O incrível José Gomes Ferreira

Todos temos momentos infelizes, como, por exemplo, o guarda-redes que deixa entrar um frango. Se o mesmo guarda-redes, no entanto, começar a contribuir para a criação de um aviário, é natural que o treinador o sente no banco.

José Gomes Ferreira, em directo, agarrou um tweet de uma conta falsa de António Costa e começou a comentá-lo como se tivesse sido escrito pelo ainda primeiro-ministro. Um director-adjunto de informação de um dos principais canais de informação da televisão portuguesa talvez devesse ser mais prudente, mas comunicar e comentar são hoje actividades mais importantes do que fazer jornalismo. A chamada comunicação social está cheia de comentadores políticos que são só políticos e de alegados jornalistas que são comentadores políticos, ou seja, só políticos.

José Gomes Ferreira cultiva uma imagem muito típica dentro desta tribo, a de alguém muito frontal e com um grande domínio da informação. A pressa em citar o tweet faz parte desse mito. Confunde-se frontalidade com descaramento e informação com verbosidade. José Gomes Ferreira fala muito, pensa pouco e é descarado. Para cúmulo, tem poder e palco, dois factores que conduzem, muitas vezes, ao deslumbramento, aumentando exponencialmente o descaramento.

Como jornalista, é só um comentador apressado e o rigor que põe na sua prática profissional é o mesmo que usa quando escreve sobre História, o que já lhe mereceu duas reprimendas que nunca saberá aproveitar, porque o atrevimento da ignorância traz ao ignorante uma autoconfiança tão extrema que nunca estará disposto a aprender.

Mais acima ficou o vídeo de quem não sabe fazer crítica de fontes. Já a seguir, ficam duas ligações para as reprimendas. Incrível é aquilo em que não se pode acreditar.

José Gomes Ferreira ou a ignorância atrevida

“A História do Avesso”. Historiadores desmontam argumentos do novo livro de José Gomes Ferreira

Comments

  1. Jojo says:

    Gosto tanto da independência dos comentadores de política e dos desportivos.

  2. Rui Naldinho says:

    Toda a gente sabe que José Gomes Ferreira é um jornalista próximo da CIP. E as confederações patronais têm todo o direito de ter alguém que as promova no espaço mediático. Convinha no entanto que esse alguém tivesse o mínimo de credibilidade e disfarçasse alguma independência da luta política. O actual presidente da CIP nessa matéria é bem mais pragmático.
    Este aficionado das políticas públicas de Pedro Passos Coelho anda há oito anos a ruminar o seu azedume, por não ter ninguém da sua agenda, no poleiro.
    Entrou em êxtase com as notícias do MP, porque nutre um sentimento de raiva por 8 anos de frustrações.
    Mas o mais grave é depois de tanta asneira feita como jornalista, ainda ser Sub Director da SIC.
    Não há lá na estação de Carnaxide ninguém cuja razão não esteja toldada pelo sentimento de frustração?

    • POIS! says:

      Não há, não!

      Até porque o Gomes Ferreira tem o lugar completamente seguro desde que tranquilizou a malta lá da Impresa, demonstrando que Marte tem largas superfícies azuis, e não é vermelho como o pintam, o que indiciaria que estava sob o jugo do Comunismo.

      O que demonstra que a Ideologia Liberalesca é mesmo universal. Ou, pelo menos Vialacteal. Aí não há mesmo dúvidas!

  3. balio says:

    José Gomes Ferreira, em directo, agarrou um tweet de uma conta falsa de António Costa e começou a comentá-lo como se tivesse sido escrito pelo ainda primeiro-ministro.

    Pergunto: como é que Gomes Ferreira poderia saber, ou teria a obrigação de saber, que a conta de António Costa é falsa?
    Pergunto: se o Twitter tem contas falsas, que confiança se pode depositar no que lá se lê? Como podemos distinguir uma conta falsa da verdadeira?
    (Não sou consumidor do Twitter, portanto não sei as respostas a estas perguntas.)

    • Anonimo says:

      Pergunto: como é que Gomes Ferreira poderia saber, ou teria a obrigação de saber, que a conta de António Costa é falsa?

      Obrigação de saber não tem, obrigação de procurar saber, sim. Existe uma diferença (ou existia) entre um jornalista e um comentadeiro de rua, é que o primeiro tem o dever (literal) de confirmar factos antes de os divulgar.

      Pergunto: se o Twitter tem contas falsas, que confiança se pode depositar no que lá se lê? Como podemos distinguir uma conta falsa da verdadeira?

      Por acaso está bem discriminada. Pode ter recebido o dito por outra via, mas isso não invalida o ponto anterior.

      Este é apenas mais um episódio de uma profissão em completa falêncial moral e intelectual.

      • Qualquer pessoa com dois neurónios que comuniquem percebe que nunca António Costa diria que pediu a demissão do “procurador-geral da república” quando é uma procuradora. Qualquer pessoa com dois neurónios que comuniquem percebe que nunca António Costa diria que é tão inocente como José Sócrates. Mas José Gomes Ferreira não percebeu. Não tem dois neurónios que comuniquem, e resta saber se será mesmo uma pessoa ou um avatar de estupidez artificial. Certamente arranjariam outro comentador tão direitolas e com tanta falta de escrúpulos como JGF mas que, pelo menos, tivesse dois neurónios a comunicar.

      • balio says:

        está bem discriminada

        A conta falsa indica claramente que é falsa? Então, qual é o interesse de a ter?

        Eu suporia que uma conta de twitter falsa estivesse tão bem disfarçada que se confundisse que a verdadeira.

        • E que é que temos a ver com isso?

        • António Fernando Nabais says:

          E supõe muito bem, ó balio! Mas o balio é jornalista encartado e director-adjunto de um canal de informação? Não sei se viu o vídeo, mas os outros dois mandaram calar imediatamente o José Gomes Ferreira.

    • POIS! says:

      Pois vá perguntando, ó “balio”.

      Pode ser que apareça um tweet que lhe dê a resposta.

      A esperança é a últweetima a morrer!

  4. José Ferreira says:

    Nunca foram enganados e nunca se enganaram não é?

    • António Fernando Nabais says:

      Em directo, na televisão, enquanto director-adjunto de informação da SIC, sem verificar fontes, e, além disso, como autor de dois livros de História que contêm torrentes de disparates que poderiam ser evitados se houvesse rigor e humildade, não, nunca me enganei. De resto, já, muitas vezes.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading