São políticos e analistas à portuguesa, com certeza

Olho as notícias do dia. Começo perturbado, mas acabo sereno. O ‘bloco central’ anda a circular sobre socalcos. Compreende-se. O tempo é de vindimas. Até ao terreiro da adega o caminho é sinuoso e acidentado. Uma vala funda aqui, um segmento plano acolá, e lá vai a trôpega marcha.

Aos solavancos, conseguimos, porém, chegar à Madeira e ficamos mais descansados. Vimos Sócrates e Jardim muito, muito sorridentes e cordatos. Uf! – Suspiramos e aliviados concluímos: – Se calhar vamos ter acordo orçamental. Porreiro pá!  

Chegados ao “Contenente”, o optimismo desmorona-se. Passos Coelho, a propósito da revisão constitucional, afirma querer acabar com o fim da intoxicação pelo PS. Ora esta! – exclamamos. Há momentos, na “iilha”, os outros dois estavam tão enlevados e eufóricos, e agora o Coelho está fulo com os socialistas? Apreensivos, deduzimos: – Se calhar a tensão nas relações inviabiliza o acordo orçamental. Porra pá!

Desiludidos e abatidos, resolvemos esquecer o problema. Que se lixem os gajos, o orçamento e o resto que congeminamos, mas recusamos escrever!

Com a questão posta de lado, azar o nosso, viemos parar a esta recomendação de leitura. Outra vez o maldito orçamento! – lamentámos – mas não resistimos e seguimos a recomendação. Prosseguimos na aventura e, com espanto, lemos que o economista Vítor Bento assevera: a não aprovação do orçamento não é drama nacional.

Tivemos de gritar, em simultâneo: – Porra pá, porreiro pá! Andámos a ouvir de gentes de grande sabedoria – o Prof. Cavaco Silva, o Eng.º Sócrates, o Prof. Marcelo e outros – o sério aviso de ser imprescindível o acordo parlamentar sobre o OGE para 2011. De súbito, o Bento – nunca um apelido foi tão merecido – numa penada desfaz preocupações e sofrimentos. Que se tramem a Fitch, a Moddy’s, a UE, o BCE e o agravamento das contas do Estado! Se necessário, com elevado sentido patriótico, cá estaremos para pagar mais impostos.

Temos de acreditar nas nossas elites. Somos um povo com fé e eles são políticos e analistas à portuguesa, com certeza. Não é porreiro pá?