Das histórias e das memórias

Caro Nuno Feijão

Não se surpreenda com a informalidade do trato: a minha provecta idade tende a considerar jovens todos os que me rodeiam. A juventude é um estado de espírito, mesmo quando as articulações refilam, e o seu livro bem o demonstra. Há nele a espontaneidade, a frescura saudável, a ingénua esperança de quem ainda tem muita estrada à sua frente.

Venho agradecer-lhe o envio de um exemplar, com carinhosa dedicatória, e faço-o publicamente porque é para mim uma alegria imensa ver que, na nossa terra, há cada vez mais pessoas a escreverem com a sinceridade e a modéstia de quem sabe que não nascemos todos Eça de Queiroz. Grande alegria, também, saber que o Nuno é membro da Universidade Sénior de Tomar – uma ideia feliz que defendia e praticava Agostinho da Silva numa garagem perto de sua casa, ao Príncipe Real, sempre apinhada de operários, vendedeiras, caixeiros, funcionários públicos, que ali acorriam com sede de saber. Maravilhoso é o conhecimento, seja qual for a idade. Uma sociedade justa e forte é aquela que garante educação e conhecimento dos 3 aos 100 anos. Muito saboroso o seu livro MEMÓRIAS E HISTÓRIAS. Ninguém devia sair da vida sem deixar escrito o que viveu e sentiu, como viu o mundo à sua volta, assim legando as pedras e as escoras com que se aguenta uma Nação em tempos de perda de identidade e de soberania. Sobre isso, o Nuno pertence às Curvaceiras, a terra do Padre Jerónimo E aqui sou eu a relatar-lhe uma memória bem disposta. [Read more…]