As viagens do governo, as mordomias, e a decência

Parece que o governo vai viajar nos lugares mais baratos quando voar pela Europa. Também parece que nem fica mais caro nem mais barato, porque a TAP dá borlas nos aviões (e a Carris deve dar nos eléctricos).

Claro que se trata de mera demagogia, cruzada com algum populismo: não é por aqui, mesmo que o estado pagasse os bilhetes, que se equilibram as finanças públicas, como é uso dizer-se.

Mas daí não vem mal nenhum ao mundo, e sempre dá um ar da sua graça. O que já não tem graça mesmo nenhuma é ver os que acabaram de sair do pote a apontar o dedo. E nem me dou ao trabalho de exemplificar com os esbanjamentos perfeitamente inúteis dos últimos anos, ou de repescar umas historietas a propósito do Falcon governamental. Constato apenas que em matéria de burguesia sempre preferi a tradicional, com aqueles tiques de dar esmolas aos pobres e a altivez toda, à burguesia recém-chegada, vulgo novoriquista, com o seu fedor a pato-bravo e a dificuldade em perceber que estes gestos fazem parte do jogo do poder, esses que lambem o pote até ao fim, lavando o fundo com a língua, e muito espantados ficam quando os outros deixam restos na mesa. Para estes não há mesmo pachorra.