…e rasgaram as minhas vestes

Salvador Dalí, Cruxifición ou Corpus Hypercugus, 1954

Todos sabem que não sou um homem de fé, contudo, os acontecimentos da Igreja Romana e dos seus Sacerdotes e estudantes, levou-me a reflectir.

1. A memória social.

A memória não é apenas de cada indivíduo. Essa, é a lembrança que o ser humano tem, pensamentos que acarinha, ou, como já disse John Locke, em 1695, é a consciência formada em cada um de nós com a experiência. O saber pelo qual agimos acaba por estar no meio de todos os seres humanos que partilham a experiência quotidiana da vida. Há os que lembram a história local, há os que sabem os nomes das famílias, há os que lembram as datas de nascimento, há quem saiba as intimidades. Há, enfim, os que orientam a sua vida pela memória que por eles não foi escrita, mas que é usada para orientar o comportamento ou para o interpretar. Há os que, por saberem interpretar, acabam por ser os sábios do grupo social com o qual interagem. Não há grupo social sem interacção, sem convívio com outros seres humanos. Esse convívio é pautado. Não é fácil. Não é acessível. Tem obrigações, distâncias, tabus, interdições. Também permissividades. E preferências. Mas, principalmente, obrigações hierárquicas entre gerações, ou ainda entre pares. Conforme o comportamento, ideia, saber de que tratem as pessoas. [Read more…]