Um aluno suicidou-se! Coitadinha da escola!

um dia destes não precisamos de burocratas!

“Para entender é preciso esquecer quase tudo o que sabemos. A sabedoria precisa de esquecimento. Esquecer é livrar-se dos jeitos de ser que se sedimentaram em nós, e que nos levam a crer que as coisas têm de ser do jeito como são. (…)”. Ruben Alves

O suicídio de alguem é algo de pavoroso, chegar ao ponto de só assim, neste acto último, conseguir chamar a atenção para si e para os seus problemas é algo que aflige, que nos deixa sem esperança.

Num acaso, particularmente infeliz, deram-se dois suícidios e ambos no âmbito da escola pública. Um professor incapaz de aguentar rapazes e raparigas sem vergonha, que o atormentavam com piadas para as quais não encontrava saída digna, escolheu a morte. Um jovem, justamente pelas mesmas razões, optou pelo mesmo caminho pondo fim à vida.

As razões são as mesmas, não vale a pena fazer de conta que não são, a mesma falta de atenção, os mesmos energúmenos, a mesma incapacidade de se fazer ouvir, a escola que nem sequer se apercebeu do problema ou que não soube geri-lo. A incapacidade de uma organização resolver ou prever um problema desta dimensão, mostra-nos tambem a que distância a escola pública está de se poder considerar uma organização eficiente e eficaz.

Mas é esta escola pública que é defendida com unhas e dentes por quem encontra nela a razão do seu poder. É esta escola pública que é considerada inamomível, onde toda e qualquer tentativa de mudar é acompanhada por um ruidoso coro de senhores muito importantes, que representam, são a voz, de uma massa amorfa de pessoas que se acomodam a troco de quem trave os combates que não têm coragem de travar.

E então de quem é a culpa? Do estatuto do aluno porque foi longe demais e do estatuto do professor porque não chegou aonde nós queríamos! Mas isso tem um rosto? Tem, a Maria de Lurdes ! Mas a Maria de Lurdes esteve no Ministério 5 anos e a escola pública há vinte que é má! Há gente que esteve sempre a tomar decisões durante todo esse tempo, mas esses não têm culpa! Os burocratas do ministério estão lá desde sempre, os burocratas dos sindicatos estão lá há pelo menos  30 anos, mas não têm culpa.É que esses entendem-se, são cá da gente!

Tudo muda menos a mudança! Mas não é verdade, a escola pública tambem não muda!

Os professores e os seus sindicatos não deixam! E os burocratas do ministério tambem não!

Porque será?