Rui Nabeiro, um homem extraordinário

Duvido que exista um português tão consensualmente respeitado, reconhecido, admirado e amado como Rui Nabeiro.

E é fácil de perceber porquê.

Rui Nabeiro foi extraordinário pelo império que ergueu, apesar das origens humildes e das dificuldades acrescidas de o construir no interior. Mostrou ao país, de forma irrefutável, que é possível investir com sucesso nos antípodas do litoral.

Mas a singularidade do seu percurso não se esgota nos negócios bem-sucedidos. Empresários bem-sucedidos existem muitos, mas poucos os que o foram e são com a humanidade que Rui Nabeiro sempre demonstrou. Muito poucos. E nenhum lhe chegou aos calcanhares. [Read more…]

No Meu Bule Não

Famílias de sem-terra que produzem café orgânico, são ameaçadas por latifundiários no Brasil

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O que me salva

A bem da Humanidade, só saio de casa depois de tomar café. Hoje a Humanidade correu um grande risco, e nem chegou a sabê-lo, porque eu decidi ir tomar o pequeno-almoço… (rufo de tambores, por favor) ao sítio a que chamam “o pão-quente”. Ora, esta operação tem a sua complexidade porque implica descer as escadas de casa, andar uns duzentos metros, cruzar-me com vários indivíduos, esperar pelas luzes verdes de semáforos, entrar, por fim, no sítio a que chamam “o pão-quente”, sentar-me tão longe quanto possível da Humanidade presente e pedir o desmedido luxo calórico do menu “croissant e meia-de-leite”.

Àquela hora, a Humanidade resumia-se a sete velhotes que alternavam a atenção entre o mergulho cauteloso da torrada no galão e o programa da manhã da RTP1. Entre observar as manchas de gordura que ficam a boiar à superfície do galão e o programa da manhã, eu sei o que preferia e não era a RTP-1, mas não tinha escolha, porque ninguém desliga a televisão nestes sítios e porque eu abomino essa prática do mergulho. [Read more…]

Alice

A Alice atrai histórias destas. Tem uma dessas caras que inspiram confiança e fazem com que cada solitário que se cruza com ela se sinta à vontade para contar-lhe a sua história.

A Alice escuta e dá respostas ríspidas, não tem paciência para autocomiserações.

– Não tem mãe? E não acha que já não tem idade para não depender dela? A sua mulher deixou-o? Recomece, ainda é muito novo. O seu patrão explora-o? Tome lá os anúncios do jornal, procure.

No supermercado, no quiosque, no café, no autocarro, por onde passa aparece-lhe gente que mete conversa, que lhe pede dinheiro ou o pequeno-almoço, que lhe conta a vida, que espera conselhos. Até tarados lhe aparecem, dos que abrem a gabardine à sua passagem para que ela os veja sem cuecas. Ela manda-os passear e segue o seu caminho, sempre carregada de sacos e saquinhos, a hortaliça, as abóboras, a fruta, o jornal para o marido, o croissant para o neto.

Há dias, era ainda bem cedo pela manhã, lá ia ela, como sempre, tomar a meia-de-leite ao café, o único luxo que se tem permitido em sessenta anos de vida. Estava quase a chegar quando ele lhe apareceu.  [Read more…]

Morreu o café mais feio do Porto

Nunca entenderei como pôde estar aberto tantos anos, sendo, como era, o café mais feio da cidade, mas certo é que durou muito e sempre preservando as características que o tornavam distintamente horrendo e seguramente o mais feio da cidade. Não sei se mais alguém o tratava por esse título e adivinho que estão por esta altura a pensar que semelhante afirmação é muito subjectiva. Claro que é. Mas se o vissem concordariam comigo. E espero que sim, que tenham chegado a vê-lo, porque agora já não terão essa sorte.

Não vou dizer, claro está, que café era, porque até os cafés têm pai e mãe. Quero dizer, gente que gosta deles e os mantém, gente que se calhar fez daquele lugar a sua vida toda, e teve orgulho na luz pardacenta, nas paredes manchadas, nos pires esbotenados e até no zumbido atordoador da máquina para electrocutar mosquitos. Onde passamos as nossas horas faz-se casa antes do diabo chegar a esfregar o olho. E já sabemos que se pode amar o feio e encontrar-lhe uma nova graça a cada dia. [Read more…]

O Café Mais Caro do Mundo – Crappuccino

O café mais caro do mundo é feito a partir das fezes da civeta (gato-de-algália).

Chama-se Kopi Luwac e uma chávena pode custar mais de 20€.

Ai se a moda pega por cá.

 

Um cafezinho, por favor!

«Um cafezinho, por favor!» – disse o homem que entrou apressado no estabelecimento onde costumo beber o meu, antes de começar o meu dia de trabalho. Uma rotina imprescindível!

Não nos limitem, nem inventem um imposto sobre este vício que, afinal, está provado, faz bem à saúde.

Não se acanhe – beba mais café“, aconselha um especialista na prevenção de cancro. “Bem, acorde e cheire o café: «É extraordinário»”, assevera um especialista hepático. «O café é de facto um medicamento milagroso que salva vidas.» Apesar de se considerar ser ainda um «mistério cientifico» o efeito no organismo de uma simples chávena de café, estudos epidemiológicos alargados demonstram repetidamente os seus espantosos benefícios.

O cafezinho é ainda pretexto para o encontro, para «pôr a conversa em dia», para um encontro com alguém que ainda não se conhece pessoalmente, para fazer um intervalo no trabalho que não rende, é um acompanhador óptimo quando se lê um livro ou o jornal, ou se escreve aqui para o Aventar! Etc., etc. 

Um cafezinho é um pequeno prazer que ainda nos podemos dar ao luxo de ter! É um mimo!

O «etc.» é para si, leitor. Continue a lista!

Ele há coisas!…

   (adão cruz)

Quem se tenha dado ao trabalho de ir lendo as historietas que por aqui se escrevem, lembrar-se-á, porventura, da Giraldina, a moça roliça que morreu de amores pelo Isabelino.

Pouco tempo depois da sua morte, a mãe apareceu no café, como foi relatado, chorando amargamente a perda da filha. Mas depois levou sumiço, nunca mais apareceu. [Read more…]

Uma história antiga

adão cruz

Há muitos anos, João andava na Faculdade. Encontrava-se no velho Café a estudar umas coisas de embriologia, a estúpida abordagem da embriologia de então, que nada tem a ver com as maravilhosas lições de Richard Dawkins. Estava sentado numa daquelas pequenas mesas quadradas, mesmo junto à porta. [Read more…]

A tolice por um fio

(pormenor de desenho de manel Cruz)

Pensei logo que era tolo quando não vi nenhum fio preso ao ouvido do gajo. Aqui há uns anos atrás, sempre que um tipo (ou tipa) falava sozinho na rua ou no café, era rotulado de tolo. Hoje em dia, com os auriculares do telemóvel, já não é assim. Sempre que topamos alguém a falar sozinho, olhamos logo para a orelha a ver se tem um fiozinho pendurado. Se tem não é tolo, se não tem é tolo.

O homem estava sentado numa mesa em frente à minha, no café Turista. Foi há questão de uma hora. Lia o jornal enquanto falava, gesticulava, ria e fazia comentários. Claro que eu olhei logo para as suas orelhas. Numa delas não tinha nada pendurado. Na outra, que eu via mal, porque o sujeito estava um pouco de esquina, também não parecia haver qualquer ligação. Pelo sim pelo não, como quem não quer a coisa, levantei-me para espreitar melhor a sua orelha direita e cheguei à conclusão de que era tolo.

O advogado entrou e sentou-se ao seu lado. Presumo que fosse advogado porque, para além da pasta, tinha o ar que os advogados têm e que eu não sei descrever, por mais que tente. O homem calou de imediato o seu solilóquio, e entre ambos apenas se interpôs um aperto de mão e um monte de papéis. O tolo, ou presumivelmente tolo, não abriu mais a boca. Moita carrasca. O advogado, só podia ser advogado, apenas lhe apontava o local onde devia assinar, assinatura que ele prontamente ali escrevinhava. Nem uma palavra. Nem uma palavra. Assim se mantiveram cerca de dez minutos, tempo ao fim do qual, o advogado, presumo que não fosse outra coisa, lhe estendeu a mão, e com discreto sorriso se pirou.

O homem que não tinha telemóvel nem auriculares irrompeu numa conversa pegada, falando não sei para quem, gesticulando de braços abertos, com esgares que podiam ser de escárnio, de gozo ou de raiva, fazendo do seu falar a solo uma espécie de comício em ponto pequeno. Voltei a concluir que era tolo. Mas seria mesmo tolo? Será que a diferença entre tolo e não tolo se resume a um fio pendurado do ouvido? Ora aqui vos deixo a questão, sobre a qual nem Espinosa nem S. Tomás de Aquino se debruçaram.

Uma história antiga

 
 
 

( Pormenor - adão cruz - )

 

Uma história antiga

 Foi há muitos anos, quando eu era estudante do segundo ou terceiro ano de medicina. Estava no velho Café Progresso a estudar, ainda me recordo, umas coisas de embriologia, a estúpida abordagem da embriologia de então, que nada tem a ver com as maravilhosas lições de Richard Dawkins. Estava sentado numa daquelas pequenas mesas quadradas, mesmo junto à porta que dava para a Travessa Sá Noronha.  [Read more…]

O Macário deu à costa…

https://i0.wp.com/jn.sapo.pt/Storage/ng1308826.jpg?resize=295%2C341O Presidente da Câmara de Faro, não está com aquelas, há aí uns meninos e umas meninas, funcionários, que abusam no tempo a tomar a bica. É uma espécie de recreio prolongado. Acabou! A partir de agora quem abusar pode levar com faltas injustificadas.

“Temos que respeitar os cidadãos, que às vezes estão ali em fila, à espera, e há alguem que está no café em vez de estar a trabalhar”. Dos 1030 funcionários a “maioria cumpre mas há umas dezenas que não o fazem”. A partir de agora deixa de haver pausa para tomar o café após as 10 horas e na parte da tarde não há direito a pausas.

Haja esperança, devagar, devagarinho quem cumpre começa a ver o mérito do seu trabalho reconhecido. E a disponibilidade! Entretanto, o delegado sindical, quer ouvir os trabalhadores para saber o que pensam das novas medidas e se o Presidente tem provas dos abusos!

Pois! Ainda pensei que era para dar uma medalha a quem defende “a maioria ” dos trabalhadores, mas não, é para manter o cafèzinho” e o recreio “à minoria” !

Foi-se o encanto

Foi-se o encanto

 Muito difícil é desembarcar, digo eu que nunca fui marinheiro. Não consigo acostar o barco. Há sempre uma onda e outra e depois outra. Mesmo que o mar esteja manso, ou se é da terra ou se é do mar.

 No dia em que eu voltar e vir a figueira com figos e a erva a crescer no merujo reluzente de prata das noites de luar, no dia em que eu voltar, vestido de ilusão, a olhar o mar e acreditar, nesse dia não chames por mim.

 Mata-me a memória e a história, não deixes que viva uma hora descrente ou indiferente. São duras as horas e os minutos das palavras descrentes, indiferentes, alheias, adiáforas, frias, incuriosas, passivas. Uma espécie de árvore seca sem frutos nem sementes. Um vento áspero que perpassa por entre os dedos dormentes. É cruel a falta de palavras. São dolorosas as palavras indiferentes.

 Na cegueira dos olhos sumidos de chorar sem lágrimas a noite ruidosa dos segredos, não há coisa mais triste do que olhar a chávena sem palavras cheias. Foi-se o encanto, e a poesia não passa de um saquinho de açúcar rasgado sobre a mesa abandonada do café vazio.

O Haiti ainda existe?

Foram 7 graus na escala de Richter. Em 30 segundos. Meio minuto. Talvez 100 mil, segundo uns, talvez 500 mil, segundo outros. Mortos. E feridos. Muitos milhares, talvez milhões de desalojados. Não sei. A informação é escassa. Só os próximos dias poderão transmitir a dimensão da tragédia. E é de uma tragédia que aqui falamos.

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O Haiti não é um país fácil. Nunca foi. Primeiro colónia de Espanha, a Hispaniola, assim baptizada por Colombo. Depois ocupada pelos franceses, por ‘concessão’ de Espanha. Foram várias as revoltas que o povo da ilha liderou. Contra a escravatura, contra o domínio dos colonizadores. Apesar da independência no início do século XIX, a ilha acabou dividida, criando-se a República Dominicana e o Haiti, sob possessão gaulesa.

Em 150 anos houve líderes depostos, muitos assassinados, convulsões políticas, golpes de estado, ditadores vários, terror, anos de terror, por fim alguma paz. Ligeira, passeando em cima de uma corda bamba, cheia de momentos de medo.

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Vá Tomar Um Cimbalino Onde Lhe Apetecer

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POR 4 EUROS MAIS O PREÇO DO CAFÉ
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, vá com a companhia aérea mais barata do mundo, e volte quando quiser. Por quatro euros pode voar para cerca de quatrocentos destinos diferentes, só mesmo para tomar um café e voltar.
Ofereça a si mesmo uma extravagância. Vá tomar um cimbalino e volte.

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