Resistir é outra coisa

Quando ouvi falar do caso, comentei com um amigo, adepto de posições demasiadamente securitárias para o meu gosto, que, se um bando de criminosos intimida uma comunidade, e a comunidade se organiza para se defender e repelir o gangue, estaria sempre do lado da resistência.

Acontece que o que se passou há dias, no Porto, não foi resistência. Foi um gangue violento que invadiu propriedade privada para espancar pessoas que ali estavam.

Um acto criminoso de contornos racistas, perpetrado por uma quadrilha que inclui criminosos reincidentes, identificados pelas autoridades como neonazis, com o objectivo de intimidar imigrantes.

Um crime de ódio, portanto. [Read more…]

Um desporto, dois sistemas

aqui falei sobre a violência policial que pudemos assistir nas imediações do Estádio de Alvalade no dia do clássico entre o Sporting e o FC Porto. Deixei aqui testemunhos de vítimas que relatam o terror que se viveu e acesso a links nos quais podem ver a brutalidade policial.

Ontem, recebi esta notícia. Além de ser uma mentira, é uma forma cobarde de sacudir a água do capote. A polícia que causou feridos e que mandou pessoas para o hospital, pessoas essas que estavam a celebrar, inclusive mulheres e crianças, como se pode ver pela imagem, passa ainda como elemento importante para acabar com confrontos. A mesma polícia que mete uma criança desesperada à procura do pai num cenário de guerra. Tudo por causa de confrontos que não existiram.

Como é que me vou sentir seguro nas imediações dos estádios, com os meus a comer, a beber, a cantar… Se corro o risco de ser agredido pela polícia sem ninguém me defender?

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Repressão Policial? Terrorismo Oficial!

Segunda-feira, foi dia de Sporting vs FC Porto. Como sabem, eu sou portista. É um jogo quentinho, é um jogo que nos coloca a semana toda com uns sentimentos estranhos que vão do “é desta que goleamos os gajos” ao “vamos perder o campeonato aqui”. Coisas de adepto da bola que deixa a emoção sobrepôr-se à razão, mesmo reconhecendo por vezes.

Levo quase 10 anos de jogos de futebol. São muitos anos a levar com uma indústria altamente minada, com estádios sem condições para visitantes, com revistas abusivas, com policias desejosos por ter um alvo fácil. Tanto me cansei, que apesar de ter ido a Alvalade, aproveitei o facto de estar a viver em Lisboa para falar com um grande amigo meu sportinguista. Em vez de ir para aquele cortejo em que somos tratados como ovelhas, fui para as rulotes que estavam repletas de adeptos do Sporting. Fui tratado de uma forma irrepreensível. O ambiente estava incrível, típico de clássico. Umas tochas se abriam de vez em quando, muitos telemóveis a filmar, muita gente orgulhosa do ambiente que se vivia ali. Se me custou? Não, porque tenho mais de 15 anos e percebo o que vai naqueles corações. O amor ao clube pode ter cores diferentes, mas é entendido por quem partilha desta doença.

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André Villas-Boas, a real ameaça aos poderes instituídos

André Villas-Boas é mais portista do que os macacos que batem no peito com muita força. Fotografia retirada do Facebook.

Os tempos do reinado de Jorge Nuno Pinto da Costa no FC Porto estão a acabar. Aliás, corrijo: os tempos do reinado de Pinto da Costa já acabaram. E já acabaram porque já não é ele quem manda.

Ser presidente do FC Porto é, actualmente, um cargo figurativo. Pinto da Costa está naquela fase em que esteve Salazar, já meio tan-tan, quando achava que mandava enquanto Marcello Caetano já era presidente do conselho. Dão-lhe umas folhas para assinar, tiram-lhe umas fotografias ao lado de novas contratações e reservam-lhe um cantinho nos órgãos oficiais e oficiosos do clube, assim como um editorial (que, duvido, seja ele a escrever hoje em dia) na revista Dragões. Nada mais. Enquanto isso, tentam cristalizar a sua imagem, já polida pelas atrocidades da História, para continuarem a viver do passado de glórias e do presente de mordomias.

Aferido isto, é natural que alguns se vejam desesperados com a potencial candidatura de André Villas-Boas. O antigo treinador do FC Porto tem posto o dedo na ferida. E a sua potencial candidatura incomoda muito mais sabendo que, durante vários anos, Villas-Boas viu o cenário a partir de dentro. E quando digo “alguns”, digo aqueles que ainda hoje se vêem amarrados às vantagens de fazer parte do “núcleo” do ainda presidente. Mas indo ao que interessa… [Read more…]

Morto.

Fotografia: José Coelho/Agência Lusa

O presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP) nem sempre foi Presidente da Câmara. Isto é, não nasceu para ser presidente, o que contraria a faixa mais tocada no cd dos neo-liberais: a do mérito. Na verdade, ainda ninguém percebeu bem qual o principal talento de Rui Moreira: estudou nos melhores colégios privados do Porto, estudou em Londres na Universidade de Greenwich e, sabe-se, depois disso nunca teve de enviar um CV na vida.

Rui Moreira foi, durante anos, presidente da Associação Comercial do Porto (ACP). Antes, foi um reputado empresário do sector imobiliário. O que, tendo em conta essa reputação, tornava lógica a sua presidência na ACP (e haveria de tornar lógico, mais à frente, o seu reinado enquanto presidente da Câmara Municipal, mas já lá vamos). Fora isto, poucos o conheciam.

Mas haveriam de vir a conhecer. Este filho e neto de Condes e Viscondes, haveria de se notabilizar por conta do comentário desportivo (olha quem!). Durante anos, foi o comentador afecto ao FC Porto no programa da RTP3 “Trio d’Ataque”, onde fazia a defesa acérrima daqueles que, há décadas, andam a usurpar o clube (aqueles que, sabia e sabe Moreira, lhe davam e continuariam a dar, também, a credibilidade que ele nunca teve). Aqui entra o FC Porto: o projecto mais apetecível para o empresário Rui. O comentador Rui Moreira, que abandonou o programa “Trio d’Ataque” em directo por, simplesmente, ter recebido uma opinião contraditória àquela que era a narrativa que este tentava fazer passar, foi subindo degraus e passou a ser “o cavaleiro-mor na defesa dos corruptos da direcção”, ao invés d’”o choninhas que comenta umas coisas sobre penáltis no canal público”. Estava dado o mote: Moreira haveria de ser, um dia, tudo aquilo que ambicionou. E o FC Porto há-de ser, daqui a uns anos, o último degrau. 

Rui Moreira no programa “Trio d’Ataque”.

Trocou o blazer de bombazina gasto à lá “tio liberal fixe da Foz” pelo fato completo à lá “tecnocrata dos gabinetes” e fez-se à vida. Empoleirado nos conhecimentos que fez enquanto presidente da ACP e nos amigos que tem no FC Porto, candidatou-se como independente à CMP com o apoio do CDS-PP e… venceu… três vezes. Ao CDS-PP juntaram-se outros projectistas do Porto como bem comercial, como a IL. O antigo mero comentador de um programa de comentário desportivo estava, agora, no lugar mais alto que ambicionou até então: era, agora, o Rei-mor do Porto. E restaurou o Porto à sua imagem, levando consigo os primeiros anos deste seu percurso. [Read more…]

Pedro Abrunhosa, sobre o encerramento do STOP

O STOP e a cidade que queremos construir“, artigo aberto, no Público.

Uma consulta (muito) atrasada no CUF Porto

Fui pela primeira vez na vida a um hospital da rede CUF. Foi-me recomendada uma profissional para o meu filho, que pelos vistos só exerce lá, de maneira que fui e não bufei. No questions asked.

E o que sucede?

Sucede que a consulta era às 11h, mas só entramos às 11:50h.

Respirei de alívio. Afinal, não é um problema exclusivo do SNS. Agora imaginem que tínhamos governantes competentes para o gerir e financiamento adequado.

Seria uma chatice para o sector privado.

49 do 25 no Porto

Milhares de pessoas reuniram-se hoje no Porto para celebrarem os 49 anos da Revolução de Abril.

Crianças, jovens e idosos em comunhão para nos lembrarem todos do mesmo: a Liberdade conquistada em 1974 é um dos marcos mais importantes da História de Portugal, marco esse que é preciso nunca esquecer, zelando pelos valores de Abril, especialmente nos dias de hoje em que o bafio fascista dos tempos antigos parece querer assolar o nosso bem mais valioso – a Democracia.

E essa, a nossa Democracia, continuará a ser o pior de todos os regimes, com excepção de todos os outros. Não a percamos, pois então. Celebremo-la.

25 de Abril sempre. Fascismo nunca mais.

 

Fotografias: João L. Maio

Agora temos o….

… fast fode. Quem o diz é este autarca. Não se brinca, carago!

Os três estarolas

Imagem: RTP

O cocó, o ranheta e o facada. 

Que visão do inferno.

Indigentes mentais

Fotografia: Leonel de Castro/Global Images

Com o frio que se faz sentir já há vários dias, a maioria dos municípios, sobretudo os do Norte do país, decidiram activar o plano de contingência.

A excepção? O Porto dos marialvas do Porto, o Nosso Movimento. Estes monárquico-liberais de cabelo à foda-se, de cuzinho “alapado” nas suas casas da Foz, sempre tão lestos a cumprir as ordens quando é necessário entrar Pasteleira adentro para criminalizar a pobreza ou a sugerir o retrocesso na lei da descriminalização do consumo de droga, escondem-se quando os portuenses realmente precisam de amparo, especialmente se esses portuenses não pertencerem aos saraus nobres como pertencem os caga-tacos imperiais que mandam no Porto.

As temperaturas têm chegado aos zero graus. Repito: zero graus.

Ao senhor presidente da Câmara Municipal do Porto, o famigerado Selminho, deixo a nota: o Porto não é só prémios para inglês ver. Pode ficar muito bonito no seu mural esse ar de british da Foz armado ao pingarelho, mas fica-lhe muito feia essa indiferença por quem sofre (que só destapa o véu que mostra a vossa indigência mental).

As imagens do dilúvio de hoje, no Porto (c/videos)

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Ex-deputado eleito pelo movimento de Rui Moreira condenado por racismo

Em 2018, David Ribeiro, na época deputado municipal eleito pelo Porto, o Nosso Movimento, do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, escreveu na sua página pessoal no Facebook que um grupo de “20 a 30 romenos” (de etnia cigana) eram “um autêntico martírio” para alguns comerciantes e residentes, sem apresentar qualquer prova da sua afirmação, naquilo que se mostrou como uma gratuita manifestação de xenofobia.

A publicação, intitulada “Ciganos Romenos no Porto”, apresentava-nos um rol de preconceitos racistas e xenófobos contra a comunidade romena no Porto, rematando com a sugestão, às autoridades, que estas pessoas fossem, de alguma forma, postas (ainda mais) à margem da sociedade, sem haver provas materiais que as pusessem em situação de potencial criminalidade.

Depois de em Junho deste ano a Comissão Permanente da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) ter condenado o antigo deputado municipal a uma (irrisória) coima de €428,90, a mesma vem, agora, reiterar a decisão, obrigando David Ribeiro a cumprir com a condenação. Diga-se, de passagem, que David Ribeiro não recorreu da decisão… mas o movimento de Rui Moreira recorreu, perdendo agora o recurso.

O caso veio a público em 2018, depois de David Ribeiro ter publicado o texto na sua página de Facebook e de, dias mais tarde, o Bloco de Esquerda do Porto ter levado o assunto à Assembleia Municipal. Foi Tatiana Moutinho, que esteve integrada nas listas do Bloco de Esquerda à autarquia portuense e Piménio Ferreira, um cidadão do Porto, quem apresentou queixa à CICDR, juntamente com a SOS Racismo; agora, quatro anos depois, saem vitoriosos do caso, tendo o agora ex-deputado municipal neo-liberal de cumprir com o estipulado.

O movimento “independente” conta com o apoio do CDS-PP, do IL e do PPM.

David Ribeiro, antigo deputado municipal portuense eleito pelo movimento de apoio a Rui Moreira, foi condenado por xenofobia

Ai Portugal, Portugal….

Num momento tão difícil para os portugueses temos um governo feito para preparar autárquicas e não para estar focado em resolver os problemas que o país enfrenta. Um ministro em estágio para ser candidato ao Porto e um secretário de estado a tentar ganhar lastro para se candidatar a Gaia. Ai Portugal, Portugal…..

TAP: se é para servir Lisboa, que a paguem os lisboetas

Já tive uma posição diferente sobre a situação e o futuro da TAP, o que não significa que tenha hoje uma posição fechada sobre um assunto que, de resto, estou longe de dominar. Mas não posso continuar a TAPar os olhos. A TAP é hoje um instrumento ao serviço do centralismo, que ignora os interesses e necessidades do Norte do país, onde está concentrada parte significativa da indústria que mantém este país a funcionar, a começar por Lisboa.

Hoje, enquanto ouvia o Fórum TSF, descobri que a gestão da TAP quer acabar com a ligação à Milão. É preciso não ter noção nenhuma daquilo que é o sector têxtil, e da sua importância para o país, para tomar uma decisão absurda como esta. Falta de noção partilhada pelo ministro Pedro Nuno Santos, que acha que a procura de voos para Milão se reduz à MICAM. Nem por ter família ligada à indústria do calçado…

Se chegamos ao ponto em que a TAP está reduzida a um sorvedouro de recursos públicos, paga por todos para servir Lisboa, então talvez seja mesmo o tempo de fechar a torneira. A oferta será substituída por outros operadores, que é precisamente aquilo que está a acontecer no Porto, há vários anos, para uma série de destinos estratégicos para a indústria e para o turismo do Norte de Portugal. Ou então que mandem a conta para a CML, para a AML ou para a CCDR LVT e deixem os nossos bolsos em paz.

A (des) Graça que tivemos e o que nos espera

 

 

Tenho estado atento, como muitos portugueses, à campanha eleitoral. Naturalmente há áreas que interessarão mais a uns e menos a outros. Não fujo a essa regra. Novo aeroporto, TAP, SNS, economia, impostos, justiça, educação, etc., mas naturalmente cultura e património. 

Rui Rio até pode vir a ser 1º. Ministro. No entanto, e no que diz respeito à Cultura e ao Património Cultural não tenho ilusões. A sua actuação como Presidente da Câmara do Porto fala por si. 

O que fez no Rivoli? Lembram-se do Filipe La Féria? Podem sempre ler aqui, aqui e aqui.

E sobre a gestão municipal à época? É ler….

Outro mito é o da reabilitação urbana. Neste capítulo o que se passou com o modelo de gestão implementado, SRU,  também é elucidativo. E o célebre Quarteirão das Cardosas?

Claro que o PS enganou o pessoal da “Cultura” ao dizer que repôs o Ministério da Cultura. Tretas, pois limitou-se a nomear um titular (uma titular, diga-se) para o cargo sem criar o Ministério. Atiraram-se à época ao Passos Coelho por ele ter passado a Cultura a Secretaria de Estado. Mas nada disso aconteceu. Não havia Secretaria de Estado, havia era Secretário de Estado (primeiro Francisco José Viegas, de má memória, e depois Barreto Xavier, idem). A CS comeu de cebolada. O BE também. Desde 1980 que não houve semelhante período sem Secretaria de Estado nem Ministério. Estamos assim desde 2011, à mercê de vontades individuais, conforme os gostos e as influências dos amigos e das amigas dos titulares.

Se lermos os programas eleitorais vemos a importância que dão ao Património Cultural. Zero.

Giram todos à volta do mesmo.

Depois queixem-se porque a extrema-direita instrumentaliza estas merdas e cresce

Em poucos dias, dois casos chocantes num país que figura entre os mais pacíficos do mundo. O mais grave, porque resultou na morte de um jovem de 23 anos, aconteceu na noite de Sábado para Domingo, no Porto. Um grupo de três delinquentes franceses, um dos quais com residência na cidade, agrediram violentamente a vítima na Rua Passos Manuel, deixaram-na inconsciente na via pública, e o jovem acabou por falecer no hospital. Foram detidos, mas, aparentemente, apenas um ficou em preventiva. Pelo meio, ainda fizeram um vídeo para as redes sociais, gozando com a situação. Menos do que pena máxima para estes três criminosos será um insulto à morte da vítima. E, é meu entendimento, 25 anos de cadeia para um assassino que se vangloria pelo feito peca por escasso. Por mim ficavam lá para sempre, a fazer vídeos com sabonetes.

O segundo caso é um clássico da boa velha violência nocturna. E o vídeo das câmaras de segurança não deixa margem para dúvidas. Mesmo que a vítima do delinquente que fazia segurança na discoteca (ou que, como é afirmado em alguns OCSs, estivesse ali como cliente) o tivesse insultado, o nível de brutalidade daquela agressão, digna de um homem das cavernas de moca na mão, é um claro indicador de que o delinquente não tem condições para trabalhar como segurança ou sequer para viver em comunidade, motivo pelo qual deve ser encarcerado longos. Mas não é só o delinquente que deve ser penalizado. Também a discoteca Club Vida deve sofrer as consequências por permitir um acto daqueles no seu estabelecimento, com parte do staff a assistir às agressões sem mexer uma palha. O regime de impunidade em que operam muitos seguranças de estabelecimentos nocturnos deste país tem que acabar.

Dito isto, é preciso reflectir sobre estes dois casos e sobre o que nos falta para que Portugal seja um país ainda mais seguro, para todos, e não apenas para os residentes das zonas onde habita a alta sociedade. Faltam leis mais duras para crimes violentos (e para outros, mas é de violência que estamos a falar) e falta, sobretudo, mais policiamento nas ruas, mais meios materiais e humanos para as forças de segurança e mais autoridade, para não falar nos salários de merda que os agentes da PSP e da GNR auferem, e que não motivam nem tornam a profissão particularmente atractiva. No concelho da Trofa, com cerca 40 mil habitantes, existe apenas uma esquadra da GNR, bastante degradada e com poucos operacionais mal equipados. E isto é a regra, não a excepção, neste país. Há dias, eram umas cinco da manhã, estava um grupo de imbecis na minha rua, com as portas do carro abertas a bombar uma azeiteirice qualquer para a rua toda ouvir. Liguei para a GNR e pedi que fossem lá mandar os gajos baixar o azeite. Disseram-me que só tinham um carro patrulha que estava do outro lado do concelho, e que teria que esperar. Um concelho, 40 mil habitantes, um carro de patrulha. Depois queixem-se porque que a extrema-direita instrumentaliza estas merdas e cresce.

Não é vitória. É castigo

Em 2001, Fernando Gomes perdeu a Câmara do Porto, por castigo.

Foi o preço por ter aceite trocar a cidade do Porto, pelas delícias do estatuto de Ministro-adjunto e da Administração Interna na capital do império em 1999, em pleno mandato de Presidente da Câmara do Porto.

As gentes do Porto não gostaram da troca. E, tal como a mulher abandonada que vê à porta o marido regressado da casa da amante, porque as coisas não deram certo, as gentes do Porto bateram-lhe com a porta na cara.

Rui Rio, contra os oráculos, tornou-se presidente da Câmara do Porto, porque Fernando Gomes foi castigado pela infidelidade.

Ontem, as gentes de Lisboa não deram a vitória a Carlos Moedas: castigaram Fernando Medina.

O socialista, há poucos dias, tinha sido considerado pela esmagadora maioria dos inquiridos numa sondagem, como mais arrogante do que Carlos Moedas.

Foi a permanente arrogância de Fernando Medina, a principal razão do castigo. E o caso das informações às embaixadas – e, pior, o modo como lidou com todo o processo a salvar o seu gabinete de apoio e queimar na praça pública um funcionário -, caiu mal. Muito mal.

Até porque os valores de Abril, são queridos por muita gente que não é comunista ou sequer socialista. É gente de um centro social-democrata que sem cravos ao peito, defende, também, a democracia, a liberdade, a igualdade, o direito à manifestação, à privacidade, à inviolabilidade da sua correspondência e o respeito pela dignidade da pessoa humana. E, também, não suporta bufice. [Read more…]

Turismo de subserviência e outras cabritices

O Reino Unido anunciou hoje a exclusão de Portugal da sua “lista verde”, que permitia aos turistas ingleses fazer férias em Portugal e regressar ao país sem cumprir quarentena. A decisão das autoridades britânicas, baseada na evolução dos números da pandemia, era previsível, depois daquilo que foram os festejos do campeonato ganho pelo Sporting, que agora se reflectem no aumento diário de casos em Lisboa e Vale do Tejo. Ontem, por exemplo, 50,8% dos novos casos positivos foram registados naquela ARS. No dia anterior foram 60,6%. No anterior 81,6%. And so on.

A vantagem sobre outros concorrentes do turismo, como Espanha, Itália ou Grécia, durou pouco tempo. Foi desperdiçada. E, a continuar assim, depois do outro grande evento desportivo que foi o encontro de hooligans ingleses na Ribeira do Porto, corremos algum risco de, daqui por duas semanas, estarmos a assistir a um novo pico de infectados. E, eventualmente, mais restrições. Internas e impostas pelos países que cá vêm passar férias. Ou vinham.

E tudo isto porquê?

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O cliente saiu satisfeito

A bem da retoma económica, a nossa cidade do Porto recebeu um grupo de ingleses em que se incluíam cidadãos cordatos, mas abundavam hooligans ululantes. Entre todos, terão ajudado o necessitado sector da hotelaria e restauração, e rebentado com as reservas dos produtores de cerveja. À parte isso, emitiram muito ruído, ocuparam ruas e passeios, e borrifaram-se com descaro nas três regrazinhas básicas que a Protecção Civil recordava, ainda ontem, aos nacionais, por SMS: usar máscara, manter o distanciamento social, e não consumir álcool na via pública. Em sua defesa, é bem possível que ninguém lhes tenha dito que tais regras estavam em vigor. Para quê incomodá-los? [Read more…]

A decorrer: atentado ambiental no areal da Praia do Ourigo

Porto, 20 de Maio de 2021. Poucos dias após o arranque da época balnear, deparo-me com esta fotografia, enviada por um camarada aventador, na qual podemos ver uma estrutura em betão armado, construída sobre o areal da Praia do Ourigo, na Foz do Porto. Será certamente um deleite para os turistas estrangeiros, ali poderem contemplar o Atlântico, enquanto comem e bebem algo chiquérrimo, mas o que ali se passa, verdadeiramente, é um atentado ambiental. Mais um.

Resta saber quem são os cúmplices do construtor e do proprietário, sendo sabido que a zona sobre a qual nasce este absurdo edifício é e continuará a ser propriedade do Estado, logo de todos nós. Isto teve o aval do Ministro do Ambiente, que vêm a ser portuense? A APA aprovou esta aberração? Rui Moreira licenciou? Os ambientalistas já se pronunciaram? O PAN, o PEV, o BE e o Livre, sempre tão activos na defesa do ambiente, já tomaram uma posição relativamente a mais este crime ambiental? Ou estará tudo a assobiar para o lado?

Pinto da Costa desrespeita Pinto da Costa

Pinto da Costa critica arbitragem do Sporting (2021)

“Falar de árbitros é estúpido, mas há muitos estúpidos” (2012)

Rui Rio não descansa…

…. enquanto não der cabo de vez do PSD.

O que distingue este PSD de Rio/Suzana Garcia do Chega de André Ventura? E escusam de culpar a senhora, ela não está aqui a enganar ninguém, todos sabem (e sabiam quando a convidaram) o que pensa e como pensa. E não serve a desculpa de que foi uma escolha da estrutura local, pois em Coimbra a estrutura local tinha escolhido um candidato e a Nacional vetou.

A candidata do PSD à Amadora, Suzana Garcia, é advogada e foi comentadora da TVI, onde manifestou posições polémicas como o apoio à castração química para pedófilos reincidentes, que tem sido defendida em Portugal pelo partido Chega.

Obviamente, o Chega elogiou esta escolha (pelos vistos a senhora até tinha sido convidada pelo partido de André Ventura) e devem estar a rir-se. Este PSD de Rui Rio é uma caricatura e uma ofensa aos seus fundadores.

Ao contrário do que pensa alguma comunicação social da capital, este é o mesmo Rio que governou a cidade do Porto. Exactamente o mesmo. Só que agora está em Lisboa, sob escrutínio directo. É o mesmo Rio intolerante, uma espécie de tiranetezinho de trazer por casa, um achista que “acha” umas coisas sobre o papel dos agentes culturais, que arrota uns bitaites sobre subsídio-dependência, que persegue (manda perseguir pois Rio sempre foi um cagão) os que discordam dele. Só que quando era presidente da Câmara do Porto, a comunicação de Lisboa achava-lhe piada porque se pegou com Pinto da Costa e ignorava tudo o resto. Não via a forma como destratava a oposição, não via a arrogância própria dos medíocres na forma como lidava com os trabalhadores da sua instituição, não queriam saber dos tiques de tiranete feudal. Nada. O que importava é que o homem enfrentou Pinto da Costa – nem isso é bem verdade, mas não vale a pena explicar pois quem sabe não precisa que lhe explique e quem não sabe não quer ouvir a explicação.

Este Rio é o garante político de António Costa e o melhor adubo do Chega.

Prémios de Turismo: Paga Zé….

Primeiro foi o Elidérico Viegas que denunciou o esquema e entretanto foi corrido (disso já se falou no Aventar)

Já se sabe que a brincadeira com o nosso dinheiro custou mais de 80 mil euros em Braga. E como foi no Porto (e em Lisboa sem esquecer a Madeira e o Algarve)? Só para a malta saber e perceber. Sobretudo, perceber como se criam mitos de génios da gestão, como se justificam salários milionários de certos gestores públicos e como os responsáveis do Turismo de Portugal nos vendem a banha da cobra.

Abril – mês internacional da Arquitetura Paisagista

Central Park, Nova Iorque

Uma simbiose onde são combinadas em harmonia ciências naturais, sociais e artísticas, são diversos os ramos que definem esta complexa e completa área que é a Arquitetura Paisagista. Muito sustentada na componente vegetal, este é o principal traço que a distingue da Arquitetura que conhecemos. Não é possível falar nesta área sem saltar rapidamente à memória 3 grandes nomes: Frederick Law Olmsted (criador do Central Park, em Nova Iorque), Gonçalo Ribeiro Telles (pai da Arquitetura Paisagista em Portugal) e Francisco Caldeira Cabral (considerado o pai do ensino da Aquitetura Paisagista).

Segundo Caldeira Cabral, esta é uma ‘arte de ordenar o espaço exterior em relação ao homem‘ – os arquitetos paisagistas desenvolvem capacidades para planear e projetar paisagens ecológica, social e economicamente sustentáveis, com vista à promoção da qualidade de vida das comunidades humanas, da qualidade do meio ambiente e da biodiversidade. [Read more…]

Os prémios maravilha do turismo

Hoje, no i, Elidérico Viegas (Presidente da Associação dos Hotéis do Algarve) disse em voz alta o que muitos já sabiam mas apenas falavam em surdina:

Em relação a esses prémios, só nós é que os conhecemos, o resto do mundo não sabe. São eleições feitas por entidades privadas que se regem por princípios económicos, de rentabilidade económica e, como tal, pagamos e ficamos no lugar que queremos. Estes prémios que andamos a apregoar com frequência são prémios atribuídos por estruturas ou organizações privadas que têm como fim o lucro e que vendem lugares em função dos preços que se pagam. Jornal i, 26 de Março.

Em suma, a malta andou a festejar (sobretudo nas redes sociais e nos meios de comunicação social) que o Porto era o melhor destino da Europa, Lisboa o melhor destino do Mundo, Braga melhor destino 2020 e já nem sei quantos mais “melhores do mundo e arredores” fizeram capa de jornais, abertura ou fecho de telejornais e movimentos de #manada nas redes sociais quando, afinal, era tudo treta. Ou melhor, tudo pago. E pago por quem??? Ora adivinhem lá….É isso, foi você, fui eu. Os do costume. Maravilha.

Autárquicas 2021: No Porto está tudo alegre

O Rio está contente. O Vladimiro está feliz. O Rui Moreira está que nem pode de tanto rir. Acima de 10% é vitória…

Teófilo

Teófilo, Amigo de Deus. Rei das Antas.

Comuno-liberais: os campeões das utopias na Avenida dos Aliados

O Partido Comunista Português faz 100 anos.

Para assinalar a comemoração, o partido decidiu espalhar, por toda a Avenida dos Aliados, no Porto, bandeiras com o símbolo do partido. Como esperado, a direita neo-liberal barafustou, esperneou, vociferou e espumou, dizendo que era de mau gosto (os liberais, esses exclusivos donos do bom gosto e da verdade em geral) e um ataque à democracia.

Nada contra a estarem contra. Mas eu também acho ridículos, de mau gosto e populistas, os outdoors do Iniciativa Liberal espalhados pela EN-14 e pela VCI, também na zona metropolitana do Porto, e nunca barafustei, esperneei, vociferei ou espumei por causa disso; ou os outdoors do Chega com a cara do querido líder e frases desconexas espalhadas pelo país fora. Antes pelo contrário, acho sempre piada à capacidade do ser humano de manipular para se engrandecer, dos “direitolas” aos “esquerdalhos”, passando pelos canonizados “centristas”, e, por tal, sorrio a todos os outdoors. Provavelmente, na cabeça dos neo-liberais, seria preferível, em vez das bandeirinhas do PCP, umas bandeirinhas com o símbolo da Vista Alegre de um lado da Avenida, e outras com o símbolo da Amazon do outro, rematando com uma grande bandeira com a cara do Jeff Bezos sobre a Câmara Municipal do Porto. Quem sabe? [Read more…]

Faltou um telefonema

Após a vitória histórica do Futebol Clube do Porto sobre a Juventus, no jogo de ontem, faltou um fiel e pontual telefonema, que acontecia sempre que o Porto ganhava um jogo nas competições europeias.

O telefonema do meu pai. Com a sua voz firme e sincera, a dizer “Parabéns!”.

Um adepto romântico e saudosista da Académica, que guardava sempre um espaço no seu coração para torcer pelo Porto, de quem exigia sempre mais e melhor.

Com a Académica, era paternalmente condescendente. Mas, com o Porto, não. Exigia a perfeição, num mesclado feito de vibração e tormento.

O Porto não podia falhar. Não podia perder. Excepto com a Académica, claro. Mas, isso eram contas de outro rosário, porque no demais o Porto não podia perder.

Sentia a vitória como se fosse também sua. E que lhe dava especial gosto quando o Porto defrontava os aclamados gigantes de Inglaterra, Itália, França ou Alemanha. E os derrubava. Numa revisitação romântica e marcadamente ideológica de David e Golias.

Há anos que esse telefonema só existe no arquivo da minha memória, algures na pasta da saudade, por entre separadores de vazio. E foi o que faltou, para a noite de ontem ter sido perfeita.