Morreu o café mais feio do Porto

Nunca entenderei como pôde estar aberto tantos anos, sendo, como era, o café mais feio da cidade, mas certo é que durou muito e sempre preservando as características que o tornavam distintamente horrendo e seguramente o mais feio da cidade. Não sei se mais alguém o tratava por esse título e adivinho que estão por esta altura a pensar que semelhante afirmação é muito subjectiva. Claro que é. Mas se o vissem concordariam comigo. E espero que sim, que tenham chegado a vê-lo, porque agora já não terão essa sorte.

Não vou dizer, claro está, que café era, porque até os cafés têm pai e mãe. Quero dizer, gente que gosta deles e os mantém, gente que se calhar fez daquele lugar a sua vida toda, e teve orgulho na luz pardacenta, nas paredes manchadas, nos pires esbotenados e até no zumbido atordoador da máquina para electrocutar mosquitos. Onde passamos as nossas horas faz-se casa antes do diabo chegar a esfregar o olho. E já sabemos que se pode amar o feio e encontrar-lhe uma nova graça a cada dia. [Read more…]