar, desequilibrar, usar uma fisga para derrubar Golias.

Os fofinhos são jogadores – não são árbitros. Estão na equipa do poder estabelecido e fazem parte dos obstáculos a derrubar.

Foto via O Meu Quintal

A sessão fotográfica do urso

Como escreve Natalie B. Compton, “um urso fez uma pausa para uma extensa sessão fotográfica“. Onde? Em Boulder, CO, nos Estados Unidos da América.

N.B.: [Read more…]

Marçal Grilo escreve: “Os resultados da governação têm alguns aspetos muito positivos”

Discordo. Os *aspetos nunca são positivos.

Complexos de inferioridade

Na mouche, JVP; também não percebo. Só os negociantes do costume percebem, dominados pelos euros e por complexos de inferioridade de pequenos como moedas… Sentem-se maiorzinhos por gastarem e ostentarem.

O problema é que é à nossa custa.

BE: A querida líder

Após as eleições legislativas e perante o desastre eleitoral o PSD foi a votos para escolher nova liderança. O PCP fez exactamente o mesmo. O destroçado CDS idem. Todos os grandes derrotados foram a votos internamente. Todos?

Não. O Bloco de Esquerda nem pestanejou. A querida líder está agarradinha que nem uma lapa. Ainda bem. Já o outro dizia: Olha para o que eu digo e não para o que eu faço….

Agregar para reinar – o caso de Eddie Redmayne

Na imagem, Eddie Redmayne como Lili Elbe em “A Rapariga Dinamarquesa”, filme de 2015.

Em 2015, Eddie Redmayne interpretou Lili Elbe em “A Rapariga Dinamarquesa”.

Conhecido pelos seus papéis em “Os Miseráveis”, “A Teoria de Tudo”, “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” ou “Os 7 de Chicago”, em “A Rapariga Dinamarquesa” interpreta uma mulher trans, uma das primeiras a submeter-se a uma cirurgia de redefinição de género.

Pelo papel, Eddie Redmayne foi nomeado para o prémio de melhor actor pela Academy Awards, nomeado para o prémio de melhor actor pela British Academy Film Awards, nomeado para melhor actor nos Golden Globes.

A sua participação enquanto Lili Elbe mereceu, da parte da comunidade LGBTQI+, as mesmas críticas que agora recebeu André Patrício por interpretar uma personagem de uma mulher trans na peça de Pedro Almodóvar “Tudo Sobre a Minha Mãe”. Apesar do excelente desempenho enquanto mulher trans, o actor sofreu duras críticas e veio a público pedir desculpa por ter aceitado o papel, afirmando que se fosse hoje, talvez não tivesse aceitado interpretar Lili Elbe, uma mulher trans, sendo o actor inglês um homem cis.

Continuo a discordar desta ideia de que só actores e actrizes trans possam desempenhar papéis que personifiquem pessoas trans. No entanto, Eddie e algumas activistas trans, mostraram que se pode ter outra abordagem sobre o assunto, já de cabeça fria, e que ajude (nos ajude, enquanto sociedade) a entender os vários ângulos desta problemática. E como?

Eddie Redmayne decidiu ir fazer um workshop com actrizes trans e entender melhor os seus argumentos. Percebeu o que já sabia: as pessoas da comunidade LGBTQI+, sobretudo as pessoas trans, não têm as mesmas oportunidades no acesso e são muitas vezes excluídas em detrimento de actores e actrizes cis que vêem interpretar essas personagens. O actor inglês afirmou, desta forma, que enquanto não houver igualdade no acesso e no número de oportunidades, não voltará a interpretar uma personagem trans.

A discussão deve fazer-se nestes termos. Em “A Rapariga Dinamarquesa”, ninguém invadiu os locais de gravação, ninguém tentou ostracizar directamente o próprio Eddie, mas as críticas foram reais e a negrito, pelo que o actor decidiu voltar à escola.

Reflectir. Progredir. Não excluir. Ouvir. Falar. Aprender.

Taça da Liga: Diz-me o que fazes….

O senhor Secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Correia, no intervalo da sua campanha de “candidato a candidato do PS à Câmara Municipal de V.N. de Gaia” já se pronunciou sobre o momento pirotécnico na final da Taça da Liga?

Ou vai continuar caladinho e sem fazer nada continuando a assobiar para o lado enquanto estes vândalos (desta vez foram do Sporting mas ontem foram de outros clubes) conspurcam os estádios de futebol? Eu até posso aceitar a pirotecnia nos estádios mas, apenas e só, de forma controlada e segura.

Já o senhor Secretário de Estado até pode continuar em silêncio mesmo quando o acontecido foi debaixo das suas barbas. Pode. Até pode continuar concentrado na sua tarefa de preparação de candidatura a candidato. Também pode. Só não pode é esperar que a malta o respeite. Para se ser respeitado é necessário dar-se ao respeito….

Querido líder

Quem foram os 1,7% de militantes Cheganos que não votaram no querido líder André Ventura e quando é que devem ser empurrados de um penhasco?

Obscenidades abençoadas por um Deus que não vem na Bíblia

O caso do momento vai muito para lá do despesismo e das jogadas políticas que envolve. Para lá das decisões do governo, da cumplicidade do presidente da República, dos ajustes directos da CM Lisboa e da inevitável Mota-Engil. Para lá da obscenidade do valor envolvido.

Este é, sobretudo, um caso que põe a nu a hipocrisia de uma instituição privilegiada, que não paga os impostos devidos, se é que paga alguns, apesar da sua incalculável fortuna e vasto património, e da meia-verdade que é a laicidade de um Estado que mantém um acordo como a Concordata.

A Igreja Católica, por tudo o que apregoa, deveria ser a primeira a ficar escandalizada com os cinco milhões investidos num palco, numa altura em que a pobreza atinge níveis assustadores. Católico que preze a sua fé e os princípios bíblicos que a norteiam deveria ser ferozmente contra este gasto. Quantas bocas famintas se poderiam alimentar com cinco milhões de euros? [Read more…]

Jornadas Mundiais da Juventude: a mentira que urge desmascarar

É preciso desmontar uma mentira que, por ser repetida muitas vezes, corre o risco de passar a ser verdade: o evento acontecerá de qualquer forma. Com ou sem investimento exorbitante. Com palco de 5 milhões ou contentores.

Nas edições anteriores (Panamá, Rio de Janeiro, Madrid) das Jornadas Mundiais da Juventude não houve comparação possível com o nível de ostentação que se planeia para Portugal. E o evento aconteceu na mesma.

Mas há quem agite o papão do retorno económico. Outra aldrabice, de um longo rol de aldrabices, que impõe um conjunto de perguntas: [Read more…]

Pipocas

Hoje, por causa de umas pipocas, lembrei-me das melhores da minha vida (com manteiga), comidas em Show Low, AZ, no regresso de Fort Apache. Entre Show Low e Holbrook, há uma terra chamada Snowflake.

Indigentes mentais

Fotografia: Leonel de Castro/Global Images

Com o frio que se faz sentir já há vários dias, a maioria dos municípios, sobretudo os do Norte do país, decidiram activar o plano de contingência.

A excepção? O Porto dos marialvas do Porto, o Nosso Movimento. Estes monárquico-liberais de cabelo à foda-se, de cuzinho “alapado” nas suas casas da Foz, sempre tão lestos a cumprir as ordens quando é necessário entrar Pasteleira adentro para criminalizar a pobreza ou a sugerir o retrocesso na lei da descriminalização do consumo de droga, escondem-se quando os portuenses realmente precisam de amparo, especialmente se esses portuenses não pertencerem aos saraus nobres como pertencem os caga-tacos imperiais que mandam no Porto.

As temperaturas têm chegado aos zero graus. Repito: zero graus.

Ao senhor presidente da Câmara Municipal do Porto, o famigerado Selminho, deixo a nota: o Porto não é só prémios para inglês ver. Pode ficar muito bonito no seu mural esse ar de british da Foz armado ao pingarelho, mas fica-lhe muito feia essa indiferença por quem sofre (que só destapa o véu que mostra a vossa indigência mental).

A falta de lastro cultural

O Governo aprovou uma Resolução de Conselho de Ministros onde determina uma série de alterações radicais na Administração Pública. 

Está em curso o desmantelamento dessa mesma Administração. Sob o argumento da descentralização (sem definirmos o significado dessa palavra no contexto político português, e de outras como desconcentração, regionalização, municipalização,), estão previstas as extinções de vários organismos de diferentes áreas da governação.

Estão em causa organismos regionais, isto é, administração pública sectorial, presente no território nacional. E querem “passar” para as CCDRs uma série de competências. Como se as CCDRs fossem “governos regionais”. Estas entidades, CCDRs, são organismos da Administração Central, e não são organismos sufragados democraticamente. A sua natureza é de coordenação, não de implementação de políticas governamentais. É mais uma machadada da presença do Estado no território. As competências de cada área governamental eram asseguradas pelos diversos organismos dos diferentes Ministérios. É o governo a transmitir a decisão de não querer saber o que se passa fora de Lisboa. Esta matéria daria uns bons debates e muita gente daria o seu contributo para melhorar a Administração Pública do nosso País. O actual Governo como não sabe o que fazer, “chuta” para fora. 

No que me diz respeito, sou trabalhador em funções públicas com contrato a termo indeterminado (agora é assim que se diz), num organismo da área governativa da Cultura. 

Estamos a viver o maior período da nossa democracia em que não há Ministério da Cultura. 

O Governo da troika extinguiu esse Ministério e extinguiu também a Secretaria de Estado respectiva. 

Mais tarde o governo da “geringonça” anunciou, com pompa e circunstância, a reposição do referido Ministério. Mentira, camuflada até agora. Limitou-se a ter  Ministro/a e Secretária de Estado. Sem Ministério e com tudo o que isso implica. Até hoje. Poderemos naturalmente discutir se há necessidade ou não de haver um Ministério nesta área. Não foi o caso. Curiosamente o BE, que na altura se fartou de criticar a extinção do Ministério, mantém um silêncio ensurdecedor sobre este assunto. 

Entretanto escrevi um post sobre a área da Cultura, intitulado O Coveiro. É sobre o papel do actual Ministro da Cultura neste processo, e dar o meu contributo profissional (sempre trabalhei nesta área, desde 1984, e assisti a todas as mudanças que se processaram até agora). No entanto voz amiga disse-me, “Orlando,  o Ministro aceitou ser Ministro sem Ministério, e aceitou e defende o processo de desmantelamento em curso, e portanto quer ficar sem serviços nem tutela sobre o território nacional. Não sabe assumir as suas responsabilidades. Não auscultou os profissionais  (Arqueólogos, Arquitectos, Engenheiros, Historiadores, Conservadores Restauradores, empresas do sector, etc.). É um urbanóide do Bairro Alto. Não tem lastro cultural. Mais, entregou este processo a uma colega do Conselho de Ministros (a tal que nem sequer sabe o que faz o marido)”

E eu, pensando nisto, e também na questão de que quem nos governa não gosta de ser avaliado, nem criticado, e há que evitar retaliações, decidi não publicar o post. Quando o actual Ministro  deixar de o ser (terá aspirações a mais………) lá postarei o que escrevi.

Simples.

Tenho a certeza que sim

Pode-se dar o caso é do fim ser antecipado.

O som do dinheiro

Imagem retirada do Instagram @maismenos

Pela transparência das contas públicas

A Iniciativa Liberal deu entrada de um requerimento no Ministério das Finanças, para se tornarem públicas todas as contas do Estado.

A proposta abrange todas as receitas e despesas, do governo às autarquias, passando por empresas públicas, institutos e observatórios, numa espécie de relatório e contas da nação.

Parece-me um imperativo de transparência, que deveria contar com o apoio de todos os partidos. E, de facto, “não se percebe como é que não existe uma base de dados com esta informação“, como afirmou hoje Carlos Guimarães Pinto à TSF.

Ou se calhar percebe.

Aceito um ajuste directo ou uma avença!

A UNESCO acaba de inscrever o Centro Histórico do porto ucraniano de Odessa na lista do Património Mundial em perigo.

Odesa, a free city, a world city, a legendary port that has left its mark on cinema, literature and the arts, is thus placed under the reinforced protection of the international community,”, declarou Audrey Azoulay, Directora Geral da UNESCO.

Isto prende-se com a invasão da Ucrania por parte da Russia. Porquê? É que quer a Russia quer a Ucrania subscreveram um tratado internacional intitulado Convenção para a Protecção dos Bens Culturais em Caso de Conflito Armado. Este tratado, assinado em Haia, é de 1954. O nosso país subscreveu, mas só em 2005 é que o ratificou. 

Em 1999 foi adoptado, também em Haia, um segundo protocolo àquela Convenção, com efeitos a partir de 2005. Foi ratificado pelo Estado Português em 2018. 

De acordo com essa convenção e respectiva adenda os países (entre os quais a Ucrania e a Russia) obrigam-se a  “not take any deliberate measures that directly or indirectly damage their heritage or that of another State Party to the Convention.” Diz ainda a Directora Geral.

Independentemente do caso concreto (invasão da Ucrania)  cada país comprometeu-se a levar a cabo acções e procedimentos com vista a planear a salvaguarda do seu Património Cultural em caso de conflito armado. Esses passos são claros e assertivos e constam da convenção e respectiva adenda.

E por cá? Já nem falo do tempo que passou entre a assinatura de um tratado e a respectiva ratificação. Nada fizeram. O Estado Português, em matéria de Património Cultural, não cumpre nem faz cumprir aquilo a que se comprometeu perante a comunidade internacional. Percebe-se, não o sabem fazer.

Mas tenho uma solução, se quiserem eu digo como o devem  fazer. Cá espero o respectivo ajuste directo.  Se for uma avença também podemos conversar.

Paulo Portas, as Jornadas da Juventude e a Mota-Engil entram num bar…

Tem-se falado muito no preço exorbitante do palco das Jornadas da Juventude e muito pouco no facto de Paulo Portas ter chegado ao conselho de administração da Mota-Engil uma semana antes da assinatura do ajuste directo de 4,2 milhões para a construção do mesmo. Não quero com isto dizer que os dois acontecimentos estejam relacionados, até porque se há conselho de administração que aposta na diversidade partidária é o da Mota-Engil, mas que é uma coincidência engraçada, lá isso é. Só faltava aparecer o outro a dizer que o Portas tinha posto o Moedas a funcionar.

Oremos.

E por falar em palcos

católicos em Lisboa

Ainda o palco das vaidades

Anacoreta Correia diz que não há tempo para mudar o projecto, que há um contrato assinado e mais um rol de motivos para recusar alterações de última hora.

E eu não posso concordar mais.

Porém, o diabo está nos detalhes e, neste evento, parece também estar no altar-palco.

E os detalhes dizem que este evento era conhecido há anos (não houve tempo para planear?), que os contratos foram feitos por ajustes directos (com valores partidos, para contornar a lei) e que todo este colossal investimento foi mantido fora da discussão pública (antecipam-se as habituais investigações do MP e respectivas fugas de informação daqui a cinco anos).

Anacoreta diz ainda que o retorno é enorme, umas três vezes o investimento.

Se há assim tanta certeza sobre o retorno, pode-se acabar com toda a polémica sobre os custos.

Entra zero dinheiro público e todos valores deverão vir do próprio evento. Simples, não é? Com tanta segurança de retorno, ainda fazem lucro.

[Read more…]

Londres e São Paulo têm o mesmo tamanho e Lisboa e Paris também

According to Saito and Plonsky’s (2019) framework, L2 speech proficiency comprises: (a) the ability to perceive and produce novel (or partially acquired) consonantal and vocalic sounds in an L2 without deleting and substituting them for L1 counterparts (i.e., SEGMENTAL proficiency) […]
Kazuya Saito

***

Têm o mesmo tamanho, sim. Todavia, por um lado, temos “London-sized iceberg” e “iceberg do tamanho de São Paulo” e, por outro, “um icebergue com uma área equivalente a 15 vezes a de Lisboa” e “un iceberg 15 fois plus grand que Paris“.

Efectivamente, muito interessante.

European Union/Copernicus Sentinel-2 Imagery/Processed by DG DEFIS/Handout via REUTERS

Já o outro fora interessantíssimo. Aquele do “As big as Delaware. The size of Bali. Four times the size of London. A quarter of Wales. Really, really, big“.

Todavia, ainda mais interessante é isto:

Extremamente interessante.

***

Sobre as intenções

Uma consequência de se envelhecer (uma vantagem?) é ter-se visto no que dão as boas intenções.

Spoiler alert: o inferno está cheio delas.

Olho, por isso, com um ar de a-ver-vamos para o entusiasmo à volta da Iniciativa Liberal e, em particular, para a crença sobre ser preferível ter certos sectores no domínio privado em vez de serem públicos.

Mas, lá está, se nada mudar, tudo fica na mesma, como se dizer poderia dizer numa Lapalissada. Por isso, logo se vê.

Vem isto a propósito da onda de despedimentos que as big tech têm levado a cabo na América, especialmente na forma como foram feitos.

[Read more…]

Castelo Branco e a ilusão da descentralização

O governo rumou em força para Castelo Branco, para um Conselho de Ministros descentralizado e umas quantas cerimónias relacionadas com o PRR.

Para a tropa de choque do regime na comunicação social, como foi o caso de Inês de Medeiros na TSF, isto aproxima a política dos cidadãos.

Nada mais falso. [Read more…]

Fátima em Lisboa

Brincadeira vai custar 35 milhões, diz CML

Quando o excelso ministro das finanças resolve fazer o obséquio de aparecer nas televisões a dizer para tirarem o cavalinho da chuva quanto a dinheiro para salários e funcionamento dos serviços, porque não se pode aumentar a despesa, a seguir devemos perguntar se os (estimados…) 35 milhões para a summit dos católicos não são dinheiro que aumenta a despesa.

Pouco importa se o dinheiro vem da conta geral do Estado ou do orçamento da câmara. Só há uma origem para dinheiro público, os impostos.

O segundo ponto é porque é que isto tem que ser feito em Lisboa. Há já, em Fátima, a estrutura completa para o evento. Isto é como nos casamentos, em que o vestido ou fato só se podem usar uma vez?!

O spin actual é que o mono pode ser reutilizado. Certo. Mas se é para reutilizar, voltamos ao mesmo, têm lá aquele sítio da azinheira.

Ah e tal, a estrutura faz falta a Lisboa e o camandro. Também faz falta acabar com a precariedade e resolver muitas outras coisas. É uma questão de prioridades e já se vê que estas são alimentar vícios de ricos em país sem meios. Mais terceiro-mundista é difícil.

Já são 3 milhões a passar frio

Soubemos hoje que 660 mil pessoas vivem em “pobreza energética severa” e outros 2,3 milhões em “pobreza energética moderada”. Estamos a falar de perto de 3 milhões de habitantes a lutar contra o frio. Porque espera o governo para fixar os preços da energia?

Manifestação por uma vida Justa: basta de aumento dos preços!

Divulga, partilha e participa!

Garantir a informação e o *contato com a comunicação social?

Sir To. Fie, that you’l say so! he playes o’ th Viol-de-gamboys, and speaks three or four languages word for word without booke, & hath all the good gifts of nature.
— Shakespeare, Twelfe Night, Or What You Will (Folio 1, 1623), aka La Nuit des Rois.

A century has passed since John Maynard Keynes called the gold standard — and by implication the idea that gold is money — a “barbarous relic”.
— Paul Krugman, The New York Times, 24 de Janeiro de 2023 (data da edição internacional, a que chega em papel a Bruxelas)

***

Como é sabido, o Acordo Ortográfico de 1990 funciona como uma pedra de estimação, uma “pet rock”, como a mencionada por Krugman, no NYT, à qual alguns atribuem qualidades e defeitos inexistentes, tratando-a como se de um ente querido se tratasse. De facto, não tem valor, é uma fraude sobrevalorizada, uma “hyped-up fraud”. Mas, por aí, continuam acriticamente a dar palco aos promotores da fraude . E o palco não é o do S. Luiz.

Haja pachorra.

Efectivamente, ontem, ganhou força a teoria segundo a qual a proliferação de *fatos e *contatos na comunicação social que segue o Acordo Ortográfico de 1990 tem como origem a montra.

 

Exactamente.

Hoje, o espectáculo continua.

Hoje, de facto.

E amanhã? Previsivelmente, mais do mesmo.

Votos de uma óptima semana.

***