Crime passional, jornalismo e analfabetismo

Ana Cristina Pereira escreveu no Público uma peça sobre um clássico crime passional (marido corneado mata mulher e amante e tenta o suicídio), com a particularidade de ter ocorrido num Portugal rural que por vezes achamos já não existir.

O texto não tem sangue, não tem pormenores mórbidos, não é do Correio da Manha que para já tem disponível online uma foto nojenta e um vídeo abaixo de cão. Está bem escrito, como é de resto habitual no trabalho da jornalista.

Assim não o entenderam vários comentadores: “Esta notícia parece ter sido copiada de um site estrangeiro e traduzida com Google!” é um dos mimos que por ali se podem ler.

Temo que isto já sejam efeitos de se ter em muito abandonado o estudo da literatura nas escolas. E de pelo contrário se leccionarem idiotices sobre o texto jornalístico, tal como se usava muito atrás no século passado (entre as quais o mito do parágrafo lead, essa velha muleta para textos coxos).

Por alguma razão o campeão dos tablóides é mais lido que o Público. É a vida.